segunda-feira, 4 de abril de 2022

A frustração

Dia de fazer contas à vida e entregar a declaração de IRS.
Dia também de comparar os rendimentos de 2021 com os anos anteriores. Com 2019 e 2018 nem vale a pena, todo um outro campeonato.

O que mais salta à vista é mesmo comparar 2020 com 2021.
Em 2020 trabalhei normalmente 3 meses. Depois disso passei meses sem trabalhar. Em Abril e Maio pagaram-me de um sítio onde colaborava (1/3 do rendimento normal). Em Junho nada. Em Julho trabalhei uma semana. Agosto e Setembro nada. Em Outubro comecei a dar AEC, e até ao fim do ano fiz nem uma mão cheia de atividades de museu (visitas online e uma ida a uma escola).

Em 2021 de Janeiro a Junho continuei na escola. Em Fevereiro comecei a dar explicações (que para cada hora de explicação eram 3 de preparação). Em Junho estive numa exposição temporária no museu e foi um ritmo alucinante, com várias visitas por dia e depois aulas e explicações ao fim do dia. Comecei também noutra exposição no palácio, e tive duas semanas de oficinas em Julho. Em Agosto tive algumas visitas em diversos sítios. Em Setembro comecei noutro museu, com horário das 10h às 18h, e continuei com visitas noutros sítios - as escolas regressaram aos museus e palácios em Outubro. Em Novembro acrescentei uma formação (que estive a preparar desde Junho), e em Dezembro tive também uma semana de oficinas de Natal. No último trimestre não tive fins de semana livres, nem feriados.
Deixei de ir buscar os meus filhos à escola, deixei de ser eu a acompanhar as atividades extra-curriculares, passei a chegar a casa depois da hora do banho, e praticamente não vi os jogos de futebol do mais velho. Fui para fora de pé, estudei que nem uma louca coisas completamente diferentes, fiz noitadas e perdi noites preocupada em estar sempre à altura dos desafios (mas lá nisso, sei que estive!).

A diferença de rendimentos entre um ano em que não fiz praticamente nada e outro em que parece que não fiz mais nada se não trabalhar, não chega aos 4 dígitos.
Não há amor ao trabalho que resista a isto, caraças.

(e o aumento de preços que se sente já em 2022?)

F*da-se para isto. Não tenho mais palavras.


2 comentários:

Tella disse...

Porra, que injustiça!
(É a tua estreia em palavrões no blogue, certo? )

Cartuxa disse...

De facto...dá o que pensar!