quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Sinais dos tempos - trabalhar com máscara

 Temi o pior, já que as idas ao supermercado e pouco mais em que já tinha usado máscara se mostraram difíceis de suportar.

Tinha estado no máximo umas duas horas de seguida com máscara.  Agora foi um dia inteiro, tanto dentro como fora, com temperaturas a rondar os 30 graus e em longas caminhadas pela cidade.

Infelizmente, as máscaras descartáveis acabam por ser as mais confortáveis de usar em períodos mais longos - e dentro destas, há marcas mais confortáveis que outras, que não magoam atrás das orelhas.

O mais difícil para mim - muito mais que a temperatura e a constante transpiração na zona do bigode - foi mesmo ter de me adaptar a estar com miúdos que só me vêem metade da cara.

Então na rua, em que estou de óculos escuros, é igual a estar de costas - nem ouvem, nem vêem coisa nenhuma. Deixamos de poder falar para o grupo, tinhamos de nos aproximar qb, tirar os óculos e falar olhos nos olhos para que nos dessem atenção.

Metade da nossa expressão facial fica tapada.

Ironia, não percebem. Piadas, não percebem. Falamos a sério e eles riem, brincamos e eles levam a mal.

Houve mesmo um momento que tivemos de parar tudo, afastar a uma distância segura, tirar a máscara e explicar com calma o que estava a acontecer, pois os mal entendidos eram mais que muitos - por causa da máscara eles não estavam a perceber a entoação da nossa conversa, e o exercício não estava a resultar por causa disso.

Foi um desafio.

No último dia, para acabar em beleza, num momento de relax em que (à distância) tirei a máscara para poder inspirar, um miúdo de 6 anos virou-se para mim e disse:

"Pareces mais velha sem a máscara. Com a máscara pareces nova, depois tiras e ficas mais velha."

Haverá maior motivação para manter a máscara todo o tempo?

(vamos lá ver quanto tempo vai durar este novo hábito...)

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