terça-feira, 5 de maio de 2015

Sobre a (super)proteção

É um dilema com o qual me debato diariamente - se os estarei a proteger demasiado, se sou demasiado galinha, se pelo contrário os deixo andar demasiado à solta quando vamos ao parque, por exemplo.
O Tê acha que sou demasiado galinha, que eles já podem correr no parque longe da nossa vista, que mais dia menos dia o mais velho pode ir ali à mercearia da rua sozinho. 
Eu tento não entrar em parafuso, e leio muito sobre o assunto. Sei que faço pior em andar sempre em cima deles do que a deixa-los ganhar asas, e tento não me deixar impressionar com os 1000 vídeos que alertam as mamãs dos perigos dos predadores, como se à porta de cada escola houvesse 10 pedófilos sempre prontos a atacar.
No outro dia no parque vi uma situação que me deixou a pensar.
O parque é pequeno, perto de casa dos meus pais, onde aliás nem costuma haver outras crianças além de nós. Mas nesse dia havia.
Estavam dois miúdos ciganos, de 8 e 6 anos, uma menina de 2 anos (não tinha mais) e um casal sentado no banco do jardim.
Os miúdos ficaram a jogar à bola com o Tê e o meu mais velho, a menina andava por ali descalça a tentar meter conversa com a minha mais nova e a prima.
Achei sinceramente que os pais da menina a estavam a deixar demasiado à vontade, principalmente quando a vi no cimo de uma casinha, e eles nem se mexeram para a ajudar. E eu também não, pensando que se estavam ali os pais não era eu que ia estar a salvar a menina da queda. A verdade é que a menina não caiu, era uma despachada de primeira, descalça pela areia, pela relva, pela terra, a subir e a descer para os baloiços na maior. Ao fim de um bom bocado comecei a achar que a menina não devia ser filha daquele casal, que continuavam (como eu) impávidos e serenos, sentados no banco a curtir o sol, enquanto a menina agora andava infiltrada noutra família que também tinha uma menina pequenina e brinquedos para a sua idade, toda ela à vontade com toda a gente a mexer em tudo.
Resolvi perguntar ao miúdo cigano que estava à baliza, se a menina era sua irmã. Pois era. E perguntei se estavam sozinhos no parque. E claro que estavam, sendo que ele (que estava portanto a jogar à bola todo o tempo sem sequer olhar para a irmã) é que estava a tomar conta dela.
Eu fiquei de boca aberta.
A menina ainda usava fralda, andava ali na maior, a safar-se dos perigos todos. Durante mais de uma hora tudo podia ter acontecido, desde ela cair do baloiço, espetar um vidro no pé, perder-se no meio dos arbustos, sair disparada para a estrada, alguém pegar nela e levá-la (que é o que nos assusta mais).
E depois, não contentes com isso, os miúdos resolvem ir ter com a mãe ao café, deixando a menina sozinha no parque durante uns bons 20 minutos.
Senhores, até eu, que me considero bastante liberal, quase fiquei a hiperventilar ao ver a menina por ali, sozinha, na maior, e saber que qualquer um lhe podia pegar e levar para não sei onde.
Mas pronto, nada disso aconteceu. A mãe chegou pouco depois, agarrou nela, calçou-a e ala daqui para fora. Tudo na maior descontração.
Não posso deixar de confessar que tive um bocado de inveja da calma da senhora, que deixa os miúdos no parque e vai à sua vida, e sabe que no fim fica tudo na mesma e nada acontece.

De facto, nada aconteceu, mas e se.....?

6 comentários:

  1. EEu não quero ser racista...mas really?! Quem é que ia querer uma miuda que se vê logo que é cigana?!! Já a tua...mete cobiça e não traz o BI na testa... passa por uma data de nacionalidades em menos de nada. Deixa-te galinhar que já basta o que acontece quando não podes evitar. Os meus cunhados acham-me muito galinha, o outro em especial, pois olha que assim que oiço falar de crianças que desaparecem, lembro-me logo dele e de como não tem razão... Deus me livre de acontecer alguma e além do desgosto ainda arcar com a responsabilidade! Mesmo.

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  2. ahahah! bem visto! Como em tudo há um equilibrio.

    Considero-me um pai muito pouco galinha em tudo que seja quedas de baloiços, perigos dos parques e jardins, estarem longe em casa... etc etc.

    Mas tudo que seja estupidez pura não suporto desleixos... como estarem no parque sem eu os ver, estarem na praia/piscina sem eu estar perto... desaparecimentos e afogamentos são coisas que me deixam em pânico, tudo o resto tá na boa!

    P. que não é robô!

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  3. Lol! Não saem da minha vista no parque!!! Podem estar muito longe e não me verem e não saberem onde estou, mas o meu olho controlador tem que estar sempre a espreitar, à distância. Mas, se estiverem os 3 juntos e porque os mais velhos já têm 13 e 14, podem ir dar uma voltinha. Se bem que eu fico a hiperventilar a pensar em tudo o que pode estar a acontecer... Piscinas igual, P.

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  4. Raqlinha rima com galinha07/05/15, 06:18

    Mary a mãe não é descontraída... é displicente... para não lhe chamar outras coisas... Nem pensar. As minhas crias debaixo de olho! Sempre. Nunca sei que pessoa tenho ao meu lado...

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  5. Cartuxa agora foste racista, sim... e não concordo nada contigo, até porque há vários tipos de raptos, como sabemos o ser humano é muito criativo quando toca à maldade.

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  6. Oxalá nunca tenhas de me dar razão... A sério: já alguma vez ouviste falar de ciganos raptados?! Agora diz-me que é coincidência. E não te esqueças que falo com conhecimento próprio pois moro numa terra com a sua grande comunidade, já fui professora de várias gerações deles e há sempre ciganitos nas turmas dos meus filhos.

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