segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Caminhantes da lua

Tudo começou há um mês atrás com o desafio de uma amiga que ,tal como eu, gostava de incluir uma caminhada no paredão no seu dia a dia.
Se só conseguimos ir às 6h da manhã, porque não?
E assim começamos, meio em tom de brincadeira, a sair da cama às 5h50 para ir caminhar.
Ninguém, nem mesmo nós, achou que fosse durar, mas a verdade é que dia após dia fomos conseguindo, e raramente falhamos.
Dia após dia, ou melhor dito, noite após noite, pois se nos primeiros dias ainda se via uns raios de sol a nascer no regresso a casa, na maioria dos dias fomos e voltamos com noite fechada, apenas com a lua como companheira. Íamos caminhar para o paredão sem sequer ver o mar!
Também tínhamos ideia que estaríamos sozinhas, pois quem é maluco para ir caminhar a essa hora?
Qual quê! Há todo um número de "habitués" a quem nos habituámos a cumprimentar, e a quem já notamos a falta quando não vão: a "amiga da barriga gira" (que corre de top e tem uma barriga lisa que eu invejo bravamente), o senhor da camisola amarela (que também corre e parece estar muito em forma), o casal de velhotes, duas amigas com um cão, outro corredor com dois cães, o senhor da bicicleta, e até uma mãe que às vezes leva o filho de 10 ou 11 anos!
Nós vamos com os minutos contados, e à hora certa (ali entre um poste e uma tampa de esgoto) damos a volta para trás. Caminhamos em passo acelerado, e pelo caminho vamos discutindo de tudo um pouco, desde a polémica da mudança da hora, os problemas do trabalho ou o ultimo episódio do "Visita Guiada". Às vezes o assunto é tanto que nos despedimos com uma pausa e retomamos a conversa no dia seguinte.
E sabe tão, mas tão bem...
Custa sair da cama, é escuro, está frio, vento e chuva, mas já não me vejo a começar o dia de outra maneira.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Mais uma sugestão de leitura

Jorge Amado escreve poemas em prosa, sempre com aquela doçura que lhe é tão característica.
E tem a capacidade incrível de ter escrito livros que décadas depois estão ainda super actuais.
Este é de 1936, e estar a lê-lo com tudo aquilo que se tem dito e lido sobre o Brasil por estes dias é no mínimo irónico... Passam mais de 80 anos, caramba, e tanta coisa permanece igual.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Paradoxo

De manhã antes da escola, digo aos miúdos pela enésima vez que se despachem, que estamos atrasados, que temos de sair. O mais velho olha para a minha mesa de cabeceira e lê o título do livro que ainda não comecei a ler:


A festa mais fixe

Pela primeira vez (claro) tinha marcado uma festa com antecedência.
Ia ser uma festa de futebol, com torneio por equipas, quem sabe coletes da decathlon e tudo, os amigos da escola, os do futsal, os primos, e mais quem fosse.
Com o braço partido, pois que saiu o plano furado.
Fizemos então a festa mais fixe de todos os tempos. Com os três melhores amigos e um primo fizemos uma festa-pijama.
Fomos primeiro ao cinema, depois encomendámos McDonalds cá para casa, jogaram Playstation até não poder mais e acamparam na sala.
Houve conversas de asneirada, houve puns (reais ou só a gozar, não sei), houve tentativas de fazer uma directa, houve ataques de riso (tantos!), mil histórias da escola (a maioria eu nem conhecia), e houve a ideia de estarem a viver um momento mesmo muito, muito fixe.
Não dormi nada de jeito, mas adorei vê-lo tão contente, ver a relação que eles têm, o papel que ele ocupa neste grupo, e também adorei fazermos por uma vez o papel dos pais fixolas que organizam cenas fixes!
Não se vão esquecer.

9 anos

Sou mãe de um miúdo fixe que fez 9 anos.
Um miúdo que é igual aos outros em tantas e tantas coisas, mas que é único e especial em tantas outras.

E é (ainda) tão meu!


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

O que marca o fim do verão...

... não é o fim da época balnear, mas a vindima.
A vindima é aquele ritual de passagem do verão para o Outono.
Por isso no fim de semana comprido rumámos a Moimenta para participar na festa que ainda é a vindima.
Vindimámos, apanhámos (e comemos) figos, maçãs, tomates, pimentos e amoras.
O mais velho cavou um buraco com a mão esquerda (com uma pá a sério), a do meio tentou fazer fogo com duas pedras, a mai novinha andou de mãos enfiadas na terra e dormiu a sesta debaixo da figueira.
Voltámos com o carro carregado e a barriga (e o coração) cheios.
Para o ano há mais.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Mais uma sugestão de leitura

Recomendo.
Este autor escreve mesmo bem, já não é o primeiro livro que leio e ficamos sempre agarrados até ao fim.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

E com isto... (ver post anterior)

... declaro oficialmente encerrada a época balnear.
Eu nem sou de por fim ao verão em altura nenhuma, mas pensar que iremos voltar à praia em Novembro (quando o rapaz tirar o gesso) já me parece demasiado optimista...

Foi sem dúvida um verão demasiado curto, começou já Julho ia a mais de meio, e acaba assim abruptamente no fim de Setembro (quando eu tenho a certeza que em Outubro ainda vai estar tempo de praia).
Mas a vida é assim mesmo, e diz o calendário que em Outubro já não há praia para ninguém, por isso também não é nada de extraordinário.
Agora é só informar o S.Pedro que a temperatura pode baixar (só um bocadinho).

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

O momento em que o coração de uma mãe pára

Quando vê o filho deitado no chão aos gritos de terror, com um braço virado ao contrário.
A sensação é a de que tudo pára, fica o mundo em pausa, o meu filho está a sofrer, nada mais importa.

Foi uma brincadeira de miúdos que acabou mal. Foi um salto que não correu como esperado.
Foi depois uma viagem de ambulância (uma estreia para ambos), uma noite no SO (outra estreia), duas anestesias gerais (só para ele) e um osso colocado no lugar com a ajuda de pequenos ferros.

Agora são 4 semanas a aprender a fazer tudo com a mão esquerda, e outras tantas sem poder jogar futebol nem qualquer outro desporto (isto sim, vai ser o verdadeiro desafio).

Agora é tentar esquecer o som dos seus gritos e a sua cara de pânico a ver o braço dobrado onde não devia estar.
É uma imagem que me persegue quando fecho os olhos à noite (e a ele também, que eu sei).