sexta-feira, 28 de março de 2008

Mais um passo VIII


E dentro de momentos deixaremos de ter internet, e esta casa além de vazia estará também desligada do mundo.

Este é portanto o meu ultimo post durante esta experiência como emigrante.

Adeus Amsterdam!

Adeus Mary de Amsterdam!

...e a vida continua...

quinta-feira, 27 de março de 2008

Mais um passo VII

Ontem e hoje também foi dia das primeiras despedidas.

Era tão bom se pudéssemos passar esta parte...

Mais um passo VI

A casa está vazia.
Escrevo este post sentada no chão, com o computador em cima de uma caixa.
Há uma hora atrás vieram cá alguns amigos e ex-colegas buscar o queriam. Houve um que comentou que Amsterdam vai ficar com vários bocadinhos nossos.
A minha cómoda foi para uma brasileira que está à procura de casa e por enquanto vive com uma amiga italiana. A nossa cama pertence agora a uma alemã que partilha casa com um turco. A cadeira da sala e os bancos da cozinha, e também os livros de holandês estão em casa do casal francês que se casa em Junho. A mesa do meio, os cabides e o colchão insuflável levou-os o português acabadinho de chegar à Holanda que me substitui no trabalho.
E de repente a casa ficou vazia.
Ontem quando levámos as primeiras caixas para o lixo o Tê meteu conversa com um ucraniano que estava na rua e pediu-lhe ajuda para levar o sofá. Claro que foi o insólito de estar eu na sala a arrumar as coisas e ele a entrar diz:
"Love, vou entrar com um senhor."
Hã?

O resto das coisas fomos deixando ao longo dos dias, e normalmente não demoravam nem 5 minutos ao pé do lixo até serem levadas por alguém.
É bom saber que as nossas coisas vão ter uso.

E agora estamos assim, com a casa cheia de chão vazio.
Ficam as coisas, levamos connosco as recordações.

Emoções

O melhor mesmo é não pensar, porque se levamos a coisa para o lado sentimental nem sei...

quarta-feira, 26 de março de 2008

Post parvo e que não tem nada a ver com nada

Tem-me acontecido com bastante frequência ver pessoas da minha idade ou mais novas, e achar que parecem (muito) mais velhas do que eu.
Estão a ver aquele pensamento típico
"Quê?! Esta só tem 20 e X anos?! Beeeem...parece muito mais velha que eu!"?!

Chegou a idade da negação.
(e dos óculos cor de rosa quando estou em frente ao espelho)

Sobre o stress

O Tê e eu stressamos sempre em diferido.
Na mesma situação, nas mesmas circunstâncias ele stressa por uma coisa, eu pela outra. Ele perde o sono por A, eu tenho insónias por B.

Ele stressa com a mudança física. Encaixotar as coisas, pôr as coisas no lixo, ter sacos e sacos espalhados pelo chão.
Eu stresso com a chegada. Chegar a Portugal e não ter nada (leia-se trabalho e casa minha, que o resto tenho sim senhor). Stressa-me a incógnita.

Quando chegámos ele stressou com as coisas. Com o carro, com as 1000 malas e sacos e saquinhos.
Eu stressei mais com a falta de trabalho e de casa.

Eu acho que ele stressa com coisas pequenas.
Ele acha que eu stresso sempre por avanço e que me preocupo mais com o futuro que com o presente.

Por um lado é bom. Se stressássemos ao mesmo tempo a coisa podia não correr bem. Quando um stressa tem sempre o apoio do outro.
Por outro lado é mau. Nunca compreendemos inteiramente o que o outro está a sentir. Quando um stressa o outro acaba sempre por não dar verdadeira importância à coisa.

É assim uma espécie de equilíbrio desequilibrado!
Mas até agora não tem funcionado mal...

E a primeira entrega da cegonha...


... aconteceu ontem pelas 14h30.
É uma menina, nasceu com 3500 Kg, e diz que é linda de morrer.
Uma prima nova, com a vida inteira por estrear!

terça-feira, 25 de março de 2008

E a 6 dias da partida...

... chegou oficialmente a época do nervoso miudinho, da impressão na barriga, do stress.
Abriu também a época da dúvida (temos mesmo a certeza? estamos mesmo a fazer a coisa certa?), dos porquês (porque é que nos metemos nisto?), dos "ses" (e se não arranjamos emprego? e se passado um tempo fica tudo na mesma? e se nos arrependemos amargamente?).
Abriu a época das combinações finais, dos últimos jantares, últimos encontros...

E chegou também a altura de começarmos a acusar a pressão: eu tenho as mãos a pelar, não estou com paciência para nada nem com capacidade para tomar decisões, estamos os dois com ataques de riso por tudo e por nada e com um sentido de humor digamos que... peculiar. (e parvo, há que acrescentar...)

Enfim...

Things I'll miss


Stroopwafels.
(hummmmmm)

segunda-feira, 24 de março de 2008

Conversa entre manas há 1 ano atrás (por e-mail)

21 Março 2007 10h07
Hi “preg”!
Tens de falar com a tua miúda a ver quando vamos ter a honra da sua presença... isto porque, of course, a malta tem de decidir as férias... Q seca... por um lado claro q queria estar aí quando ela nasce, por outro apetecia-me marcar ja a viagem para depois de 12 de Maio, quando temos a certeza que ela ja nasceu, para poder goza-la bem...
Não sei q faça mas esta duvida angustia-me... tu enquanto mãe não tens assim um feeling? E não podes exercer assim uma pressaozinha???
Beijos
(a madrinha)

21 Março 2007 10h35
Filha,
O meu feeling é mais para antes que para depois. Se vens depois de 12 de Maio arriscas-te a conhecê-la p'raí com duas semanitas...
Estou a fazer as contas ao fim de Abril, mas como te disse antes, podes vir, esperar aqui comigo que ela nasça e só depois de ires embora ela dizer hi!
Vais ter que aí estar então de 5 a 12 de Maio, é isso?
No princípio de Abril, na Semana Santa, tenho ecografia e médico.
Vou pressionar para tentar saber mais mas já sei o que me vão dizer... nada! Provavelmente a partir dessa altura passo a ir ao médico de duas em duas semanas e a meio de Abril já se deve poder calcular melhor.
Beijos e pouca frustração. Não podes marcar e depois em cima da hora alterar as férias? Pior mesmo é o avião, esse é que vai sair mais caro por ter de ser marcado em cima da hora.
Jerónima (a mãe)

21 Março 2007 11h46
A serio...isto é uma seca descomunal...
Eu por mim quereria ir 2 semanas, ou tipo 10 dias. Não estaria nada mal ir p. ex a 20 Abril e voltar a 6 de Maio... mas tenho o PAVOR de ela me nascer tipo dia 5...ou pior:dia 7... mas teoricamente nesta fase cobriria uma altura mais ou menos perfeita, ou não?
Então depois da semana santa em principio devo proceder a compra da viagem. OK.
Já estou mais descansada.
Entretanto, a minha colega tb foi hoje p Itália pq ia ter uma sobrinha. E ela dizia sempre que ela ia nascer dia 21 Março, que é o dia em que ela chega, e que pode ficar a noite com o sobrinho Matteo (q tb faz 2 anos hoje) E não é que ela nos ligou há bocado do aeroporto a dizer q a sobrinha nasceu hoje???
Inspirador, nao?
Guadalupe (a madrinha)

22 Março 2007 11h32
Bem, ainda assim acho que 20 de Abril ainda é cedo... Aposto mais a partir de 25 de Abril. A não ser que queiras socializar ainda durante uns dias antes de te fechares na maternidade comigo...
Mas também se pode fazer uma força quando cá estiveres, tipo ir passear a pé duas horas de seguida ou saltar à corda. Mas só se estiver tudo bem, para não me arrepender. Hoje em dia há muitos partos provocados por conveniência do médico, porque não conveniência da madrinha, também?
Vá, beijos
Jacinta (a mãe)

23 Março 2007 12h13
Pois porque a verdade é que já q vou q seja para aproveitar assim como assim... se ela nascesse dia 25 Abril era perfect! Tinha uns dias antes p socializar e depois ainda 10 dias para lhe dedicar...
Por falar em 25 abril eu conheço uma italiana chamada Maria Libertá, e eu acho um nome lindo!
Então fica assim combinado (vamos ser decididas) eu vou dia 20 e ela nasce dia 25, ok? Fantástico!
Bjs bjs
Maria da Liberdade (eh eh eh) (a madrinha)

23 Março 2007 13h01
Não venhas logo a 20, vem tipo a 23, 24, porque eu faço as 38 semanas a 27 de Abril, e aponto para aí.
Também não quero um rato com menos de 3 kgs...
Em Itália o dia 25 de Abril também é o dia da liberdade, da libertação do fascismo (sendo que o deles foi em 1945 e o nosso em 1974... explica muita coisa sobre o nosso desenvolvimento, não?)
Quanto à Liberdade, era a irmãzinha da Mafalda, não te lembras? Ou pelo menos a irmã de alguém da BD da Mafalda, era angelical com um cabelo como o da Zéza, mas cáustica cada vez que abria a boca!
Beijinhos
Leocádia (a mãe)

23 Março 2007 13h17
Já me estas a deixar confusa outra vez...mas ok! Se calhar vou mesmo só a partir do 27 que é uma sexta mas assim fico só mesmo uma semanita...dia 6 tenho de estar de regresso.
(a madrinha)

23 Março 2007 13h31
OK.
Que tal esperar até a ida ao médico para marcar, como estava combinado desde o início? Hã? Porquê este stress pré-traumático?
(a mãe)

23 Março 13h40
Pq tenho stress que queres q te diga...
(a madrinha)

23 Março 2007 14h04
Agora, sim, uma informação que interessa verdadeiramente:
Fases da lua:
Lua Nova 17 de Abril
Quarto Crescente 24 de Abril
Lua Cheia 2 Maio
Quarto Minguante 10 Maio

Por isso, se vens a 20s de Abril, faz por estar cá a 24. Se nascer a 2 de Maio, também aproveitas uns dias.
Beijos
(a mãe)



A Afilhada nasceu menos de 24 h depois deste último e-mail, ao fim de 33 semanas de gestação, com menos de 2kg.
Mais pormenores sobre o seu nascimento aqui.
Veio provar que por muitos planos que façamos é sempre a Natureza a ditar as regras.

Faz hoje um ano que ela nos virou o mundo ao contrário, e nos fez ver o que de facto é ou não importante.

Ela hoje usa botas da Chicco para aprender a andar, tem uma camisola da Kitty, está a ficar com caracóis louros e diz "tááá´" quando fala ao telefone comigo.
Não faz a menor ideia da lição que nos deu há um ano atrás.

Final Countdown

E já só falta uma semana.
Está quase.

No fundo tenho a sensação de que está quase há imenso tempo. Quase quase e nunca mais chega. Vai acontecer como já escrevi aqui uma vez, é um acontecimento que parecia tão longínquo e de repente quando der por ela já estou em Portugal há 6 meses e nem me lembro que um dia vivi aqui.

No entanto, esta espera arrastada, quando já fiz tudo o que queria fazer, já fui onde queria ir, já vi o que queria ver, quando aquilo que me falta fazer é deitar fora e arrumar as últimas coisas... já me irrita.

(principalmente se pensar que ainda falta a pior parte: as despedidas...)

domingo, 23 de março de 2008

Coisas únicas que provavelmente não se repetem

Domingo de Páscoa a dois, de fato de treino e manta no sofá.
Ver séries, procurar casas na net, encomendar uma pizza.

Lá fora está a nevar.
Ver os flocos brancos a dançar ao sabor do vento pela janela.
Mágico.

sábado, 22 de março de 2008

Mais um passo V

8 caixotes
5 sacos de viagem
1 mala de viagem
2 rolos

...já estão na carrinha do Sr. Rebelo.
O que foi, foi. (e vai ser tão giro abrir as caixas depois, mas isso será uma próxima preocupação)
O que não foi, ou vai connosco dia 31 ou então fica.

Próximos passos: pôr coisas no lixo; distribuir mobílias pelos amigos.
6ª feira esta casa tem de estar vazia.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Em véspera da vinda dos Transportes Rebelo - 2ª parte

Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca! Fazer mudanças é uma seca!

AAAAAAHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!

(pufff... vou só ali encaixotar mais umas coisas)

Primavera?

Sabem aquela história do "ah e tal quando chove não está frio"?

Por cá frio e chuva andam de mãos dadas...

Máx entre os 5 e os 7 graus
Min. entre os 0 e os 4 graus
E chuva chuva chuva chuva...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Foam


E continuando a jornada museológica hoje foi dia de FOAM.

Gostei muito do edifício do Museu, das exposições, e também do café a dar para o Keisergracht.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Pensamento do dia

É preferível estarmos unidos na decisão incorrecta que desunidos na decisão correcta.

Mais um passo IV

  • Contas da casa canceladas - Nuon, KPN, Orange.

  • Situação fiscal actualizada - hoje foi dia de Belastingdienst. Menos mal que apesar de não termos marcação fomos atendidos e lá fizemos a declaração de impostos com ajuda. A marcação faz-se apenas por telefone, o problema é que para fazer uma marcação temos de responder a umas perguntas em holandês - a questão não é se a menina do telefone fala ou não inglês (até falava), não nos pode é atender e marcar um dia em inglês. Mais uma a juntar às burocracias incompreensíveis deste país. De qualquer modo, metemos pernas ao caminho, e debaixo de uma chuvada de granizo seguida de um sol intenso, lá chegámos ao Belastingdienst na Sloterdijk, e como a coisa até estava tranquila conseguimos a proeza de ser atendidos sem marcação!
  • Primeiras caixas estão prontas. Já temos livros e molduras encaixotados, estante da sala vazia, e algumas coisas do quarto prontas a enviar.
Aos poucos vamo-nos aproximando do final.

terça-feira, 18 de março de 2008

Things I'll miss

A segurança que sentimos.
Poder ir na rua, de bicicleta, apanhar o metro, o comboio ou o tram a qualquer hora do dia ou da noite sem ter medo.

Sonho


Hoje sonhei pela primeira vez que já estava em Portugal, depois do regresso.

Estava no supermercado com a Catarina (acho que até era o Pingo Doce do Riviera, mas claro, não tinha nada a ver) e eu reparei numa prateleira que tinha sacos de compras de tecido. Eu comentei que queria levar um, para não perder o hábito de levar sempre um saco próprio para o supermercado. Ela respondeu que agora também já havia supermercados sem saco.

E assim foi.
Nada de especial, tirando o facto de eu ter a consciência de que estava em Portugal, mas acabada de chegar daqui.
Era o regresso à rotina.

domingo, 16 de março de 2008

CV

Porque é que em Portugal quando mandamos um CV não recebemos nenhuma resposta?

É que não vejo explicação, mas os anos passam e o cenário repete-se, e estende-se a todas as áreas.

Não percebo.
Custa muito mandar uma carta/mail que obviamente já está escrito é só mudar a data e o nome?
É que é básico e simples.
E não há razão para não o fazerem, só mesmo a falta de educação e o deixa andar e a falta de respeito pelo outro. Que nervos!

E não me venham com essa da falta de tempo e do ah e tal e estamos muito ocupados. Aqui na Holanda mandei CV's a todo o tipo de museus, agências e empresas, grandes, pequenas, multinacionais e familiares e recebi sempre uma resposta.
Mais uma diferença cultural?

Em Portugal uma pessoa manda o mail e fica pendurada.
Ficamos assim na ignorância, sem saber se a carta chegou ou não chegou, se o anexo do e-mail com o CV abriu ou não abriu, se houve problemas no envio que impediu de chegar ao destino em condições.
Nada. Silencio.

E eu não consigo deixar de achar que isto é gozarem comigo. Fico assim feita parvinha na esperança que estejam a analisar o meu caso para me contactarem em breve. E preciso esperar alguns dias até perceber que isso não vai acontecer, nem para o sim nem para o não.
Acho que eu, tal como todas as pessoas que querem trabalhar e mandam candidaturas, mereço mais que isto. Merecemos todos um mínimo de RESPEITO.

Pois que da minha parte e-mail sem resposta é e-mail reenviado ao fim de uma semana, e assim sucessivamente até haver uma resposta. Toma lá que é para aprenderem.
Mai nada.

sábado, 15 de março de 2008

Rotterdam


E hoje foi dia de despedir da Naty e família, e também de despedir de Rotterdam.

A sensação de voltar a Rotterdam foi um pouco a mesma que se tem quando se regressa à escola uns anos depois. É um sítio familiar, tudo permanece igual (mas nós mudámos), sentimo-nos como em casa, aquela foi a nossa casa, mas já não pertencemos ali.
A Mary que eu fui ali não é a que sou agora.

Foi estranhamente familiar repetir a rotina típica do sábado, dar uma volta pela feira, espreitar as flores, comer uma "turkse pizza", comer uma stroopwaffel, dar uma volta pelas lojas. Passei à porta de casa, estive na estação de tram que costumava usar, esperei pelo comboio no mesmo local que fez parte da minha rotina meses a fio.

É uma cidade diferente de todas as outras na Holanda, e é diferente de todas as cidades onde já vivi.

Fui peculiarmente feliz em Rotterdam.
Ao mesmo tempo que fui feliz, não gostaria de voltar atrás no tempo até essa época.

Não sei o que o futuro me reserva (e pela boca morre o peixe) mas no que depender de mim nunca mais voltarei a viver em Rotterdam.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Pombas


Na nossa varanda de trás estamos constantemente a ser invadidos por pombas. É um nojo...
Fica uma nojeira pegada no chão, não se podem abrir as portas senão entram penas, além de que fazem um barulho irritante.

Há uns meses atrás o Tê e o Guilherme ainda construiram uma artimanha para elas não conseguirem pousar, mas foi em vão. Ao fim de 1 dia já elas se passeavam animadamente por cima da cama de pregos sem qualquer problema.

Um dia a vizinha do lado propôs colocarmos uma rede em conjunto a tapar as duas varandas, mas nessa altura nem sequer sabíamos quanto tempo íamos ficar mais, pelo que achámos que não valia a pena investir nisso. Assim como assim se em pleno Verão usámos a varanda 2 vezes, não se pode dizer que valha muito a pena gastar uma fortuna a isolar o espaço...

A verdade é que há umas semanas atrás a coisa tornou-se quase insoportável.
A vizinha, perante a nossa nega, resolveu ir para a frente com a empreitada, e cobriu a sua varanda de rede.
Resultado, as filhas da p....omba não tinham outro sítio para esvoaçar, cagar, piar, arrulhar a não ser a nossa varanda... um desespero.

Eis senão quando ontem o jogo virou a nosso favor.
Uma das pombas ficou presa na rede da vizinha, e acabou por morrer (acho eu, pelo menos está imóvel há horas). Eu é que não queria chegar a casa e ter uma pomba morta presa na rede em frente à minha janela!
As outras...desapareceram.
Não sei se estão com medo, ou se estão a preparar o funeral, mas a verdade é que até ver a varanda está vazia.
Vamos ver se aprenderam a lição...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Movie session

E depois da nossa primeira sessão, hoje foi finalmente a vez de vermos mais duas pérolas da história dos filmes com dança dos anos 70 e 80.

Hoje foi dia de Footloose e Saturday Night Fever.

O Footloose tem talvez a melhor banda sonora de sempre. Para mim este rock dos anos 80 é "a" música, faz-me recuar até às noites do News, às saídas de carro just girls a ouvir uma cassete que rodava vezes sem fim, e mais recentemente as noites do rock do Bauhaus.
Impossível não dançar ao som destas grandes malhas!


Quanto ao Saturday Night Fever devo confessar que talvez tenha sido a primeira vez que o vi completo - a verdade é que não me lembrava de bastantes partes. John Travolta no seu melhor, é de facto um grande bailarino. Banda sonora à base de Bee Gees e afins, que de facto não marcou tanto a minha geração mas... quem nunca dançou assim ponha o dedo no ar!


Em relação a ambos devo dizer também que se os tivéssemos visto há 5 anos atrás se calhar tínhamos achado mais piada. Isto porque a moda de hoje em dia, como sabeis, vai buscar muita inspiração a esta época, e muitas coisas que vemos em ambos os filmes estão hoje outra vez nas nossas montras e nas ruas.

quarta-feira, 12 de março de 2008

O fim do anonimato... ou talvez não!

O objectivo deste blog é por um lado registar as minhas experiências para mim própria (porque vou achar um piadão ler algumas destas coisas daqui a uns anos) e por outro partilhá-las convosco (que isto de repetir a mesma história 10 vezes também cansa).
É suposto serem apenas vocês a visitá-lo, mas pode acontecer que venha cá parar algum desconhecido, amigo do amigo, alguém que ande perdido por essa blogoesfera fora.
A minha intenção é que esse desconhecido não saiba quem eu sou. Este é o blog de uma Mary qualquer que está em Amsterdam e mais nada. Por isso não ponho fotografias minhas nem de ninguém, pois iria odiar estar no metro ou a comer um pastel em Belém e ser reconhecida por esse tal desconhecido perdido na blogoesfera. Ele não tem de saber se eu gosto ou não de andar de bicicleta contra o vento ou se tenho saudades do Vondelpark, nem qual a minha loja de lingerie favorita.
Por isso também não ponho nomes completos, e quando me quero referir a alguém adaptei um hábito comum a muitos blogs que foi colocar apenas as iniciais, pois foi o que me pareceu mais lógico e cómodo também.
Confesso que não pensei muito nisso até ouvir as primeiras críticas (da minha maninha, of course, que seria de mim sem o seu espírito crítico aguçado) e até ver os comentários a um post num blog que visito diariamente. É de facto um bocado irritante esta coisa do D. que foi sair com a M. e veio o J. e apanhou-os em casa da T. (já aqui uma telenovela, como se o meu blog fosse assim tão interessante!).
Deste modo, a partir de hoje passarei a dar um nome completo (ou seja com todas as letras) às pessoas a que me refiro aqui. Claro que não vai ser o nome verdadeiro, e os critérios vão variar caso a caso, mas espero que sejam nomes suficientemente claros para que cada um de vocês saiba de quem estou a falar.
Ou se calhar não...

Deixo ao vosso critério assinarem os comentários com o vosso novo nome.

2 frases

...que eu acho que traduzem a 100% a nossa experiência cá:
(e espero eu que nos acompanhem nas próximas aventuras)

"O que for meu às minhas mãos há-de vir parar."

"A sorte protege os audazes."

Acho que reflectem tão bem que até parecem que foram feitas para nós. Escrevo-as aqui para eu própria não me esquecer de as evocar quando for preciso.
Vai correr tudo bem, e a nossa vinda não foi em vão.

terça-feira, 11 de março de 2008

As minhas férias

Continuo a dar uso ao Museumkaart.

Ontem fui ver esta exposição à Nieuwe Kerk.

Hoje foi dia de Stedelijk Museum.



Quase que se pode dizer "a museum a day keeps the doctor away".
Muito tem contribuído o tempo fantástico que tem feito nos últimos dias, que está mesmo bom para museus.
Ou isso ou para ficar em casa.

Sobrinhada

O D. tem página no Hi5 e fala comigo no MSN. A I. está uma senhorita, na fase dos segredos com as amigas. Ao T. caíram na semana passada os primeiros dentes. O F. passa a vida a dormir em casa dos amigos, e fez de fantasma na peça da escola. A L. usa brincos. Até a M. já vai fazer 1 ano...

Isto é impressão minha ou está a passar bastante rápido?
Não é por mais nada, é só porque qualquer dia eles deixam de me achar a tia cool, e não sei se me sinto preparada...

segunda-feira, 10 de março de 2008

Ora aqui está...

...um exemplo do que disse no post anterior.



Nem de propósito começamos hoje a ver a série 3 do 24 que conta com a presença do nosso Joaquim de Almeida.
Quem não se reconhece nesta pronuncia?

"It's on you Jack! What happens next is on you!"

Sotaque

Em Portugal damos muita importância ao sotaque.
Desde pequenos quando começamos a aprender inglês somos obrigados a tentar pronunciar as palavras de modo correcto, com todos os TH e os R enrolados como deve ser.
Inconscientemente acabamos por achar que uma pessoa fala mal inglês quando não pronuncia bem as palavras, mesmo que a construção das frases seja a correcta. Do mesmo modo, alguém com uma excelente pronuncia é considerado o Ás do idioma.

A minha estadia por estas bandas veio não só dar-me consciência deste facto, mas também me permitiu mudar um pouco a minha maneira de pensar.
Falar com sotaque não tem mal nenhum.
Qualquer um de nós que aprende a falar uma língua estrangeira em adulto vai sempre falar com sotaque. E ainda bem, digo eu.

Num dos meus primeiros dias de trabalho atendi um português que, sabendo estar a ligar para a Holanda, me falou em inglês. Respondo na mesma língua, e ele pergunta "é portuguesa? Vê-se logo, com esse sotaque!" Na altura aquilo foi dito com maldade, e eu fiquei chateada, ora bolas, dizerem que tenho sotaque assim de caras é mau!
Mas não é.
Não há nada mais engraçado do que num grupo de amigos cada um emprestar o seu sotaque ao inglês, cada um a trazer a sua musicalidade.
Dizia uma colega espanhola que sempre que fala se ouvem castanholas por trás, seja em que língua for.
E isto, para mim, é motivo de orgulho.
É-nos sempre estranho ouvir os nossos compatriotas a falar inglês, parece que falam sempre "mal". Quem nunca sentiu uma ponta de vergonha de ouvir os nossos primeiros-ministros a falar inglês que atire a primeira pedra.

Parece que falar as outras línguas à nossa maneira é motivo de vergonha. Vergonha seria não falar por não o estar a fazer bem.

Em Portugal damos imensa importância à pronuncia e se calhar de menos aos tempos verbais, ao vocabulário, à construção das frases.
No entanto verdade seja dita que falamos inglês bastante melhor que em Espanha, França ou Itália, e muito se deve ao facto de ouvirmos música em inglês e não dobrarmos os filmes.

Eu cá por mim, hei-de continuar a fechar as palavras, a acrescentar "ches" em tudo, e a pronunciar o L como só nós (e os catalães) sabemos fazer. E acho mais importante concentrar-me em aprender a falar correctamente do que a falar com a sonoridade igual aos súbditos de Sua Majestade!
No entanto creio que nunca me há-de acontecer como à minha amiga francesa, que uma vez num café pediu:
"One capuccino, please"
...ao que o empregado respondeu de imediato:
"Hey, you're french!".

domingo, 9 de março de 2008

Não gosto

...de blogs com música porque estou sempre a ouvir música quando leio blogs e depois fica uma misturada.
Não percebo porque é que as pessoas põe música no seu blog. Seria o mesmo que vir um CD "obrigatório" juntamente com cada livro.
Faz-me lembrar aqueles cartões de parabéns que tocam música quando se abre.

Museumkaart


Este foi o presente de despedida que recebi dos meus colegas.
Há quem me conheça bastante bem :)

E para inaugurar o cartão ontem foi dia de ir ver esta exposição.
Há que aproveitar ter o Museu Van Gogh a 10 minutos de casa...

sábado, 8 de março de 2008

Crónicas dos primeiros tempos - a casa do Sul


Ao fim de 2 dias a tentar marcar encontro com o Tony (liga, combina, ele liga a marcar para mais tarde e depois liga a desmarcar e assim sucessivamente) lá nos encontrámos com ele. Apareceu na sua carrinha, ainda hesitámos em entrar mas basicamente não tínhamos opção, e levou-nos ao Sul de Rotterdam. A ideia inicial seria alugar um quarto. Levou-nos a ver um quarto que tinha livre num apartamento provavelmente habitado por animais selvagens... estava um calor de morrer, havia móveis virados ao contrário, comida e roupa espalhadas pelo chão, e o rapaz que lá vivia tinha desaparecido (sem pagar o que devia ao Tony, obviamente). Temos Tony furioso, e este quarto não era definitivamente para nós.
Fomos ver um apartamento que não estava em muito melhores condições (ao T. ocorreu de verdade que ia haver um sem-abrigo aninhado no sofá quando entrámos). Aquilo que ele nos explicou foi que, mais uma vez o casal que lá vivia não lhe pagava a renda há meses e ele decidiu correr com eles. Basicamente a casa estava como eles a tinham deixado. Com roupa espalhada, uma chávena de café em cima da mesa (a mesma mesa de onde escrevo agora mesmo), e uma infinidade de objectos pessoais. Apesar do estado, a casa em si não estava nada mal. Depois de regatear o preço da renda fomos para casa (ou seja para o Suriname) pensar e tomar uma decisão. A verdade é que não havia muito por onde escolher e a decisão foi fácil de tomar.
No dia seguinte confirmámos ao Tony que ficávamos com a casa.
E as coisas? Que fazer com as coisas? Podem deitar fora tudo o que não quiserem, foi a resposta.
E assim foi. Munidos de luvas, máscaras e toda uma panóplia de produtos de limpeza e desinfecção lá fomos tornar a nossa casa habitável.
Havia uma infinidade de objectos parvos e anormais. Havia cotonetes (limpas, valha-nos isso) espalhadas por toda a casa. Havia uma fruteira cheia de moedas de 1 cêntimo. Havia uma mala com roupa. Havia uma caixa dos Correos espanhóis cheia de cartões magnéticos em branco (altamente suspeito...).
Subimos e descemos a escada íngreme vezes sem conta para deitar fora tudo e mais alguma coisa. Ao fim de 1 dia tínhamos a casa pronta a habitar. Dissemos adeus ao Suriname e mudamo-nos para a nossa 1ª casa.
Uma semana e uns dias depois da chegada tínhamos encontrado casa.

E foi uma casa que nos marcou, e de que maneira.
Há momentos que não vamos esquecer:
  • quando o ex-inquilino veio perguntar pelas coisas dele, especialmente pela sua cama
  • quando veio um senhor inspector do gás e eu e o G. fomos super simpáticos com ele, demos-lhe água e fomos buscar um banco para ele subir e tudo, para depois percebermos que ele nos ia fechar o gás por engano
  • quando apareceu o Nino
  • quando vieram inspectores analisar o esquentador e tirar fotografias a tudo e pedir os nossos passaportes num sábado de manhã em que tínhamos a minha irmã, cunhado e sobrinhos de visita (que tiveram de apresentar os bilhetes de avião e tudo)
  • quando o T, descobriu uma surpresa na gaveta do forno
  • quando tivemos 6 ou 7 amigos a dormir um pouco por toda a parte
  • quando a casa ficou à venda
  • quando uns meses depois de nos mudarmos fomos mostrar a casa aos meus pais e quando o T. mete a chave na porta de baixo dá de caras com um rotteweiller e só tem tempo mesmo de a voltar a fechar rapidamente
Era uma casa tão pequena tão pequena que no lavatório apenas cabia uma mão aberta, podíamos levantar o frigorífico para limpar por baixo, e no nosso quarto não cabia nada mais do que a cama.
Ficava depois do Maastunnel (um túnel debaixo do rio), e quem o atravessou não o esquece.
Ficava ao pé do supermercado Netto, de um bar que estava sempre às moscas, de uma loja de noivas, de uma loja de electrodomésticos onde comprámos a nossa varinha mágica, de uma sex-shop.

Uma casa com muitas histórias para contar...

sexta-feira, 7 de março de 2008

O que é meu...

Aos poucos vou restabelecendo a minha rede de contactos.
Um CV para ali, um mail para uma ex-colega, um telefonema, uma conversa no Skype.

Às vezes com mais stress, outras com mais tranquilidade. Tento não pensar muito nisso.
Respiro fundo.

O que for meu às minhas mãos há-de vir parar.

quinta-feira, 6 de março de 2008

terça-feira, 4 de março de 2008

Placebo

Em 1 ano e 9 meses a trabalhar na PLT fiquei doente apenas 2 vezes - 1 dia em Outubro 2006 e 1 dia em Julho 2007.
No ano passado levei a vacina da gripe, e fartei-me de tomar vitaminas para reforçar as defesas (até que , ao fim de 6 meses, alguém teve a brilhante ideia de me informar que as vitaminas abrem o apetite - coisa que eu confirmei! Naba naba naba!!!) mas ainda assim constipei-me umas vezes.
Este ano voltei a levar a vacina da gripe e como não quis voltar às vitaminas optei pelo Actimel.
Não faço ideia o que tem lá dentro, essa do lacto casei não sei mais o quê não sei se é verdade ou não. Sei que desde Setembro que tomo um todas as manhãs antes de sair - é bom e sabe bem. E não sei se é um "placebo effect" ou não mas a verdade é que este Inverno houve epidemias de tudo e mais alguma coisa no escritório e eu fui sempre sobrevivendo. E tirando uma ou outra dor de garganta que passa de um dia para o outro com o milagroso chá de cebola, não tenho mais histórias para contar.
Este é um hábito que vou manter.

Férias

Sábado - horrível. Uma tristeza e um vazio de fazer chorar as pedras da calçada (esta expressão é linda, pena que cá não há calçada mas adiante).
Domingo - um pouco melhor, mas o vazio continua.
2ªfeira - estranho, muitas ideias de coisas para fazer, mas sensação de que inutilidade.
Hoje - sim, sinto-me de férias!

E há-que aproveitar que cheira-me que vão passar num instante!

segunda-feira, 3 de março de 2008

No country for old men


Ontem vimos este filme.
Gostei muito, mas confesso que não estávamos com a disposição certa para o ver. Se fosse noutro dia provavelmente gostariamos mais.
Vimos em casa e é um filme que vale a pena ver no cinema (foi a primeira coisa que eu disse mal começou o filme). É um filme grande, com paisagens grandes e personagens grandes que enchem o ecrã.
E tiro o chapéu ao Javier Bardem. Está genial.
Um filme que vale muito a pena.

Ora aqui está uma novidade...

...um post escrito por mim às 10h30 de 2ª feira.

Inédito.

domingo, 2 de março de 2008

Things I won't miss

Ter de ir de bicicleta para todo o lado.
Quando chove a potes ou está um frio de rachar, pensar que não temos outro meio de transporte. Sair do cinema e levar com uma chuvada até aos ossos; pior ainda ir trabalhar de manhã e levar essa mesma chuvada; ir jantar fora ou sair à noite e regressar a casa a pedalar contra o vento...
Às vezes apetece o quentinho e o conforto do carro.

Things I'll miss

Ir de bicicleta para todo o lado.
É saudável, barato, não precisa de combustível, não se perde tempo à procura de estacionamento e é de fácil manutenção.

sábado, 1 de março de 2008

Mais um passo III

Estou oficialmente desempregada. E estou mesmo triste.
Andei dias e semanas a contar os dias, e no fim custou-me muito mais do que eu pensava.

Num resumo resumido nesta confusão de emoções a conclusão a que chego é que tive muita sorte. Muita sorte por o destino me ter colocado a trabalhar ali. E eu sei que estava escrito, que aquele lugar era meu. Estranho pensar que estas pessoas não me eram nada, não as conheci por serem amigas de ninguém. São minhas, e são-no por mérito próprio (delas e meu) por nos termos tornado amigos para além das paredes do escritório. E tive sorte também não só pelos que já lá estavam quando eu comecei (e que de certa forma já eram amigos entre si também), mas também pelos que vieram a seguir.
Levo-os a todos no coração.

Eu sei que refilei muito, que muitas vezes me custou o mundo levantar-me da cama para ir para lá, que me senti a atrofiar, a regredir, a fazer sempre as mesmas coisas, apenas a resolver problemas sem construir nada de novo.
Ontem tentei focar-me nesses momentos mas não consegui.

Sempre pensei que me fosse sentir feliz e aliviada. Fiquei com um nó na garganta o dia todo a conter as lágrimas.
E hoje estou com uma ressaca do tamanho da minha tristeza.

Sempre tive a certeza de que estou a fazer a coisa certa até ontem.
Ontem pela primeira vez tomei consciência do meu passo.
Sou portuguesa, vou voltar para Portugal e não tenho emprego.
Estou a trocar um emprego fixo, com contrato permanente (que ia começar na 2ª feira) com todas as regalias pela oportunidade de seguir o meu sonho (até pareço os da Operação Triunfo a falar...).
Só espero não me arrepender. Só espero que o meu país não me faça arrepender, porque que isso acontecer eu não lhe vou perdoar.