segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Estudar ou não estudar?

Ui, tanta coisa para dizer sobre este assunto, tanta mesmo, até porque não sei muito bem para onde me virar...
Detesto as comparações com a nossa geração, porque acho que há coisas que não se comparam... Nós brincámos na rua, íamos sozinhos para a escola, a maioria só tinha aulas ou de manhã ou de tarde, e agora não é nada assim. A escola mudou, os miúdos mudaram, e os pais e professores também. Que seria se agora o prof dos meus filhos aparecesse de régua de madeira para bater em quem falha a tabuada ou dá erros no ditado, coisa normal nos anos 80 como sabeis.
Dito isto, nunca na minha vida estudei antes do 8o ou 9o ano, nunca na vida me ocorreu estudar no 1o ciclo - fazia TPC e não eram poucos, mas era só.
Agora vejo os pais todos a estudar com os filhos, as famílias a deixar de fazer programas nas semanas dos testes, e por muito que ache que os miúdos precisam de ser acompanhados, não sei se não estamos a cair no exagero...
Principalmente no exagero da importância dos testes. É mesmo importante ter boa nota? Haverá miúdos que se importam com isso, sei que sim, mas será que não é mais por influência dos pais?
A prof do mais velho pediu que os ajudassemos a estudar estudo do meio, pois a matéria começa a complicar e é importante ganhar hábitos de estudo. Ontem lá estivemos, ele a ler e eu a fazer perguntas durante um bocado.
Hoje de manhã à porta da escola desejei boa sorte no teste.
Resposta dele: "mas eu hoje tenho teste??"
Fiquei espantada mas contente por ele não saber. Pois se estivemos a estudar ontem deveria saber que tem teste, mas gosto que não dê demasiada importância.
Vim confirmar o calendário dos testes.
Hoje é o de matemática.
I rest my case.

*disclaimer: esta descontração tem por base o facto de ambos terem muito boas notas e andarem felizes com isso, nós não valorizamos as notas em demasia, mas claro que se não fosse assim teríamos de andar mais em cima. Ou se calhar é melhor não....

3 comentários:

  1. Hahahaha!! Bem me ri! É um caso clássico de que 'cada caso é um caso'!! Eu não estudei com os mais velhos, e o mais velho então, nem sabia quando ele tinha testes! A mais nova é diferente, não gosta de estudar e tem que ser incentivada a fazer até os TPC, por ela não fazia nada (sai a quem?!) Acabo por sentir que é minha responsabilidade acompanhá-la.

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  2. Ui, um tema daqueles.
    Não conheço ninguém da nossa geração que tenha estudado com os pais, esclarecer uma ou outra dúvida talvez mas estudar, orientar, fazer perguntas organizar ideias, não conheço.
    Hoje em dia, os miúdos tem de saber muito mais do que nós. Têm mil metas de aprendizagem, professores que avançam avançam e avançam e um sistema que assenta nos testes, único instrumento de avaliação que é tido em conta (embora muitos professores digam o contrário ...)
    Estudo com os meus filhos, orientando, mostrando caminho, organizando as suas ideias por que razão:
    1) Sentem -se diferentes se tiverem notas abaixo dos colegas. O Pedro (2ano) teve satisfaz no teste de português e falava em chumbar e sentia -se triste porque os colegas tinham tido Bom. Ele teve "apenas" sat. Ridículo mas a escola/notas está a dar cabo da autoestima dele, porque vê nas notas o seu grau de inteligência . É estúpido mas é assim que ele entende por mais que diga que tem de dar o seu melhor, somente, seja ele qual for. Nao hei de o ajudar a ter melhores notas se está ao meu alcance? Vou porque quero um puto que acredite que consegue.
    2) O Tiago, no 5 ano, verbalizou "ajuda.me que não consigo". Vou deixá-lo cair? Enquanto mãe, não é da minha responsabilidade encontrar soluções para que ele não caia?
    3) "Deixa estar que a professora reaolve/ajuda /etc." Não, a escola chama-se alerta-te (ou não) para as dificuldades do teu filho, entrega-te os planos e siga, que há um programa para cumprir demais 20 e tal alunos...
    4) A escola ensina a estudar? Há uns anos havia uma disciplina chamada "estudo acompanhado" cujo objetivo era ensinar a estudar... A disciplina já não existe. Alguém ensina os miúdos a estudar? Alguém mostra como se faz? Temos de ser nós a fazê -lo, não tenhas dúvidas. O meu Tiago tem textos para ler e relacionar com matéria estudada e gráficos apresentados em CN... Ele sabia lá como isso tudo se fazia...
    5) estamos a criar totos? É connosco não foi assim? Pois não mas as coisas que eles têm de saber estão muito acima das nossas. As novas metas do 7 ano de matemática foram alteradas com o Crato. O que se dava no 9 ano passou a ser trabalhado no 7°? O grau de abstração/desenvolvimento cognitivo foi posto de lado... Isso é apenas uma amostra.
    6) A experiência mostra-me também que chega um momento em que as crianças, mais crescidas e com hábitos de trabalho enraizados, conseguem ser autónoma e fazem tudo sozinhas.
    7) Com O Tiago na primária, fazia como fazes e só no 4 ano, é que havia mais foco no inglês . No 5 ano, é muita coisa para ele. Com.o mais novo, que vive na sombra do irmão e dás suas notas também as coisas são complicadas. Custa a uma mãe não o ajudar é enerva-me ver o que a pseudo aprendizagem faz nele. Ajuda-lo-ei sempre, até na escola. É o meu papel. (O rapaz até vai ser avaliado pelo gabinete de psicologia...)
    E mais havia a dizer mas vou ficar por aqui nem vou reler nada.
    Bjinhos

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  3. Há muitas circunstâncias que contribuem para que as coisas sejam como são, desde o próprio professor, a escola, os colegas, e eu trabalho com escolas diferentes todos os dias e vejo os resultados de diferentes escolhas pedagógicas, de diferentes professores e tudo o mais. Mas tb vejo muitos pais a, mesmo sem querer, dar importância aos testes, e os miúdos sentem essa pressão. Pois se os pais ficam nervosos na semana dos testes, porque não haveriam os miúdos de ficar? Se os pais festejam as boas notas, como não vão os miúdos sentir que isso é importante?
    Nestas coisas, e em tudo o que tenha a ver com a parentalidade, não há certos nem errados, mas no meu ponto de vista vejo a nossa geração a cair no exagero em relação aos filhos - nas festas de anos cada uma mais xpto que a outra, nos telemóveis (miúdos de 1º ciclo com iphones de última geração), nas bancadas do futebol, e tudo e tudo. Cá em casa não se fala nos testes, o pai nem sabe se têm, eu até assino o papel e ponho na agenda mas depois acaba por passar (hoje mesmo soube que ele ia ter teste de inglês no carro!).

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