segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Livro 19/35

 


Léxico Familiar, de Natalia Ginzburg
Já aqui referi o efeito que produz em mim a estante dos destaques da biblioteca (já agora, acho mesmo que iria gostar de trabalhar numa biblioteca - foi o 1º emprego da minha mãe! - todo aquele ambiente me fascina, mas adiante!). Alguém na biblioteca tema a função de colocar determinadas obras em destaque, e eu mesmo que vá com uma ideia fixa do que quero trazer acabo sempre por dar uma vista de olhos e trazer qualquer coisa, qual vítima de uma manobra de marketing. Ou é uma capa apelativa, ou é um autor de que se fala naquela semana, livros mais de verão, livros mais de rentrée, enfim, julgo muito um livro pela capa e sou seduzida pelos destaques tipo guloseima na zona da fila do supermercado. Normalmente o que acontece é ir verificar as notas do livro no Goodreads, e ver se as minhas pessoas de referência (que são quem atualiza o Goodreads com frequência - as minhas irmãs e a Tella e pouco mais) o leram ou não.
Da última vez lá estava este, cujo nome do livro e da autora eram super familiares. Procurei e não encontrei nenhuma referência, não sei de onde tinha ouvido falar neste livro e nesta autora (que é muito conhecida, mas de quem nunca tinha lido nada).

É um livro muito enternecedor, que não pode ser mais fiel ao título - o tema geral são aquelas palavras, frases e histórias que fazem parte de uma família, e que todos nós temos também.
São palavras, frases e histórias que permitiriam à autora reconhecer os irmãos no meio de uma multidão e às escuras - aquelas frases-chave que só que viveu naquela casa pode saber, reconhecer e interpretar.
À medida que vai contando esses episódios e memórias, vai desfiando a história da sua família na Itália fascista do séc. XX.
Dá a sensação de estarmos sentados à mesa com uma tia-avó que é uma excelente contadora de histórias, e só queremos ouvir mais uma, e mais uma e mais uma.

Ao mesmo tempo recordamos o nosso próprio léxico familiar, aquelas expressões que de tão repetidas me permitiriam também reconhecer as minhas irmãs e pais onde quer que fosse: "estar triste no tapete"; "xixi na mão e deita fora"; "beber a sopa à tio Paulo"; "chapeleira da avó Branca" e por aí fora.

Dei 4 estrelas, que são 4,5, e recomendo.

(só dou 5 estrelas quando o livro me agarra tanto que não o consigo largar!)

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