sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Livro 2/53

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Vai e Põe uma Sentinela, de Harper Lee
A história clássica de quando gostamos muito de um livro de um determinado autor, mas depois lemos outro e é um pouco uma desilusão...
As personagens são as mesmas do Matar uma Cotovia, mas alguns anos mais tarde. Ficamos a saber como cresceu a Scout, e o que aconteceu ao resto da família.
E há um momento de viragem na relação pai/filha, que ganha outro significado quando lido por uma filha que acabou de perder o pai (eu!).
Sendo um livro giro, bem escrito e bom de ler, não é nada do outro mundo.
Dei 4 estrelas e recomendo.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Livro 1/53 - desafio de leitura 2020

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Campo de Sangue, de Dulce Maria Cardoso


Assim começamos mais um desafio de leitura.
Resolvi elevar a fasquia deste ano para 53 livros, que dá um livro por semana. A fasquia do ano passado foi ultrapassada (duas vezes aliás, comecei nos 19 e depois alterei para 40 e ultrapassei ambas), e o objectivo deste ano foi eleva-la de modo a torna-la mesmo um desafio e manter a motivação. Um livro por semana durante todo o ano, não sendo impossível, vai ser mesmo desafiador.

Comecei o ano com chave de ouro.
Dulce Maria Cardoso foi uma descoberta positiva de 2019, e este é o seu primeiro romance.
É tudo aquilo que me atraiu nos outros livros que li dela, mas ainda em cru - e para mim, ainda melhor.
4 mulheres e 1 homem, todas elas se relacionam com ele de alguma forma. e vamos desvendando o novelo de cada personagem aos poucos. Descrições infalíveis, alguma fantasia, pelo meio até há um crime para resolver, e tudo naquela maneira de escrever que é tão dela. Não consegui parar de ler, gostei bem mais do que do Eliete.

Ofereci este livro ao meu pai nos seus anos em Agosto, porque não havia o Retorno. Ele tinha-o começado e estava na sua mesa de cabeceira desde então, e eu com umas ganas de o começar a ler, mas sempre à espera que ele o acabasse. Quando foi internado resolvi, não sem alguma cerimónia, ir lá busca-lo e começar a ler (ainda mantive o marcador dele no sítio mas depois acabei por tirar).
No meio daqueles dias na sua cabeceira, peguei nele em alguns momentos, quando estava sozinha e ele a dormir. Num dia em que o meu pai até esteve bastante confuso e delirante, apareci-lhe com o livro na mão e ele saiu-se com esta: "não gostei desse livro, interrompi!" - aproveitei para comentar que eu estava a gostar, mas que percebia que era um livro confuso, com muitas personagens e no início até temos dificuldade em perceber de quem é que a autora está a falar. Foi a nossa última conversa sobre livros - ainda bem que tivemos tantas outras (tantas mesmo!) ao longo da sua vida, e muitas delas nestes últimos anos.

Dei 5 estrelas e recomendo muito.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

5 anos ontem

E agora percebo que houve tanto deste luto que ficou por fazer.
Há 5 anos não houve tempo para sentar e chorar e deixar a dor assentar. 
Sinto que agora são dois lutos em vez de só um. 
A ver se consigo, um dia, digerir isto tudo. 

(tantas saudades, tantas!) 

Aos 41, como aos 18...

... Saio da consulta de dermatologia com um guia de tratamento para o acne.

(percebem porque é que o nome do blog continua actual?) 

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Livro 42/40 (ainda de 2019)

O Chalet Das Cotovias, de Carlos Ademar

Estava em casa do meu pai fora do sítio (alguém lhe teria pegado, talvez) e por isso chamou-me a atenção. Comecei a lê-lo num dos serões que passamos os dois, sendo que ele avisou logo que o livro não era nada de especial.
Confirmo o nada de especial, mas está bem escrito. Um policial passado em Portugal nos anos 30, com alguns pormenores históricos interessantes - a polícia política, o ambiente artístico, o papel da mulher, as grandes famílias.
Entretém. 
Dei 3 estrelas. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Sem raiz

Sem mãe e sem pai, sem casa de infância, sinto-me como se me tivessem arrancado da terra.

(ando meio perdida) 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Reading chalenge

Só para avisar que apesar de não haver posts, em 2020 já cá cantam dois livros lidos.

3 anos da melhor do mundo

Melhor filha, melhor criança, melhor ideia de sempre ter esta miúda na nossa vida.
É uma benção.
Aos 3 anos está cómica e engraçada, faz piadas, fala pelos cotovelos, conta tudo e participa em tudo, não lhe escapa nada.
Toda ela é bem resolvida, e com a cabeça toda em ordem.
Sabe per-fei-ta-mente o que tem de fazer para atingir os seus fins, seja dar beijos melosos e festinhas, seja recursar-se a comer a sopa.
É meiga que só ela, mas um meigo espontâneo que não pede nada em troca.
Adora brincar ao faz-de-conta e imita episódios do Ruca e outros que vê na tv.
Adora pintar e desenhar.
Adora brincar com os bebés, às comidinhas e com a casinha de bonecas, jogar à bola e andar de trotineta.
É uma miúda fixe, não dá trabalho nenhum.
Só chateia quando não quer comer sopa (e aí há muito pouco que consigamos fazer), e na hora de deitar (há 3 anos que é assim) porque de resto é um doce.
Que sorte que temos de a ter na nossa vida.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

2019 Lado A em revista

Enquanto me falta a coragem para escrever outro post mais triste, aqui ficam as coisas boas de 2019, que as houve também.

A primeira coisa positiva que ressalto de 2019 foi a aplicação prática do método Konmarie cá em casa. Ao desfazer o "escritório" para quarto do mais velho, e consequente inexistência de sítio neutro e longe da vista onde deixar tralha, vimo-nos obrigados a japonesar a casa toda.
Foi uma razia, mas em boa hora a fizemos.
Saíram desta casa umas boas toneladas de tralhas, e eu nem sei bem o quê.
Mas foi um processo amadurecido, e profundamente libertador.
Ter uma casa (mais) minimalista teve um efeito transformador em muitas áreas da minha vida. Dá uma sensação de controlo e auto-controlo muito satisfatória. Tirando um ou outro pormenor, esta casa foi passada a pente fino, e só ficaram as coisas de que gostamos mesmo, mesmo.
Fiquei feliz com o meu armário com apenas 25 peças de roupa - que uso até à exaustão e depois substituo.
Fiquei feliz com o louceiro da sala com as coisas que usamos nos dias de festas, com os brinquedos escolhidos a dedo (e com os quais eles brincam muito mais), com as estantes vazias prontas a receber livros que queremos mesmo ler.
Pelo caminho arranjamos o corredor cá de casa, que era uma coisa que eu detestava. Não podemos estar rodeados que coisas feias, a nossa casa deve ser o nosso santuário onde nos sentimos mesmo bem. E que bom que é olhar em volta e gostar verdadeiramente do que vemos.
Muito fixe.

Em 2019 mantive a minha rotina de exercício, e contam-se pelos dedos (mãos e pés, vá) os dias em que me baldei à ginástica só porque sim.
Andava há anos a dizer "um dia volto a usar bikini", e em 2019 fartei-me do "um dia" e resolvi voltar a usar bikini. Foi também um aspecto que, não tendo grande importância, me deu aquele sabor de vitória. Aos 41 gostar de me ver de bikini deu-me um gozo bestial.
Ainda estou muito longe do meu ideal, mas achei que não valia a pena esperar.
O caminho continua em 2020.

Senti também esta confirmação de "alguma" serenidade aos 41, uma aceitação da minha pessoa, com as coisas boas e as coisas a melhorar. Já me libertei de uma data de coisas - jantares de colegas só porque sim, grupos de whatsapp disto e daquilo, convívios variados com pais de amigos dos filhos por obrigação. Disse que não muitas vezes, e não senti necessidade de me explicar. Sem culpa! Tenho 41, caramba.

Cá em casa o mais velho acabou o 1º ciclo e entrou para uma escola nova,de 2º e 3º ciclos, com tudo o que isso implica. Comecei muito bem em setembro, muito em cima dele que é um cabeça no ar e deixa tudo em todo o lado. Depois o meu pai adoeceu e eu deixei mesmo de ter oportunidade para andar a ver mochilas e assinar recados. Tirando uma autorização para o corta-mato que me escapou (e o filme que foi para o deixarem participar! Mas lá consegui!), o rapaz sobreviveu sem mim a andar atrás dele, e teve boas notas a tudo. Já perdeu casacos e o cartão da escola, mas recuperou tudo. Já nos esquecemos de marcar almoços e muitas vezes disse mal da minha vida por ainda não lhe ter dado um telemóvel porque para combinar algumas coisas até dava jeito. De resto, tudo OK.
A do meio não mudou de escola, mas eu também deixei de ter tempo para a associação de pais e para me envolver mais nos problemas da escola. Mas ela é uma excelente aluna e é muito feliz. É o meu braço direito cá em casa, e é quem mais me ajuda a tratar da mais nova. É uma autentica 2ª mãe, minha rica filha.
A mais nova cresceu que é uma coisa parva, diz piadas e faz associações. Deixou as fraldas no verão, num processo muito tranquilo. Entrou para a escola de forma tranquila também. Passou pelos terrible two que mal demos por eles, e agora pertinho dos 3 faz umas ameaças de birras que comparando com o que estamos habituados só nos dá vontade de rir. É aquele tipo de birra que basta distrair, basta abraçar e já passou. É aquela criança com quem todas as técnicas de parentalidade positiva funcionam à primeira, é uma maravilha (e que fácil que é ser mãe de uma criança assim).

Em 2019 passei muito, muito tempo no hospital de Cascais, mas verdade seja dita não tenho nada a apontar. Profissionalismo, excelentes instalações e principalmente muita simpatia. Passo naqueles corredores e vejo muita gente a refilar e a mandar vir (eu própria já lá deixei uma reclamação escrita em tempos) mas não tenho nada de nada a apontar este ano. Sempre que lá fui foi pelo meu pai (tirando uma consulta de rotina minha), o que por si só também é um ponto positivo.

Em 2019 resolvemos comprar uma tenda XL e passar férias a acampar, deixando assim algum orçamento para outro tipo de viagens, a acontecer em 2020.
Não foi um verão muito apetecível, esteve frio e chuva, mas por acaso tirámos férias na melhor semana do verão - a primeira de setembro - e estivemos num sítio fantástico, os 5, numa praia fabulosa, onde tomámos os melhores banhos.
Viajamos de avião os 5 (aliás éramos 11!) e correu tudo muito bem. Passámos 3 dias em Bordeaux que vão ficar para sempre na nossa memória.

Em relação ao trabalho estabilizei o que já tinha, aumentando o número de temas de visita, mas não acrescentei nenhum sítio novo. Foi um ano de pouca dedicação ao trabalho, mas onde este não faltou, por isso não me queixo. Decidi não trabalhar durante as férias dos miúdos, mas percebi que o orçamento se ressente bastante. Tenho de arranjar aqui um equilíbrio entre família e trabalho que não comprometa (tanto) a conta bancária.

Em 2019 li mais livros do que em qualquer outro ano, coisa que me deixa muito orgulhosa (já fiz um post sobre isso), fui uma vez ao teatro, uma vez ao cinema e a um concerto. Não sendo um número impressionante, é melhor do que alguns anos anteriores. A ver se em 2020 aumento estes números.

Foi um ano para lá de difícil, que acho que só daqui a muito tempo vou conseguir digerir. Aliás, percebi que o ano de 2014 ainda não foi totalmente processado, e muitos fantasmas dessa altura voltaram em grande força. Nada disto pelas razões deste post, mas pelo lado B de 2019.
Foi mesmo mesmo complicado, duro, difícil, mas também foi um ano em que vi a minha família mais unida que nunca, e percebi de facto a importância deste colo. Ficar sem mãe e sem pai é assim um salto no vazio. Sinto-me a ser lançada num trapézio, mas sei que tenho uma rede de segurança lá em baixo - é assustador ficar sem chão, mas ainda assim sei que não me deixam cair.

2020 traz muitos desafios, oh se traz.
Mas venha ele!

Bom ano a todos, queridos leitores!

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Bonança

Depois das (muitas) tempestades, parece que veio a bonança.
A luta acabou, de facto. 
Mas depois da paz sabemos que vem o vazio (porque as saudades, caramba, já cá estavam). 
Em breve um post sobre o meu pai, e sobre estes últimos meses. 
Agora vou só digerir um bocadinho isto tudo. 

sábado, 4 de janeiro de 2020

A vida em suspenso

A vida pára quando se está na cabeceira de uma cama de hospital.
Até custa a acreditar que o mundo continue a girar lá fora. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

2019 lado B

Foi um ano intenso e transformador, mas vamos ser sinceros, não foi um ano bom. Foi mau mesmo.
(o post sobre as coisas boas virá depois)

Basicamente foi um ano dedicado à saúde do meu pai. Foi o ano em que mais tempo passamos no hospital, em consultas, visitas ao internamento, pensos. Se juntasse todo o tempo em que eu estive com ele no hospital acho que perfaz uma quantidade de dias, e ele veio muitas e muitas vezes sem mim. Nos primeiros meses a preocupação era uma, grave, mas que até acabou por se resolver. Dois dias depois de estar resolvido entra pelas urgências, e a partir daqui foi um precipitar de situações, operações umas atrás das outras, infecções e coisas que tais provocadas por um cancro, num quadro que só por si já era muito complicado. 
Depois das cirurgias ainda pensamos que a coisa estaria controlada mas em Outubro soubemos que não.
Foi o trimestre mais intenso da nossa vida, em que o nosso super homem e super pai foi perdendo a sua independência diante dos nossos olhos, numa espiral de degradação sem haver melhoras. Foi preciso encontrar alguém que o pudesse acompanhar 24h por dia (e a odisseia que isto foi!), e combater todos os dias o pessimismo e os pensamentos que assolam aqueles que já passaram por isto há tão pouco tempo. 
É injusto para quem sofre e é duro como tudo para quem assiste. A sensação de impotência é uma coisa lixada. 
Foi internado há mais de dez dias, já aqui passou o Natal e aqui entrou em 2020.
Escrevo este post na cabeceira da sua cama, onde dorme profundamente. Parece estar tranquilo. 
A luta está quase, quase a acabar.