quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

2020 em revista

 Eu sei que este ano tem muitas faces, e que foi acima de tudo o ano da pandemia, mas para mim foi, antes de tudo o resto, o ano em que perdi o meu pai.
Comecei a perde-lo em 2019, é certo, e penso que ele nem teve muita consciência de ter entrado em 2020, mas caramba foi o pior início de ano de que há memória. Dias passados nos corredores do hospital, tão longos que nem temos noção do seu tamanho (os dias, não os corredores)... o sol nascia e a noite chegava e o tempo parecia que estava em suspenso.
Foi em 2020 que o perdemos, que o enterramos, que ficámos sem chão e sem raizes.
Foi em 2020 que desfizemos a casa dos pais, que é talvez um processo tão transformador como ter um filho (ou quase) - foi duro, difícil, trabalhoso, demorado, uma montanha russa de emoções (acho que rimos e chorámos na mesma proporção). 
Foi em 2020 que cumprimos uma promessa feita há tantos anos, e fomos deitar as cinzas dos dois no sítio combinado.
Foi em 2020 que fizemos um luto onde couberam dois, e foi tão mais difícil como foi solitário e isolado, um processo muito íntimo a que a pandemia obrigou.

Em Março o mundo parou, e vivemos aquilo que nunca imaginámos.
Para mim foi uma quarentena de luto, em que me vi privada da companhia das minhas irmãs e sobrinhos e de todos os lugares onde me refugio quando preciso de encher o coração de boas energias. E foi difícil.

Da quarentena cá em casa guardo a mãe-nazi que emergiu, e que eu bem desconfiava que existia, mas tive a certeza. Em caso de caos eu sou a mãe que organiza, nada tendes a temer - fiz planos, estabeleci horários, cumpri rotinas, obriguei a sair, a fazer exercício, controlei tecnologias, estabeleci tempos de leitura. Fiz litros e litros de sopa, caramba, tanta sopa que se come nesta casa! Limpei o chão e a bancada da cozinha mais vezes do que consigo contar. Fiz pizza todas as sextas feiras durante meses.
Tentei controlar o caos, e o caos tentou controlar-me a mim. Ficámos quites, acho eu.
Tentei não dar em louca com a escola em casa, mas nisto acho que não fui bem sucedida. Os miúdos odiaram, eu odeiei e jurei para nunca mais.
Passeámos muito, caminhámos muito, descobrimos muitos caminhos desconhecidos aqui na zona. Os fins de semana tornaram-se muito mais calmos sem as 1001 atividades a que estavamos habituados.

Senti muito a falta do trabalho que perdi. E perdi-me um bocado no meio disto tudo, perdi o fio à meada. Muitos colegas encontraram outras coisas, eu não consegui - profissionalmente demorei a reagir, talvez porque não consegui ter cabeça para me reinventar (estava ocupada a fazer sopa e apagar fogos, se bem que ninguém me atribuiu essas funções!). Passada a crise ficou o que tinha de ficar, foi o que tinha de ir (e que eu espero que regresse) e aos poucos tudo se há-de compor.

O verão passou marcado por um desconfinamento progressivo, uma semana de trabalho intenso, uma formação importante e transformadora, uma pausa no ter os miúdos 24h connosco que nos soube tão bem (a todos).
Das férias guardo as melhores recordações (para que fique registado: Armona, Anadia e Aljezur).

O último trimestre trouxe o tão desejado regresso às aulas, regresso às atividades extra curriculares, ao leva e trás que tanto sentia a falta, mas ainda assim muito diferente dos anos anteriores. 
Trouxe também uma oportunidade de voltar a dar aulas, um projeto giro porque depende só de mim e que me faz acreditar que talvez deva voltar a transformar a minha vida profissional.
Ficámos isolados 14 dias, e eu jurei para nunca mais.
Também tive um maior foco na minha saúde, melhores hábitos alimentares e exercício feito com mais empenho, e com resultados visíveis, o que é sempre motivador. A operação bikini 2021 está em alta!

Em 2020 li 28 livros, não fui ao cinema, nem ao teatro nem a um concerto nem uma vez. Vi poucas exposições. Vi um total de 3 filmes e nenhuma série. Devo ter passado demasiado tempo nas redes sociais (e a fazer sopa, já se sabe).

Foi um ano difícil, esquizofrénico, transformador e inesquecível.

2021 vem já com altas expectativas - vamos ver se consegue superar.
Feliz ano novo, leitores!

(anos anteriores em revista aqui e aqui)

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Livro 28/53


 Montedor, de José Rentes de Carvalho

Mais um da biblioteca do meu pai.
Já li outros livros deste autor, e guardo boas memórias, mas deste receio que não vou guardar.
Não que não esteja bem escrito, que está. Aliás é uma história tão bem contada e tão realista, que é isso mesmo que às tantas enerva a pessoa.

É a história de um rapaz sem futuro numa aldeia perdida em Portugal nos anos 60, que faz grandes planos de mudança mas que acabam sempre em águas de bacalhau.
A falta de foco, o deixa andar, a preguiça, a procrastinação, a mente fechada, o diz-que-disse dos vizinhos, e os planos ficam sempre por concretizar.
Fiz questão de o acabar em 2020 e de não entrar em 2021 com ele a meio.
No fundo, foi bom de ler nesta fase em que fazemos tantos planos para o próximo ano, tantas coisas que queremos fazer acontecer. Que não nos deixemos amodorrar como o protagonista deste livro.

Dei 3 estrelas, mas recomendo.

Com isto, fecho o ano de 2020, em que fiquei aquém das expectativas - li metade mais 1 do que me propus -  e aquém do número de livros de 2019 (41).
A reflexão sobre isso virá nos próximos dias.

Natal passado

 Por muito diferente e difícil que tenha sido, o Natal de 2020 não precisava de muito para superar o de 2019 - esse sim, verdadeiramente difícil, tanto que ainda hoje me pergunto como conseguimos superá-lo e fazer bacalhau e trocar presentes na mesma, entre idas ao hospital (as minhas irmãs e eu somos as maiores, disso não tenho dúvidas).

Assim, apesar dos apesares tivemos este ano muitas novidades, mas um Natal fantástico como sempre.
Não houve trocas de presentes dia 24 - mas jogámos jogos e rimos como nunca. Não houve ceia de Natal em casa da prima, mas houve zoom que foi melhor que nada (e confirmou a vontade que temos de estar todos juntos) e também um encontro no jardim no dia 27 (com direito a queda no lago do meu mais velho, que foi a maior galhofa dos primos, claro). Houve dia de Natal sem pressas para ir para lado nenhum, com tudo a que temos direito (comida fabulosa, jogatana com todos, trocas de presentes, miúdos a brincar com os brinquedos novos ao lado da árvore de Natal), e um almoço com o meu núcleo no Alentejo (onde nunca pensámos passar o Natal) no dia 26 com todos juntos pela primeira vez em 2020.

Foi tão bom, tão bom, que não imagino um Natal melhor para este 2020 fora da regra.


sábado, 19 de dezembro de 2020

Perguntinha básica ao sábado de manhã

 Hoje o recolher obrigatório é a que horas, mesmo??

(2020 a ser 2020)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Livro 27/53

 

Relato de um Náufrago, de Gabriel García Márquez

Livro que é o resultado de uma entrevista a um homem que sobreviveu 10 dias no mar, sem comer nem beber - apesar de estar assinado pelo Gabriel Garcia Márquez, no fundo, é um relato na primeira pessoa ditado pelo protagonista ao escritor.
E é uma história de sobrevivência. De como às vezes a vida pode ser tão frágil para umas pessoas e tão resistente para outras. Tem algumas passagens que até li aos miúdos, pois há coisas que nem nos lembramos que podem acontecer quando se está tanto tempo sozinho no mar.

É pequeno, lê-se muito bem, dei 4 estrelas e recomendo.

E com este livro atinjo os 50% do número de livros a que me propus ler este ano.
O Goodreads até já me fez o resumo de 2020, mas avisou que posso ir adicionando mais livros pois ainda tenho 14 dias para ler. Não sei se vai acontecer, mas de qualquer modo o resumo de 2020 e considerações sobre o facto de ter lido este ano metade do que pensava e muito menos do que em 2019, lá mais para o fim do ano...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

A mãe Natal que sou

 Este processo de auto-conhecimento e aceitação está sempre em curso, e à medida que avançamos no tempo vamos conhecendo melhor esta pessoa que somos.

Este ano cheguei à brilhante conclusão que para mim o click do espírito natalício ocorre ali entre o dia 15 e 20, eventualmente mais cedo, mas nunca antes do dia 10.
Antes disso a decoração da árvore é uma obrigação, e os programas e compras que fiz (em anos anteriores) são um frete. Não gosto do stress, e sei que as coisas feitas com tempo ficam melhor, mas já chegou a altura de aceitar que eu não sou pessoa de fazer tudo atempadamente e ter tudo pronto a tempo e horas.
É isto, meus senhores. Natal é correria, mais vale aceitar e seguir caminho.

Também já tentei a filosofia de entrar no espírito e viver a época com toda a sua magia - ou seja, calendário do advento com atividades fofinhas, idas às aldeias do Natal daqui e dali, tentar criar rituais alusivos à época - mas nada pegou. E está tudo bem. Cada família tem o seu ritmo, e este é o nosso (aceitemo-lo!).
A altura do Natal é sempre mágica, chego à conclusão que não preciso de fazer muito por isso - é não fazer muitos planos, deixar rolar, e aceitar que até dia 12 ou 13 não há presentes comprados nem nada decidido.

(e percebem a mãe que somos para um 3º filho - uma mãe que já experimentou, já viu o que funciona, já não está para se chatear, está tranquila com as suas escolhas, mas também a mãe que não leva a ver o pai natal, nem as luzes, nem faz atividades fofinhas. É muito isso.)

Que bom que é ser crescido!

(o desabafo cansado do ano passado aqui)

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

E os fins de semana voltam a ter tardes livres

 ... ou seja, sem recolher obrigatório às 13h - viver nos arredores e não no centro da cidade tem as suas vantagens.

E lá tivemos um cheirinho (pequenino) dos nossos fins de semana de antigamente, cheios de programas uns a tocar nos outros, e de atividades extra curriculares dos miúdos.
Tivesse eu de trabalhar e quase parecia que estávamos em 2018!

(só que não...).


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Sinais dos tempos - visitas de estudo em tempos de covid

 Um dos Museus onde colaboro fez algumas propostas alternativas para este ano letivo sem visitas de estudo - o Museu vai à escola, e uma visita virtual (através do zoom).

Já tive a oportunidade de fazer ambas e tenho de me render às evidências: apesar de continuar a acreditar (com todas as minhas forças) que nada (NADA) substitui o contacto directo com a obra de arte (e a presença física com alunos e professores), a verdade é que ambos os formatos resultaram bastante bem.

Na escola levamos imagens das obras - com a vantagem de podermos escolher uma seleção de obras que muitas vezes não se encontram em exposição ao mesmo tempo, e que costumam estar em espaços diferentes - e criamos uma atividade com eles em sala de aula. Não é o mesmo que uma visita de estudo, mas os miúdos estão muito receptivos e aderem a tudo o que seja uma "aula" diferente.

Por zoom, tirando a parte técnica que às vezes falha (o link não funciona, as colunas da escola estão avariadas e ninguem nos ouve...) também acaba por ser uma aula diferente e divertida, e aquilo que eu mais temia (não ser capaz de estabelecer uma ligação com uma turma que nunca vi, através de um ecran) não se verificou.

Em ambas as propostas confirmo o que já tenho observado ao longo dos anos: há professores que movem montanhas. Motivados, empenhados, sempre a tentar fazer diferente, a fazer acontecer, a tentar dar mundo aos seus alunos.

E também confirmo uma velha convicção: a arte é uma porta aberta para falar, discutir e debater ideias, faz-nos pensar e por o mundo em perspectiva, a arte é tão necessária como qualquer outra matéria que se aprende na escola - e não falo só de museus, falo de música, teatro, dança.
Todas as formas de a levar às crianças são válidas.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Confinamento part-time

 Eu não sei quanto a vocês, mas eu esta coisa de estar confinada com todos, continua a deixar-me meia nervosa.

Varro a porcaria do chão da cozinha sei lá quantas vezes. Limpo a mesa outras tantas.
Estou sempre, sempre, SEMPRE, a apanhar coisas do chão, é meias desirmanadas, é brinquedos, é restos de papel dos recortes.
Eu nem sou muito comichosa com a casa, garanto que vivo bastante bem no meio da confusão, agora imaginem...

Selvagens, pá.

A mãe que sou II

 (para a minha mais nova, que para os outros sigo sendo a mesma, mais coisa menos coisa)

Nunca foi ao jardim zoológico. Cinema foi uma vez.
Não tem praticamente nada dela, tudo o que usa desde sempre (roupa, cama, cómoda, pratos, talheres, babetes...) é em segunda mão. Até os sapatos, coisa que os outros quase sempre tiveram pelo menos um par novo para o dia a dia.
Não tem direito a ver nada indicado para a sua idade.
Os programas que fazemos quase nunca são adequados.
Claramente a família não gira, nada, à sua volta. Já cá estavamos antes, e ela é que se vai adaptando ao ritmo.

Mas, com ela eu grito menos.
Chateio-me muito menos.
Dou mais beijinhos e abraços.
Inspiro mais vezes bem fundo no cimo da cabeça, como que a inspirar a sua essência.
Aplico mais vezes a parentalidade positiva, não deixo que as emoções dela me atinjam a mim, e como consequência, lido melhor com as birras.
Não aplico castigos nem consequências, mesmo quando faz asneira da grossa, tipo arrancar uma mãozada do cimo do bolo numa fúria, quando lhe disse que não podia comer antes de jantar (e sim, comeu a mão cheia de bolo que arrancou).
Não me consigo chatear com ela, e acabamos sempre a rir.
Digo-lhe mais vezes que a adoro, que é tão especial, que é tão bom ser sua mãe.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A mãe que sou

 Sou diferente para cada um dos meus filhos, porque eles também são diferentes para mim.
No entanto, por ter tido os dois primeiros mais juntos, acabo por ser uma mãe um bocadinho mais diferente para a 3ª do que fui para os outros na mesma idade.
Ser mãe aos 31 ou aos 38 é diferente - e tanta coisa aconteceu nesses 7 anos, senhores, muito além do facto de ter sido mãe.

Assim, e com serenidade, vou aceitando esta mãe que sou e que se aproxima tanto da mãe que eu tive, afinal.
Uma mãe muito mais calma mas com menos paciência, também.

Uma mãe que espera que esta filha um dia tenha também três filhos, para perceber de facto que ser o 3º implica perder muita coisa, mas que é um privilégio tão grande (de que tão poucos se podem gabar).

(Espero estar cá para ver.)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

E chegou Dezembro

 E num tirinho, temos 2020 a chegar ao fim.

Esta fase convida a reflexões e balanços em relação ao passado, e eu sinceramente, só me consigo lembrar do que passámos há um ano atrás, e do difícil que foi o nosso mês de Novembro e Dezembro.

2019 deu 10 a 0 a 2020 em tanta coisa - que 2020 até parece peanuts, acreditem.

Chego à conclusão que andei de tal forma anestesiada, que há coisas que pura e simplesmente apaguei da memória, e para as quais tenho de fazer um esforço em lembrar. Coisas que tenho tão presentes quando foi da minha mãe - o que vesti, a missa de 7º dia, os passos que dei nos dias de velório - e do meu pai, que foi este ano, pura e simplesmente eclipsou-se. Não me lembro, mesmo (ou só fazendo algum esforço, vá).

E assim andamos.

Acho que eu e as minhas irmãs, sem falsas modéstias, fomos as maiores no Natal passado - decorámos, demos presentes, cozinhamos, estivemos juntos - que por isso sei que neste Natal - para o qual nada está decidido - também vai correr tudo bem. Para todos os efeitos, se correu "bem" em 2019, porque seria diferente este ano?

Assim, sem alaridos nem planos, o Natal foi chegando cá a casa. Já temos árvore de Natal (que a do meio está há semanas a falar no assunto) mas decidimos que a decoração é só essa mesmo, não há cá decorações na entrada como de costume (só a coroa na porta). Também não temos calendário do advento, nem planos de ver o que quer que seja natalício. Diz que há um corso de Natal a percorrer o concelho, vamos ver se estamos em casa quando passar por aqui. Listas e planos de presentes também não há.
Mais importante que tudo, não estou a sentir o stress desta época como é habitual- entre tentar ter tudo pronto para desfrutar da época, e tentar desfrutar de tudo o que a época oferece (roda gigante, luzes na cidade, feirinha de Natal...). Desisto, vou só desfrutar da época em si e no dia estará tudo pronto, com toda a certeza.

Estou a ficar uma mulher sábia, deve ser isso. Ou é da idade ou são efeitos da pandemia.
Ou então é só mesmo uma grande ressaca de tudo isto, senhores.

Feliz advento a todos!

domingo, 29 de novembro de 2020

O filme do livro


O 2º filme que vi este ano! Ainda bem que estamos e estivemos confinados, se não não via mesmo filme nenhum!
Na quarentena da 1ª vaga vi o 1917 num sábado à tarde sozinha - uma coisa inédita e que desconfio que vai demorar a repetir-se - e ontem à noite fiz finca-pé e exigi ver o filme do livro, que também tenho direito a ser dona do comando por uma vez que seja!
Claro que houve motim e reivindicações, que sou a mais injusta de todas as mães por os mandar para a cama mais cedo, mas caramba, ou bem que a sessão começa cedo ou então não consigo terminar de olhos abertos.
E assim foi.
Gostei bastante do filme, e faz justiça ao livro (que é pequeno, por isso o filme não deixa muitas coisas de fora).
Recomendo.

sábado, 28 de novembro de 2020

Livro 26/53



O Leitor, de Bernhard Schlink

Mais um da biblioteca de casa dos pais. Peguei nele com zero expectativa, confesso, e até (só percebi depois) sem ler a contracapa sequer.
Resultado: foi uma agradável surpresa.
Não fazia ideia nenhuma da história, e sinceramente a primeira parte não faz adivinhar a segunda - apesar de haver um pormenor bastante importante que faz parte de um segredo e que eu topei logo no início (ainda sem saber muito bem a importância que teria na história).

Há um relacionamento proibido entre um miúdo de 15 e uma mulher de 35, cujo passado não é exactamente o que pensamos.

Gostei bastante, dei 4 estrelas e recomendo.

Livro 25/53



 Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo, de Haruki Murakami

Já li dois livros deste autor, e consigo ter dele uma opinião formada - estão sempre ali no limite entre a fantasia e a realidade - mas este não tem nada a ver.
O escritor começou a escrever depois de ter sido proprietário de um clube de jazz durante anos e anos - e foi assim uma decisão súbita. Apercebendo-se do sedentarismo que a vida de um escritor implica, começou também a correr - tendo feito já mais de 20 maratonas, ultramaratonas, provas de triatlo e tudo o mais.
É um retrato muito pessoal, em que ele revela aspectos da sua personalidade que nunca adivinharíamos através dos seus livros, e outros que são tão óbvios que se vê de caras.
Sendo super humilde, é profundamente inspirador na forma como se empenha naquilo a que se propõe.
De uma forma muito simples e directa e sem uma ordem específica acompanhamos alguns momentos-chave das suas corridas, as maratonas que correram mal, os treinos que vai fazendo antes de uma prova importante, as coisas que lhe passam pela cabeça.

A corrida, como qualquer desporto, dá-nos ferramentas para enfrentar todas as outras áreas - é uma metáfora da vida, afinal.

Imagino que quem corra se identifique muito com muitas coisas que ele conta, mas mesmo quem não o faz não deixa de se identificar.

Gostei bastante, dei 4 estrelas, e recomendo.

Luz ao fundo do túnel em forma de vacina

 Jamais imaginei estar tão ansiosa pela chegada de uma vacina - como jamais me imaginei a viver uma pandemia, de resto (apesar de ser de História e de saber que elas se repetem e são cíclicas).

No entanto, estou com uma esperança muito grande com a chegada desta vacina, e o dia em que a anunciaramfoi para mim um dia de festa.

Estou mesmo muito positiva em relação a isto!

Acho que a partir de Janeiro vamos começar finalmente a ver a luz ao fundo do túnel.
Começando a vacinar os mais frágeis, espero que se comece a ter um cheirinho de normalidade, e principalmente que se perca este medo que tanto nos condiciona.
Que deixemos de ter medo de estar juntos, de sair, de poder ir a todo o lado a qualquer hora, frequentar restaurantes e bares e parques infantis e museus e espetáculos e concertos e o que mais nos apeteça (sem constrangimentos!)

E acima de tudo: que as escolas possam fazer visitas de estudo!

Estou focadíssima nisto e a apostar tudo em como as escolas vão voltar aos museus e palácios ainda este ano letivo.

Quem alinha neste pensamento positivo?

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Resolução pós-férias 2020

 Nas nossas férias na costa vicentina resolvemos um dia alugar uma prancha de surf.

Combinámos que no Verão 2021 faremos uma surf trip, a famosa "descida da costa" e para isso temos treinado todos os fins de semana.

Comprámos uma prancha, e fomos resgatar os fatos de surf que estavam guardados há anos, e assim temos aproveitado e bem as nossas manhãs de sábado e domingo - ainda mais agora com recolher obrigatório às 13h.

Uns vão para dentro de água, eu faço caminhada (não tenho fato ainda!), a mais nova brinca na areia.
Apanhamos todos uma boa dose de vitamina D (e chuva, às vezes) e regressamos a casa cheios de coisas boas.

Se há coisa que 2020 nos ensinou foi a aproveitar o momento - e enquanto pudermos nós vamos aproveitar!

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Miúdos crescidos

Enquanto o mais velho começa a sair sozinho da escola e a vir a pé para casa (ainda é uma caminhada de 25 ou 30 minutos), a do meio já pendurou um poster da sua banda favorita na parede do quarto.

A adolescência está aqui mesmo mesmo ao virar da esquina.
(e a compra de desodorisantes para ambos não deixa margem para dúvidas)

Resta a mai nova, que do alto dos seus quase 4 anos anda de chucha, fralda para dormir e bebe leitinho no biberon.
A experiência diz-me que não tarda nada está a pedir-me as chaves do carro, por isso até lá vou aproveitar este último bebé.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Pandemia take 727

 Mais uma ficha, mais uma voltinha, e aqui vamos nós para um novo estado de emergência.

Por enquanto o confinamento é às pinguinhas, mas ainda assim e 8 meses depois, todas estas restrições à minha liberdade me fazem muita confusão.
Recolher obrigatório, comércio e restaurantes fechados, quanto tempo até andarem outra vez os drones da polícia e o carro patrulha a mandar-nos para casa? Parece que temos um big brother a olhar por nós.

No entanto, enquanto as escolas não fecharem não me queixo (ao que chegámos, senhores!).
Vamos lá aguentar o barco que daqui a nada é verão outra vez.

(Pergunta para queijinho, quem sabe de onde vem a expressão do título??)


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

A vida em perspectiva

 Queixamo-nos da rotina e do cansaço, até que 10 dias de isolamento sem poder sair fazem maravilhas sobre a mesma rotina e o mesmo cansaço.

Já não me queixo de andar de um lado para o outro a ir levar e buscar putos, dos almoços para 4 e jantares para 5, dos lanches para preparar, das aulas para imaginar (bem, disso nunca me queixei!).

Sei que é quase impossível safarmo-nos a outros isolamentos, mas até lá, eu cá vou aproveitando cada segundo de liberdade.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Sobre a gravidade da situação

 Haverá, como em tudo, uns mais atingidos que outros por toda esta pandemia.

Em Março, ainda longe de imaginar o que aí vinha, pensámos que este vírus até era democrático, que atingia pobres e ricos sem fazer distinção. Rapidamente percebemos que a democracia pouco ou nada tem a ver com a crise que se instalou.

Haverá, como em tudo, áreas mais atingidas que outras, mas deixem que vos conte sobre a área da cultura e o turismo, que são as que conheço melhor.
É grave, aquilo que se está a passar.
Estamos há meses sem trabalho. Estamos há meses a inventar trabalho, só para não estar parados, sendo que a maioria das vezes nem compensa.
Já há muita gente que teve de regressar a casa dos pais (e com mais de 40 anos). Há já quem não tenha dinheiro para comer. Há (muitos) casos de ansiedade, e a saúde mental está mesmo a ser gravemente afetada.

A grande maioria já passou por outras crises económicas - passamos todos.
Mas nunca se viu nada assim.

Quantos anos até podermos voltar a respirar?

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Percebes que algo mudou... (versão 2020)

 ... quando antes de sair de casa mudas de colar, porque não vai combinar com a máscara que vais usar hoje.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Livro 24/53


 

A Rota da Porcelana, de Edmund Waal

Desde que soube da existência deste livro que o queria ler, porque li outro do mesmo autor que adorei (mesmo!), mas tinha vindo a adiar por não haver na biblioteca e não ter quem me empreste.
Comprei-o na feira do livro deste ano, com direito a desconto simpático.

O autor é ceramista, e o livro é assim uma espécie de prova do seu amor pela porcelana. Faz uma viagem a sítios importantes na história da porcelana - China, Alemanha e Inglaterra - e vai desenrolando episódios importantes sobre este material que teve uma importância brutal na História mundial. Despertou paixões, desenvolveu indústrias, estableceu relações entre povos.

É um assunto que me interessa, e muito, no entanto até para mim achei que por vezes o tema era maçudo e pouco apelativo - demorei muito mais do que pensei que fosse acontecer. Também a parte mais interessante, a meu ver, são os primeiros capítulos (passados na China), por isso passada essa parte não voltei a sentir tanto entusiasmo.

Dei 3 estrelas e assim de repente só me ocorre que o recomendaria a uma pessoa, que é também a única que já o leu.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Isolamento quase feito, o que mudou?

 A sensação de inantingibilidade.

Até há bem pouco tempo não conhecia ninguém que tivesse estado infetado, e de repente os casos multiplicam-se à nossa volta.

O virus continua tão abstrato quanto antes - e ainda bem, é sinal que aqueles a quem afectou à minha volta não sofreram muito com isso - mas de repente já sei que não é impossível de apanhar, e que anda (mesmo!) por perto. Muito perto mesmo.

Não vou deixar de fazer o que fazia, mas o cuidado vai ser redobrado.

domingo, 25 de outubro de 2020

Os melhores desenhos animados

Teen Titans Go (os meus favoritos) e Gumball.

Daqueles que vale a pena ver com eles, que nos rimos a sério, nem sempre na mesma altura que eles.
Muito bons. 

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O que faz feliz uma criança?

 No âmbito de um curso online sobre gestão de emoções que estou a fazer, e estando a ler um artigo sobre o que faz as crianças felizes, resolvi pedir aos mais velhos que me fizessem uma lista de coisas que os faz feliz.

E surpreendentemente, ou não, os meus ricos filhos responderam exactamente aquilo que o estudo refere: nada de coisas materiais.

Família nuclear ou alargada, amigos, comida, brincadeiras, desporto e música.

Não havemos de estar a fazer tudo mal, pois não?

Escola em casa - a diferença de Abril para Outubro

 Se tudo correr como o previsto, ao contrário de Abril esta escola em casa será de pouca dura. Daqui a 5 dias estaremos de volta à vida normal.

E isso, parecendo que não, faz toda a diferença (na minha cabeça, claro!). Mas a sério, muda tudo.

Não ando atrás deles obcecada em manter as rotinas - não as havemos de perder só nestes dias - se não lhes apetece fazer as coisas que os professores mandam, ora lá terão de se haver com eles na próxima semana.

Se estiverem a brincar, e principalmente a entreter a mais nova, eu cá não me meto.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Escola em casa - em Outubro, como em Abril...

 ... não é (mesmo, de todo!) a minha (nossa) praia.

Seria de esperar que com a experiência a coisa fosse mudando, mas no que toca aos meus filhos e às matérias escolares, só me dá vontade de lhes bater.

Zero paciência.

Apenas de referir a rapidez e eficácia com que os profs responderam ao isolamento e enviaram trabalhos para casa, mostrando que têm mesmo tudo preparado para esta circunstância.

Mas para mim, quem lhes tira a escola - com distanciamento, máscaras, álcool-gel e o diabo-a-sete - tira-lhes tudo. 

Aliás, tira-me tudo a mim.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

No isolamento, como na gravidez...

 1) toda a gente manda os seus bitaites de como devemos encarar a coisa - usar talheres únicos, ficar fechado numa só divisão, passar álcool em todas as superfícies - mas eu cá só faço o que a senhora do Saúde 24 me disse para fazer.

2) toda a gente tem histórias terríveis que faz questão de partilhar: pessoas saudáveis que estiveram às portas da morte, crianças que não sobreviveram, malta que ficou meses a fio a testar positivo uma e outra vez. Tal como na gravidez, escolho só ouvir as histórias boas.


No isolamento, como na gravidez, toda a gente tem uma opinião...

11 anos

 Desde este post, desde esta viragem na nossa vida que foi o nascimento do nosso primeiro filho.

11 anos caramba, que passaram nem sei bem como.

Está um fixe, um miúdo porreiro, inteligente, tão crescido e tão criança ainda, também.
Super independente, mas ainda me pede para o ir tapar à noite.
Passa férias com os amigos ou tios e nem sequer nos telefona, mas pede para vir para o meu colo todas as noites depois do jantar.

Está a ganhar asas, e eu vou absorvendo todos estes momentos com a certeza de que quando ele puder vai voar alto e para longe e a nós só nos restará ficar a torcer para que corra tudo bem.

Parabéns a ti, meu querido! E a nós também!

Isolamento profilático

 Ah, como me esqueci deste termo no post anterior....

É no que estamos, neste momento.
Estivemos na passada 4ª feira com uma pessoa que testou positivo, e pois que desde ontem estamos de volta ao isolamento. Eu e os miúdos, que o pai cá de casa não esteve presente.

E mesmo sabendo que é quase inevitável, que vai acontecer a todos mais cedo ou mais tarde, raios pá, custa-me mesmo.
Em primeiro não poder ir dar as minhas aulas, de que tanto estou a gostar - e tenho medo que nesta situação para lá de precária se calhar substituem-me e fica feito. Enfim.
Depois, é isto de estar 24h sobre 24h com os putos enfiados em casa outra e outra vez.... e desta vez nem o passeio higiénico podemos dar. Ainda agora começou e eu já estou fartinha...
E pensar que estive mesmo para ir ao evento em questão sem miúdos, o que fazia com que agora estivesse "sugadita" em isolamento sozinha, fechadinha no quarto, a ler e a dormir.... oh vida!

Tal como disse há uns meses, a quarentena coloca-nos um espelho à frente, e assim é... São estes os teus filhos, agora lida com eles.

Até à exaustão.........

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Calamidade...

 ... contingência, emergência, alerta.

Confinamento, desconfinamento, quarentena, isolamento, distanciamento social, distanciamento físico.

Zaragatoa, álcool-gel, máscaras sociais, máscaras cirúrgicas, viseiras, equipamento de proteção, teste serológico.


Mais alguém farto disto tudo? Caraças, pá.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Livro 23/53



Terra Americana, de Jeanine Cummins
Presente de anos da irmã, e o prazer que me deu ler um livro novo em folha. 

É brutal, e como diz a Tella no Goodreads: obrigatório.

Uma história que conhecemos, de que ouvimos falar nas notícias, que está na ordem do dia, que é a migração dos sul americanos para os Estados Unidos.
A noção de que a única solução é partir, uma questão de sobrevivência - sendo que a a própria sobrevivência não está garantida.
Um livro que não conseguimos parar de ler, que lemos sem respirar. Estamos sempre num sufoco, e o pior é saber que é mesmo assim - sendo ficção, quase tudo o que ali está se baseia em factos reais.

E uma vez mais, e sempre, a questão do privilégio, não só onde nascemos, mas também do sexo - a distância que separa um migrante homem de uma mulher é abissal.

E a certeza de que são eles, mas podíamos ser nós.

Dei 5 estrelas, recomendo muito, empresto a quem quiser, mas este é daqueles que vou mesmo guardar.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Regresso à escola

 O meu.

Não enquanto aluna, mas enquanto professora de AEC.

Pouco tempo, poucas horas, muito mal pago, mas caramba, haja luz no fundo do túnel (que não fui feita para ser dona de casa, pronto, tenho de aceitar).

As voltas que o mundo deu desde que entrei numa sala de aula pela primeira vez, lá para 2014.

A preparação zero manteve-se, o sem aviso prévio também, caí igualmente de pára-quedas, mas o que não faz estes anos de experiência e maturidade, a segurança naquilo que sou capaz de fazer. Não sei se a idade é um posto, mas a auto-confiança garanto que sim.

Ainda assim, correu como têm de correr as primeiras aulas - os miúdos cansados, só querem fazer disparates, testam os limites, falam alto, não me ligam nenhuma.

E o feliz que sou dentro de uma sala cheia de putos? (que saudades!)

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Livro 22/53


Comer, Crescer, Treinar - de Maria Roriz e Pedro Carvalho

Todos nós temos ideias feitas de como educar os filhos dos outros - aliás, não há nada mais fácil do que educar os filhos dos outros! Basta olhar e pensamos logo em mil e uma maneiras de resolver os "problemas" dos miúdos alheios.

Sempre me fez confusão ver miúdos gordinhos a comer porcarias. Pensava que os miúdos não tinham culpa nenhuma, mas com certeza aqueles pais só tinham porcarias em casa, refrigerantes, bolachas e cereais, e não tinham cuidado nenhum.

Sem me alongar, nem entrar em pormenores (aprendi isto com este livro), posso assegurar-vos que nem sempre os miúdos gordinhos são os que comem porcarias, e que em casas onde não entram sequer iogurtes de sabores (por causa do açúcar), nem chocolate para por no leite, nem doces de qualquer tipo, também pode haver crianças com excesso de peso. E quando vemos um miúdo gordinho a comer um gelado, se calhar (só se calhar) é porque é de facto impossível dizer que não a tudo, e é preciso tratar muito bem e com muita delicadez este assunto, pois os distúrbios alimentares na infância e adolescência são frequentes, e muitas vezes mais graves do que uns kilos a mais.

E com isto, resolvi comprar este livro, pois toda a ajuda é bem vinda. A maioria dos conselhos não se adequam - os alimentos proibidos de ter em casa já cá não estão - e há até algumas coisas com as quais eu não concordo nada - a apologia dos iogurtes magros de sabores, que estão carregados de adoçantes (apesar de entender que um miúdo que esteja habituado aos iogurtes cheios de açúcar não consiga passar directamente para os naturais, mas pronto). No entanto, ajudou-me em algumas estratégias de como lidar com a situação, e mais importante, a não perder o foco e a perceber o perigo real de ter peso a mais na infância, e as consequências que podem daí advir no presente e no futuro.

Com toda a dificuldade que haja (e eu sei que há!) a obesidade infantil é uma doença, e tem de ser tratada quanto antes. E aquelas desculpas de "tem uma estrutura larga", "tem ossos pesados", "está só mais forte", "é um doce mas foi feito em casa", "antes um pão de leite do que um bolicao" são isso mesmo: desculpas!

Não tapar o sol com a peneira, e enfrentar o problema de frente, é a solução.

(e todos sabemos que há problemas muito mais graves na infância...)

Dei 3 estrelas, e recomendo a quem esteja a passar por uma situação semelhante.

Sobre o recomeço

 Estava(mos) mesmo a precisar de um regresso às rotinas.

Não há nada melhor que as férias, e todos os desacertos que permitem, mas tendo em conta que já não tínhamos rotinas a sério desde Março, estava em pulgas para ter as coisas todas direitinhas, horários para adormecer e acordar, refeições planeadas, natações e ginásticas, jantares todos à mesa.

Quanto tempo dura esta alegria do recomeço? Dou uma semanita no máximo, para voltar a dizer mal da minha vida, que não se faz mais nada se não ir buscar e levar, supermercado e cozinha; mas até lá sou feliz com este cheirinho a normalidade.

(só me falta mesmo é recomeçar a trabalhar, mas para isso não há ainda solução à vista...)

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Sobre o regresso

Ontem o céu acordou carregado e cinzento escuro, choveu que se fartou, mas foi um dia tão feliz!

Foi o dia de regressar à escola - à escola, senhores! - ao fim de seis meses longe.

Eu estava para lá de eufórica!

Vi pais ansiosos, vi muita confusão à entrada, vi uma filha no 4º ano chateada de ter a mochila toda molhada logo no primeiro dia, a entrar meio a medo sem saber exactamente para onde se dirigir (depois de toda uma ensaboadela de regras e filas ordeiras que lhe transmiti e que, claro, não se verificaram porque choviam picaretas - estava uma catrefada de gente debaixo do telheiro, pais incluídos, coisa que eu também teria feito se fosse o primeiro dia de um filho meu!) mas apesar de tudo, apesar de todos os apesares, eu estava para lá de feliz!

O que é a infância sem escola, senhores? O que andámos nós a fazer aqueles meses todos?

Sei que muito dificilmente não virão para casa algumas vezes, ou com casos na turma, ou porque têm gripe e têm de sertestados e esperar resultados, mas bolas, esta (quase) certeza de que as escolas não voltam a fechar, enche-me de alegria.

Quando a fui buscar, já com sol, já com o recreio mais ou menos organizado, ver os professores, as auxiliares, os amigos, até os outros pais, fiquei sinceramente comovida.

Só me apetecia abraçar toda a gente.

Bom regresso às aulas, malta! (o bem que sabe poder dizer isto!)

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Livro 21/53

 A Papisa Joana - Livro - WOOK

A Papisa Joana, de Donna Woolfolk Cross

Herdado da minha mãe, já lido pelas manas que tinham gostado - a quantidade astronómica de livros naquela casa era uns 80-20 entre os dois, mas ainda assim havia bastantes da minha mãe.

É uma história que me parece importante de ser contada, independentemente de ter ou não existido uma mulher papisa na História da Igreja. O livro é um excelente relato da sociedade europeia do séc. IX, naquele pós esplendor romano e carolíngío, tempoa de instabilidade, insegurança, e principalmente injustiça contra as mulheres. Que mais não fosse o livro é um manifesto feminista quase obrigatório, pois as mulheres da época eram privadas de tudo, e não tinham mesmo direitos nenhuns (passavam de propriedade dos pais para os maridos). É um livro importante por isso.

O resto, achei um pouco romanceado, a puxar ao filme de Holywood.

Dei 3 estrelas, são 3,5 na verdade, mas às tantas já me apetecia acabar com este ambiente medieval.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Em 2020 como em 2002

 E 2008 e todos os anos seguintes até 2014 - fases em que por força das circunstâncias (como agora) mandei uma quantidade considerável de CV's.

A cada 10 ou 20 ou mesmo mais, recebemos uma resposta, se tanto.

Nem são candidaturas espontâneas, são mesmo respostas a anúncios.

É assim tão complicado mandar uma reposta automática, só mesmo para saber que a porcaria do mail chegou ao destino??

Sinceramente, em 2020, não se admite.


(e pronto, é aquela faceta da minha vida que por mais voltas que dê ainda não encontrou o seu rumo...)

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Livro 20/53


 

1Q84 vol.1, de Haruki Murakami


Li o Kafka à beira mar do mesmo autor quando viva na Holanda, em inglês. Apesar de ter gostado muito, senti que foi um livro difícil de ler numa língua estrangeira (por muito à vontade que eu esteja com o inglês). Também achei o livro tão diferente e "fora" que demorei a digerir. Alías, ainda hoje há imagens do livro que me assaltam de vez em quando.

Em 2013 uma amiga ofereceu-me este 1Q84 (penso que na altura tinhamos falado do Kafka à beira mar) mas eu precisei de tempo até pegar nele. 7 anos, para ser mais precisa.

Cada coisa no seu tempo.

Gostei, mesmo muito. 

Tem uma estética completamente japonesa, as personagens têm profundidade, o ritmo está bem encadeado, e a mistura fantasia/realidade está, na minha opinião, na dose perfeita - sendo uma história "fora", não é tão "fora" que não nos consigamos relacionar.

É o primeiro volume, e deixou vontade de ler os restantes - até porque (alerta spoiler) o livro não termina na última página, e fica tudo por saber.

Dei 4 estrelas, que são 4.5. Recomendo, se bem que acho que nem toda a gente terá a mesma opinião.

Férias 2020

 Foram o melhor deste ano, coisa que não é difícil, mas mesmo num ano normal tinham sido férias bem espetaculares.

Fomos uma semana para a casa de família, pela primeira vez sem pai nem mãe para tomar conta, e foi difícil e estranho, mas ao mesmo tempo profundamente conciliador - e vamos ser sinceros, sem qualquer tipo de stress. No fundo foram férias com quem está exactamente no mesmo comprimento de onda, sem horas, sem stress, a deixar fluir. Houve praia e passeios culturais, tempo para desfrutar da casa, noites de jogos variados e horas passadas à mesa, como se quer. Não fossem as saudades, diria que foi perfeito.

Depois rumámos a sul e tivemos dias espetaculares com outra família, em que também as agulhas se acertaram na perfeição. Andamos de praia em praia, experimentámos surf (eu incluída!) e tivemos uma sorte incrível com o tempo (de dia e de noite).

Para os miúdos foram duas semanas sempre com primos, e eu sei que não há coisa melhor.

Memórias boas, que espero que os acompanhem o resto da vida.

Para o ano há mais.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Agosto atípico

 Marcado por uma grande inquietação.

Sei que tenho de dar uma volta à minha vida profissional.

Só não sei qual.

Sei que as visitas guiadas vão voltar, que os grupos de turistas vão regressar e que as escolas voltarão a ir aos museus e palácios.

Só não sei quando.

Até lá, estou um bocado sem saber o que fazer.

Resistir é adaptar - isso eu sei.

Só não sei como.

Até lá está tudo em cima da mesa, e um grande ponto de interrogação em cima da minha cabeça.


(raios para isto, pá)


sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Pedido de desculpas à Mary de 1988

 (apesar de em 1988 ninguém ainda me chamar assim, mas pronto)


Este ano mais uma vez traí a Mary da infância, e talvez um pouco mais este ano, pois foi de livre vontade.

Ao contrário do que prometi a mim mesma ao longo da infância, este ano voltei a comprar livros de exercícios para os miúdos fazerem nas férias.

Sou uma seca, eu sei. E uma traidora, também sei.

Mas há traumas que se vão perpetuar, e este é, claramente, um deles.

Já tinha comprado (e obrigado a fazer) em outros anos, mas sempre aconselhada pelos professores - mas este ano, no meio de toda esta confusão, achei mesmo melhor por os miúdos a fazer qualquer coisa de produtivo nas férias, para não descarrilarem de vez...

O mês de Julho passou sem que lhe tocassem - estiveram em casa dos tios, e depois estiveram cá os primos, e estavam na ressaca da escola (eles e eu).

Agora em Agosto, depois da semana na ilha, impus aqui o ritmo de fazerem três fichas cada um logo de manhã (evitando assim os malfadados ecrans, que pouco a pouco se tornaram um vício tão grande!).

Detestam. Refilam. Fazem todo um drama. Fazem tudo à pressa, e mal, e eu obrigo a voltar a fazer (pelo menos oralmente).

Comprovam a minha teoria de que andam à nora, e de que se esqueceram de tudo o que foi ensinado no 3º período.

Sei bem a tortura que era fazer TPC nas férias, juro que ainda não me esqueci. E também sei que a minha mãe ignorava se eu fazia ou não, e sei que passava o início das aulas sem intervalos a fazer a porcaria das fichas. Mas também sei que os meus verões eram passados a brincar na rua e a ler, e não agarrada a vídeos do youtube a ao fortnite. Quando muito via o Agora Escolha, mas o resto era praia, brincar no jardim, ler, fazer desenhos, escrever histórias imaginárias.

Mais do que aprender ou praticar, é mesmo só para lhes por o pé na terra, e lembrar que 30 ou 40 minutos por dia não são nada, e podem fazer a diferença, nem que seja para treinarem a mão a escrever.

As minhas sinceras desculpas a ti, Mary de 1988, sei que estás profundamente desiludida.

Afinal és uma mãe chata.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Sinais dos tempos - trabalhar com máscara

 Temi o pior, já que as idas ao supermercado e pouco mais em que já tinha usado máscara se mostraram difíceis de suportar.

Tinha estado no máximo umas duas horas de seguida com máscara.  Agora foi um dia inteiro, tanto dentro como fora, com temperaturas a rondar os 30 graus e em longas caminhadas pela cidade.

Infelizmente, as máscaras descartáveis acabam por ser as mais confortáveis de usar em períodos mais longos - e dentro destas, há marcas mais confortáveis que outras, que não magoam atrás das orelhas.

O mais difícil para mim - muito mais que a temperatura e a constante transpiração na zona do bigode - foi mesmo ter de me adaptar a estar com miúdos que só me vêem metade da cara.

Então na rua, em que estou de óculos escuros, é igual a estar de costas - nem ouvem, nem vêem coisa nenhuma. Deixamos de poder falar para o grupo, tinhamos de nos aproximar qb, tirar os óculos e falar olhos nos olhos para que nos dessem atenção.

Metade da nossa expressão facial fica tapada.

Ironia, não percebem. Piadas, não percebem. Falamos a sério e eles riem, brincamos e eles levam a mal.

Houve mesmo um momento que tivemos de parar tudo, afastar a uma distância segura, tirar a máscara e explicar com calma o que estava a acontecer, pois os mal entendidos eram mais que muitos - por causa da máscara eles não estavam a perceber a entoação da nossa conversa, e o exercício não estava a resultar por causa disso.

Foi um desafio.

No último dia, para acabar em beleza, num momento de relax em que (à distância) tirei a máscara para poder inspirar, um miúdo de 6 anos virou-se para mim e disse:

"Pareces mais velha sem a máscara. Com a máscara pareces nova, depois tiras e ficas mais velha."

Haverá maior motivação para manter a máscara todo o tempo?

(vamos lá ver quanto tempo vai durar este novo hábito...)

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Livro 19/53

 O Manuscrito

O Manuscrito, de John Grisham


Antes de mais esclarecer que este era um dos autores preferidos do meu pai nos últimos tempos.

É advogado, e escreve muitos livros passados em tribunais e coisas que tais - a maioria deles com títulos como O Manuscrito, O Manupulador, O Testamento, A Vingança, levando a que às vezes uma pessoa se confunda com o que já leu, e levando o meu pai a comprar títulos repetidos. Resultado, tinha uma coleção deles gigante, e eu acabei por ficar com um, só por curiosidade (o sobrinho que estuda Direito ficou com a maioria).

Achei uma boa leitura para as férias, para entreter, mas a história deixa muito a desejar.

Pena que de facto, já não possa perguntar ao meu pai de que gostava tanto neste autor.

É um mistério, um crime de assalto à biblioteca de uma universidade, em que são roubados uns manuscritos valiosos. Há depois um suspeito, que é dono de uma livaria, e uma escritora que é metida ao barulho para ajudar a resolver o mistério. A meio do livro achei que seria interessante uma reviravolta (daquelas em que quem pensamos que é o bom, afinal é o mau), mas a reviravolta não acontece, e a história acaba por se desenrolar assim, sem surpresas. Morna.

Dei 3 estrelas, não é um mau livro, lê-se bem, mas não é nada de especial.

(foi uma desilusão, confesso)

Nosso querido mês de Agosto

 Que já vai quase a meio.


A semana de trabalho acabou bem, a formação também, e na véspera de ir de férias ainda houve encontro na praia com a família para festejar os anos da nossa mãe.

Acho muito importante continuar a festejar o dia de anos de quem nos é querido, e fico contente por ter um sobrinho a fazer anos no meu dia, pois pelo menos uma parte da família irá continuar a fazer do dia 31 de Maio um dia de festa (e quero acreditar que ele se há-de lembrar de mim nesse dia, quando já for velhinho, vai dizer aos netos que tinha uma tia que também fazia anos neste dia eh eh - a ver se me lembro de combinar isto com ele, não vá passar ao lado).

Foi um ano de luto cada um para seu lado, e cada oportunidade de estarmos juntos, é uma benção.

No dia 1 rumámos a sul, para a nossa ilha maravilha, que esteve à altura da nossa expectativa.

São férias tão importantes, em que sentimos mesmo que estamos a criar memórias boas na criançada.

Água azul turquesa transparente e quente, marés vazias com km de areal e ilhas formadas em alto mar, apanha de conquilhas, grelhados de peixe ou carne ao jantar. Sestas bem dormidas à sombra do guarda sol e muitas aventuras entretanto, desde uma bóia gigante perdida e resgatada, a um cão perdido, à venda de colares e conchas, às canções que inventaram e cantaram (e ainda fizeram um dinheirão!).

Foi bom demais.

Agora, de regresso a casa, as aventuras (deles) continuam em casa dos avós e da tia.

Os adultos voltaram ao trabalho (ele), e eu a um projeto que no fundo é o único trabalho que tenho em vista para Setembro.

Muitas dúvidas, muita ansiedade, muitas interrogações sobre o que o futuro nos reserva, o que vai ser de nós profissionais do turismo a recibo verde nos próximos tempos.

Até lá, a ideia de apostar na minha formação tem ganho forma, agora resta saber o quê concretamente, e em que formato.

Haja energia e motivação, e dinheiro para pagar as contas!

Feliz Agosto, caros leitores!

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Formação feita...

... e uma ideia que se instala:

E se eu voltasse a estudar? 

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Haja trabalho...

Na semana antes de ir de férias, e contrariando a tendência dos últimos 4 meses, estarei (finalmente!) a trabalhar.
É um projeto pontual que acontece só nas férias dos miúdos, mas já não é nada mau.
Também calhou - claro - ser a apresentação final do trabalho da formação em que me meti este mês.
Tem sempre de ser tudo ao mesmo tempo.

Esta questão da pandemia veio alterar as coisas de tal maneira, que pelo menos no futuro próximo não vou poder trabalhar nos mesmos moldes.
É muito angustiante pensar nisso, principalmente porque eu adoro o que faço, e adorava a minha vida profissional de há 4 meses atrás - insegura, sim (como se pode ver...), mas muito variada e animada, sem monotonia, sempre de um lado para o outro.
É uma grande frustração.
E ainda não sei bem como é que me vou safar no próximo ano lectivo...

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Livro 18/53



Comédias para se ler na escola, de Luís Fernando Veríssimo

Estou a ler um livro (bastante mais sério) emprestado por uma amiga, e não gosto de levar para a praia livros dos outros (porque sei que não tenho cuidado nenhum e os meus ficam cheios de areia - e pronto, ficam a saber que livros emprestados por mim podem ir à praia sem problema), pelo que fui buscar este à estante (herdado do meu pai, já se sabe) por ser pequenino e leve.

É perfeito para o efeito pretendido - leitura leve, de Verão, para ler na praia enquanto deitamos o olho aos miúdos (que têm sido pelo menos 4, entre filhos e sobrinhos).
São histórias curtas, de duas páginas ou pouco mais, sobre os mais variados assuntos, escritas com aquele açúcar que só os brasileiros têm...
Chorei, literalmente, a rir em algumas delas.
Só apetece ler alto para quem está ao lado, porque tem mesmo muita piada.
Dei 5 estrelas, porque cumpriu (e bem!) o seu propósito.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Livro 17/53

A Conspiração Contra a América - Livro - WOOK



A Conspiração contra a América, de Philip Roth

Temos cá em casa há anos, em inglês (do Tê, que depois de o ler comprou a Mancha Humana, que eu adorei). Nunca me chamou.
Até acho estranho como é que nunca tinha lido nada deste autor até ao ano passado - tem tanta coisa escrita, e coisas tão diferentes, não sei como me foi passando ao lado.
Este exemplar em português foi herdado do meu pai, e completamente aprovado por ele. Não sei porquê mas nunca lhe peguei, nas inúmeras vezes que lhe pedi livros emprestados, e tantas vezes ele o recomendou. Talvez me assustasse o número de páginas, ou o facto de ser uma historia hipotética sobre um assunto que eu não domino (política dos Estados Unidos).
Fosse o que fosse, foi agora o momento.
Curiosamente apanhei a meio um recibo do meu pai com data de Julho 2019, pelo que ele o terá lido por esta altura há um ano atrás (fase aliás em que devorava livros à velocidade de um por dia ou quase, porque estava em casa a recuperar de cirurgias).

Ora então temos os Estados Unidos nos anos 40, e temos uma história de como a História teria sido diferente se por lá houvesse um presidente anti-semita e apoiante do Hitler. O narrador é um menino de 9 anos, judeu.
Está muito bem construída e é arrepiante nos tempos que correm ler uma ficção que sabemos que pode tornar-se realidade em menos de nada - basta uma campanha bem conseguida e todos votamos na pessoa errada sem fazer ideia.
Há algumas partes mais políticas que tornam a leitura menos agradável, até porque as personagens são todas reais (mas algumas eu não faço ideia quem sejam, por isso no final há uma biografia de cada um), e houve ali pormenores no final que me pareceram um bocadinho forçados - mas de resto, está impecável.
Dei 4 estrelas e recomendo.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Sobre Julho de 2020

Costuma ser um mês bem rentável, com muito trabalho por estes lados.
Quis o destino que este ano assim não fosse.
Resolvi tirar alguma coisa positiva de toda esta situação e meter-me a fazer uma formação que estou para fazer há anos (desde 2014, precisamente), agora totalmente online. São 90 horas, nunca na vida estando a trabalhar me iria meter num centro de formações ao fim do dia, foi mesmo de aproveitar esta oportunidade - acredito que seja a coisa positiva desta pandemia, este boom de conferências, formações, cursos, palestras, tudo do conforto do sofá - já assisti a algumas (muito poucas, confesso) com gente de todo o lado que nunca aconteceria presencialmente, e que interessante que foi!
Assim sendo este Julho vai ser dedicado à formação - já fiz trabalhos, tpc, fóruns e até testes. No fundo, é um regresso à escola.

Os miúdos normalmente saltitam de atl em atl... Este ano entre a pandemia e o pandemónio que vai na conta bancária vão ficar em família. Esta semana estão os mais velhos no Alentejo a viver aventuras debaixo de 48 graus (e ficam a falar nisso o ano inteiro!).

O fim do mês talvez traga uma luz ao fundo do túnel para o meu trabalho, mas ainda sem grandes certezas.

Até lá fizemos a candidatura da mais nova ao pré-escolar, tivemos uma odisseia a matricular as crianças no portal online, fomos devolver os manuais à escola e depois recebemos um mail a dizer que afinal teremos de os ir recolher, e recebemos as notas fantásticas dos nossos meninos - que este período, como sabem, são a dividir com os pais.

2020 já vai a mais de meio, malta.
Já não falta tudo.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Fim das (j)aulas

Custou.
Não foi fixe.
Eu não gostei e os meus miúdos detestaram.

Para memória futura ficam frases como "eu pagava para ir para a escola!" e "eu ia para a escola ao sábado e domingo se fosse possível!" do mais velho; e da do meio ontem (de férias, portanto) suspirava que queria era ir para a escola.
Escola é muito mais do que matéria e conteúdos, escola são todas as pessoas que fazem parte dela, e reduzir a escola às tarefas através do computador foi um sacríficio para todos cá em casa.

Enquanto mãe e de certa forma ligada à educação, confirmei aquilo que já sabia: os pais não podem ser professores dos filhos, e as crianças precisam do apoio de um adulto a orientar o trabalho, coisa que nem todos os paisa tinham disponibilidade para fazer. Não há nada que substitua o contacto directo com o professor e os colegas e ponto final!

Portanto, genericamente não correu mal, mas por cá não ficamos nada fãs deste tipo de ensino.

Coisas boas:
A do meio desenvolveu imensas capacidades para lidar com o computador - era uma infoexcluída e lá aprendeu a fazer as coisas todas que era preciso. Também se organizou muito bem a trabalhar - o professor mandava os trabalhos todos da semana, e eles é que geriam o que faziam - portanto ganhou ali uma grande autonomia.
O mais velho aprendeu também a trabalhar com algumas ferramentas, como o power point e o word, e permitiu-nos perceber que tem autonomia zero e que temos de andar em cima dele se não ele não faz o que quer que seja...
Ambos ficaram a valorizar a escola como nunca!

Coisas más:
Desmotivação geral e total dos dois.
Vontade de aprender zero, de se sentar dia após dia após dia ao computador para fazer os trabalhos (coisa que eu também percebo...).

Por mim nunca imaginei que as escolas fechassem.
Quando fecharam achei que iriam reabrir depois das férias da Páscoa, e andei ali até ao dia 4 de Maio (tinham dito que era o limite) a ver se as escolas iriam reabrir.
Jamais imaginei que íamos mesmo fazer um período inteiro em casa, e no entanto, fizemos.
Foi uma experiência única!
Espero mesmo que tenha sido a única vez e que não se volte a repetir...

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Livro 16/53

Tudo É Possível - eBook - WOOK


Tudo é possível, Elizabeth Strout

Daqueles que estava na lista há mais de um ano, depois de ter lido O meu nome é Lucy Barton da mesma autora.
Li-o emprestado da minha irmã, numa pausa dos livros herdados do meu pai que é o que tenho lido (e continuarei a ler por um bom tempo).

Não me marcou tanto como o primeiro, mas é um livro que confirma o brilhantismo da autora enquanto contadora de histórias.
É um conjunto de histórias das diversas personagens que vivem na aldeia onde Lucy Barton cresceu, começando com o contínuo da escola, os seus irmãos, os primos que também eram muito pobres na infância, as colegas que a desprezavam, as pessoas para quem a mãe fazia trabalhos de costura.
No fundo é pegar nas personagens secundárias do primeiro livro, e contar a sua história, desde o tempo em que a própria Lucy era criança, até à actualidade.

Neste tempo de confinamento tenho tido alguma dificuldade em me entregar a 100% a um livro, e o meu critério para atribuir 5 estrelas é o não conseguir parar de ler - coisa que ainda não aconteceu com nenhum livro desde o início da quarentena.
Não sei se daria 5 estrelas noutra altura, mas apesar de ter sido o livro que li em menos tempo desde Março, ainda assim não senti aquela urgência de ter de querer devorar o livro até à última página.
Assim sendo, apesar de  ter adorado e de o recomendar vivamente, dei 4 estrelas, que corresponde a um 4,5 ou até um pouco mais.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Livro 15/53

O Anjo Ancorado by José Cardoso Pires


O Anjo Ancorado, José Cardoso Pires

Mais um autor (clássico) de quem eu nunca tinha lido nada.
É quase como um conto, uma pequena história, que tal como o autor refere, se baseia em descrições.
Uma história simples, sem muito para dizer, mas que acaba por ser um bom retrato de Portugal nos anos 50.
Lê-se bem, entretém, não sendo nada do outro mundo.
Dei 3 estrelas e recomendo.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

42 anos

Resolvi assumir que os meus anos começaram na sexta, e não foram só no domingo (que é de facto o meu dia).
Isto porque tive o melhor presente de sempre: estar novamente reunida com as minhas irmãs - depois de quase 3 meses, sendo que a última vez que tínhamos estado juntas foi também num dia difícil e emotivo. Ora caramba, fazer luto em confinamento, com tudo o que tem de bom, é difícil como tudo (nem imagino o que é ser filho único, é que os irmãos são mesmo os únicos que nos entendem nestas alturas!)
Assim sendo o fim de semana dos meus anos começou com um reencontro ao almoço de sexta feira - com direito a abraços e tudo (há lá coisa melhor, e que dávamos por garantida?).
Sábado houve praia, na nossa praia, com os sobrinhos quase todos, e domingo o verdadeiro mega piquenique (e viva o desconfinamento, sem darmos por ela éramos 40 pessoas, oooops!)

Entrei então nos 42 rodeada da minha gente, nos meus sítios preferidos, a comer e a beber, com sol e calor.
Que sejam melhores que os 41 (que começaram com o meu pai no hospital e acabaram em quarentena depois de tudo o que se passou), não é pedir muito nem será muito difícil, mas ainda assim, é o que peço.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Mais do mesmo

O que funciona num dia, não funciona no outro.
Uns dias começam bem e corre tudo bem, outros há que começam bem e entortam logo a seguir.
Uma amiga partilhou no instagram os seus números da quarentena - um resumo do que fez, leu, voltas que deu - a mim só me ocorre fazer as contas ao número de sopas, às máquinas da roupa estendidas e apanhadas, dobradas, arrumadas nas gavetas de cada um, mais aos almoços-jantares-almoços-jantares todo o santo dia... Tudo coisas que sou eu a fazer normalmente, mas normalmente faço-o no intervalo de outras coisas, e faço-o sozinha em casa, o que faz toda a diferença.
Esta domesticidade não combina mesmo comigo.
E este estudo em casa também não. Nem comigo nem com eles.
Para a semana tentaremos uma abordagem diferente.
Vamos ver.
Até lá é "só" mais um mês de aulas em casa, e o resto logo se vê....

domingo, 24 de maio de 2020

Livro 14/53

 O Estranho Desaparecimento de Esme Lennox - O, Maggie O' Farrell ...


O estranho desaparecimento de Esme Lennox, de Maggie O'Farrell

Finalmente um livro que me prendeu nesta quarentena.
Uma história perturbadora de uma família cheia de segredos, onde temos mais uma vez a questão do papel da mulher, da saúde mental, da importância do que a sociedade pensa, do quão pouco sabemos de facto sobre os nossos antepassados.
Escrito a muitas vozes, da tia avó desaparecida, à sobrinha-neta, à avó com Alzheimer que debita memórias tipo manta de retalhos.
Gostei, entusiasmei-me, que foi coisa rara nesta quarentena (também pode ser do desconfinamento, ler na praia é outra conversa), e só fiquei um pouco desiludida no final.
Dei 4 estrelas e recomendo.

Do desconfinamento

Por muito que vamos à praia, estejamos com amigos, e por muito que aparentemente as coisas estejam a voltar ao normal, enquanto houver escola em casa o desconfinamento não está completo e a normalidade não está normal.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Livro 13/53

Soldados de Salamina / Soldiers of Salamis - Livros na Amazon ...


Soldados de Salamina, Javier Cercas

Um episódio concreto na guerra de Espanha é investigado por um jornalista/escritor.
Temos a história da guerra e a história da investigação e do jornalista - assim sendo, houve partes que li num instante, e outras que andei ali a engonhar.
O facto de não saber muito da guerra de Espanha também não ajudou muito (no início).
Mas há muita coisa interessante, a questão de na guerra não ser só maus e bons, de como o acaso tantas vezes dita o futuro - se um segundo fosse diferente, a História seguia um rumo diferente.

Dei 3 estrelas, é um 3,5 e recomendo.

Livro 12/53

Um Chapéu para Viagem - Livro - WOOK



Um chapéu para a viagem, de Zélia Gattai

Com esta história da quarentena e do confinamento, e de todas as coisas que têm acontecido resolvi escolher uma coisa leve.
A Zélia Gattai é, para quem não sabe, mulher do Jorge Amado, e já tinha lido um livro dela e tinha gostado também - não sendo escritora, é uma excelente contadora de histórias.
Não fui bem sucedida.
O livro foi escrito como um presente para o Jorge Amado, contanto alguns episódios de encontros com os pais do escritor - uma espécie de manta de retalhos de histórias sobre os sogros, escritos pela nora.
Assim acompanhamos a vida dos dois, de como se conheceram e casaram, e das peripécias com os pais dele (ambos belas personagens de romance!). Ainda assim, não me cativou, não senti aquela vontade de ler e de devorar o livro até ao fim.

Dei 3 estrelas, mas recomendo.

Desconfinar

O verbo do momento.
Nestas últimos dias tivemos várias "primeiras vezes" pós-quarentena, e que bem que sabe este desconfinamento
Houve primeiro mergulho, primeiros abraços, primeira entrada no café do fim da rua, primeira ida ao museu, cada qual com um sabor diferente e um valor daquelas coisas que só reconhecemos quando perdemos.

(já abriam era as escolas todas...)

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Dia de festa

Não posso deixar passar em branco este dia de festa que é o Dia dos Museus e que coincidiu hoje com a sua reabertura.
Para mim foi dia de alegria, de regresso, de algum alento. 
São a minha segunda casa, e vê-los fechados partia-me o coração. 

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Facto

O meu pescoço envelheceu de repente, nos últimos dois anos.
(As chamadas em vídeo não perdoam, nem disfarçam)

Coisas boas da quarentena

Porque como diz a Tella, o importante é ver o copo meio cheio:
  • o tempo com os nossos filhos (quase parece contraditório, mas não é) - penso no nosso dia a dia normal pré quarentena e vejo que estamos tantas e tantas horas separados, que efectivamente mal nos vemos. Agora, para o bem e para o mal, tempo juntos é o que não falta
  • com o ponto anterior vem um sem número de conversas que temos  e que normalmente não conseguimos ter - conversas em família, mas também com cada um deles em separado, que é tão importante
  • apesar de andarem sempre à porrada, ao fim de muitos dias os dois mais velhos lá conseguiram encontrar algumas atividades para fazer em conjunto: ela aprendeu a jogar Minecraft, jogam raquetes e basquete na varanda, e brincam ambos ao faz de conta com a mais nova
  • passeios nas redondezas - descobrimos que vivemos no meio do campo e não sabíamos! Sem poder ir à praia nem ao paredão começamos a dar caminhadas pelo bairro e fomos dar a sítios que nem sonhávamos - descampados a perder de vista, que parece que estamos na aldeia.
  • apanhamos flores e trazemos para casa, tenho neste momento três jarras com flores, o que não sendo dia de festa, é inédito cá em casa
  • para o mal e para o bem, fiquei a conhecer melhor as professoras do mais velho que está no 5º ano numa escola nova (espreitei as chamadas em vídeo, teve de ser). Percebi que tive muita sorte com a directora de turma - muito organizada, despachada e muito querida com eles - e pelas atitudes dele nas aulas em vídeo vou percebendo também quem são os profs: os queridos, os mal encarados, os porreiros, os que estão ainda mais à nora do que nós. (Tiro o chapéu a todos, senhores!). Tendo de fotografar e enviar os trabalhos, também estou mais em cima das matérias e do que falam na escola, coisa que me passava ao lado muitas vezes
  • o pai cá de casa não demora tempo no caminho para o escritório - não que isso se traduza em mais tempo connosco, mas pelo menos sabemos que está ali perto
  • almoçarmos todos juntos todos os dias
  • um copo de vinho que bebemos os dois ao fim do dia, quando eles estão na hora dos ecrãs (e que bem que nos sabe...)
  • estar a fazer atividades que normalmente só faço com os filhos dos outros (em oficinas de férias e assim), com os três - já fizemos aguarelas, pinturas guache e de dedos, com diversos materiais, plantámos feijões e caroços de abacate, plasticinas variadas, massinhas, até já chegam a fazer coisas por livre iniciativa, totalmente sozinhos
  • em relação ao meu trabalho, esta pandemia trouxe à luz do dia a situação precária em que trabalha a maioria dos que se dedicam à cultura, e tenho esperança que isso faça agitar as águas e mudar um bocadinho as coisas
Dito isto, por mim está bom, pode acabar!

terça-feira, 12 de maio de 2020

Aos 80 serei mais divertida

Aos 20 juro que era uma pessoa bem divertida, impulsiva, a fazer as coisas ao sabor do momento.
Com o tempo, esse grande professor, tenho vindo a ser cada vez mais organizada, e aprendi que a chave disto tudo senhores - isto tudo sendo a vida no geral e no particular, com casa, filhos, trabalho, ginástica, almoços e jantares e roupas e contas para pagar e tudo e tudo - a chave de tudo isto dizia eu, é a planificação.
Caminhamos passo a passo para que tudo corra sobre rodas (no confinamento ou sem ele) porque eu cá me revelei uma freak da organização e da planificação (não da arrumação, que não chego a tanto).
Tudo temporário, meus senhores.
Mal estas crias abandonem o ninho e eu voltarei a ir para onde me levar a maré.
Voltarei a ser divertida e a não andar de agenda em punho, relógio no pulso e horário na parede.
Aguardem.

(aos 80 também voltarei a fumar, se isso ainda existir nessa altura, espero que sim. Vou ser uma velha bem fixe!)

sábado, 9 de maio de 2020

Dicas de quem já desfez a casa dos pais

  • o minimalismo, meus amigos, é um bem a adoptar
  • deixem tudo escrito: presentes de casamento, de aniversários disto e daquilo, o que veio das avós, o que veio de que lado da família - ou pelo menos vão dizendo aos vossos filhos de onde vieram as coisas, para que saibam.
  • usem as vossas coisas (entra ali no minimalismo, mas não é bem) - se não usam não vale a pena manter.
  • porque não deixar já escrito o que vai para quem?

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Casa vazia, coração cheio

... mas com um buraco gigante no meio.
Entregamos a chave de casa do meu pai na semana passada, e desde então a sensação de vazio tem sido uma constante.
Era uma coisa que me ocupava a cabeça desde a sua morte, e ultimamente então preocupava-me imenso pensar em ter sítio onde por os móveis, o que fazer a tantas coisas que não conseguimos absorver nas nossas casas.
Achei que, tal como em quase tudo o resto, uma vez que estivesse feito iria dar uma sensação de liberdade e dever cumprido - aquela coisa de riscar um item da lista de afazeres ("to do list" é mais blogosfera mas pronto), ainda mais um item que se arrastava há vários meses (fim de semana atrás de fim de semana).
Enganei-me.
Foi-se a preocupação, mas caramba, ficou um buraco sem fundo que nem sei como preencher.
Mesmo na ausência dos pais, a casa dos pais é sempre um porto de abrigo, um lugar seguro e neutro, onde a família se reúne e encontra sem haver anfitriões. É sempre um lugar de regresso a casa, à família, à infância, à pessoa que nós fomos antes de sermos tudo o que somos agora.
Ficar sem ela foi mesmo ficar sem raiz.

Desfazer a casa dos pais é um processo complexo, do qual não saímos da mesma forma que entramos. Mal comparado, é como ter um filho: sabemos que nos vai transformar, mas não sabemos o quanto nem como.
No fundo, é como uma montanha russa.
As minhas irmãs e eu temos tendência para levar tudo a rir, para simplificar.
Visto de fora até parecia que estávamos na maior, e de certa forma até estávamos, mas caraças que dar de caras com diários, fotografias, cartas, bilhetinhos escritos por nós em cada bolso, mais as toalhas e loiças que nos lembramos de toda a vida, os quadros com tantas histórias para contar, os livros, senhores, só os livros levaram dias inteiros a dividir e organizar, e toda uma panóplia de objectos que nos dizem tanto, mas que não podemos nem conseguimos guardar.
É brutal.

A única coisa positiva no meio disto tudo é que somos três.
E como os meus pais estiveram juntos até ao fim, a casa era só uma (e que felizes que fomos ali, nos últimos 10 anos).

Valha-nos também o facto de estar feito.
Por isto não teremos de voltar a passar.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Acabou a emergência, venha a calamidade

E nós por cá agimos em conformidade.
O desconfinamento - e não regresso ao normal, porque normal é tudo o que isto não é - traduziu-se em encontros no parque com avós, tios e primos, respeitando a distância de segurança.
Até quando andaremos a dar toques de cotovelo e a fazer sorrisos atrás de máscaras?

Se aos adultos sabe bem falar frente a frente, às crianças então nem se fala... andam de bicicleta, brincam, jogam à bola, felizes de estar com alguém sem ser os irmãos ou através de um ecrã.

Domingo esteve calor e eu espero com toda a sinceridade que este estado não se mantenha até ao Verão. Vou ser uma pessoa muito amarga se me metem em casa em pleno verão.
Ou calor ou calamidade, as duas não pode ser!
Fomos dar uma volta pelo bairro e até se ouviam os sons das piscinas dos vizinhos - e eu sou sincera, senti uma pontada de inveja (não por mim que passo bem sem piscina, mas por eles, que nada os faria mais feliz naquele dia do que dar uma mergulhaça numa piscina qualquer).
Ontem já desceu a temperatura e a inveja desceu também.

Tenho continuado à procura da melhor forma de lidar com isto tudo.
Com a escola na televisão, nos computadores, com a mais nova sempre agarrada nas pernas, com os almoços e jantares que se sucedem a olhos vistos, com a roupa suja, estendida e por arrumar, com o facto de ter perdido o meu pai há 4 meses e estar há dois sem poder abraçar as minhas irmãs e sobrinhos como deve ser.
Tenho tanta coisa para ler e estudar e não faço nada. Nada do que é meu é prioritário agora, e isso chateia-me de grande. Isso e o facto de que cada vez que eu me sento a ler ou numa video chamada, cair o Carmo e a Trindade cá em casa, ele é lutas e bulhas, gritos, a sala virada do avesso e eu juro que não consigo já lidar com isso.
A juntar a isto, todo um filme de burocracias por resolver - finanças, segurança social e o caneco.
E já disse que o nosso frigorífico - cheio que nem um ovo, com o congelador bem atestado como convém em tempos de confinamento - avariou e não tem arranjo?
Pois é.
Estou farta disto tudo, mas acho que já o tinha dito noutro post qualquer.
Mantenho. 
Far-ta.
Emergência ou calamidade, podemos passar já à fase seguinte?

sábado, 2 de maio de 2020

Contra senso

Sem trabalho, sem distrações, sem poder ir a lado nenhum, e tenho lido menos que nunca.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Mais um post sobre a quarentena

Quarentena começa a ser pouco para aquilo que estamos a viver, já estamos mais perto da cinquentena e sabemos lá até quando é que isto dura, e o que se vai seguir...

Noto que estamos todos basicamente a ficar um pouco loucos, a alternar entre o alto e o baixo, entre o aproveitar o bom que há nisto tudo e o fartos que estamos todos desta porcaria.

Por cá continuo, desde o dia 1, a sentir falta dos meus momentos. Não me consigo ouvir, não consigo seguir uma linha de pensamento, ler um artigo, ler notícias, ou o que quer que seja sem ser interrompida. Mil vezes.
Mal comparado, sinto-me como me senti quando tinha dois bebés e só conseguia (mal!) ser mãe, mãe, mãe - onde andava eu, Mary, no meio das fraldas e babetes? Por aí perdida.
Agora igual. Há menos fraldas (mas ainda há), mas há escola nos portáteis e na televisão, TPC para supervisionar, e entre comidas e roupas e limpezas e o raio, ando eu meia perdida.

(para escrever estes 3 parágrafos tive de interromper nem sei quantas vezes, mandar separar outras tantas. Há uma tenda na sala à minha espera. Não consigo ter nem dois minutos para escrever)

Isto às tantas pode ser muito sufocante.
É isso que sinto.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Sobre o ensino doméstico

Sempre foi coisa que me fez a maior espécie.
Nem tanto pela minha incapacidade de me dedicar exclusivamente aos meus filhos, mas porque para mim a escola é, com todos os seus defeitos, muito mais do que as aulas.
A escola é amizade, companheirismo, é responsabilidade, é estar longe dos papás e dos irmãos, é permitir que as crianças cresçam de facto e sejam quem quiserem.
Tantas e tantas vezes acontece que os miúdos são uns em casa e outros na escola, e isso é tão importante.
E claro que há coisas más, péssimas mesmo - os miúdos são gozados, há enxertos de porrada pelos miúdos mais velhos, há casa de banho sem condições nenhumas, há comida de fraca qualidade (e estou a falar da escola dos meus mesmo) - mas tudo isso faz parte, tudo isso é experiência, tudo isso é escola.
Penso nas minhas memórias dos tempos da escola e quase nada acontece dentro da sala de aula, ou o que acontece tem pouco a ver com a matéria e com os professores.
Isto tudo para dizer que tenho a maior pena destes miúdos, deste confinamento, das aulas online, da tele-escola - com tudo de bom que está a correr, porque dentro do estilo não podia estar a correr melhor.
Mas caraças pá, escola sem colegas e sem recreio serve para quê mesmo?

quarta-feira, 22 de abril de 2020

O mundo ao contrário

Eu a dar explicações de matemática do 5o ano. 

40 dias de quarentena

Are we there yet?

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Quarentena must do

Também já temos a nossa despensa devidamente organizada e limpa, e muito arrumadinha.
Tínhamos feito isso há pouco tempo, achava eu, mas pelas contas das coisas fora de prazo há de ter sido ali em 2015 ou 2016.
A coisa mais fora de prazo de todas faz-nos regressar aos idos anos de 2011/2012 em que eu queria ficar em forma mas não estava bem a perceber como: um chá para emagrecer com prazo a acabar em 2013.
Foi uma operação que demorou poucas horas, e foi maioritariamente feita pelo Tê, mas que ainda assim pode entrar na minha lista de feitos na quarentena.

sábado, 18 de abril de 2020

Ao 37o dia de quarentena

Passei (por motivos de força maior*) quase 12 horas fora de casa.
Estou para lá de cansada...

(* fui fechar-me noutra casa a fazer arrumações) 

terça-feira, 14 de abril de 2020

First world problems

Os meus dramas de consumo nesta quarentena:
  • anda tudo doido a fazer pão em casa, e o stock de fermento de padeiro esgotou
  • o meu creme para acne em peles maduras (que é diferente do acne da adolescência, ficam a saber) só se compra nas farmácias. E agora, fico na fila de máscara e luvas para pedir um creme? Não me parece...
  • no meu dia a dia normal compro coisas específicas em supermercados específicos - vou a um ou outro consoante o que estou a precisar, e claro, há sempre aquela vez que passo no hipermercado grandão, que tem imensa escolha. Agora vamos a um supermercado de vez em quando, nem pensar em andar a passarinhar, e pronto, chego sempre a casa a faltar alguma coisa 
  • tenho feito uma alimentação específica nos últimos anos, e agora é o drama... a massa da marca sem glúten que eu gosto (italiana) já esgotou em quase todo o lado, e a farinha de espelta biológica também está difícil de encontrar
  • uma pessoa até vai ali à mercearia do bairro com todo o gosto - tem óptimos frescos (não todos, mas muitos sim) e são - isso sim - óptimas pessoas, sempre prontos a ajudar de sorriso na cara e a dizer piadas, mas caraças, às tantas é frustrante a quantidade de coisas que não há: iogurtes naturais (só de aroma), corn flakes simples, fio dentário e por aí fora...
Que grande seca.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Sobre a Páscoa

Já tive algumas Páscoas diferentes, inclusivamente Páscoas que me passaram completamente ao lado, mas uma Páscoa a 5 em casa foi - como para todos vós, calculo - a primeira vez.

Custou-me, confesso.
Depois de um Natal difícil e diferente, um ano novo que nem comento, ora bolas que acho que merecíamos uma Páscoa como deve ser. Se calhar não, não sei.
Foi talvez o dia que mais me custou não estar com a família alargada.

Há um ano passámos a Páscoa em casa do meu pai, e tirámos a fotografia que temos até hoje no nosso grupo de whatsapp.
Era inimaginável que um ano depois estaríamos assim - sem pai presente, sem casa comum onde nos reunirmos, cada um em seu concelho e com proibição à séria de nos encontrarmos.
Custou-me também porque este ano os planos eram de irmos para Norte, festejar a Páscoa mais tradicional este ano ainda mais porque a avó do Tê fez anos no domingo - os planos eram de festejar duplamente e à séria.
Quis o destino que os festejos ficassem adiados.

No entanto, fiz pela primeira vez folar que foi todo ao pequeno almoço. Demos um passeio a pé e fomos dizer adeus à janela dos avós (e trazer o almoço) e tios.
Comemos muito, e muito bem!
À tarde demos outra volta, e acabamos o dia com uma caça aos ovos na sala. Descobrimos que a mais nova, do alto dos seus 3 anos, é excelente a encontrar chocolate!
Foi bom, claro que foi.
Mas se for possível, não vamos repetir.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Livro 11/53

A Solidão dos Números Primos - Paolo Giordano - Compra Livros na ...


A solidão dos números primos, de Paolo Giordano

Perturbador.
Os primeiros capítulos são de arrepiar, mas impossíveis de parar de ler, depois o ritmo abranda, as personagens crescem e a voracidade da leitura perde o vigor.
Gostei muito do início, e fui deixando de gostar tanto à medida que se aproximava o fim.
Muito bem escrito.
Dei 4 estrelas e recomendo.

(à procura de imagens para ilustrar percebo que já se fez um filme também)

Consideração sobre os meus filhos mais velhos

Façam o que façam, acabam sempre à porrada.
Sem-pre.

Eu não lhes faço nada. Juro.
E não me meto porque sei que não interessa e não vale a pena.
Também tento não me desgastar com isso, e no geral consigo - é que de outra forma nem sobrevivia, tinham de me internar na ala de psiquiatria, não havia outra hipótese.
Dito isto, ao fim do dia estou capaz de os rifar.
Não. Estou capaz de pagar para que mos levem.

F.....-se.

Mais cenas da quarentena

E ao nãoseiquantésimo dia de quarentena, voltei a usar maquilhagem.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Mais dias de quarentena

Como em tudo, na quarentena também vamos passando por diferentes fases - ainda para mais que já andamos nisto há quase um mês.
Eu adoro os meus ricos filhos, e toda a gente sabe disso, mas caramba às tantas já não os posso ouvir.
Preciso de silêncio, preciso que eles se calem e me deslarguem da mão, caraças.
Se podia ser pior, claro que podia, foge, se podia, mas todos temos aqui um ponto de ruptura e cá para mim a hora do silêncio já se podia estender para o dia do silêncio. Ou dias, vá.

Percebi outra coisa (parva) que faz (muito) parte do meu dia a dia e de que sinto a falta: andar de carro a ouvir música, a cantar e a organizar as ideias.
Resolvi muitas coisas da minha cabeça ao volante. Ir a conduzir estrada fora com as lágrimas a correr, é uma terapia.
Dizem que depois de perdermos alguém não há nada como um regresso às rotinas, à normalidade dos dias, para o luto se ir fazendo. Preencher o nosso vazio com as coisas que nos fazem felizes. Assim fica difícil...
Tenho milhares e milhares de razões para ser feliz dentro de casa - e sou, sou muito! - mas ele há dias em que uma pessoa só lhe apetece pegar no carro e sair daqui para fora.
Dei uma volta de carro aqui na zona ontem e o cenário é de filme de terror: filas e filas à porta dos supermercados, as pessoas na rua com medo, nervosas.
É tudo muito deprimente. Nem aqueles 5 minutos sozinha ao volante me souberam bem.

Fala-se agora da questão do "vai ficar tudo bem", se não podemos indignar-nos contra este optimismo, se não temos direito a achar que vai ficar tudo mal.
Podemos.
Mas não vai ficar tudo mal, malta.
Também não sei se vai ficar tudo bem.
Vai ficar (e acreditem em mim) como tiver de ficar, e depois nós (cada um de nós) vai sentir que está tudo bem ou não, conforme a nossa força interior.
E é com esta pérola da psicologia barata (mas verdadeira), que vos deixo hoje.
Amanhã será melhor.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Só uma palavrinha sobre a situação actual

Estou farta desta merda toda. To-da.

(pronto, já desabafei, podem ir à vossa vida)

domingo, 5 de abril de 2020

Dias de quarentena

Nunca pensei, nunca mesmo, que viéssemos a passar por isto em 2020.
Muito frequentemente, muito mesmo, durante as minhas visitas refiro epidemias anteriores - a de cólera que matou o D.Pedro V e alguns dos seus irmãos no séc. XIX, a de "gripe espanhola" que matou o Amadeo em 1918 - mas sinceramente nunca imaginei que fossemos passar por isto.

Fez ontem 3 meses que o meu pai partiu, e garanto-vos que parece que foi há 3 anos.
Penso naqueles dias no hospital em que ali estivemos junto dele até ao último suspiro, penso nos dias que se seguiram, nos velórios, missas e funeral, e nos abraços que recebemos - centenas, milhares! - que nos encheram a alma.
Que arrepio pensar nos que morrem agora, no quanto o mundo mudou - todos mudámos - desde então.

Já lá vão mais de 20 dias de confinamento, e aos poucos vamos percebendo que afinal, como em tudo, aguentamos mais do que imaginamos. Aguentamos tudo, deixem que vos diga, e isso é também deveras assustador.

Já lá vão mais de 20 dias, mas digamos que o tempo até passou bastante rápido. Muitos planos e coisas que tenho para fazer ainda permanecem iguais - o quarto das miúdas por destralhar, principalmente.
Considero-me uma pessoa bastante caótica, e descontraída, mas depois vejo que não. Sou obstinada com os horários, faz-me confusão que os miúdos saiam da rotina, e estou passada com esta história da mudança de horário porque ando a acordar mais tarde e isso - mesmo tendo  zero compromissos - faz-me espécie.
Faço a minha caminhada matinal, faço ginástica na minha app (que uso há meses), visto-me normalmente (e não de fato de treino!), só não uso maquilhagem (mas ainda assim nos primeiros dias ainda usei!). Obrigo os miúdos a vestir, pentear e tudo e tudo nem que seja para depois se sentarem no sofá, detesto vê-los de pijama depois do pequeno-almoço.
Estou farta de cozinhar, principalmente de fazer sopa, mas não consigo abdicar de a fazer. Sopa, salada, fruta, tudo dentro da normalidade
Acho que os anos a trabalhar em casa me deram as ferramentas para saber sobreviver a isto de forma relativamente tranquila, mas isso implica ser rigorosa nas regras - e sou um bocado obcecada com isso, confesso.

No meu dia a dia normal passo muitas horas sozinha.
Acontece muitas vezes ir trabalhar e não me cruzar com colegas (por diferenças de horários) e normalmente almoço sozinha, muitas vezes até em casa (mas sozinha). E sim, sinto falta desse silêncio, de estar sozinha sem dar atenção a ninguém.
Do lado oposto sinto, sentimos todos, falta dos primos, tios e avós, que fazem parte do nosso dia a dia, tanto à semana como ao fim de semana, além dos amigos, claro. Os miúdos estão com umas saudades enormes de estar com outros miúdos além deles próprios - mas eu até acho que lhes faz bem serem obrigados a entenderem-se.

Penso muito no que vai acontecer depois de tudo acabar.
Tudo isto vai revolucionar a nossa maneira de viver, e infelizmente nem tudo é cor de rosa nos tempos que se aproximam.
Eu estou sem trabalho até sei lá quando, uma quantidade de empresas não vão sobreviver, vamos todos penar durante uns anos por causa disto - e logo agora que começávamos timidamente a sair dos efeitos da crise de 2008.
Até lá, cada um faz a sua parte e fica em casa o melhor que pode.
Já não falta tudo!

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Livro 10/53

Os Despojos do Dia - Livro - WOOK



Os Despojos do Dia, de Kazuo Ishiguro

Mais um da biblioteca do meu pai, e deste lembro-me de ter falado com ele (num dia qualquer em que andei lá a ver o que trazia a seguir) e sei que gostou.
Eu também gostei.
Não sendo aquele livro que se devora em um dia, que estamos naquela impaciência para termos tempo de o ler porque queremos muito continuar, é um livro que nos transmite uma grande serenidade e, usando as palavras do autor, dignidade.
Não vi o filme, mas é inevitável não ter a imagem do Anthony Hopkins como Mr. Stevens, o clássico mordomo inglês que atravessa o século XX, inicia a carreira na I Guerra e acompanha de perto os acontecimentos que vão desembocar na II Guerra e depois disso até aos anos 50, o momento presente do livro.
Há momentos muito bem descritos, apesar da simplicidade, em que quase sentimos o cheiro de Darlington Hall, desde o chão encerado, às pratas polidas, às flores no jardim, tudo tão bem definido. Tão inglês e tão japonês ao mesmo tempo, como o autor.
Fiquei com vontade de ver o filme.
Dei 4 estrelas e recomendo.

segunda-feira, 30 de março de 2020

O inédito de sábado à tarde

1917 - Cinecartaz


Para que fique registado, sob o tema "coisas que só acontecem na quarentena", esta que vos escreve fez uma coisa que não fazia seguramente há mais de 10 anos:
Sábado à tarde, eram aí umas 17h30, abanquei no sofá e vi um filme.
Inteiro.
Sozinha
(porque o pai cá de casa já o tinha visto, parece que tem uma vida paralela quando todos nos vamos deitar.)

Claramente, tenho de fazer isto mais vezes.

Livro 9/53

As Velas Ardem Até ao Fim - Sándor Márai - Compra Livros ou ebook ...



As velas ardem até ao fim, de Sándor Márai

Chamou-me a atenção a biografia do autor, e também o facto de ter muito poucas críticas no Goodreads.
É uma obra fantástica, que me cativou logo desde o primeiro momento (sendo que o comecei a ler na fila do supermercado - sinais dos tempos).
Está escrito de forma simples e bela, e conta uma história muito simples também.
Há uma casa de família, há o protagonista e o seu melhor amigo que se reencontram ao fim de 41 anos. O autor vai desfiando as diferentes histórias, desde os pais do protagonista, a ama, a sua mulher, a família do melhor amigo também. 
Tem um pormenor que eu adorei que é o facto de ter as datas todas muito bem explicadas - datas de nascimento de cada personagem, datas dos diferentes acontecimentos, conseguimos criar uma linha do tempo muito bem definida, que é coisa que eu bem aprecio.
Só não dei 5 estrelas porque no final o livro perde um pouco o ritmo, e o fim desiludiu-me assim um bocadinho de nada.
Dei 4 estrelas, que são 4,5 e recomendo muito.

sexta-feira, 27 de março de 2020

A razão do optimismo no post anterior...

Não sei se notaram um tom bastante optimista no post anterior.
Sim senhora, até parecia que eu tinha esta quarentena controlada, tudo sobre rodas, alegria no ar.
Pois... esse optimismo tinha um segredo, que agora posso partilhar.
Todos os dias desde que a quarentena começou que eu fazia uma sagrada caminhada no paredão de Cascais, ali entre as 6h45 e as 7h20 da manhã mais coisa menos coisa. Ia de carro, caminhava sozinha sem mexer em nada e regressava ainda antes da casa acordar. Uma verdadeira terapia.
Nunca disse a ninguém que o fazia, nem partilhei nas redes sociais as fotografias lindas do nascer do sol, por puro egoísmo: para não dar ideias a ninguém!
E desde ontem o inevitável aconteceu, e o paredão ficou interdito.
Lamento muito, no entanto percebo perfeitamente. Não era de todo um paredão às moscas, havia várias pessoas que faziam o mesmo, e se muitas estavam sozinhas ou em casal (deduzo eu que vivam na mesma casa), havia ainda alguns amigos que caminhavam juntos como antigamente - e isso nos dias que correm, senhores, é criminoso...

Resta-me agora obedecer às autoridades e caminhar aqui no bairro.
E já gozo.