segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A mãe que sou II

 (para a minha mais nova, que para os outros sigo sendo a mesma, mais coisa menos coisa)

Nunca foi ao jardim zoológico. Cinema foi uma vez.
Não tem praticamente nada dela, tudo o que usa desde sempre (roupa, cama, cómoda, pratos, talheres, babetes...) é em segunda mão. Até os sapatos, coisa que os outros quase sempre tiveram pelo menos um par novo para o dia a dia.
Não tem direito a ver nada indicado para a sua idade.
Os programas que fazemos quase nunca são adequados.
Claramente a família não gira, nada, à sua volta. Já cá estavamos antes, e ela é que se vai adaptando ao ritmo.

Mas, com ela eu grito menos.
Chateio-me muito menos.
Dou mais beijinhos e abraços.
Inspiro mais vezes bem fundo no cimo da cabeça, como que a inspirar a sua essência.
Aplico mais vezes a parentalidade positiva, não deixo que as emoções dela me atinjam a mim, e como consequência, lido melhor com as birras.
Não aplico castigos nem consequências, mesmo quando faz asneira da grossa, tipo arrancar uma mãozada do cimo do bolo numa fúria, quando lhe disse que não podia comer antes de jantar (e sim, comeu a mão cheia de bolo que arrancou).
Não me consigo chatear com ela, e acabamos sempre a rir.
Digo-lhe mais vezes que a adoro, que é tão especial, que é tão bom ser sua mãe.


2 comentários:

Cartuxa disse...

Tão bom! Mas cuidado, não vá ela vir a perceber isso, eheh!!

Cartuxa disse...

E lá teremos de levar a miúda ao zoo!! Primeiras a entrar no teleférico! Será parecida com a mana, que detestou o zoo com essa idade por causa do cheiro?!