quinta-feira, 12 de julho de 2012

Paparazzo pessoal

Nas férias com as amigas, na adolescência e quase-adultice, muitas vezes referíamos a necessidade de termos um paparazzo pessoal.
E o que é que vem a ser isto?
Ora, era um rapaz (giro, claro, mas extremamente discreto, ou mesmo surdo e mudo) que nos acompanharia nas férias, a tirar fotografias a todos os nossos momentos (mas que nem se dava por ele).
Também podia assumir as funções de motorista (para podermos beber todas à noite e não ficar sempre 1 de fora), cozinheiro, homem das limpezas, cabide, carregador de sacos... enfim, era um escravo, basicamente.
Mas a sua função principal, era mesmo fazer aquilo que nós não conseguíamos mesmo fazer: tirar fotografias ao nosso grupo, desde fora. Os momentos hilariantes e insólitos nas viagens de carro, as chegadas aos apartamentos, as saídas à noite, os jantares, os fins de tarde na praia, tudo ficaria registado pela lente imparcial do nosso querido paparazzo.

Este fim de semana fomos acampar com os cunhados e sobrinho, e mais uma vez sentimos a falta desta personagem do nosso imaginário.
Muitas foram as fotografias que ficaram por tirar, porque estávamos sempre todos ocupados a fazer qualquer coisa: a montagem das tendas com os miúdos aos saltos, as refeições feitas na manta do piquenique, as caminhadas para a praia carregados que nem burros (miúda na mochila, miúdos às cavalitas, mais os carrinhos de compras atulhados, lancheiras, guarda-sóis/guardas-sol - não sei qual o correcto), enfim, 1001 ocasiões que ficarão na memória, mas não no ecrã, pois ninguém tinha mão livre (ou distanciamento) para nos fotografar a todos nestas situações.

Não somos - o Tê e eu - de todo, uma família foto-dependente.
Adoro fotografia, que adoro, mas infelizmente não somos pessoas de parar o que estamos a fazer para tirar foto ao momento.
Desde que somos pais, claro, tentamos (tento, o Tê pega na máquina apenas e só se eu lhe pedir) registar as fases, e claro que ainda assim tiramos milhares de fotos, mas muitas vezes acontece que as situações mais giras terminam quando empunhamos a máquina para a fotografia. E eu acho parvo estar a interromper uma brincadeira, ou uma gracinha, para ir buscar ou ligar a máquina e registar o momento.
Registo-o apenas na minha memória, que depois irá seleccionar o que vale a pena ficar e o que merece ser esquecido - e com isto, já se sabe o que acontece: esqueço-me de tudo.

Pensando nisto lembrei-me que tenho aproximadamente 10000 fotos para imprimir.
Os meus álbuns acabam com a festa do 1 ano do mais velho, mas quero tratar disso rapidamente, porque eu ainda sou do tempo em que as fotos em papel é que é.
Acho que somos uma geração de transição, do papel para o digital, e se há quem continue a imprimir fotos furiosamente e organize álbuns religiosamente, há quem já tenha assumido que nunca mais irá imprimir foto alguma (só para molduras), mas a maioria, como eu, vive na tentativa de ter os álbuns em ordem e as fotos em papel para pegar e cheirar e folhear. (sem nunca chegar a ter tudo em dia, como é óbvio). Somos uma geração no limbo, fotograficamente falando (porque eu acho que a geração abaixo já não vai sequer ter intenção de fazer álbuns em papel).
E pronto, aqui está mais uma tarefa para o nosso paparazzo pessoal: depois de tirar as fotos discretamente (não me oponho a que se ponha atrás da duna ou no meio dos arbustos para o fazer), de escolher as melhores para molduras (e pode ir comprar as ditas e furar a parede para pendurar se for o caso), fazer a selecção, ir à loja imprimir e organizar o álbum. E também me pode trazer um café enquanto eu folheio o álbum atentamente.
Não pago, mas ofereço comida (e oportunidade de dar umas boas gargalhadas com as nossas peripécias).
Alguém interessado?

2 comentários:

  1. Yay! Eu tenho sempre uma mão na máquina e quase faço o pino por vezes para capturar um momento! Uma das melhores invenções EVER, quanto a mim, é o telemovel tirar fotos! Também tento organizar álbanos, como dizem por cá, mas vou-me rendendo às evidências...Ao mais novo tirei no seu primeiro ano de vida mais de 6000 fotos, não há ambiente que resista a tanto papel! E o meu drama, talvez o paparazzo tambem me pudesse ajudar aqui, é selecionar as fotos que vale a pena memorizar! Gosto de 90% delas, só não gosto das que declaradamente não saem como quero!Mas tenho de reforçar esta ideia: sou uma mulher feliz com a invenção da foto digital! O que eu sofria quando gastava um rolo em menos de nada, ia à loja revelar, pagava um balúrdio e tinha de esperar dois dias (cá nunca foi rápido...) para as ver! Era um martírio! Agora com a última cria tenho-me vingado, tiro fotos e passo-as para o PC a toda a hora, é dos meus hobbies favoritos!

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  2. Já não me lembrava do tempo de espera para a revelação dos rolos... Sem dúvida que a máquina fotográfica digital é das melhores invenções! Não só pela rapidez como também pela privacidade.

    Ai Mary! Os Tanakas fazem muita falta é o que te digo! Não só somos sempre os fotógrafos oficiais como ainda decoramos muita casa deste país com molduras já com fotos! O caso mais flagrante? A mana do F. que tem zero de paciência para decoração e afins, deu-nos todas as molduras vazias que lhe tinham oferecido e nós fizemos a selecção do nosso arquivo fotográfico, photoshopámos, imprimimos, recortámos e só faltou mesmo pôr as molduras em cima dos móveis!

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