sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Livro 39/40

Resultado de imagem para os belos dias de aranjuez 

Os belos dias de Aranjuez - um diálogo de Verão, de Peter Handke

Indo devolver livros à biblioteca, passei pela estante dos destaques e lá estava este do vencedor do Prémio Nobel da Literatura deste ano. Nem hesitei.
Fui depois pesquisar ao Goodreads as críticas e percebi que era daqueles que ora têm 1 estrela, ora têm 5 (coisa que por acaso eu aprecio num livro).
Uma das pessoas que deu 1 estrela fez um comentário de apenas uma palavra: encriptado.
Ora, eu não diria melhor.
O que equivale a dizer: não percebi patavina!
É uma peça de teatro, um diálogo entre um homem e uma mulher. Parece um poema, é capaz de ter uma grande profundidade, mas eu não cheguei lá...
Eram muito pouquinhas páginas, ficou bem no desafio dos 40 livros e é só.
Dei 2 estrelas, porque não é que tenha odiado o livro, há frases bonitas. Parece é que não bate a bota com a perdigota.
Não recomendo, excepto se tiverem um conhecimento sobre o teatro ou sobre o autor que vos permita desencriptá-la. Eu não consegui.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Livro 38/40

Niassa, de Francisco Camacho

Estava na estante da sala há anos, achando eu que tinha sido oferecido pelo meu pai ao Tê. Pela lombada achei que se tratava de um livro sobre o Japão. Resolvi pegar nele e percebi que nada a ver: Niassa fica no norte de Moçambique, e claro que não havia altura melhor (pois é lá que está uma parte do meu coração) para o ler. Entretanto percebi que não foi o meu pai que ofereceu o livro e ainda não sabemos quem foi - ninguém o leu nem sequer ouviu falar nele, e no goodreads tem muito poucas opiniões. Mas foi sem dúvida a altura certa para ele vir ter comigo.
Surpreendeu e muito, pela positiva. Conta a história de Moçambique no pré, durante e após a guerra colonial de uma prespectiva que para mim foi nova. É brutal, e conta coisas muito brutais, mas está muito bem escrito. Não é tanto a história principal (o final não é especialmente surpreendente) mas o autor vai contanto histórias paralelas de várias personagens que se vão cruzando, mostrando assim várias facetas de uma guerra que, à falta de palavras melhores uso as do amigo do protagonista, foi "o fim da picada". Foi mesmo.
Dei 5 estrelas não por ser uma obra prima da literatura, mas porque me surpreendeu mesmo muito, e acho que toda a gente o devia ler. 

10 anos

E num piscar de olhos o meu primeiro bebé já fez 10 anos. Nunca nos preparamos para esta velocidade.
Há 10 anos senti aquele arrebatamento de ser mãe pela primeira vez. Foi fantástico, foi brutal, foi duro, foi exigente a um nível que eu desconhecia. E eu até tinha alguma experiência com bebés, mas sem dúvida que os bebés dos outros são sempre mais fáceis de cuidar.
10 anos depois e continua a ser fantástico e brutal, muito menos duro, igualmente exigente a níveis que desconhecemos.
Está feliz por ter finalmente dois dígitos, e eu sinto cá dentro que a infância dele está como areia por entre os dedos - mesmo quase a acabar. Vai ficar o resto da vida a recordar coisas que fizemos, algumas com pompa e circunstância, outras apenas na rotina dos dias. Haverá coisas (não sei quais) que vão vincar a sua personalidade para sempre. Assuntos que irá resolver, quem sabe no divã do psicólogo, e que somos nós os culpados seguramente.
Quando o tinha na barriga não me conseguia imaginar com um bebé. Quando nasceu não o conseguia imaginar criança e agora também pouco consigo imaginar o adolescente ou quase adulto que já está à espreita.
Mas é um puto porreiro, por isso não devemos estar a fazer tudo mal. 
Parabéns a ele, o mais competitivo dos miúdos de 10 anos que eu conheço.
Parabéns a nós caramba, que somos pais há mais de uma década! 

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Mais uma vindima

No fim de semana passado tivemos, mais uma vez, a festa que marca o fim do verão (pelo menos no nosso calendário do coração), que é a vindima.
E como sempre foi tão bom.
Nada substitui este contacto com a natureza, o cortar uvas numa vinha que esteve um ano inteiro a preparar-se para aquele momento. E saber que estes gestos têm séculos de história, repetidos geração após geração desde tempos imemoriais.
É um ritual de que já não prescindimos.
Além das uvas houve também uma mega colheita de amoras, e este ano estive também a apanhar tomate.
Os miúdos pisaram as uvas, carregaram baldes, esgravataram a terra, andaram de tractor, e até plantaram um pomar (entre outras aventuras...).
A grande diferença é que eles dão a vindima por garantida, e nós cada vez mais temos a sensação de que cada uma poderá ser a última.
E isso faz-nos apreciar o momento ainda mais.

Livro 37/40

 Resultado de imagem para morte em pleno verão yukio mishima


Morte em Pleno Verão, de Yukio Mishima

A minha irmã (a tal que já leu uns 80 livros este ano) deu 5 estrelas e disse maravilhas deste livro, que são diversos contos que permitem um mergulho na cultura japonesa. Fiquei com muita curiosidade.
Trouxe-o da biblioteca, mas numa edição diferente, e em vez dos 10 contos vinham apenas 3 - é por isso um livro muito mais pequeno, e aqui fica desvendada mais esta pequena batota para o desafio dos 40 livros, desta vez completamente sem querer.
Gostei muito dos contos, apesar do primeiro (que dá título ao livro) me ter deixado muito desconfortável (porque estava de viagem e levava comigo só dois filhos, a mais nova já tinha seguido mais cedo com os avós). E pronto, ler este conto sem ter os meus filhos todos comigo foi muito desconcertante.
Dos outros dois (Patriotismo e Onnagata) não vos sei dizer de qual gostei mais, estão escritos com uma beleza e simplicidade tão características da cultura japonesa, ao mesmo tempo que são desconcertantes também porque há tanto que não compreendemos.
Dei 4 estrelas e vou com certeza ler a edição com os outros contos todos. Recomendo.

Livro 36/40

Resultado de imagem para charles bukowski correios


Correios, de Charles Bukowski

Mais um livro do Tê que está cá em casa há anos, mas em que eu nunca peguei porque pensava (mesmo!) que o título se referia aos correios de droga - aquelas pessoas, na maioria mulheres, que passam droga das mais variadas formas de um lado para o outro. Até que o Tê me disse que não, que era apenas e só sobre um homem que trabalha nos Correios. Enfim, ideias que formamos, sabe-se lá porquê.
Nunca tinha lido nada deste autor, mas já percebi que é uma referência.
Bom, eu tinha dito que queria mudar um pouco o registo de ambientes deprimentes, e lá nisso fui bem sucedida: é um livro que consegue ser mesmo muito divertido (de rir à gargalhada, mesmo!). Mas também é javardo. E sexista. E em cada 10 palavras há 3 palavrões.
É um excelente relato da sociedade americana dos anos 60 (e só porque foi escrito em 1970 é que lhe perdoamos o machismo e a badalhoquice). Foi escrito com base na sua experiência de 10 anos ao serviço dos Correios e mostra uma realidade laboral que desconhecemos, apesar de sabermos que existia, e ainda existe com certeza, se não na América, noutros países seguramente.
Dei 3 estrelas e recomendo a quem não seja ultra sensível.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Esta capacidade de nos fazer viajar no tempo...



... que só a música  tem.

Sem aviso prévio, no carro a caminho da escola da mais nova e Bam! aos primeiros acordes estou na nossa casa no norte de Rotterdam. Vivemos os três, vamos de bicicleta para o trabalho, vemos séries no nosso sofá ao fim do dia, comemos falafel e turks pizza e kapsalon e vivemos por cima de um centro comercial. Ninguém tem filhos, a minha mãe está viva, a vida é simples.

(não consegui mesmo conter as lágrimas)

.