Foi tão bom, tão bom, que demorei a vir aqui escrever sobre isso.
Foi um fim de semana em que de repente parece que nada aconteceu, o covid foi só uma miragem - há sempre aquela dúvida se alguma vez voltaremos ao normal, eu acho que sim, na primeira oportunidade estaremos todos sem máscara aos abraços e beijos, como sempre.
Na sexta tivemos um jantar anual de primos em casa dos tios, tradição que se repete desde 2012 - e se em anos normais já é espetacular, pois com a vida do dia a dia acabamos por passar semanas ou meses sem nos ver, este ano ainda foi melhor: para alguns foi mesmo a primeira vez que nos vimos em 2021 (o que numa família que normalmente se junta toda no dia 1 de Janeiro e vai fazendo encontros regularmente, não é nada normal!).
Sábado de manhã rumámos ao Porto, para o casamento de um primo da parte da minha mãe.
Casamento adiado desde 2020, e que estava escrito que teria de acontecer - mesmo tendo em conta que o noivo teve um AVC na semana anterior - e nas palavras dele, se não tivesse tido alta tinha assinado um termo de responsabilidade para ir ali casar e voltava a seguir para o hospital! - não foi preciso, teve alta na 5ª e no sábado lá estava, para o seu grande dia.
A família da minha mãe é também muito especial. Tivemos um grande contacto durante a infância, com férias conjuntas e Natal a cada dois anos, no entanto por força de várias circunstâncias passamos muitos anos sem nos juntar todos - fomos estando com uns e outros em separado, mas não voltámos a passar lá o Natal, e por isso deixamos de estar na reunião anual.
Sei que a minha mãe, e o meu pai (que foi tão bem recebido na família!), iriam adorar ter estado presentes, e essa alegria contagiou-nos a nós.
O melhor de tudo foi sentir que nada mudou. Mesmo passando anos e anos separados, e em alguns casos falo de 30 anos sem estarmos juntos (funerais não contam!) foi como se nada se passasse.
As conversas, as parvoíces, as gargalhadas, a cumplicidade, está lá tudo!
Assim se vê a importância que têm as relações que se formam na infância - se forem fortes e verdadeiras, podem durar para sempre.
E de repente vemos nos primos parecenças com os nossos filhos, ou re-descobrimos coisas sobre nós próprios quem nem nos lembrávamos e que marcaram a pessoa que somos.
A nossa essência, afinal, também é genética, e a nossa família tem muito de nós mesmo que viva à distância.
Foi mesmo muito bom e muito especial.
Por mais dias destes, que tanto precisamos!