terça-feira, 26 de abril de 2022

Quase Adultos

 Trabalhar com ou sem máscaras; fazer o dinheiro esticar até ao fim do mês; educar os miúdos o melhor que sabemos; ter a roupa em dia; comida na mesa; lidar com as crises; a guerra; escolher o melhor caminho; manter o casamento vivo; lidar com a dor e a perda... (e podia continuar por aí fora até ao infinito)

Ser adulto é difícil, caramba.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Um dia feliz (dentro da pandemia)

 O dia em nos deixaram finalmente, tirar a máscara!
(com todas as excepções, bem entendido)

Fui trabalhar em pulgas, depois de festejar via whatsapp com a cunhada que é professora e estava na escola sem máscara.

Lá fui (debaixo de chuva e vento cortante, de máscara no comboio e no metro -e foi dia de greve mas adiante) e quando passo as portas do Museu tenho a maior desilusão... Lá dentro tudo de máscara, como se nada fosse...

Cruzo-me com colegas, mascaradas ambas, que me esclarecem: é preciso um OK da Administração, e sem isso nada feito...
Lá fui fazer a minha visita de máscara, muito contrariada - tanto mais que a dita era daquelas que se mete dentro da boca quando falamos, larga pelo, e aperta as orelhas. Um suplício.
Quando termino e regresso ao escritório, ouço rumores que o OK já tinha chegado via e-mail.
Já de pouco me serviu, mas foi com um enorme prazer que me passeei nas galerias, com a cara à mostra, a caminho da saída - e que sensação boa, malta!

Acho que até vou comprar um baton novo para festejar, caraças!
Que alívio!

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Sobre viver (ainda) em pandemia

 Ainda que moribunda, espero eu.
Já há dois anos que as reuniões familiares não são um dado adquirido, e todos sabemos bem o que é viver sem elas, mas caramba, que falta que fazem...
Foram só dois dias de Páscoa, mas souberam a muitos mais.

Um interregno nas máscaras e mãos desinfetadas, dois dias de abraços e beijinhos, almoços e jantares como dantes, com tudo o que temos direito.

Vivemos tempos estranhos e não podemos mesmo dar nada por garantido - só mesmo o que já passou.
E estes dois dias já ninguém nos tira.
(um ganhar fôlego para os próximos tempos, que se adivinham sem tempo para nada...)

segunda-feira, 4 de abril de 2022

A frustração

Dia de fazer contas à vida e entregar a declaração de IRS.
Dia também de comparar os rendimentos de 2021 com os anos anteriores. Com 2019 e 2018 nem vale a pena, todo um outro campeonato.

O que mais salta à vista é mesmo comparar 2020 com 2021.
Em 2020 trabalhei normalmente 3 meses. Depois disso passei meses sem trabalhar. Em Abril e Maio pagaram-me de um sítio onde colaborava (1/3 do rendimento normal). Em Junho nada. Em Julho trabalhei uma semana. Agosto e Setembro nada. Em Outubro comecei a dar AEC, e até ao fim do ano fiz nem uma mão cheia de atividades de museu (visitas online e uma ida a uma escola).

Em 2021 de Janeiro a Junho continuei na escola. Em Fevereiro comecei a dar explicações (que para cada hora de explicação eram 3 de preparação). Em Junho estive numa exposição temporária no museu e foi um ritmo alucinante, com várias visitas por dia e depois aulas e explicações ao fim do dia. Comecei também noutra exposição no palácio, e tive duas semanas de oficinas em Julho. Em Agosto tive algumas visitas em diversos sítios. Em Setembro comecei noutro museu, com horário das 10h às 18h, e continuei com visitas noutros sítios - as escolas regressaram aos museus e palácios em Outubro. Em Novembro acrescentei uma formação (que estive a preparar desde Junho), e em Dezembro tive também uma semana de oficinas de Natal. No último trimestre não tive fins de semana livres, nem feriados.
Deixei de ir buscar os meus filhos à escola, deixei de ser eu a acompanhar as atividades extra-curriculares, passei a chegar a casa depois da hora do banho, e praticamente não vi os jogos de futebol do mais velho. Fui para fora de pé, estudei que nem uma louca coisas completamente diferentes, fiz noitadas e perdi noites preocupada em estar sempre à altura dos desafios (mas lá nisso, sei que estive!).

A diferença de rendimentos entre um ano em que não fiz praticamente nada e outro em que parece que não fiz mais nada se não trabalhar, não chega aos 4 dígitos.
Não há amor ao trabalho que resista a isto, caraças.

(e o aumento de preços que se sente já em 2022?)

F*da-se para isto. Não tenho mais palavras.


Livro 10/2022


 A Gaiola de Ouro, de Shirin Ebadi

Outro da coleção do meu pai que me calhou. É incrível esta coisa de os livros virem ter connosco a determinada altura... Tantas vezes olhei para esta lombada (já o referi aqui que faço ginástica todos os dias diante da estante da sala, e estou sempre a bater os olhos nos mesmos livros!) sem nunca ter o impulso de lhe pegar, e durante estes dois anos em que o livro está cá em casa esteve ali esta preciosidade e eu a ler outras coisas às vezes sem interesse nenhum.

Um dos temas que abordo nas minhas visitas, tantas e tantas vezes, é esta relação que temos com o "outro" (o que é diferente de nós, de alguma maneira), as confusões que fazemos, os preconceitos que temos e como os podemos questionar.
A História do Médio Oriente (termo que também questionamos, Médio porquê? mas adiante) é muito confusa! E da nossa perspetiva parece que "é tudo a mesma coisa".

Este livro vem esclarecer muita coisa da História mais recente do Irão - e é uma história verídica.
A melhor amiga da autora tem três irmãos e cada um tem ideais diferentes. Através da história de cada um, daquilo em que acreditam, de quem os apoia, do seu percurso político, profissional e pessoal, vamos desenrolando a História do Irão da 2ª metade do século XX.
Aprendi muito, foi mesmo muito esclarecedor - não só para mim, que tantas vezes falo na Pérsia, mas penso que é importante para toda a gente. 
Muitas vezes focamo-nos nas diferenças, mas temos também tanto em comum: a relação com a família e com a comida principalmente. 

A autora foi Prémio Nobel da Paz em 2003.
Dei 5 estrelas e recomendo.

Livro 9/2022


 A Taberna da Índia, de Antonio Sarabia

Mais um da coleção de livros do meu pai, arrumado na prateleira da sala à espera da sua vez.
Uma história da época dos "descobrimentos" (cada vez mais esta palavra vai fazendo menos sentido, e ainda bem) de Espanha, e da escravatura.
A Índia é uma escrava nativa das Caraíbas, que é comprada por um taberneiro, e a história anda à volta dela, do seu dono, do irmão deste e seu respetivo escravo também, das "aventuras" da vida no mar, a promessa de enriquecimento fácil que não chega a acontecer, o domínio e a chacina sobre estas tribos nativas. E na História em que há domínio de um povo europeu sobre outro qualquer, já se sabe que para as mulheres a situação é sempre mais violenta.

Dei 4 estrelas e recomendo.