quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

2019 Lado A em revista

Enquanto me falta a coragem para escrever outro post mais triste, aqui ficam as coisas boas de 2019, que as houve também.

A primeira coisa positiva que ressalto de 2019 foi a aplicação prática do método Konmarie cá em casa. Ao desfazer o "escritório" para quarto do mais velho, e consequente inexistência de sítio neutro e longe da vista onde deixar tralha, vimo-nos obrigados a japonesar a casa toda.
Foi uma razia, mas em boa hora a fizemos.
Saíram desta casa umas boas toneladas de tralhas, e eu nem sei bem o quê.
Mas foi um processo amadurecido, e profundamente libertador.
Ter uma casa (mais) minimalista teve um efeito transformador em muitas áreas da minha vida. Dá uma sensação de controlo e auto-controlo muito satisfatória. Tirando um ou outro pormenor, esta casa foi passada a pente fino, e só ficaram as coisas de que gostamos mesmo, mesmo.
Fiquei feliz com o meu armário com apenas 25 peças de roupa - que uso até à exaustão e depois substituo.
Fiquei feliz com o louceiro da sala com as coisas que usamos nos dias de festas, com os brinquedos escolhidos a dedo (e com os quais eles brincam muito mais), com as estantes vazias prontas a receber livros que queremos mesmo ler.
Pelo caminho arranjamos o corredor cá de casa, que era uma coisa que eu detestava. Não podemos estar rodeados que coisas feias, a nossa casa deve ser o nosso santuário onde nos sentimos mesmo bem. E que bom que é olhar em volta e gostar verdadeiramente do que vemos.
Muito fixe.

Em 2019 mantive a minha rotina de exercício, e contam-se pelos dedos (mãos e pés, vá) os dias em que me baldei à ginástica só porque sim.
Andava há anos a dizer "um dia volto a usar bikini", e em 2019 fartei-me do "um dia" e resolvi voltar a usar bikini. Foi também um aspecto que, não tendo grande importância, me deu aquele sabor de vitória. Aos 41 gostar de me ver de bikini deu-me um gozo bestial.
Ainda estou muito longe do meu ideal, mas achei que não valia a pena esperar.
O caminho continua em 2020.

Senti também esta confirmação de "alguma" serenidade aos 41, uma aceitação da minha pessoa, com as coisas boas e as coisas a melhorar. Já me libertei de uma data de coisas - jantares de colegas só porque sim, grupos de whatsapp disto e daquilo, convívios variados com pais de amigos dos filhos por obrigação. Disse que não muitas vezes, e não senti necessidade de me explicar. Sem culpa! Tenho 41, caramba.

Cá em casa o mais velho acabou o 1º ciclo e entrou para uma escola nova,de 2º e 3º ciclos, com tudo o que isso implica. Comecei muito bem em setembro, muito em cima dele que é um cabeça no ar e deixa tudo em todo o lado. Depois o meu pai adoeceu e eu deixei mesmo de ter oportunidade para andar a ver mochilas e assinar recados. Tirando uma autorização para o corta-mato que me escapou (e o filme que foi para o deixarem participar! Mas lá consegui!), o rapaz sobreviveu sem mim a andar atrás dele, e teve boas notas a tudo. Já perdeu casacos e o cartão da escola, mas recuperou tudo. Já nos esquecemos de marcar almoços e muitas vezes disse mal da minha vida por ainda não lhe ter dado um telemóvel porque para combinar algumas coisas até dava jeito. De resto, tudo OK.
A do meio não mudou de escola, mas eu também deixei de ter tempo para a associação de pais e para me envolver mais nos problemas da escola. Mas ela é uma excelente aluna e é muito feliz. É o meu braço direito cá em casa, e é quem mais me ajuda a tratar da mais nova. É uma autentica 2ª mãe, minha rica filha.
A mais nova cresceu que é uma coisa parva, diz piadas e faz associações. Deixou as fraldas no verão, num processo muito tranquilo. Entrou para a escola de forma tranquila também. Passou pelos terrible two que mal demos por eles, e agora pertinho dos 3 faz umas ameaças de birras que comparando com o que estamos habituados só nos dá vontade de rir. É aquele tipo de birra que basta distrair, basta abraçar e já passou. É aquela criança com quem todas as técnicas de parentalidade positiva funcionam à primeira, é uma maravilha (e que fácil que é ser mãe de uma criança assim).

Em 2019 passei muito, muito tempo no hospital de Cascais, mas verdade seja dita não tenho nada a apontar. Profissionalismo, excelentes instalações e principalmente muita simpatia. Passo naqueles corredores e vejo muita gente a refilar e a mandar vir (eu própria já lá deixei uma reclamação escrita em tempos) mas não tenho nada de nada a apontar este ano. Sempre que lá fui foi pelo meu pai (tirando uma consulta de rotina minha), o que por si só também é um ponto positivo.

Em 2019 resolvemos comprar uma tenda XL e passar férias a acampar, deixando assim algum orçamento para outro tipo de viagens, a acontecer em 2020.
Não foi um verão muito apetecível, esteve frio e chuva, mas por acaso tirámos férias na melhor semana do verão - a primeira de setembro - e estivemos num sítio fantástico, os 5, numa praia fabulosa, onde tomámos os melhores banhos.
Viajamos de avião os 5 (aliás éramos 11!) e correu tudo muito bem. Passámos 3 dias em Bordeaux que vão ficar para sempre na nossa memória.

Em relação ao trabalho estabilizei o que já tinha, aumentando o número de temas de visita, mas não acrescentei nenhum sítio novo. Foi um ano de pouca dedicação ao trabalho, mas onde este não faltou, por isso não me queixo. Decidi não trabalhar durante as férias dos miúdos, mas percebi que o orçamento se ressente bastante. Tenho de arranjar aqui um equilíbrio entre família e trabalho que não comprometa (tanto) a conta bancária.

Em 2019 li mais livros do que em qualquer outro ano, coisa que me deixa muito orgulhosa (já fiz um post sobre isso), fui uma vez ao teatro, uma vez ao cinema e a um concerto. Não sendo um número impressionante, é melhor do que alguns anos anteriores. A ver se em 2020 aumento estes números.

Foi um ano para lá de difícil, que acho que só daqui a muito tempo vou conseguir digerir. Aliás, percebi que o ano de 2014 ainda não foi totalmente processado, e muitos fantasmas dessa altura voltaram em grande força. Nada disto pelas razões deste post, mas pelo lado B de 2019.
Foi mesmo mesmo complicado, duro, difícil, mas também foi um ano em que vi a minha família mais unida que nunca, e percebi de facto a importância deste colo. Ficar sem mãe e sem pai é assim um salto no vazio. Sinto-me a ser lançada num trapézio, mas sei que tenho uma rede de segurança lá em baixo - é assustador ficar sem chão, mas ainda assim sei que não me deixam cair.

2020 traz muitos desafios, oh se traz.
Mas venha ele!

Bom ano a todos, queridos leitores!

1 comentário:

Cartuxa disse...

És um espetáculo, querida