quinta-feira, 2 de março de 2017

O post da praxe II - a amamentação

Haverá pessoas que passam ao lado disto tudo, mas quer o destino que esta história da amamentação seja para mim todo um filme de aventuras.
Um pequeno resumo da minha experiência enquanto mamífera:
Filho 1) nunca aprendeu a mamar desde o princípio, tive sempre muita dificuldade porque ele não pegava bem, e acabei por desistir ao fim de 4 meses de sofrimento.
Filha 2) nunca tive problemas, subida de leite super tranquila, mamou sempre bem e assim foi em exclusivo até aos 6 meses e depois até aos 11 meses.

Ora, a filha 3 não apresentou problemas em mamar, logo desde a sala de partos, pelo que eu deduzi que não iria ter problemas, certo?
Errado.
De facto ela tinha, e tem, um excelente instinto, e sabe mamar como deve ser, mas nem sempre o que parece é...
Começamos com a subida de leite que eu pensava que seria fácil, como foi da irmã. Não foi.
Depois de uma noite a mamar bastante bem, passou um dia inteiro sem mamar. E eu a desesperar.
Depois começou a ser difícil começar a pegar. Ficávamos às vezes 20, 30 minutos ou 1 hora até ela pegar e começar a mamar. Já chorava ela e chorava eu de desespero de não conseguir fazer mais nada.
Na primeira consulta percebemos que não estava a aumentar como deve ser e saí de lá com ordem para lhe dar de 2 em 2 horas. Dia e noite. Mais o tempo que ficava até pegar, como devem calcular não fazia mais nada.
Nova pesagem e mantém o pouco aumento, e começamos a falar na hipótese de um suplemento. Nada contra, mas com tanta dificuldade e numa menina que se percebe que até tem capacidade de mamar bem (só precisava de alguns ajustes) parecia-me um desperdício estar a da um biberon por dia que se calhar ia contribuir para que ela nunca voltasse a mamar como deve ser. Vim embora com ordem para manter o ritmo e descansar (eu).
Um dia depois da sesta acordo com febre e uma maminha completamente cheia, vermelha e em brasa... Diagnóstico: mastite. Horrível. E ainda não sei o que a causou (e vivo com medo que um dia regresse...)
Finalmente quando ela começa a aumentar de peso, percebemos que é à minha custa, e que o aumento dela me estava a sair do pêlo (literalmente).
E assim fui a uma consulta com uma especialista em amamentação, e foi o melhor que fiz.
Analisou a boca dela (porque há bebés que não conseguem abrir bem a boca ou tem freio na língua que os impede de pegar como deve ser), analisou a pega, e ensinou-me alguns truques para que as coisas corram melhor.
Finalmente, ao que parece, estamos agora a entrar nos eixos, ao fim de 1 mês e meio (quase) de muito sofrimento, muito cansaço, muita dúvida, muita decisão, muito medo de não tomar a decisão correcta.
Nos últimos dias já melhorei bastante, e ela também parece estar bem, a fazer intervalos maiores e a dormir um pouco mais de noite (o que me sabe que nem ginjas...). Ainda é cedo para dizer que o pior já passou, mas quero acreditar que sim.

Com isto tudo foi um primeiro mês muito desafiante, que infelizmente não deixa saudades. Apesar de saber que são fases e que tudo se resolve, a verdade é que só queria que o tempo passasse para poder começar de facto a desfrutar do meu bebé, sem esta sombra da dor e do medo associados à amamentação.
Fui apanhada na curva, não pensei passar por isto ao terceiro, ainda mais porque aparentemente tudo tinha começado tão bem...
Mas cada um traz uma lição, e não há idade nem experiência que nos poupe a ela...

A todas as mães que estão nesta fase: coragem!
Somos as maiores em conseguir de facto amamentar as nossas crias. Sabemos que compensa, mas lá que nos custa, custa!
Respect, por todas nós.

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