quinta-feira, 8 de maio de 2008

Post doméstico

Foto retirada daqui.


Esta coisa de estender a roupa na rua é para mim uma total novidade.
Quando vivia nos meus pais o estendal era de facto da rua, mas não era eu que a estendia.
Depois, tanto na minha-casa-da-Parede como na Holanda, os entendais eram daqueles desdobráveis (mas estavam sempre desdobrados) dentro de casa (perto da janela no quarto, na varanda/marquise, na sala, na cozinha, no laundry-room - houve para todos os gostos). Ainda houve uns meses que íamos à lavandaria do bairro, num acto completamente urbano, internacional e cinematográfico.
Pois que agora, regressados à pátria do sol, o estendal está na rua - e é daqueles que rodam, isso sim uma estreia absoluta, o que nos permite estender a roupa sem sair do lugar.
Sabe quem me conhece, ou quem lê este blog, que eu não sou o exemplo de dona-de-casa perfeita (nem imperfeita, não sou exemplo do dona-de-casa nenhuma) e que essa coisa da organização doméstica não existe por cá.
Para ajudar tem estado este tempo de chuva de manhã e praia à tarde, que nos deixa ainda mais confusos. Devemos estender a roupa agora? Apanhá-la neste momento? Vai chover? Vai fazer sol?
Ora, quem não sabe, copia. E é isso que temos feito.
Confio nas qualidades domésticas aqui das vizinhas, que, pelo ar robusto e desenvolto com que penduram peças de roupa com uma mão e prendem as molas com a outra, parecem perceber do assunto.
E assim é. Quando o cesto da roupa suja transborda e as gavetas estão vazias lava-se uma fornada, depois tira-se da máquina (com o cuidado de sacudir bem cada peça de modo a evitar vincos - porque cá em casa também não se passa a ferro, tarefa considerada unanimemente inútil pelos membros intervenientes, e banida do nosso dia-a-dia) e seguidamente inspecciona-se os estendais vizinhos.
Se têm roupa, a costa está livre.
Se não têm, alto lá que o melhor é esperar mais um bocado.
E até agora não nos temos saído mal.

No entanto, somos de facto os únicos a deixar roupa estendida durante a noite.
Parece que aqui as vizinhas não gostam de secar a roupa ao luar.

6 comentários:

  1. Ora aqui está um tema que me preocupa diariamente...

    Não consigo deixar de olhar para o céu e pensar "humm, já me vais lixar as meias do futebol que estão no estendal a secar há 3 dias e logo agora que ninguém vai estar em nossa casa nas próximas 5 horas. M...da!".

    Tirando isso, tenho em boa conta a vizinha do 2º andar que, mal grado ser reformada e ter sempre tempo para recolher a roupa ao menor pingo, costuma acertar nos timings (mal sabe ela que já derramei sopa sobre o seu estendal... hehehehe).

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  2. Sopa?! Como se derrama sopa no estendal?? Estendeste a panela sem lavar?
    Sabes que há uma coisa chamada escorredor de loiça...

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  3. As vizinhas que recolhem a roupa de noite não serão as do r/c??? Convem verificar a altura do estendal até à rua não vá ele estar vazio quando acordares...

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  4. Eu explico: saída para fim-de-semana comprido, tupperware cheio de sopa acabada de fazer.

    À conta do mito de que não se pode pôr comida quente no frigorífico (porquê, não sei!), vai de a colocar no parapeito da cozinha a arrefecer... ups, lá vão umas gotas valentes de sopa furiosamente prédio abaixo...

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  5. BEEEEMMM!!!!!!!!!! O que a Holanda faz à gente!!! Não pude acreditar no que meus olhos leram... a minha alma está parva... Floripes, se estás aí, diz lá se isto é crível?! Mãe melhor do mundo, também tu acreditas??!! A minha mana, aquela que levou anos da vida agarrada à tábua de engomar, aquela que passava toda e qualquer peça de roupa antes de se vestir, mesmo a que fora impecavelmente passada pela nossa Al...z...nha, aquela que rumava ao ferro logo de manhã antes de se meter no comboio, fosse às 6,7,ou 8 da manhã... Esta criatura que me fazia sentir completamente desleixada por não fazer o mesmo... AGORA NÂO PASSA A FERRO e acha tal tarefa inútil??!! Decididamente, tudo pode acontecer. A partir daqui não me admira ouvir um dia que o Capuchinho deu uma chinca ao lobo mau...

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  6. Cá pelo alentejo, nem pensar em colocar ao luar roupa de recém-nascido sem antes fazer a devida encomendação da criança ao dito astro: «Lua, luar/ eu t'entrego o meu bebé/ p'ra que m'o ajudes a criar/ eu de mãe, tu de ama/ cria-o tu que eu dou-lhe mama.» eu também prefiro apanhar a roupa de manhã, não há como o orvalho da noite p'ra facilitar o engomar! (sim, eu cá uso o ferro...)

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