Agora que já passaram algumas semanas posso de facto escrever sobre a "grande" entrevista, que quem está mais atento a este blog já percebeu onde e quando saiu.
Quando vivi o filme da amamentação nunca pensei que um dia viesse a falar sobre isso numa revista, mas penso que foi importante.
Mais que não fosse permitiu-me conhecer uma jornalista cujo trabalho e blog acompanhava há algum tempo, e com quem simpatizei de imediato - tanto que me senti perfeitamente à vontade para lhe contar a história que até aí nunca tinha saído do núcleo familiar mais próximo, e de algumas, muito poucas, amigas (achei melhor não contar p.e. a quem ainda não tinha filhos ou que estivesse a amamentar na altura). Houve muitos pormenores que também não tinha contado aqui no blog, mas que foram importantes de partilhar.
O objectivo de partilhar a minha história não foi outro senão ajudar uma mãe ou pai na mesma situação. Ajudar alguém que se identifique com o episódio e que pense "esta é capaz de ter razão!".
Quando li a reportagem achei engraçado, e estranho, ler a minha história contada por outra pessoa, mas aquilo que de facto mais me tocou foram as histórias dos outros pais. Li aquelas páginas de uma ponta à outra e pensei "caraças, é mesmo isto, percebo perfeitamente, já me senti assim". Do mesmo modo, sei que houve quem lesse a minha parte e sentisse o mesmo. Algumas amigas confessaram que nem conseguiram conter as lágrimas, por mim e pelos outros pais que se viram sem saber o que fazer, numa altura em que mais precisamos de saber exactamente o que fazer.
Tal como disse na entrevista, ter um filho não é como ter um exame na faculdade, em que nos preparamos, realizamos o teste e depois alguém nos diz onde e quando falhámos. Um filho é um exame sem ter mestre, onde todos tem uma teoria e opinião, mas ninguém é dono da razão. Não há certos nem errados, e isso é dificil de gerir quando se é pai pela primeira vez.
Depois, a maternidade é uma disciplina em que quem já passou " no exame" não resiste a fazer comentários e dar o seu bitaite. Coisa que muitas vezes ajuda, mas muitas outras só confunde ainda mais - porque todos os bebés são diferentes, e não há nada de nada que resulte com todos eles.
A juntar a isto temos uma mãe descontrolada hormonalmente. Quer queiramos quer não, e nisso o pai tem um papel muito importante, nós não estamos bem. Não estamos capazes de agir racionalmente, exactamente quando temos de tomar as decisoes mais importantes. Choramos por coisas absolutamente estúpidas - eu nos primeiros dias chorava baba e ranho porque não ia poder voltar a viver o dia do parto, como se isto fizesse algum sentido! Vi mães com bebés de 4kg desesperadas porque ele não come, o meu chegou aos 2,500kg (perdeu 20% do peso com que nasceu) e eu acho que nem me dei conta, continuei a bater na mesma tecla proque não conseguia ver mais além.
Sei que quando nos encontramos nestas situaçoes muitas vezes nem ouvimos quem está ao nosso lado, mas num momento ou outro parece que se faz luz e as coisas começam a fazer sentido - se houver uma só mãe desesperada que de alguma maneira se sinta inspirada com a entrevista, é porque valeu mesmo a pena.
7 comentários:
Consegues disponibilizar, pública ou privadamente o link ou a entrevista digitalizada?
Bjs
Olá Mary
Também gostava, caso fosse possível.
Obrigada
Desculpa Mary, ando um bocadinho fora d'orbita.
Onde é que posso ler a tal entrevista.
Beijinhos.
Eu li e gostei muito.
Achei-a muito corajosa por partilhar a história.
Eu não tive problemas com a amamentação e (no fundo) sei que também fui (e sou?) um pouco fundamentalista nessa matéria.
Mas um dia também se fez luz! Decidi, parar de de não ter paciência para nada nem ninguém(incluindo para a bebé)porque não dormia há 7 meses e dei leite artificial à noite à minha filha. Senti-me mal e envergonhada nessa noite. Mas no dia seguinte senti-me melhor mulher, melhor mãe, melhor pessoa. Por isso compreendo perfeitamente a sua entrevista e as suas reticências. E, principalmente, os bitaites dos outros, incluindo os que, supostamente, sabem da coisa...
Maria Inês
Não li a entrevista. Que pena! Mas a tia tem e há-de de emprestar.
BJS
Eu adorei entrevista, mas teve em mim um bittersweet de como é que eu não me apercebi pelo que tu estavas a passar... shame on me
Eu li a entrevista e adorei!
Também tive problemas na amamentação da minha filha e ela também perdeu peso, embora não tanto como o seu bebe.
Foi dificil e fui "obrigada" a desistir porque queria o melhor para a minha bebe e comecei a dar-lhe leite artificial.
Hoje sinto alguma tristeza por não a ter amamentado como sonhei, mas a vida é mesmo assim e nem sempre podemos cumprir todos os nossos sonhos.
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