Já há que tempos tive esta conversa com uma amiga, até que ponto a nossa vida vai ser alterada por causa da pandemia, será que em algum momento voltaremos ao "normal"?
Há coisas em que acho que sim. Achei sinceramente que nunca mais voltaria a usar sapatos em casa, e cá estou eu de ténis calçados a escrever este post. Que se calhar não voltava a dar beijinhos a toda a gente, e muito rapidamente percebi que sim.
Dito isto o que me pergunto é se em algum momento vamos ver a pandemia passar, de vez. Quanto tempo mais temos pela frente?
Aquilo que me apercebi depois de ter estado infetada, e sem sintomas, é que de facto num instante nos esquecemos deste "novo normal" em que nos encontramos agora. Depois de duas semanas de testes intensos, ouço falar em teste covid e já quase que digo "hã?" - já saiu da minha órbita.
Sei que os meus dois filhos mais velhos ainda não tiveram, pelo que a qualquer momento o isolamento e os testes terão de regressar, mas em dois dias de vida normal (quando regressaram à escola) parece que esqueci que existe covid.
E quando saí de casa a primeira vez percebi o quanto a pandemia nos afeta, o quanto está lá na nossa cabeça mesmo que achemos que não. Sempre fui descontraída, nunca tive um medo avassalador da doença porque sempre achei que temos saúde para a combater - acho que fui, como toda a gente aliás, alternando entre mais ou menos cuidado, mas nunca senti que estivesse obcecada com isto. No entanto, vendo-me temporariamente "livre de perigo" senti um alívio que não estava à espera: mesmo sem querer esta porcaria está a afetar a nossa saúde mental.
Se assim é em mim que sou adulta e para quem estes dois anos são uma gota de água no oceano de anos que já vivi (que poético!), imaginem nas crianças para quem dois anos são 1/3 ou metade da vida, ou a vida toda (e muitos com pais muito preocupados mesmo), ou nos jovens que deveriam estar a viajar, a sair, a festejar, e têm a vida toda dificultada.
Quanto tempo mais teremos de viver com isto, e quais as consequências verdadeiras disto tudo?
Saímos todos diferentes de tudo isto, disso já não restam dúvidas...
Diferentes, sim. Mais fortes também, espero. Mas bons da cabeça... não sei!
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