Este post vem com alguns dias de atraso, mas o assunto merece.
Quando chegámos da Holanda a família Santos tinha organizado um quarto na casa da mana Alex para nós, com direito a cómoda, mesas de cabeceira e cama.
A cama, apesar de não ter sido escolhida por nós, adaptava-se perfeitamente ao nosso gosto, com direito a arrumações por baixo e tudo, que dá um grande jeitaço a quem como nós não é um primor da arrumação.
A cama foi comprada a título provisório, apenas para que nós não ficássemos a dormir com o colchão no chão, mas a verdade é que lá em casa não era necessária, e a nós, claro, dava-nos jeito não ter de comprar uma.
No fundo não havia razão para não trazermos a dita para a casa nova - e assim ficou decidido que aquela seria mesmo a nossa cama, pelo menos nos próximos (muitos) tempos.
Esta coisa dos móveis do Ikea tem a sua piada e tal. Quando os senhores vêm entregar, ou quando os vamos buscar, vem tudo em caixinhas planas que é um mimo. Cabem em todo o lado.
A porca torce o rabo na hora de mudar de lugar uma vez montados...
Não estamos a falar de uma cama tipo cabeceira, pés e estrado. Estamos a falar de um sommier, leia-se cama formada por uma caixa com fundo e revestida a tecido, e com um estrado com um sistema de abertura que permite guardar coisas debaixo do colchão (como antigamente!), tudo com um sistema super inteligente de cliques e claques, puxa para cima e empurra para baixo e está feito. Ouvimos dizer que para a montar da primeira vez foi uma tarde. Resolvemos pegar nas instruções e dar uma vista de olhos de trás para a frente (para ver o processo de desmontagem).
Agora que penso nisso isto já deve estar a roçar a fobia, porque a verdade é que só a ideia de desmontar aquilo tudo e voltar a montar cá em casa já me estava a pôr os nervos em franja... Não passava um dia em que não falássemos nisso...
Desmontar tudo passo por passo e trazer a cama em peças?
Tentar trazer a cama como está assim mesmo? Passa nas escadas? Não passa?
Alugar uma carrinha e dois senhores que nos ajudem?
Ignorar a cama e deixá-la ficar no sítio onde está e ir comprar uma nova?
Tudo nos passou pela cabeça...
Sabe quem esteve em Amsterdam que as escadas típicas são estreitas e em caracol. Sei eu, que vi com estes olhos, que a dupla Tê e Guilherme foi capaz de subir as nossas escadas com um mega sofá de 3 lugares (que a meio ficou empancado e nem para cima nem para baixo, por pouco não ficámos com um sofá preso nas escadas para sempre, mas adiante) e que depois voltou a descer.
Ao pé das nossas escadas de Amsterdam as escadas da casa da Alex são um salão de baile (e as nossas o Pavilhão Atlântico!).
Com esta confiança na famosa dupla propus não desmancharmos a cama e tentar trazê-la o mais inteira possível.
Na 1ª tentativa retirámos apenas o estrado e respectivo mecanismo de sobe e desce. Arrasta a caixa da cama até à entrada. Horizontal, vertical, esquerda, direita. Dá a curva. Desce mais um lanço. Não dá a curva. Horizontal, vertical, esquerda, direita. Confirma - não dá a curva. Meia volta/volver e volta a subir a escada com a cama no lombo. De volta à casa de partida. Resolvemos retirar o fundo para lhe dar flexibilidade. E deu. Horizontal, vertical, esquerda, direita umas quantas vezes e a cama estava cá em baixo.
Now what?
Como levar uma mega caixa de cama de um sítio ao outro?
Ainda experimentámos pôr em cima do carro, mas a estabilidade era pouca e o perigo muito, e a brincar a brincar a nossa casa fica em frente à polícia...
Assim sendo foi tomada a decisão unânime (primeiro foi sugerido a brincar, mas depois tomada a sério) de a cama ser levada à pata de uma casa para a outra.
E assim foi...
Os pais Santos seguiram de carro com o estrado e respectivo mecanismo de sobe e desce no tejadilho. Eu com as placas do fundo da caixa na mala do carro. A Alex levou um garrafão de água para refrescar (claro que neste dia não havia garrafas de água pequenas em lado nenhum) e fez de carro de apoio. O Tê e o Guilherme encheram-se de coragem, respiraram fundo e puseram pernas ao caminho a acartar com a caixa da cama.
E assim vieram, um à frente e outro atrás por essa Parede fora. O que vale é que o trajecto não é comprido.
No final, claro, tiveram de a subir pelos nossos 3 andares, desta vez sem perigo de encalhar a meio.
E foi assim que nessa noite o Tê e eu voltámos a dormir numa cama de verdade.
Estou incrédula com a vossa solução… é que seria a última que me iria lembrar e era a última coisa que faria.
ResponderEliminarArranjava uma carrinha emprestada, e siga. Há sempre alguém que tem uma carrinha…
Muito cómica a vossa ideia. Estava de boca aberta a ler o teu post.
Gosto, sobretudo, da Alex no carro de apoio com o garrafão para refrescar...
ResponderEliminarRaquel, eu também fiquei assim quando percebi que a solução não era apenas brincadeira mas que era uma proposta a sério! Os amigos da carrinha não sei onde andavam porque não nos lembrámos de nenhum no momento e ainda pensámos em pedir ajuda aos amigos bombeiros... Foi um verdadeiro insólito, esta situação toda. Mas eles foram muito rápidos e valentes, sempre com boa disposição. E eu lá ia de carro ao lado deles a dar ânimo e a dar água do garrafão. Episódio a não esquecer porque foi muito engraçado! Eu ia jurar que a cama não cabia assim montada na escada nem no carro mas, efectivamente, tudo é possível nesta vida... Até ver dois rapazes a transportar uma cama pela Parede como se fosse a coisa mais normal e comum do Mundo!
ResponderEliminarEstes rapazes são multifunções!!! Agarrem-nos bem! Hoje em dia é um tesouro difícil de encontrar, desenrascam-se em quaisquer situações! E montar uma empresa de mudanças vinha a calhar, podem escrever no cartão de visita « experiência a nível internacional», que isto não é qualquer um que se pode gabar de passear sofás em Amsterdam e camas pela Parede...
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