Tudo começou há um mês atrás com o desafio de uma amiga que ,tal como eu, gostava de incluir uma caminhada no paredão no seu dia a dia.
Se só conseguimos ir às 6h da manhã, porque não?
E assim começamos, meio em tom de brincadeira, a sair da cama às 5h50 para ir caminhar.
Ninguém, nem mesmo nós, achou que fosse durar, mas a verdade é que dia após dia fomos conseguindo, e raramente falhamos.
Dia após dia, ou melhor dito, noite após noite, pois se nos primeiros dias ainda se via uns raios de sol a nascer no regresso a casa, na maioria dos dias fomos e voltamos com noite fechada, apenas com a lua como companheira. Íamos caminhar para o paredão sem sequer ver o mar!
Também tínhamos ideia que estaríamos sozinhas, pois quem é maluco para ir caminhar a essa hora?
Qual quê! Há todo um número de "habitués" a quem nos habituámos a cumprimentar, e a quem já notamos a falta quando não vão: a "amiga da barriga gira" (que corre de top e tem uma barriga lisa que eu invejo bravamente), o senhor da camisola amarela (que também corre e parece estar muito em forma), o casal de velhotes, duas amigas com um cão, outro corredor com dois cães, o senhor da bicicleta, e até uma mãe que às vezes leva o filho de 10 ou 11 anos!
Nós vamos com os minutos contados, e à hora certa (ali entre um poste e uma tampa de esgoto) damos a volta para trás. Caminhamos em passo acelerado, e pelo caminho vamos discutindo de tudo um pouco, desde a polémica da mudança da hora, os problemas do trabalho ou o ultimo episódio do "Visita Guiada". Às vezes o assunto é tanto que nos despedimos com uma pausa e retomamos a conversa no dia seguinte.
E sabe tão, mas tão bem...
Custa sair da cama, é escuro, está frio, vento e chuva, mas já não me vejo a começar o dia de outra maneira.
Uau, Mary! Que força!!
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