sábado, 31 de julho de 2010

A infância

Hoje vieram-me as lágrimas aos olhos na conversa que tivemos à mesa com o meu sobrinho de 9 anos.
Prestes a entrar no 5º ano vai entrar numa nova escola, muito maior que a dele, e vai levar consigo dois colegas que são da sua turma desde a infantil.
Um deles é seu amigo, costumam frequentar a casa um do outro, incluindo jantares e dormidas. Quando lhe perguntámos se estava contente por ter este amigo na escola nova, ele respondeu que nem por isso.
Este amigo do meu sobrinho é considerado o terror da escola. É o miúdo insuportável, que bate em todos, que é mal educado e desobediente, que apenas respeita o meu sobrinho (porque apanhou um enxerto ainda na sala dos 4 anos que nunca esqueceu) e que ninguém tem paciência para aturar.
Em casa é o caso típico de menino que tudo tem mas a quem tudo falta. O pai só bebe coca-colas, a mãe deixa-o fazer o que quer, e a casa dele é recheada de tudo o que uma criança pode desejar: nintendos, game boxes, wii's e toda a liberdade para comer a fast food que desejar. E o miúdo ali fica a jogar consola, que o que se quer é que ele não chateie.
Perante a nossa surpresa por o meu sobrinho não querer estar na mesma turma que ele, ele explicou que muitas vezes não lhe apetece fazer programas e ir para casa dele, mas que o faz porque acha chato ele estar sempre a recusar convites. Fá-lo no fundo porque tem pena dele.
Partiu-me o coração um bocadinho.
E o outro bocadinho partiu-se ao perceber que ele não quer entrar na escola nova, com meninos novos, com tantas oportunidades e potencial, ficando atracado ao amigo terrível da escola antiga, que se calhar ao fim de dois dias vai andar à pêra com todos como sempre fez.
Fiquei à seria com as lágrimas nos olhos por ver o meu sobrinho, tão pequenino, perante um dilema destes, de ter de ser amigo porque ele não tem mais, mas a querer também fazer outros voos sem ter de ficar amarrado a uma amizade, que não é 100% recíproca.
Que sensibilidade a deste miúdo... que maturidade, e principalmente, que inteligência emocional...
Aos 9 anos não era suposto serem todos amigos e brincarem no recreio?
Não me sinto minimamente preparada para lidar com isto, bolas...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Um bom dia

Foi o de hoje.
Praia de manhã, com mais crianças que adultos, muitos caranguejos, piscina para o baby e conversa para pôr em dia.
Almoço no jardim, à sombra das árvores.
Fim de tarde com sessão fotográfica para ilustrar a tal entrevista, em óptima companhia, tão boa que eu em vez de fazer cara séria nas fotos - que retratam um assunto sério - não conseguia parar de rir. O Tê foi um modelo exemplar, entrou na personagem e posou feito profissional. O baby também esteve à altura, a fazer sorrisos e a bater palmas para a jornalista e para a sua princesa (linda de morrer!) que lhe dizia "olá" enquanto lhe roubava a chucha. Eu, pronto, conto com a ajuda do photoshop para parecer menos corada, suada e já agora se não for pedir muito, com uns kilinhos a menos (uns 10kg sff). Enfim, ser modelo não é o meu forte. Nunca tinha percebido, mas percebi hoje.
O dia, talvez um dos mais quentes do ano, terminou com uma voltinha no Chiado para comer qualquer coisa. Que noite fantástica, e que cidade fa-bu-lo-sa esta onde vivemos.
Mary likes this.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Santiago de Compostela

Foi óptimo regressar.
Completamente diferente de regressar a Amsterdam, é certo, mas ainda assim foi um regresso muito familiar.
Serviu essencialmente para rever as pessoas que viveram o Erasmus comigo. E apesar do baby a tiracolo e tudo o que isso implica (os mojitos não bebidos, a ida ao Retablo e ao concerto na Quintana que ficaram para outra vez, entre outros pormenores) ficou a sensação de que nada mudou.
Assim como quem não quer nada somos outra vez "los portugueses", a ir aos sítios de sempre, a fazer o mesmo programa que fizemos vezes sem fim durante aqueles 9 meses, que na altura pareceram muitos mais de tão intensos que foram.
Que grande sorte mesmo, ter tido esta oportunidade fantástica. São coisas que não se repetem, aquela liberdade, aquela intensidade de viver cada dia ao minuto. Pouco tempo depois do Erasmus começamos a trabalhar a sério, e já não há volta a dar.
E a cidade... a cidade tem tudo a ver connosco. Cheia de animação, de cafés giros, de sítios para ir e coisas para fazer a qualquer hora, tudo à distancia de uma caminhada.
Regressei a Santiago desde que vim embora em 2004 e agora em 2010 (em anos de Xacobeo - o próximo é só em 2021).
Quando lá fui em 2004 senti o peso do tamanho da cidade. Na altura queria era alargar horizontes, tudo me pareceu fechado e pequeno, e sem novidades.
Agora já não.
Já apreciei devidamente o tamanho da cidade, que nos permite percorre-la toda, vive-la na totalidade. E apesar de já termos saciado o bichinho de viver no estrangeiro, viemos de lá com a sensação de que podiamos perfeitamente viver ali.
Foi a única cidade que vivi até agora, que consegui ter um controlo sobre a vida cultural - em que as coisas não me passaram ao lado, em que estavamos todos a par das exposiçoes, museus, festivais, concertos, teatros, e podiamos de facto escolher onde queriamos ir. Tanto na Holanda como cá em Portugal parece que tudo nos passa ao lado, quando me apercebo das coisas já passaram ou já não há bilhetes.
Mas tudo não passa de uma ilusão, pois eu sei perfeitamente que as ruas de pedra em breve estarão vazias, e que os sons da multidão a "ir de copas" serão substituídos pelo som da chuva a cair, e que muita gente não tem emprego e tem mesmo de sair dali. Mas de qualquer modo fica a doce recordação de ter um dia vivido numa cidade quase, quase, perfeita!

Matámos o biberon da noite

E pensam voces, ah foi? Então, ele já dorme a noite toda??
E a resposta é exactamente a oposta.
O rapaz anda a dormir tão mal, mas tão mal, que não dorme 3 horas de seguida sem acordar, chorar, berrar, senta-se, tenta por-se de pé, enfim, uma animação pegada.
De repente parece que temos um recém-nascido em casa outra vez.
Menos na parte de sentar e por de pé.
E quando temos um recém-nascido ao menos não temos de trabalhar no dia seguinte.
Vem nos livros, está tudo explicadinho - o meu filho não é nenhum fenómeno - eles quando aprendem a gatinhar e a por de pé treinam para isso de dia e de noite.
Com afinco.
Para nosso desespero, mas pronto.
Este calor maravilhoso também não deve ajudar muito.
Deve ser para termos uma ideia do que é o inferno - um calor abrasador e um bebé aos berros que não deixa ninguém dormir.
Tendo em conta que dar-lhe um biberon o acalma durante uns 10 a 20 minutos e depois volta a choradeira outra vez, ou bem que lhe dávamos uns 20 biberons por noite, ou então nem vale a pena dar nenhum.
Quando a coisa acalmar vamos ver se matámos de vez o biberon nocturno - esse companheiro de há 9 meses - ou se regressa o vício...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ressaca

Ao contrário de outras ressacas vividas em Santiago (ah, que belos tempos!) desta vez a ressaca aparece mesmo sem haver uma gota de alcool envolvida.
Foi muito, muito giro, tive pena de não poder ser mais tempo, mas hoje, depois de uma viagem de 6 horas, e depois de uma noite passada a acordar nem sei quantas vezes (deixei de contar), estou aqui a pagar a factura.
E não, não devia ter sido mãe aos 20, porque aos 20 estava a fazer Erasmus e a passar noites em branco mas de copo e cigarro na mão, a percorrer as ruas de pedra antiga de bar em bar.
Ai, que nostalgia... que cidade perfeita, que ano lectivo mais marcante.
Que sorte, ter tido esta oportunidade!
E que boa ideia este regresso!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Erasmus

Este fim-de-semana vamos festejar o 10º aniversário do meu Erasmus, e vamos passar dois dias com alguns amigos que me acompanharam nesta grande aventura.
E já foi há 10 anos...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Entrevista

Hoje fui, pela 1ª vez na minha vida, entrevistada à séria por uma jornalista verdadeira para contar este filme.
A minha história vai figurar ao lado de outras de pais e mães que numa ou noutra altura da vida se sentiram perdidos entre teorias, e ficaram sem saber o que era melhor para os seus bebés.
Nunca pensei falar sobre este assunto publicamente (não é uma reportagem anónima), mas sei que há-de haver muita mãe que se calhar está ou vai passar pelo mesmo, a quem poderá ser útil.

E adorei conhecer a jornalista, cujo blog sigo há meses. Foi mesmo estranho e ao mesmo tempo familiar ver e falar com alguém que parece que já conheço, associar uma cara e uma voz a uma história de vida que vou acompanhando à distância.
E entre conversa séria e gargalhadas ficámos, entrevistadora e entrevistada, a saber um bocadinho mais uma da outra.
Foi mesmo giro.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Trabalhar em casa é...

...fazer uma pausa do trabalho e passar a ferro o lençol e fazer a cama do baby de lavado.

...acordar à hora de começar o trabalho, vestir o baby de auricular no ouvido e atender chamadas ainda de camisa de noite.

...adormecer no sofá na (meia) hora de almoço.

Obras dos vizinhos

Os do rés do chão estão a reformar o WC. Como fica de frente para a porta da rua (como o de minha casa, nada feng-shui mas pronto) deu para ver o antes e o depois quando se entra e sai do prédio.
Substituiram um WC vintage, original dos anos 70 cor de laranja e branco, por um dos anos 90, beje e azul, com rebordo dourado. Não percebo, mas pronto. Gostos.

No entanto o comentário do Te foi: para a dona da casa os anos 90 são o futuro.
A personagem (muito simpática, trabalhava na escola onde eu andei) veste-se à anos 80 desde os anos 80. Não deve ter percebido que acabaram. E se agora passa despercebida (os 80 estão na moda) durante anos pareceu saída de um filme de época. E está igual, não envelheceu nem um bocadinho.
Só que agora vai ter um WC muito à frente...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Profissionais

Eu e o Te vamo-nos cruzando de vez em quando profissionalmente (a empresa onde eu trabalho usa os serviços da empresa onde ele trabalha) - o que geralmente não é bom sinal, pois se as coisas correm bem não precisamos de ser metidos ao barulho.

Pelo sim pelo não, e como quase ninguém sabe, enviamos e-mails super profissionais.
Tratamo-nos por "voce" e tudo!

Não há cá misturas.

Gostos recentes

Tomate
Pepino
Manga
Melão
Marisco (em pratos quentes)

Tudo coisas que antes não gostava, sendo que "antes" pode ser na infancia mesmo, e que agora gosto e como com prazer.

Mais gostos

Polvo (cozido, ou arroz)
Coelho
Grelos
Azeitonas
Pudim


Esta é a categoria "não gosto, mas se não houver mais nada marcha na mesma", que é típicamente minha e que irrita bastante o Te, que gostava de me ver mais coerente com os meus gostos.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Prazer doméstico

Arrumar no congelador as caixinhas com as doses individuais de sopa do baby.

Não espero que me compreendam...

Atenção: eu não disse que tinha prazer em fazer as sopas - que sim, faço questão de ser eu a fazer apesar de poder comer da escola - mas no momento em que as tenho feitas (faço sempre dois tipos) e divididas em caixinhas... fico realizada!
Nunca pensei dizer isto, mas pronto.

E sim, se a malta cool que ainda vem a este blog deixar de vir a partir de hoje eu tenho de compreender. Ler o blog de uma mulher que tem prazer a arrumar caixas de sopa no congelador arruina a reputação de qualquer um...

domingo, 18 de julho de 2010

Gostos

Lulas e chocos
Açorda
Caril
Gomas
Arroz doce

Hoje estive a jogar um jogo com os meus sobrinhos e assim de repente foram estas as coisas que me lembro de que não gosto mesmo. Pode haver mais.

E, se eu tivesse de comer apenas um alimento até ao resto da minha vida seria...
Iogurtes.

Ficam a saber.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Bolas

Cá em casa ao fim do dia temos a nova rotina de jogar à bola no chão, antes do banho.
(sim, divertimo-nos imenso, ele adora, eu adoro ve-lo na excitação a tentar agarrar a bola sem conseguir e a ve-la rebolar no chão, e, ou muito me engano, ou é mesmo para isto que vivemos, para ter momentos assim - mas o post não é sobre isso).

No outro dia pus-me a pensar qual seria a brincadeira de antes do banho se tivessemos tido uma menina.
De certeza que não seria jogar à bola. E por coincidencia nesse mesmo dia fui dar com uma foto da sobrinha de uma amiga (da idade do nosso baby) a brincar (linda de morrer) com uma máquina da roupa cor-de-rosa (lá está, já estão a ver onde quero chegar), super feliz.

Ah e tal, mães do século XXI, e muito à frente, e a igualidade nas tarefas e tal e coiso, mas depois as máquinas da roupa são cor-de-rosa fashion, e as bolas são pretas ou azuis, e quando damos por nós, sem darmos por ela, estamos a criar gajos para ficar em frente à TV a ver a bola e miúdas para acharem piada a lavar a roupa
Ai... que isto assim não vai correr nada bem...

Claro que brincar com objectos domésticos não faz de nós escravas do lar, mas ao ve-la assim a brincar na máquina da roupa cor-de-rosa ocorreu-me que ninguém se lembraria de a oferecer a um rapaz, que se iria divertir igualmente de certeza.

Assim que em breve teremos máquinas da roupa, ferros de engomar, serviços de chá, aspiradores de brincar, e até nenucos, misturados com as bolas e os carrinhos e os legos.
Não sou mulher não sou nada, se este rapaz me cresce sem saber estrelar um ovo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Obras

Em casa dos vizinhos de baixo. O dia to-do.

Haja paciencia, e comprimidos para a dor de cabeça.
Irra!

domingo, 11 de julho de 2010

Favola

Boas notícias para os senhores da indústria dentífrica: o baby cá de casa já tem 1 dente.
Torto por sinal. Vai assim de esguelha em relação à gengiva.
Assim não começamos bem, mas pronto...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O que me dava mesmo jeito...

... era ser daquelas pessoas que não conseguem estar quietas, cheias de energia e que detestam ver a casa desarrumada. Que não conseguem alapar no sofá com a sala de pernas para o ar. Que sentem formigueiros e têm porque têm de atacar a pilha de roupa até lhe ver o fundo ao cesto. Que ficam nervosas só de pensar em ir para a cama com a cozinha por arrumar.

Não sou.

Bolas, pá!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Taça do Mundo já cá canta!

Não que me interesse por aí além, mas eu cá já ganhei o Campeonato do Mundo.
Tenho uma costela alemã.
Passo o dia a falar espanhol, e trabalho 80% do meu tempo com Espanha.
Vivi na Holanda 2 anos, e ainda hoje é de lá que vem o meu ganha-pão.

Assim, como diz o CR, é garantido!

Pergunta honesta

Quem é que tem ido ao ginásio com este calor?

Eu não.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

As férias





Quem estava grávida por esta altura há 1 ano atrás entende melhor este post

A coisa melhor é dar um mergulho no mar e depois deitar de barriga para baixo na toalha.

Estes 38 graus sem barrigão (com bebé dentro), sem collants de grávida (a tortura) e sem pés inchados, são peanuts!

Viva as ameijoas e conquilhas, as saladas e as cervejolas!

Aaaahhhhh! Haverá melhor que o Verão?

Back to life

Hoje já estamos de regresso à vida normal.
Cada um para seu lado, um em Lisboa, outro na escola e eu aqui a secar.

Ganda porcaria.