sábado, 23 de fevereiro de 2008

Emigração

Comentou o Sr. Rebelo quando veio cá buscar as coisas que há muita gente a regressar a Portugal. Gente da nossa geração, apressou-se em acrescentar.

Se compararmos a nossa geração de emigrantes com a do Sr. Rebelo vemos que são realidades completamente diferentes.

Quando saímos tínhamos outras opções, não viemos por ser esta a última saída. A maioria de nós estudou. Viemos viver uma experiência, à procura de novas vivências e aventuras a que não teríamos acesso em Portugal. Acabada a novidade regressamos a casa.
E regressamos a um Portugal felizmente muito diferente do Portugal deixado pelo Sr. Rebelo, que está cá há mais de 30 anos.

Viemos realizar um sonho, procurar uma vida melhor, procurar aquela abertura de mentalidade que não encontramos em Portugal, mas ninguém em Portugal depende de nós.
Apesar disso também trabalhamos nas fábricas e nas limpezas, e fazemos os trabalhos que os outros não querem fazer, mas basicamente nada nos prende, temos mais opções, vivemos num mundo mais pequeno, em que tudo está mais próximo e tudo parece mais fácil.

Principalmente acho que nós somos uma geração de "filhos da mamã" ao contrário da geração que abandonou Portugal nos anos 60 e 70.
O Sr. Rebelo, como os nossos pais, quando tinham a nossa idade eram bem mais crescidos do que nós somos agora.
Somos a geração do viver fácil, pois sabemos que temos os nossos pais que nos protegem se tudo correr mal - se ficarmos sem emprego e sem casa, havemos sempre de ter um tecto, uma cama e comida (da boa!) na mesa em casa dos pais. Há 30 anos foram os filhos a sustentar os pais, com o dinheiro enviado ao fim do mês - os filhos emigrados a viver com o básico para poder mandar o dinheiro para a família.

Visto desta perspectiva não deixo de achar que somos uma geração de emigrantes assim um bocado cobardolas.

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