A ideia era ir vindimar por diversão. Estar ali no meio da vinha, no meio da paz, em contacto com a Natureza, a respirar fundo o ar puro do campo, e no entretanto cortar umas uvas.
Errado.
Tal como no nosso trabalho do dia-a-dia nas cidades, na vindima também há stress, também há colegas que nos querem passar a perna, também há os que se entretêm a criticar o trabalho dos outros!
Chegámos um pouco mais tarde, já um grupo de homens e mulheres da terra vindimavam há mais de uma hora. Mantivemos uma certa distância do grupo e metemos tesouras ao caminho, atrás da uva branca que a preta é só para a semana.
Ao fim de pouco tempo já o grupo nos tinha apanhado, e foi aí que ocorreu o momento de stress.
Ao que parece o Tê meteu-se a vindimar a mesma videira da Dona Ester, e pelos vistos trocou-lhe as voltas, e deve ter-lhe ferido o orgulho também quando andou para trás quando devia ter andado para a frente (ou ao contrário, ninguém percebeu).
Estávamos nós ainda a apreciar o momento zen de estar ali, e começa ela:
"Então vai para cima, e depois vai para baixo...oh, oh, oh...ai a minha vida, ai a minha vida, então era para cima e agora é para baixo, ai meu Deus"...
Até aqui tudo bem, não fosse a senhora manter a mesma ladaínha durante mais meia hora!
Já ninguém a podia ouvir, tal foi o escândalo que ela quis criar - e o que valeu foi que ninguém resolveu fazer coro. Aquilo é que foi indignação! Aquilo é que foi irritação perante tamanha incompetência!
O Tê resolveu basicamente ignorá-la e foi vindimar para mais longe (e ela bem o chamava "Ó patrão, ó patrão, então vinha para cima e depois ia para baixo, oh, oh, oh ai a minha vida, olha-me este..."), e nós ali ficámos um bom bocado a ouvi-la refilar, barafustar, dizer mal da vida dela com o sucedido (que ninguém percebeu o que foi, mas pronto).
Já me estava a dar um nervoso miudinho!
Foi preciso vir uma prima da avó pôr água na fervura, e dizer que ele era neto, e não um ucraniano como ela pensava que era.
Coitado do ucraniano se fosse esse o caso.
Escusado será de dizer que ficámos vistos como os betinhos da vindima...
Ficou provado que a Dona Ester não tem espírito de equipa, e também não tem capacidade de liderança nem consegue delegar tarefas. Devia participar em mais actividades de team building.
Mas para o ano já temos a estratégia montada: vamos pedir à avó para nos dar um briefing, vamos estabelecer objectivos pessoais e de equipa, e traçar todo um plano para não ficar nem uma uva para trás, dentro do prazo estabelecido!
O mundo empresarial é uma selva, e nós para o ano não queremos ser a chacota da vindima!
Eu cá tenho o meu orgulho profissional.
Oh, se tenho!
E fazes muito bem..! Há que estabelecer novos métodos de trabalho até mesmo no trabalho rural..! E para o ano vai ser a vindima mais bem vindimada do planeta tenho a certeza..! E se precisarem de mais mãos de tesoura em punho... digam!
ResponderEliminarBem feita pra quem acha que no campo é só papas e descanso... E pra quem acha que por viver no «fim do mundo» não temos stress! Com o gado, então... nem queiram saber! Essa D.Ester também devia estar c'os c...(MUUUU) virados nesse dia, acontece! Eu acho é que ela merecia ter a sua foto publicada aqui... afinal, deu origem a um post espectacular!
ResponderEliminareu também concordo, viva a D. Ester! Vivam os bolos da avó! Onde andam eles?
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