(apesar de em 1988 ninguém ainda me chamar assim, mas pronto)
Este ano mais uma vez traí a Mary da infância, e talvez um pouco mais este ano, pois foi de livre vontade.
Ao contrário do que prometi a mim mesma ao longo da infância, este ano voltei a comprar livros de exercícios para os miúdos fazerem nas férias.
Sou uma seca, eu sei. E uma traidora, também sei.
Mas há traumas que se vão perpetuar, e este é, claramente, um deles.
Já tinha comprado (e obrigado a fazer) em outros anos, mas sempre aconselhada pelos professores - mas este ano, no meio de toda esta confusão, achei mesmo melhor por os miúdos a fazer qualquer coisa de produtivo nas férias, para não descarrilarem de vez...
O mês de Julho passou sem que lhe tocassem - estiveram em casa dos tios, e depois estiveram cá os primos, e estavam na ressaca da escola (eles e eu).
Agora em Agosto, depois da semana na ilha, impus aqui o ritmo de fazerem três fichas cada um logo de manhã (evitando assim os malfadados ecrans, que pouco a pouco se tornaram um vício tão grande!).
Detestam. Refilam. Fazem todo um drama. Fazem tudo à pressa, e mal, e eu obrigo a voltar a fazer (pelo menos oralmente).
Comprovam a minha teoria de que andam à nora, e de que se esqueceram de tudo o que foi ensinado no 3º período.
Sei bem a tortura que era fazer TPC nas férias, juro que ainda não me esqueci. E também sei que a minha mãe ignorava se eu fazia ou não, e sei que passava o início das aulas sem intervalos a fazer a porcaria das fichas. Mas também sei que os meus verões eram passados a brincar na rua e a ler, e não agarrada a vídeos do youtube a ao fortnite. Quando muito via o Agora Escolha, mas o resto era praia, brincar no jardim, ler, fazer desenhos, escrever histórias imaginárias.
Mais do que aprender ou praticar, é mesmo só para lhes por o pé na terra, e lembrar que 30 ou 40 minutos por dia não são nada, e podem fazer a diferença, nem que seja para treinarem a mão a escrever.
As minhas sinceras desculpas a ti, Mary de 1988, sei que estás profundamente desiludida.
Afinal és uma mãe chata.
Welcome to the real world, Mary. Mãe que se preze tem de ser chata. Uma mãe cool gera párias. Just saying.
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