terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Livro 19/2022

 

A Dama e o Unicórnio, de Tracy Chevalier
Emprestado pela irmã, depois de ter vindo assistir a uma visita minha sobre... tapeçarias.
A trama passa-se exatamente em volta de uma armação de tapeçarias do séc. XIV - sendo romanceado e havendo partes que não são nenhuma obra prima da literatura, lê-se muito bem e eu aprendi imenso, foi muito útil para perceber o processo de fabrico daquilo que era na altura, a maior das obras de arte (muito mais caro que uma pintura).
Dei 4 estrelas e recomendo.

Com o tempo...

 ... não só aprendemos a gerir a ansiedade, mas também a gerir melhor o próprio tempo.

Para memória futura: praticamente tudo comprado em aproximadamente um total de 3 horas, mais coisa menos coisa, entre dia 12 e 13. Zero stress.

Recado para a Mary de 2023 (e anos seguintes): Não vale mesmo a pena começares a pensar nisso antes do dia 10 porque pura e simplesmente, não vai acontecer.

Agora sim, pode começar o Natal!

(fui ler os meus posts dos anos passados, são todos iguais ah ah ah!)

domingo, 11 de dezembro de 2022

Haverá um ano....

 .... em que eu não sinta ansiedade nesta altura do ano.
Esse ano ainda não chegou.

A grande diferença é mesmo aprender a viver com ela - tudo o que tem de ser feito será feito, e essa certeza permite relativizar tudo o resto.
Ainda assim há aqui um nervoso miudinho que é mau, mas bom ao mesmo tempo.
Não consigo mesmo tratar de coisas de Natal antes do Natal - é coisa que não me faz sentido, e por isso irei sempre chegar a esta fase sem nada feito. Já faz parte.

É lidar.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

O que se ouve por aqui (segundo o Spotify na lista de 2022)


Chamber Of Reflection - Mac DeMarco (Extended Version)

Nunca sequer tinha ouvido falar neste tal Mac de Marco, mas a verdade é que gosto muito desta música, e apesar de não ser deste ano, está no meu top de músicas mais ouvidas de 2022.

Apreciem.

Chegados a Dezembro

E quase nem acreditamos que já cá estamos outra vez.
Ainda ontem estávamos a montar a árvore de Natal, e lá está ela de novo no canto da sala.

Um ano passou, muita coisa mudou, e este último mês tendo permitido um travão no trabalho desenfreado, foi ainda assim muito ocupado - mas com direito a dias livres, às vezes até dois dias de seguida.

Dezembro adivinha-se para lá de cheio também, com coisas a acontecer todas as semanas, e por isso estou mesmo a ver que vai passar num fósforo!

Chegou o tempo das mantas, do frio, do chá quentinho, e também do bolo rei e das azevias, e que bom que é.
Tempo de escuridão e recolhimento, de reflexão e paragem, para ganhar forças para o que aí vem.
Tempo de festa de luz, de jantares e convívios natalícios, amigos secretos e reencontros, de consumismo e compras e exageros.
Que seja um tempo de equilíbrio, que é o que mais falta nos faz.


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Com a idade...

 ... passei a gostar da chuva.
A gostar do Outono e dos dias pequeninos.

Não há sombra sem luz, nem luz sem sombra.
Não me parece que fosse mais feliz (como tantos anos achei) num país com sol o ano inteiro.

(num com chuva o ano inteiro já vivi, e essa parte também não correu bem!)

Nunca descurem

... o poder que tem um bom corte de cabelo*.

* quem diz corte diz madeixas, pintura, alisamento, unhas pintadas, barba aparada, o que quer que seja que vos faça sentir bem.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Fim-de-semana dito normal

 Com dois dias inteiros, entre a 6ª e a 2ª, como deve ser.

Houve concerto e jantar a dois, caminhada no paredão, almoços de família, jogos de futebol, compras de supermercado, jantar de amigos, e festas de anos.

Soube a mel esta normalidade.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Mais um sobre a morte

 Poucos meses depois deste post, mais uma partida de alguém novo demais.

Uma querida colega de trabalho, que partiu em menos de um fósforo, sem nos dar tempo sequer de nos apercebermos que estava doente - as pessoas são o que são, e enfrentam a vida como enfrentam a morte, e a nossa Joaninha sempre foi aquela pessoa discreta, que não levanta ondas, que detesta chamar a atenção sobre si.

Foi das colegas que mais me apoiou quando o meu pai esteve doente - mesmo sem saber o que se passava, viu um dia que eu estava em baixo e nunca mais deixou de mandar mensagens uma e outra vez, sem pressionar, mas a deixar o seu apoio.
Foi a última colega com quem estive antes da pandemia, naquela fatídica semana de Março 2020, na última vez que fui ao Palácio da Pena (penso que ela também). Foi a primeira pessoa que vi depois da pandemia, à porta do Palácio da Ajuda, com quem falei sobre esta incerteza da vida, do trabalho a recibos, da instabilidade, do importante que é fazermos tudo pela nossa felicidade  - aproveitarmos a vida, no fundo.

Espero que ela o tenha feito.
Resta-nos a nós fazer o mesmo, por ela.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Novembro a começar

 E apesar do trabalho não abrandar - tenho tanta coisa pendente que de facto não sei por onde me virar - há uma certa paz de espírito.

O ambiente em que trabalhamos é, não sei se sabem, super importante. 
Há pessoas tóxicas, chefes e colegas que nos põe os nervos em franja às vezes sem darmos por nada até estarmos sem vontadinha nenhuma de ir trabalhar - e a contrariar essa falta de vontade porque enfim, temos contas para pagar e bocas a alimentar.

Mas não é fixe. E vai-nos matando aos bocadinhos.

Sou muito grata por poder andar sempre de um lado para o outro, e por estas coisas me passarem ao lado a maioria das vezes.
Quando não acontece, é temporário - e só me faz apreciar a sorte que tenho no resto do tempo.

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Continuo a única...

 ... a gostar desta mudança da hora?

Baixa o stress

 E parece que a imunidade fica mais baixa também. 
4 dias de uma grande falta de energia, mas a falta que me estava a fazer ter esta pausa senhores...

Tínhamos planos fabulosos que saíram furados - os 125€ do Costa não chegavam para tudo.
Em vez disso ficámos por cá, demos caminhadas, vimos o mar, pusemos a casa (mais ou menos) em ordem e ainda fomos a uma exposição (que as miúdas gostaram!).
Tudo assim a meio gás, com uma grande preguiça.

A ver se aprendo a equilibrar melhor os pratos da balança, que por muito que adore o meu trabalho, há coisas que não têm preço.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Meu cansativo mês de Outubro

 Ninguém chama querido a mais mês nenhum a não ser Agosto, e não é por acaso...
31 de Outubro ainda vai longe, mas para mim Outubro acabou no domingo passado.

A exposição a que dediquei intensos dias de trabalho chegou ao fim, e com ela encerramos um capítulo pois o museu que a organizou encerrou para obras e sabemos lá quando reabre (e se estou incluída na equipa ou não quando reabrir).

Foi uma exposição penosa e emocionalmente difícil de gerir. Foi um processo longo, muitas vezes à deriva, com um trabalho próximo de uma equipa liderada por uma excelente pessoa, mas com a qual muitas vezes é muito difícil lidar...

Sinto que houve alturas - ao fim de dias e dias de trabalho seguido, com sábados e domingos ali enfiada - em que cheguei muito perto da exaustão. Tive muitos momentos em que pensei que não ia aguentar!
Mas o ser humano tem uma capacidade de resistência muito grande, e por muito cansada que estivesse não cheguei a dar o murro na mesa que bem me apetecia e a ir embora dali.
Bem, basta olhar para a conta do supermercado para nos tornarmos mais resilientes...

Agora, ainda com uma grande ressaca na cabeça, é tempo de novos desafios e de voltar a ter fins de semana (ou pelo menos uma parte deles!).

Achei sinceramente que este dia nunca ia chegar.

terça-feira, 18 de outubro de 2022

13 anos

 Desde este ponto de viragem.

13 anos a crescer e a aprender com ele.
13 anos a tentar lidar com uma situação para a qual claramente nunca nos preparámos.
13 anos a mandar o barro à parede a ver se cola, de tentativa-erro a ver o que funciona melhor.

Acho que até agora não nos saímos muito mal.

O miúdo é porreiro, não cria ondas, e é incrivelmente parecido connosco - desorganizado, caótico, sem contar nada em casa, também ele a ir mandando barro às nossas paredes e em tentativas-erro pela vida fora.

A infância já foi, venha agora a adolescência.

Depois do que passámos com ele recém-nascido, quão difícil pode ser esta fase?

Bloqueio do leitor

 Tal como há bloqueio do escritor - em que parece que congela diante da folha em branco, sem saber o que escrever - também haverá bloqueio do leitor, em que perante uma folha cheia de letras o cérebro congela e não consegue continuar.

Esta semana abandonei mais um livro - parece mesmo que a cabeça não consegue desligar, e assim fica difícil entrar numa história. 
Comecei ontem um romance histórico alinhado com o que ando a fazer no trabalho - vamos ver se assim pega...
Desconfio que infelizmente não vou atingir o número de livros a que me propus este ano.... oh well.

A importância de estar

 Este ano houve várias épocas (Julho e Setembro/Outubro pelo menos) de trabalho intenso, a todos os níveis - intenso no tempo, na dificuldade, na diversidade, na questão emotiva que também conta, enfim.

No fim de semana passado ultrapassei mais um obstáculo profissional no sábado à tarde, e para poder viver o momento e descansar depois acabei por passar o trabalho de domingo a um colega (ou seja perdendo esse dinheiro - logo, posso dizer que paguei para ter sanidade mental. Adiante).
E não fizemos nada de especial, mas apenas estivemos.
Sábado de manhã foi fazer máquinas de roupa (eu) e TPC (eles) e depois almoço (antes de ir para Lisboa). Domingo foi jogo de futebol do mais velho, caminhada no paredão com skate e bicicleta, e compras ao fim do dia - um dia normal e banal, mas caramba, a falta que me faz e a eles também, essa banalidade.

Em teoria já só falta um fim de semana intenso de trabalho (a full time nos dois dias) e depois hei-de poder voltar a escolher o trabalho dos fins de semana - ou então não, que os 10€ de gasóleo não chegaram a 3ª feira e de cada vez que vou ao supermercado quase que lá deixo um rim.

domingo, 9 de outubro de 2022

Sobre os preços

 A caminho do trabalho, de carro - porque é domingo, que só ando de carro ao fim de semana - percebo que está sem gasóleo e paro na bomba a meio do caminho para por 10€ (só uma nota, escolho as bombas que têm senhores a ajudar porque não gosto nada de abrir o depósito, mas adiante).
Não estava uma fila por aí além.
Noto que está a Sic a entrevistar pessoas e pergunto porquê - é porque amanhã a gasolina sobe 11 cêntimos.

Ainda bem que os jornalistas não vieram falar comigo porque de facto nem sei o que dizer.

Pus os 10€ e segui a minha vida.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Da precariedade

Completo hoje o meu 23º dia de trabalho sem folgas.
Não vou sempre para o mesmo sítio, e nestes dias consegui ter uma ou outra tarde livre, mas não tive um dia inteiro sem trabalhar desde que vim de férias.

Mais uma vez digo e repito, isto não é uma queixa porque eu adoro mesmo o que faço (mas não adoro tudo o que faço em todos os sítios!), e porque prefiro mil vezes estar assim do que estar sem trabalhar como estive há dois anos, mas dito isto... custa, e afeta todas as outras áreas da minha vida.

Por vezes acho que estou no limiar da loucura - passo na biblioteca na sexta a deixar os livros, e deixo na caixa de correio porque penso que é segunda feira - quem é que no seu perfeito juízo confunde a segunda com a sexta?
Muitos de nós, afinal. Quem trabalha em turismo, quem trabalha em restauração, quem tem uma empresa própria, os médicos, tudo gente que trabalha mais do que deve, sacrifica noites e fins de semana, e o que mais houver.

Na semana passada tive um dia em que achei que tinha chegado ao meu limite. Estava para lá de exausta, sem energia, a fazer tudo com esforço - achei mesmo que estava perto de ter um esgotamento.
Afinal só me tinha esquecido de tomar o café de manhã - no dia seguinte estava fina, pronta para enfrentar os próximos desafios (ufa!) - mas não deixou de ser um "abridor de olhos" para o que ando a fazer...

Pela primeira vez em muito tempo, fiquei alguns dias sem ler nenhum livro - porque como me atrasei na entrega não pude requisitar logo mais livros (e como achei que era 2ª feira, à 2ª não se requisitam livros), porque não encontrei nada de jeito nas estantes cá de casa (comecei dois e não lhes dei andamento), porque ando tão assoberbada de coisas para ler que achei melhor aproveitar todos os bocadinhos para ler aquilo que me faz falta no trabalho - foi um erro. Ler acaba por ser uma forma de pausa durante o dia, muito mais eficaz do que um scroll pelas redes sociais (que era o que eu fazia porque não me apetecia ler sobre trabalho no comboio, enfim!). 

Hoje é o meu 23º dia, e ainda faltam 5 para poder ter um dia todo de descanso (e vai mesmo ser só um). E eu adoro muito o que faço, mas não a forma como o sistema funciona de modo a que uma atividade que afinal se estende ao longo do ano (sem de facto parar em altura nenhuma da semana ou do mês) seja tida como sazonal, e por isso estamos condenados à precariedade.
Irá isto mudar algum dia?

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Livro 18/2022

 

Tu não és como as outras mães, de Angelika Schrobsdorff

Trazido da biblioteca por impulso, atraída pelo texto da contracapa.
É a biografia da mãe da autora, uma mulher judia alemã muito pouco convencional, nascida no fim do séc. XIX que vai viver em pleno a I Guerra, os loucos anos 20 e a II Guerra também.
Foi escrito com base nas memórias da escritora, mas também com entrevistas e muitas cartas.
É uma história bonita, e está escrito de uma forma muito interessante. Era de facto uma mulher diferente das outras, que viveu num tempo tão estranho...
Dei 5 estrelas e recomendo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

1º dia de aulas do ano letivo 2022/23

 Sempre um dia feliz.
A escola faz muita falta.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

15 anos

Desde este dia.

Venham mais 15!

Livro 17/2022

 

Destinos e fúrias, de Lauren Groff
Trazido da biblioteca depois de ter visto uma crítica positiva no goodreads - tenho um fraquinho por livros ou filmes em que se vê os dois lados da mesma história, de como uns e outros percecionam o mesmo acontecimento, e foi isso que me chamou a atenção.
É a história de um casal desde o casamento na juventude até ao fim da vida, e a história de cada um até chegar ao casamento. Achei algumas partes aborrecidas, e tive dificuldade em criar empatia com as personagens - se calhar se não estivesse de férias tinha desistido a meio, mas resolvi insistir e ainda bem que o fiz, porque achei a segunda metade do livro melhor que a primeira (talvez porque é a parte da mulher e tenha sido mais fácil para mim identificar-me com ela?).
No geral não adorei, mas gostei. Dei 4 estrelas (que foram 3,5).

Regresso de férias

E o coração vem a transbordar.
Duas semanas em que o stress não foi convidado - mesmo!

Uma verdadeira pausa de tudo o que nos preocupa ao longo do ano - há alguma coisa para comer? Temos dinheiro na conta? Os miúdos comeram sopa e fruta? Tomaram banho? Há roupa lavada? (sendo que a resposta a estas perguntas foi muitas vezes Não, e não houve problema nenhum!)

Passamos por Anadia, Aveiro, praia da Duna Alta e Costa Nova, cascata da Pedra da Ferida, Espinhal, e depois Odeceixe, Aljezur, Praia da Ingrina, Pedralva, Praia da Amoreira e um último mergulho em Porto Covo para despedir das férias (e do verão, que hoje já chove a potes).

Fui infinitamente feliz em cada um destes lugares - e sinto que aproveitei cada minuto.
Baterias carregadas, vamos lá atacar esta rentrée que se adivinha uma verdadeira loucura!


quinta-feira, 25 de agosto de 2022

O querido mês de Agosto

Uma semana de férias. Um funeral e uma missa de 7º dia (seguida de jantar de família, como é tradição na minha). Um jantar de anos e um batizado. Pintámos um WC, pusemos outro a funcionar (era uma espécie de depósito de tralha), organizámos a arrecadação e destralhámos a casa (quase) toda. Uma semana só os 2 (a trabalhar). Um fim de semana sozinha (a trabalhar). Uma ida ao cinema com uma sobrinha querida. Outro jantar de anos, em que fui sozinha só com a mesma sobrinha querida.
Muito trabalho e pouca praia. Folgas a dias de semana e trabalho aos sábados e domingos.

E daqui a dois dias, começam as férias!

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Livro 16/2022

 

The Storyteller, Histórias de Vida e de Música de Dave Grohl

Oferecido ao pai cá de casa no Natal, já que é fã dos Nirvana e dos Foo Fighters, acabando mais uma vez por ser eu a primeira a lê-lo.
Sou muito fã de Nirvana e gosto de Foo Fighters, mas o que queria muito era ler a versão dele da mesma história que já li este ano (a biografia de Kurt Cobain).
Este livro não é uma biografia, é um livro escrito mesmo por ele (e não por um ghost writer, como costuma acontecer) durante a pandemia (todos encontrámos novos hobbies, certo?) - e sim, percebe-se que foi ele mesmo a escrever porque está escrito de forma meio aleatória, um episódio leva a outro, cada capítulo começa com uma história mas pode acabar com outra qualquer. Pelo meio aparecem as filhas, a infância, a relação com a mãe e o pai, a passagem pelos Nirvana (foram só 3 anos, mas que anos aqueles!), a forma como se recompôs e formou a sua banda, com as suas músicas, escritas por ele (em que no início tocou todos os instrumentos), e mil e um episódios insólitos escritos com muito humor, mas muita simplicidade e humildade também.

Um dos capítulos é dedicado à morte do Kurt Cobain que aconteceu antes dos 30, e a do seu melhor amigo de infância, que aconteceu antes dos 40. Entretanto recentemente morreu também o baterista dos Foo Fighters, uma pessoa que se percebe que é muito importante na sua vida, com quem partilhou milhares de episódios relatados, e a quem se refere como "irmão de outra mãe".
Não sei bem que futuro terá a banda, e como vai ele reinventar-se mais uma vez...
Se já era fã dele, ainda mais fiquei.
Dei 4 estrelas e recomendo.

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Livro 15/2022

 

Rapariga mulher outra, de Bernardine Evaristo

Trazido da biblioteca (estava nos destaques, para variar) depois de ter visto que a Tella já o tinha lido também.
São histórias de diferentes mulheres negras no Reino Unido - diferentes gerações, diferentes proveniências, mas de alguma forma todas interligadas.
É muito giro tentar perceber quem é quem (esta é a mãe daquela, esta é a professora da outra), e muito interessante ver como em diferentes épocas o facto de ser mulher e ser negra as condiciona de certa maneira.
Umas histórias são mesmo mais interessantes que as outras, mas por vezes a autora parece querer tratar demasiados assuntos ao mesmo tempo.
Dei 4 estrelas e recomendo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Sobre a morte

 Parece que à medida que vamos crescendo (porque é disso que se trata até ao fim) vamos cada vez mais vendo pessoas da nossa idade a partir.

E na mesma semana em que partiu uma apresentadora de televisão e uma influenciadora digital, partiu também (e pelo mesmo motivo) a mulher de um primo meu.
46 anos, dois filhos muito pequeninos (1 ano acabado de fazer, e 3 anos ainda não feitos), e 7 meses de luta.

Sei que não vale a pena tentar que as coisas façam sentido, porque não fazem.
Pudéssemos ser nós a escolher e as coisas seriam tão diferentes...

Fui de férias no sábado passado, para a ilha-maravilha onde gostamos sempre de regressar, sabendo de antemão que a qualquer momento teria de voltar pois no estado avançado da doença em que se encontrava já não havia mesmo nada a fazer.
Aproveitei cada dia, cada mergulho, cada braçada, cada conquilha e caminhada, bola de berlim e copo de vinho como se fosse o último - sem saber bem se no dia seguinte teria de vir a Lisboa. 
E foram as melhores férias de sempre - talvez por isso mesmo, porque eu estava disposta a vivê-las em plenitude, no seu todo, agradecendo a oportunidade de estar viva e de ter saúde para as desfrutar.

A Sofia partiu na 4ª feira, e o funeral foi na 6ª, pelo acabámos por vir embora só 1 dia antes do previsto.
Sei que ela daria tudo para poder viver, para estar com os "seus bebés" (por quem tanto perguntava quando estava no hospital) e sinto uma verdadeira obrigação de o fazer por ela.
As minhas férias não foram as melhores de sempre por nada que estivesse exterior a mim - foram porque eu me predispus a apreciar cada momento como se fosse o último - e que bom que foi!

Esta é a única forma de honrar a vida da Sofia, e de todos os que partem cedo demais - não dar nada por garantido e tirar o maior partido de tudo o que nos rodeia, sejam umas férias maravilhosas, um calhamaço por ler, tarefas domésticas, uma ida ao mecânico ou aquele excel aborrecido que temos de verificar - o que não daria ela por ter mais um dia que fosse com toda a sua banalidade?

Estar vivo é um enorme privilégio e pura sorte!
Sejamos gratos todos os dias - é o mínimo que podemos fazer para homenagear quem partiu.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Um cliché

Ter filhos é ter o coração fora do peito, dividido no meu caso em três.
E há algo de maravilhoso em ver o nosso coração ganhar asas e voar sozinho, tão crescido.
De vez em quando o adolescente irritante que não tira a máquina da louça e bate com a porta, parece-nos um miúdo tão fixe, tão desempoeirado, a fazer coisas sozinho, a superar-se sem termos nós, pais, nada a ver com o assunto.

Sinto que estou sempre a dizer o mesmo, mas é mesmo o que sinto: vejo os bebés dos outros e acho um amor - juro que sim - mas ter filhos crescidos parece-me tão mais fixe...


Livro 14/2022

 

Cafuné, de Mário Zambujal

Herdado do meu pai e levado na mala de viagem das mini-férias em Junho - revelou-se a leitura perfeita para essa situação.
Cheio de humor, com bastantes referências históricas, leve e divertido, foi uma excelente companhia para desanuviar do livro anterior.
Dei 4 estrelas, pois apesar de não ser uma obra-prima da literatura lê-se muito bem, e entretém.
Não vivemos só da intelectualidade, certo?

terça-feira, 26 de julho de 2022

Um post em atraso

 Só mesmo porque não gosto mesmo nada de estar sem escrever por aqui (faz-me falta a escrita, ajuda a arrumar ideias e a recordar, é mesmo importante para mim) - no entanto eu pessoalmente não me lembro de uma época tão atarefada... tem sido uma verdadeira loucura, senhores...

Recordo com saudade outros verões, mais tranquilos e preguiçosos, porque este verão tem sido avassalador de trabalho - não sei bem onde vamos parar, são dias e dias de seguida sem ter folgas, mil assuntos para estudar, mais uns quantos projetos para os próximos tempos.

Pela 1ª vez desde 2014 (em que deixei o trabalho fixo) tenho já trabalho marcado até Outubro (bastante) e já tenho coisas marcadas para Novembro e Dezembro também - completamente inédito.

No caminho, fica tanto por viver e tanto por registar...
O mais velho esteve num torneio de futebol e atravessa uma crise de identidade, dentro e fora de campo.
A do meio esteve num campo de férias onde não conhecia ninguém (sendo que a maioria dos miúdos se conhecia entre si) e fez amizades em menos de nada, e provou que é uma boa miúda, amiga de todos e que não discrimina ninguém.
A mais nova esteve comigo um dia em oficinas, e eu gostei tanto de a conhecer fora do nosso contexto.

Noto claramente que andamos todos muito cansados (os adultos com quem me cruzo, os miúdos não!), e todos a queixar-se do mesmo: anda tudo sem cabeça para nada, e a fazer borradas nos respetivos trabalhos: encomendas de produtos errados, faturas com valores que não batem certo, emails enviados a pessoas que não têm nada a ver ....
Será efeito do covid? 

Não sei, mas que está tudo meio atípico...está!


segunda-feira, 4 de julho de 2022

Livro 13/2022

 

Apneia, de Tânia Ganho

Na lista de leitura desde que a Tella o leu, e depois disso várias pessoas confirmaram - foi emprestado pela minha irmã que também lhe deu uma boa nota no Goodreads.
Nunca um título de livro foi tão bem aplicado. Lê-se num fôlego só, apesar das 700 páginas, ficamos naquela ânsia de ler mais e mais e ver onde as coisas vão parar - mas não estou a falar de um mistério nem de um policial, está mesmo só muito bem escrito.
Sabia que o tema era a violência doméstica, não sabia era em que moldes. A violência tem muitas formas e nem todas deixam marcas visíveis, é o que é.
Apesar de ter dado nota máxima - porque de facto não consegui parar de ler até chegar ao fim - a verdade é que ficam algumas coisas por explicar e saber, nomeadamente a história do marido (ficamos sem saber o que o levou até ali). Por outro lado, houve uma ou outra situação em que a protagonista me irritou, em que pensei "estava-se mesmo a ver..."
Ainda assim, dei 5 estrelas.
Recomendo.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

E assim de repente

... há palavras gritadas, portas batidas, silêncios ensurdecedores, risos que se transformam em lágrimas em menos de nada.

Senhoras e senhores, tomem os seus lugares e apertem os cintos pois é esperada bastante turbulência.
A adolescência aproxima-se a passos largos. A dobrar.

(quanto tempo dura, mesmo??)

terça-feira, 14 de junho de 2022

Livro 12/2022

 

Sapiens, História Breve da Humanidade de Yuval Noah Harari

Recomendado pelo cunhado e sobrinha no Verão passado, depois por uma amiga, e quando dei por ela andava muita gente a lê-lo no comboio (ainda há sempre uma pessoa a ler em cada carruagem).
Uma História da Humanidade em pouco mais de 400 páginas, com tanto que já sabemos e não nos lembramos, outras coisas que nem fazemos ideia e nunca tínhamos pensado nisso. Com certeza nem tudo estará 100% comprovado, mas é um grande livro, que eu diria quase obrigatório com conclusões que eu tenho pena de nunca me ter lembrado antes.

Li emprestado do meu cunhado, dei 5 estrelas e recomendo.

Cheguei a meio do meu desafio de leitura, mas fico contente de não estar a contabilizar. Já li muito mais do que 12 livros este ano, acreditem, mas estes 12 foram aqueles que escolhi ler por prazer e para mim, e esses é que contam para o desafio anual.

Coisas mais estranhas

 


Ou o milagre de ter os dois mais velhos a ver a mesma série outra vez.

Regresso aos santos

Há multidão, há confusão, há cheiro a sardinha por todo o lado, há música pimba, há comida e bebida vendidas em condições de higiene duvidosas a preços proibitivos.

A-DO-RO!
(que saudades, caraças!)

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Armas e rosas

 No dia 4 foi dia de realizar o sonho da Mary de 14 anos, e ir ver o concerto dos Guns'n'Roses.

Recordo como se fosse ontem a frustração que foi não poder ir ao concerto em 1992... Foram meses a tentar convencer o meu pai (completamente irredutível, nem valia a pena tentar!), arranjei imensas estratégias, pessoas conhecidas, grupos que envolviam até um adulto minimamente conhecido mas para ele foi igual ao litro... alguma vez uma filha sua num concerto de uma banda hard rock, cheios de tatuagens e cabelo comprido? Eu na minha ingenuidade (queria tanto tanto ir!) acalentei mesmo a esperança de conseguir, e lembro-me tão bem do dia do próprio concerto, e do triste que eu estava por estar a perder uma noite memorável - e que o foi de facto, não necessariamente pelas melhores razões, mas que ficou para a História, ficou! Mais tarde voltaria a ter muita pena de não me deixarem ir aos Nirvana, mas já nem esperança tive (e talvez já tivesse um bocadinho mais noção do perigo, não sei!) - mas este concerto dos Guns ficou-me mesmo atravessado!
Foi a primeira banda a sério de que gostei, logo depois dos New Kids on the Block (claramente uma banda para crianças!), e os álbuns Use Your Ilusion marcaram profundamente a entrada a sério na adolescência.

E apesar de todas as diferenças (toooodaaaaas!) senti-me como uma adolescente e vibrei, diverti-me, cantei, saltei e dancei como se estivesse em 1992!
Dos 14 aos 44 nem tudo mudou!

quarta-feira, 1 de junho de 2022

44 em 22

 E a constatação de que passei a fazer capicuas em anos que terminam capicuas também - fiz 33 em 2011, 44 em 2022, farei 55 em 2033 e aí por diante.

A constatação surgiu ao perceber que o meu sobrinho gémeo também fez capicua este ano - fez 11 - e como tal irá acompanhar-me nesta jornada, uma vida repleta de capicuas!
Pretendo andar por cá pelo menos até aos meus 88, que serão os 55 dele - em 2066, ui que isto agora de repente parece uma coisa muito longínqua, mas acreditem que não é!

Foi um dia tranquilo, passado junto ao mar, praticamente sem chuva e só vos digo que os 44 me assentam que nem uma luva!
Venham os próximos!

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Reflexão na véspera dos 44

 Assim de repente, e com muito por fazer e muitas coisas para mudar, sinto que estou onde deveria estar, em todas as áreas da minha vida.

Se mudava alguma coisa?
Um pormenor ou outro sim, mas no geral está tudo muito bem como está.

terça-feira, 17 de maio de 2022

Notas soltas sobre os dias que correm

  •  ele há dias e semanas de muitos nervos: visitas a sítios novos, temas novos, visitas protocolares com embaixadores e pessoas importantes e coisas assim.
  • nunca sei o que vestir nessas visitas protocolares, e principalmente não sei o que calçar
  • os miúdos estão a entrar em passos largos na adolescência
  • continuo a achar que ter filhos é sempre a melhorar, não troco esta fase pela fase das fraldas e coisas que tais (e assim se vê que se calhar eles ainda não entraram mesmo na adolescência)
  • só consigo ler nos transportes - de resto não consigo mesmo pegar no livro, nem sei como lia antes da pandemia, quando ia de carro para todo o lado
  • uma pena que tenhamos de usar máscara nos transportes
  • bastaram uns dias sem elas e nem sei como fiz tantas visitas de máscara nestes últimos tempos (o horror!)
  • trabalhar muito tem consequências ao nível da organização doméstica (não sei se sabiam, ficam a saber)
  • como devem calcular, a minha casa está um bocadinho um caos... não me apetece passar as poucas folgas a organizar as roupas que não servem nem os brinquedos que se multiplicam no quarto das miúdas
  • a máquina de lavar a roupa deu o berro, de vez. Está a ameaçar há meses, menos mal que conseguimos esticar até agora
  • 5 pessoas numa casa sujam muito, é tudo muito - muita roupa, muita loiça, muita comida
  • ainda me perguntam se não quero um cão ou um gato, chiça!

segunda-feira, 16 de maio de 2022

12 dias de trabalho

 Foram um total de 12 dias sem folga, mas isso não é o mais estranho.
Nesses 12 dias houve duas estreias: uma mini-exposição (quanto mais pequena a exposição, mais tenho de saber sobre o tema) e um museu novo, com 2 pisos de coisas bastante fora da minha praia.
Pelo meio visitas VIP, substituições e alterações de última hora, a atrapalhar ainda mais e aumentar os nervos nestes dias.
Prova superada, correu tudo bem, não me espalhei ao comprido.

Mas confesso que estas palavras do novo Ministro da Cultura não me caíram bem.
Claro que a precariedade não é um mal absoluto - para quem tem um ordenado fixo ao fim do mês, claro que não é!

Sazonalidade e precariedade não são sinónimos. Há muitas formas de contornar esta questão, e há mesmo soluções na lei que o preveem, o que não há é vontade de os aplicar.
E nós precários da Cultura pactuamos com isto, é certo, pois andamos aqui a  passar recibos verdes a empresas e associações-fantasma que servem para isso mesmo: para mascarar a realidade e deixar as entidades de mãos lavadas por não terem nenhum vínculo direto com cada um de nós.

É o preço que pagamos por gostar tanto do que fazemos, mas era bom que isso fosse reconhecido e que a estabilidade de um (ou vários) contrato(s) não fosse um bicho de sete cabeças.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Sobre o trabalho

 Há uma euforia no ar, um "regresso à normalidade" que faz com que ande tudo a mil.
Isto não é uma queixa (ou será?), mas hoje é o meu 8º dia de trabalho seguido, e ainda (ou só?) faltam 5 até ter a próxima folga (de 1 dia e depois seguem uma data de dias seguidos).

E dizem-me todos os que me acompanharam no desespero de estar sem trabalho "que bom!", e pois claro que é bom, mas a que preço, senhores?
Reconhece-se agora a léguas quem é mediador artístico ou trabalha em turismo- somos os das olheiras, os copos de leite, os que ainda não puseram o pé na praia/esplanada/jardim.
É.

E às tantas fica difícil aguentar o ritmo, as solicitações (porque em casa, já se sabe, há roupas por arrumar, sopas por fazer, varicelas a decorrer) sem uma pausa para poder respirar, e sem sequer estar à vontade para barafustar porque claro, é trabalho, e se me queixei de falta dele não me posso agora queixar da abundância. 
É daquelas coisas, quem tem um ordenado fixo ao fim do mês não vai entender nunca.

Domingo quando o despertador tocou para mais um dia de trabalho (o 7º) veio-me à cabeça a conversa com uma amiga que tinha estado na praia na véspera - e naquela indolência do cérebro que ainda não acordou perguntei-me porque raio estaria ela com os filhos na praia a meio da semana...
Quem não trabalha aos fins de semana, também não vai entender nunca...

Enfim. Café terminado, post acabado, que por aqui há muito por estudar.

Fui!

terça-feira, 3 de maio de 2022

Livro 11/2022

 

Entre os assassinatos, de Aravind Adiga
Mais um herdado da biblioteca do meu pai, que ali esteve a olhar para mim todo este tempo sem ter vontade de lhe pegar - não se julga um livro pela capa, ou não deveria, e pelo título também não (achei sempre que era um policial, e não tem nada a ver).
Peguei nele porque estava exatamente ao lado do livro anterior, de que tanto gostei.
Deste também gostei.
São 14 histórias soltas, com alguns pontos em que se cruzam, passadas numa cidade fictícia na Índia no espaço de tempo de 1984 a 1991 (entre dois assassinatos, que não foram ficção).
É um retrato da Índia dos anos 80, com toda a certeza com muitos pontos em comum com os dias de hoje. A pobreza, a religião, as castas, o papel de cada um, as oportunidades de uns e de outros, a forma de pensar tão diferente da nossa.
Bem escrito e muito enriquecedor.
Dei 4 estrelas e recomendo.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Constatação

 Se algum dia me meto a voltar a estudar, vou engordar como se não houvesse amanhã.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Quase Adultos

 Trabalhar com ou sem máscaras; fazer o dinheiro esticar até ao fim do mês; educar os miúdos o melhor que sabemos; ter a roupa em dia; comida na mesa; lidar com as crises; a guerra; escolher o melhor caminho; manter o casamento vivo; lidar com a dor e a perda... (e podia continuar por aí fora até ao infinito)

Ser adulto é difícil, caramba.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Um dia feliz (dentro da pandemia)

 O dia em nos deixaram finalmente, tirar a máscara!
(com todas as excepções, bem entendido)

Fui trabalhar em pulgas, depois de festejar via whatsapp com a cunhada que é professora e estava na escola sem máscara.

Lá fui (debaixo de chuva e vento cortante, de máscara no comboio e no metro -e foi dia de greve mas adiante) e quando passo as portas do Museu tenho a maior desilusão... Lá dentro tudo de máscara, como se nada fosse...

Cruzo-me com colegas, mascaradas ambas, que me esclarecem: é preciso um OK da Administração, e sem isso nada feito...
Lá fui fazer a minha visita de máscara, muito contrariada - tanto mais que a dita era daquelas que se mete dentro da boca quando falamos, larga pelo, e aperta as orelhas. Um suplício.
Quando termino e regresso ao escritório, ouço rumores que o OK já tinha chegado via e-mail.
Já de pouco me serviu, mas foi com um enorme prazer que me passeei nas galerias, com a cara à mostra, a caminho da saída - e que sensação boa, malta!

Acho que até vou comprar um baton novo para festejar, caraças!
Que alívio!

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Sobre viver (ainda) em pandemia

 Ainda que moribunda, espero eu.
Já há dois anos que as reuniões familiares não são um dado adquirido, e todos sabemos bem o que é viver sem elas, mas caramba, que falta que fazem...
Foram só dois dias de Páscoa, mas souberam a muitos mais.

Um interregno nas máscaras e mãos desinfetadas, dois dias de abraços e beijinhos, almoços e jantares como dantes, com tudo o que temos direito.

Vivemos tempos estranhos e não podemos mesmo dar nada por garantido - só mesmo o que já passou.
E estes dois dias já ninguém nos tira.
(um ganhar fôlego para os próximos tempos, que se adivinham sem tempo para nada...)

segunda-feira, 4 de abril de 2022

A frustração

Dia de fazer contas à vida e entregar a declaração de IRS.
Dia também de comparar os rendimentos de 2021 com os anos anteriores. Com 2019 e 2018 nem vale a pena, todo um outro campeonato.

O que mais salta à vista é mesmo comparar 2020 com 2021.
Em 2020 trabalhei normalmente 3 meses. Depois disso passei meses sem trabalhar. Em Abril e Maio pagaram-me de um sítio onde colaborava (1/3 do rendimento normal). Em Junho nada. Em Julho trabalhei uma semana. Agosto e Setembro nada. Em Outubro comecei a dar AEC, e até ao fim do ano fiz nem uma mão cheia de atividades de museu (visitas online e uma ida a uma escola).

Em 2021 de Janeiro a Junho continuei na escola. Em Fevereiro comecei a dar explicações (que para cada hora de explicação eram 3 de preparação). Em Junho estive numa exposição temporária no museu e foi um ritmo alucinante, com várias visitas por dia e depois aulas e explicações ao fim do dia. Comecei também noutra exposição no palácio, e tive duas semanas de oficinas em Julho. Em Agosto tive algumas visitas em diversos sítios. Em Setembro comecei noutro museu, com horário das 10h às 18h, e continuei com visitas noutros sítios - as escolas regressaram aos museus e palácios em Outubro. Em Novembro acrescentei uma formação (que estive a preparar desde Junho), e em Dezembro tive também uma semana de oficinas de Natal. No último trimestre não tive fins de semana livres, nem feriados.
Deixei de ir buscar os meus filhos à escola, deixei de ser eu a acompanhar as atividades extra-curriculares, passei a chegar a casa depois da hora do banho, e praticamente não vi os jogos de futebol do mais velho. Fui para fora de pé, estudei que nem uma louca coisas completamente diferentes, fiz noitadas e perdi noites preocupada em estar sempre à altura dos desafios (mas lá nisso, sei que estive!).

A diferença de rendimentos entre um ano em que não fiz praticamente nada e outro em que parece que não fiz mais nada se não trabalhar, não chega aos 4 dígitos.
Não há amor ao trabalho que resista a isto, caraças.

(e o aumento de preços que se sente já em 2022?)

F*da-se para isto. Não tenho mais palavras.


Livro 10/2022


 A Gaiola de Ouro, de Shirin Ebadi

Outro da coleção do meu pai que me calhou. É incrível esta coisa de os livros virem ter connosco a determinada altura... Tantas vezes olhei para esta lombada (já o referi aqui que faço ginástica todos os dias diante da estante da sala, e estou sempre a bater os olhos nos mesmos livros!) sem nunca ter o impulso de lhe pegar, e durante estes dois anos em que o livro está cá em casa esteve ali esta preciosidade e eu a ler outras coisas às vezes sem interesse nenhum.

Um dos temas que abordo nas minhas visitas, tantas e tantas vezes, é esta relação que temos com o "outro" (o que é diferente de nós, de alguma maneira), as confusões que fazemos, os preconceitos que temos e como os podemos questionar.
A História do Médio Oriente (termo que também questionamos, Médio porquê? mas adiante) é muito confusa! E da nossa perspetiva parece que "é tudo a mesma coisa".

Este livro vem esclarecer muita coisa da História mais recente do Irão - e é uma história verídica.
A melhor amiga da autora tem três irmãos e cada um tem ideais diferentes. Através da história de cada um, daquilo em que acreditam, de quem os apoia, do seu percurso político, profissional e pessoal, vamos desenrolando a História do Irão da 2ª metade do século XX.
Aprendi muito, foi mesmo muito esclarecedor - não só para mim, que tantas vezes falo na Pérsia, mas penso que é importante para toda a gente. 
Muitas vezes focamo-nos nas diferenças, mas temos também tanto em comum: a relação com a família e com a comida principalmente. 

A autora foi Prémio Nobel da Paz em 2003.
Dei 5 estrelas e recomendo.

Livro 9/2022


 A Taberna da Índia, de Antonio Sarabia

Mais um da coleção de livros do meu pai, arrumado na prateleira da sala à espera da sua vez.
Uma história da época dos "descobrimentos" (cada vez mais esta palavra vai fazendo menos sentido, e ainda bem) de Espanha, e da escravatura.
A Índia é uma escrava nativa das Caraíbas, que é comprada por um taberneiro, e a história anda à volta dela, do seu dono, do irmão deste e seu respetivo escravo também, das "aventuras" da vida no mar, a promessa de enriquecimento fácil que não chega a acontecer, o domínio e a chacina sobre estas tribos nativas. E na História em que há domínio de um povo europeu sobre outro qualquer, já se sabe que para as mulheres a situação é sempre mais violenta.

Dei 4 estrelas e recomendo.

terça-feira, 29 de março de 2022

O mal da idade

Não vale a pena (mesmo!) tapar o sol com a peneira.
Ver mal ao perto é (mesmo!) um efeito secundário desta coisa de acumular experiência, amadurecer, também conhecido por envelhecer.

Não há volta a dar, há mesmo partes do nosso corpo que irão precisar de auxílio, e ao que parece a minha visão ao perto não irá melhorar, já só fica pior.

Não é por acaso que associamos os óculos de ver ao perto - os pequeninos para usar na ponta do nariz - aos velhotes. Conheço até vários cinquentões que usam, e acho sempre que é coisa que os envelhece brutalmente. Óculos é uma coisa, óculos na ponta do nariz que permitem ver por cima é toda uma outra coisa...

Dito isto saí da consulta com a indicação de que esses seriam mesmo os óculos que teria de usar - só mesmo para ver melhor o que tenho na mão, e conseguir ver por cima dos óculos o que se passa à volta.

Olhei para os modelos disponíveis, mas não consegui... Daqui a uns anos talvez, mas por agora trouxe uns óculos redondos, muito a contra gosto do rapaz que me atendeu!
Já me apercebi que não é o mais prático (tenho de tirar e por os óculos cada vez que levanto os olhos do livro!), mas por agora não consigo ir mais longe.
Sei que de quase adulta tenho muito pouco, mas ainda estou longe de ser quase avó!

sexta-feira, 18 de março de 2022

43 anos e 10 meses

E ou muito me engano, ou estou mesmo a precisar de usar óculos.
Fotocópias, apontamentos, catálogos de exposições, artigos na net, livros, computador, telemóvel e os meus ricos olhos, que sempre funcionaram tão bem, começam a dar sinal de profundo cansaço.

A ver se trato disto rapidamente.


(e não, não acho que usar óculos seja um "mal" da idade, primeiro porque não é um mal - acho eu, mas não sei, nunca usei! - segundo porque o meu mais velho usa óculos desde os 3 anos de idade!)

segunda-feira, 14 de março de 2022

Livro 8/2022

 O que sentem as mulheres, de Nativel Preciado

Herdado da minha mãe, para variar, oferecido pelo meu primo (afilhado dela e que já foi um leitor assíduo nos primeiros tempos do blog, entretanto foi para outras paragens digitais, que isto dos blogues já é só dos resistentes!). Calculo que tenha sido iludido pela contracapa, em que se refere um resumo sobre mulheres de sucesso, mas imagino que ele não o tenha lido pois talvez não o tivesse oferecido à minha mãe se o lesse. Não que a minha mãe não tivesse gostado, mas pelo género de livro que é e que efetivamente não teria muito a ver com ela.
Basicamente a autora é uma jornalista espanhola que ao longo de décadas foi entrevistando muitas mulheres, e faz uma espécie de resumo de algumas opiniões dessas entrevistadas - mulheres famosas em Espanha, intelectuais, atrizes, cantoras, esposas de escritores entre outras.
São no fundo reflexões de mulheres sobre o seu papel sob diferentes pontos de vista - o envelhecimento, as oportunidades de trabalho, o casamento, o sexo, a opção de ter ou não ter filhos, a carreira profissional.
É um excelente manifesto feminista, apesar de muito datado (o livro foi escrito nos anos 90). Esse facto, e também o facto de serem personalidades espanholas que eu não conheço foram os pontos negativos.
Dei 4 estrelas e recomendo.

segunda-feira, 7 de março de 2022

Sobre não saber lidar II

 Por uma questão de saúde mental, sei que não é bom estar sempre a ver as notícias - sei disso tudo, mas não consigo deixar de ver e ler (já foi assim na pandemia e assim me mantenho...).

Serve apenas para aumentar ainda mais esta sensação de impotência.

Continuo de queixo caído com o que se está a passar e o mundo a assistir...

Mais de 2 anos

 O meu pai morreu há pouco tempo - pouco mais de 2 anos.

Às vezes imagino (muitas vezes!), como seria se de repente ele regressasse à vida por um dia - o que iria achar disto tudo, de como tudo mudou em tão pouco tempo...

Acho que nem sei bem por onde poderia começar a explicar...

O mundo mudou nestes 2 anos, caramba! 

sexta-feira, 4 de março de 2022

Livro 7/ 2022

 

O Espião Português, de Nuno Nepomoceno

Herdado do meu pai. Na altura em que desfizemos as estantes de livros de casa dele, trouxe uma data deles que organizei por temas em sítios específicos. Depois disso voltámos lá a casa várias vezes e ainda havia todo um quarto cheio de montes de livros espalhados pelo chão, e nessa altura ainda trouxe outros tantos que foram depois arrumados aleatoriamente nas estantes cá de casa. Há uns quantos que estão na estante da sala, e eu quando estou a fazer ginástica muitas vezes estou a olhar para eles (pensando quando é que vou ter vontade de os ler).
Um colega de trabalho partilhou que estava a ler um livro deste autor, e não podendo ir requisitar livros à biblioteca (porque me atrasei a entregar os anteriores), foi o mote para pegar nele.
Nunca tinha ouvido falar no autor, ao que parece tem uma série de livros com o mesmo protagonista (nem sei se é o deste livro ou não).
Basicamente, é um 007 à portuguesa com todos os ingredientes - as perseguições, o suspense, as "bond girls" boas e más da fita. Previ um dos aspetos do final quando ia a menos de meio, mas ainda assim houve ali um twist de que não estava nada à espera.
Deixa muitas pontas soltas, talvez para resolver em volumes posteriores, é um cliché atrás do outro e tem até uma atitude algo machista em relação às personagens femininas e homofóbico em relação aos homossexuais, mas não é nada muito grave, eu é que ando muito atenta a estes temas. 
Dito isto, está bem escrito, prende e entretém. Daqueles que acaba um capítulo e queremos saber mais, o comboio a chegar ao destino e eu a pensar que queria ler só mais um bocadinho. É o que preciso neste momento, livros que me apeteça pegar neles mais do que uma vez por dia.
Por tudo isso, dei 3 estrelas e recomendo, e até ofereço se alguém o quiser.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Sobre não saber lidar

Com esta guerra, a primeira na idade adulta que presencio.
Tudo ganha outra dimensão. 
As famílias refugiadas no metro (o que se leva nestas ocasiões?), as casas destruídas (quem é que vai pagar?), as filas e filas a tentar sair do país (como se deixa uma vida para trás?).
O que dizer aos pré-adolescentes para lhes explicar como se chega até aqui?
Há explicação?
Em 2022 como é que se chegou até aqui mesmo?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Coisas que me ocorrem

Como terá sido ser mãe sem o desafio dos telemóveis e jogos online?

Livro 6/2022

 

Almoço de Domingo, de José Luís Peixoto
Trazido da biblioteca por impulso, por estar nos destaques e por me lembrar vagamente de ter tido boas notas no Goodreads (que confirmei depois).
Haverá muitas maneiras de escrever uma biografia de uma pessoa que se destaca, mas nenhuma igual a esta seguramente, ainda para mais estando o biografado vivo - que bom que deve ser ler assim a nossa vida escrita desta maneira.
Já li um outro livro deste autor - O Cemitério de Pianos - na altura gostei imenso, e há passagens e personagens que me acompanham desde que o li (em 2007 ou 2008, nem sei).
Desde então no entanto deixou de me apetecer este tipo de escrita, esta prosa poética, esta enchurrada de imagens, cheiros, sons e texturas em cada frase, de que ele é mestre. Acho que fez escola com outros autores portugueses, mas nenhum usa as figuras de estilo como ele, os outros acabam por não lhe chegar aos calcanhares. Por muito bonito que seja, nem sempre estamos para aí virados, e tudo o que é demais enjoa.
Aqui não chega a enjoar, está tudo na medida certa, os episódios saltitam entre as páginas desde as recordações da infância, o início dos negócios, os festejos dos seus 90 anos. Um livro bonito, uma história bonita também (ou pelo menos os episódios relatados), até o papel escolhido para as páginas é bonito (tem corpo e presença) - foi um prazer lê-lo até ao fim.
Dei 4 estrelas (porque apesar de tudo não estive sempre naquela ânsia de o ler), mas recomendo muito.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Livro 5/2022

 

O Gigante Enterrado, de Kazuo Ishiguro
Sobre aquelas idas para fora de pé, tentativas de ler alguma coisa muito fora da minha zona de conforto. Logo na contracapa deu para perceber que tinha tudo para dar errado - duendes, ogres, dragões - mas confiei no autor e foi aquele impulso de trazer uma coisa completamente diferente da biblioteca.
O tema que me chamou a atenção - e que é no fundo a parte mais interessante da história - é a memória. A forma como a falta de memória nos afeta, nos traz dissabores mas nos poupa também de outros tantos. Não ter memórias nem felizes nem infelizes é, a meu ver, viver no vazio. E sendo eu de História, para quem memória é tudo, achei curiosa esta visão de uma aldeia remota mergulhada numa névoa de amnésia.
O interesse começa e acaba aí mesmo...
Um casal de anciãos resolve abandonar a sua aldeia/comunidade para ir em busca do filho, a quem perderam o rasto. Pelo caminho encontram diversas personagens, boas e más e as duas coisas, e percebem o que realmente se passou para o filho estar desaparecido.
Muitos capítulos não acrescentam nada, muitas personagens e episódios também não. Ainda ia no início e vejo no Goodreads que a Tella lhe deu 1 estrela e desistiu sem chegar à metade- talvez isso me tenha espicaçado para conseguir ir mais longe! Passado o meio já foi um bocado teimosia e curiosidade, vá, de saber onde é que o livro ia dar, mas com alguma dose de paciência.
Dei 3 estrelas, porque apesar de tudo fui sempre continuando a ter interesse, mas não recomendo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

A espuma dos dias

 O ratinho na roda e a roda do ratinho, e cá estamos a tentar dar conta de tudo, mil pratos no ar a ver se não caem todos, porque um ou dois vão caindo, isso é garantido.

Esta pós-pandemia, ou pós confinamento geral de 2020 em que tudo parou, trouxe-me mais trabalho por muito menos dinheiro. Sinto que trabalho o dobro do tempo e recebo metade. Estamos naquela fase de tentar aceitar tudo porque há pouco, e o pouco que há não é garantido, e andamos a sacrificar os dias, a família, o tempo de descanso, por meia dúzia de trocos. Até quando?

Os isolamentos também trouxeram amargos de boca, os miúdos meio perdidos quanto às matérias, os trabalhos por entregar, o final do semestre. Entre eles próprios isolados e os professores que também vêm e vão, está o caos instalado.

Os filhos crescidos trazem desafios crescidos também, e entre dramas de como ocupar tempos livres, dramas de como limitar a exposição aos ecrãs, mais as amizades que nem sempre são as mais saudáveis e os trabalhos da escola que ficam por fazer vamos tentando amparar os golpes. Ainda assim prefiro esta fase aos biberons e fraldas - até agora tem mesmo sido sempre a melhorar.

Estou fisicamente a precisar de chuva. Este tempo seco fora da época enerva-me tanto como a chuva em pleno verão. O sol de inverno tem graça por ser raro - semanas a fio de sol em pleno inverno é contra-natura.

Ontem foi domingo e eu trabalhei todo o dia, tal como no sábado aliás. Saí às 18h e apanhei uma grande chuvada a caminho da estação. Os comboios ao domingo ao fim do dia são uma terra de ninguém, e fazem-me sempre pensar que o que me pagam não vale o sacrifício.

Pelo caminho, casos e casos de Covid nas turmas, grupos de pais no Whatsapp ao rubro, sms de códigos que não irei usar nos próximos tempos.

Que tempos estes, hã?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Livro 4/2022

 

Se isto é um homem, de Primo Levi

Daqueles clássicos que era quase uma vergonha nunca ter lido, trazido da biblioteca mais uma vez por estar nos destaques.
Nunca tinha lido nada deste autor, e também nunca tinha lido um relato do Holocausto contado na primeira pessoa. E de repente percebemos de onde vêm as ideias que vamos vendo em livros e filmes, mas da perspetiva de quem lá esteve mesmo, e sobreviveu para contar.
À parte todas as atrocidades que de uma maneira ou de outra não são novidade, impressionou-me profundamente o próprio conceito do livro - um retrato sobre a natureza humana, sobre o que faz de nós de facto humanos, o que resta de nós quando tudo o que conhecemos nos é retirado - a casa, as coisas, a família, o cabelo, a capacidade de decidir seja o que for.
Fiquei a pensar na forma como cada um reage a essa situação, e no modo como aquilo que somos em sociedade desde a pré- História se repete uma e outra vez.
Dois exemplos.
O autor descreve alguns companheiros que o marcaram de uma forma ou de outra, e há um que todos os dias fazia questão de se "lavar" (com água suja e fria, sem sabão, com o perigo de ter as suas "coisas" roubadas ou de ficar doente) por dizer que era a única réstia de humanidade que lhe sobrava - toda a vida este senhor tinha lavado o rosto todas as manhãs como forma de começar o dia, e ali fazia questão de fazer o mesmo, de não se abandonar.
Eu identifiquei-me com este senhor no sentido da tentativa de organizar o caos, de tentar que alguma coisa faça sentido. Mal comparado assim o fiz nos confinamentos, todos os dias houve uma rotina definida, houve higiene feita de manhã e à noite, houve roupa vestida e cabelos penteados mesmo que fosse para ir do quarto para a sala e vice-versa - foi a minha forma de não me deixar levar pela insanidade, e não é melhor nem pior do que todas as outras! E também ali no campo de concentração não houve certos nem errados, houve formas de lidar com a situação diferentes - umas terão contribuído para a sobrevivência, outras não.
O outro exemplo tem a ver como mesmo sem possuir nada de nada, a relação comercial entre as pessoas prevalece. Um pedaço de guita, uma colher, uma taça, botões, tudo eram verdadeiras preciosidades que valiam mais do que o ouro, e que tal como na vida, alguns estão dispostos a tudo para adquirir. A troca e a negociação são intrínsecas à nossa condição humana. O preço era atribuído em porções da ração de pão, tinha variações consoante a situação em que se encontravam - na enfermaria, por exemplo, os "preços" estavam inflacionados.
Até quando os alemães abandonam o campo e antes da chegada dos russos 10 dias depois, a forma como os que ficaram para trás se organizam para subsistir nos mostra tanto do que é a natureza humana, do que é um homem afinal.
O livro termina no dia da libertação de Auschwitz - 27 de Janeiro 1945 - e eu por total coincidência terminei-o no mesmo dia, exatamente 77 anos depois.
Dei 5 estrelas e acho que é de leitura obrigatória.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

4 down, 1 more to go

 E estamos oficialmente livres de isolamentos nos próximos tempos!
A do meio, quando já quase acreditávamos que não ia acontecer, lá recebeu positiva no teste - e o estado de exaustão e loucura é de tal ordem que ela até festejou, acreditem...
Mais uma sem sintomas, praticamente, e claro, estava já farta de estar em casa sem saber quando é teria de voltar a ficar fechada, na cabeça dela era mais fácil apanhar de uma vez e ficar livre do assunto.
E sim, está muita gente a pensar desta forma, eu compreendo, ainda para mais quando vemos pessoas como nós a passar por isto com uma perna às costas, mas não nos esqueçamos da quantidade de gente que já morreu por conta deste vírus, e da incógnita que é para todos os efeitos da infeção a longo prazo...
É tentar não pensar muito no assunto, e acreditar que "vai ficar tudo bem", como se dizia em 2020.
(e ficar atentos a sintomas de fadiga, falta de ar, apatia, febre, nas próximas semanas, que ainda podem aparecer)

7 dias para um e 7 dias para outro e hoje já estão de regresso à escola, prontos para enfrentar os desafios do 2º semestre.
Ficamos só com uma ponta solta cá em casa, que é o pai. A pessoa menos sujeita a ter contacto com o vírus (a trabalhar em casa desde 2020, sem transportes, sem escritório, sem nenhuma atividade que não seja ao ar livre), foi também aquele que conviveu com o dito dentro de casa por 4 vezes, e passou sempre entre os pingos da chuva.
Sorte? Super-imunidade? Negação? Teimosia?
Um dia alguém explicará...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

3 down, 2 more to go

 Mais um na lista de infetados cá em casa, desta vez o mais velho e mais uma vez sem sintomas.
Cá em casa, ao que parece, vamos a conta gotas, um de cada vez.
E com isto a do meio já vai na 3ª semana confinada por conta de outrem, e ao que tudo indica ainda não é desta (aguardamos o resultado do PCR).

E agora, querem que vos diga que tal as aulas online?
Eu cá já ignoro, porque sinceramente já me cansei de mandar mails e refilar.

Não faço ideia se no fim da linha (lá à frente daqui a 5 ou 6 anos) isto se vai notar, mas caramba as diferenças entre o privado - em que os miúdos estão em casa a assistir às aulas todas no horário normal, com tarefas e trabalhos e tudo e tudo - e o público (aulas online inexistentes, envio de uma só tarefa por dia ou menos, professores que nem sequer aparecem na classroom e nunca chegam a aparecer).
Depois digam que há igualdade e democratização... Não há!

Menos mal que há férias intercalares de final de semestre, e com isto só perderam 3 dias de aulas, em vez de 6.
Agora vamos ver quando é que a do meio se decide a positivar, para tirarmos os isolamentos da equação de uma vez!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

A vida pós-Covid

Já há que tempos tive esta conversa com uma amiga, até que ponto a nossa vida vai ser alterada por causa da pandemia, será que em algum momento voltaremos ao "normal"?

Há coisas em que acho que sim. Achei sinceramente que nunca mais voltaria a usar sapatos em casa, e cá estou eu de ténis calçados a escrever este post. Que se calhar não voltava a dar beijinhos a toda a gente, e muito rapidamente percebi que sim.

Dito isto o que me pergunto é se em algum momento vamos ver a pandemia passar, de vez. Quanto tempo mais temos pela frente?

Aquilo que me apercebi depois de ter estado infetada, e sem sintomas, é que de facto num instante nos esquecemos deste "novo normal" em que nos encontramos agora. Depois de duas semanas de testes intensos, ouço falar em teste covid e já quase que digo "hã?" - já saiu da minha órbita.
Sei que os meus dois filhos mais velhos ainda não tiveram, pelo que a qualquer momento o isolamento e os testes terão de regressar, mas em dois dias de vida normal (quando regressaram à escola) parece que esqueci que existe covid.
E quando saí de casa a primeira vez percebi o quanto a pandemia nos afeta, o quanto está lá na nossa cabeça mesmo que achemos que não. Sempre fui descontraída, nunca tive um medo avassalador da doença porque sempre achei que temos saúde para a combater - acho que fui, como toda a gente aliás, alternando entre mais ou menos cuidado, mas nunca senti que estivesse obcecada com isto. No entanto, vendo-me temporariamente "livre de perigo" senti um alívio que não estava à espera: mesmo sem querer esta porcaria está a afetar a nossa saúde mental.

Se assim é em mim que sou adulta e para quem estes dois anos são uma gota de água no oceano de anos que já vivi (que poético!), imaginem nas crianças para quem dois anos são 1/3 ou metade da vida, ou a vida toda (e muitos com pais muito preocupados mesmo), ou nos jovens que deveriam estar a viajar, a sair, a festejar, e têm a vida toda dificultada.

Quanto tempo mais teremos de viver com isto, e quais as consequências verdadeiras disto tudo?
Saímos todos diferentes de tudo isto, disso já não restam dúvidas...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

5 anos

Fez a nossa mais nova ontem.
Estive a ler os posts que fiz sobre ela aqui no blog e tenho a sensação que me repito, mas acreditem que ela é mesmo assim muito espetacular, um presente para todos nós.
Li que há um ano ainda usava chucha e fralda de noite, eu sinceramente não me lembrava já, mas este ano deixou de usar.
Já lhe caiu um dente, e foi uma festa - desde o dia em que começou a abanar, até ao fim com os manos a tentar arranca-lo com fio dental (e acabou por cair naturalmente à mesa com todos e claro, fizemos uma festa).
E é muito isto que ela trouxe a nós 4: motivos para festejar - o dente que abana, a ida para a escola nova, fazer um teste covid sozinha, dormir toda a noite na sua cama, tudo é celebrado por uma pequena multidão de dois adultos e dois pré-adolescentes!

Na véspera de fazer anos quando se foi deitar disse-lhe "temos tanta sorte em ter-te!" e ela respondeu "não mãe, eu é que tenho sorte!"

I rest my case. Melhor filha de sempre. 

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

16 anos!

Desde o dia em que chegámos à Holanda!
16 anos a viver juntos, a partilhar casa, declaração de IRS e contas do gás e tantas coisas mais.

16 anos desde que nos metemos no carro com muitas mais coisas do que precisávamos, e fomos oficialmente rumo ao desconhecido. Tão desconhecido que para esta mesma noite não tínhamos nada reservado (e chegamos a Roterdão eram umas 22h, um frio de rachar e a chover, e nós sem ideia onde íamos ficar, mas ainda assim não me lembro de estar minimamente stressada com isso...).

Uma semana depois e tínhamos alugado casa, estávamos inscritos nas agências de emprego e dávamos os primeiros passos nisto de viver a dois.

Se fazia tudo outra vez? Ah... podem crer que sim!

(e um agradecimento à cunhada que assinalou a data no nosso calendário evitando que acontecesse o que aconteceu nos últimos 15 anos que foi passar-nos a data ao lado!)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Liberdade

Tivemos então ordem de soltura, e a partir de amanhã podem os três regressar à escola - dois negativos e uma recuperada.

Apesar de termos todos os cenários em cima da mesa, sei que se não tivéssemos alta agora ia ser muito complicado gerir a situação...
Vamos agora ver quanto tempo dura a liberdade, pois ou eles já estiveram positivos sem darmos por nada ou se apanharem terão mesmo de voltar ao isolamento. 
Agora é aproveitar cada momento!

Que comece 2022, caraças!

domingo, 16 de janeiro de 2022

Menina crescida

 Só para informar que a nossa mais nova está crescida (por dentro e por fora):

  • já lhe caiu um dente
  • pede para fazer o teste covid sozinha, entra, senta-se na cadeira, respira fundo e espirra no fim. Nem uma hesitação, nem uma lágrima, nem uma mão dada à mãe ou ao pai, nada. Assumiu que tem de fazer e faz.
É a maior.
(e esta semana faz 5!)

Livro 3/2022

 

O Carteiro de Pablo Neruda - Ardente paciência - de Antonio Skarmeta
Herdado do meu pai, e aqui esteve 2 anos à espera de ser lido (como tantos outros, aliás).
Convém dizer que nunca vi o filme, mas claro que fiquei com vontade de ver.
Correspondeu às expectativas. Muito fácil de ler, muito simples a narrativa e a história, mas com um certo encanto - tal qual tantos outras obras de escritores sul americanos (não podia mesmo ter sido escrito noutro continente).
Dei 4 estrelas e recomendo.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

2 down, 3 more to go

 E eis se não quando, ao 7º dia de isolamento é a mais nova a testar positivo.
Mais uma voltinha, menos uma viagem, e mais 7 dias de isolamento (para eles, que eu já tive alta!).
Muita frustração e ranger de dentes, e estamos de volta ao maravilhoso mundo das aulas à distância.

Tendo em conta que somos 5 cá em casa, mantendo este ritmo de um positivo por semana é possível que estejamos de regresso ao normal lá para Fevereiro...

(suspiro...)

No entanto, pensamento positivo: tal como eu a mais nova está também assintomática, e por isso até agora tirando a chatice o Covid não nos afetou em demasia.

Para a semana logo vos conto.

Livro 2/2022*

 

Ema, de Maria Teresa Horta

Trazido da biblioteca atraída pelo nome do livro, e pela autora - aliás foi um sucesso entre as miúdas cá de casa quando cheguei a casa com um livro chamado Ema (a do meio) escrito por uma Maria Teresa (a mais nova!).
Na formação para professores falo sobre as Novas Cartas Portuguesas, e isso trouxe à memória a Maria Teresa Horta - estive a ver entrevistas dela na época, e a ler artigos sobre a importância internacional que tiveram para o feminismo, e por isso foi mesmo juntar a fome com a vontade de comer trazer este livro para casa.
Gostei muito. É, como seria de esperar, também ele um manifesto feminista, uma tentativa de dar voz às mulheres que durante séculos foram caladas. Três gerações, três Emas cuja história se entrelaça - no início temos dificuldade em perceber qual é a avó, a mãe ou a filha - e alternam, mas cujo fim de cada uma foi tantas vezes o fim de tantas e tantas mulheres vítimas de violência doméstica ao longo da História.
Dei 4 estrelas, e recomendo.

*decidi este ano não enfatizar o meu objetivo de livros - que são 24, já sabem - e ir apenas contabilizando quantos leio à medida que avanço. Assim dou ênfase ao que já li e não ao que me falta ler.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

24 livros

 É o que me proponho a ler este ano.

Iniciei estes desafios da app Goodreads em 2019, em que me propus ler 19 livros e acabei a ler 41 (um record pessoal).
No ano seguinte, cheia de motivação, elevei a fasquia para os 53 - um por semana - no belíssimo ano de 2020. Não aconteceu, li 28 (e fiquei frustrada com o resultado, claro...).
2021 baixei novamente a bitola para os 35 - atingível mas ainda assim alta. Também não aconteceu, fiquei-me pelos 23. Não fiquei frustrada e sei que consigo ler muito mais (aliás para dizer a verdade li muito mais do que isso, mas coisas que não contabilizo).

Este ano cá em casa lancei o desafio a todos os elementos que sabem ler, e assim: pai e filho mais velho ficaram de ler 12 livros (um por mês, conta clássica), e mãe e filha do meio escolheram 24 (dois por mês).
Parece-me facilmente atingível, pelo que ponderei elevar o meu número no Goodreads, mas sei que a minha vida profissional está longe de decorrer tranquilamente, pelo que dois livros por mês num ano agitado já me parece bastante bem.
Qualidade e tempo para interiorizar em detrimento da quantidade, parece-me um bom critério. Manter a diversidade de autores, também.

Quem se junta a nós neste desafio?

sábado, 8 de janeiro de 2022

Livro 1/2022

 


Mais pesado do que o céu - a biografia definitiva de Kurt Cobain, de Charles R. Cross

Arrancamos o ano com um calhamaço de 500 páginas, começado mesmo no último dia de 2021, e muito beneficiado pelo meu isolamento, que me permitiu dedicar boas horas à leitura, e melhor que isso, a ir confirmar episódios, recordar canções, verificar letras à medida que ia avançando na leitura.
Adorei.
Que viagem aos anos 90, que regresso à minha própria adolescência - recordo tão bem o que ouvi a cassete do Nevermind, e perfeitamente também o momento em que soube da sua morte (estávamos numa aula e um amigo meu ia apresentar um trabalho e começou por projetar uma homenagem ao seu ídolo que tinha morrido - eu nem queria acreditar, e nem sei dizer quantos dias depois da sua morte é que isto aconteceu, lembro-me da necessidade de ir confirmar a notícia algures - na era pré-internet e pré-MTV era tarefa bem complicada, como sabem).
O livro foi escrito em 4 anos e reúne mais de 400 entrevistas, e parece-me ser uma biografia bastante isenta e sem juízos de valor. É de facto uma viagem de amadurecimento vermos um icon da juventude dissecado desta maneira, perceber a importância que teve o divórcio dos pais, as discussões que os pais mantiveram um com o outro, o facto de ter ido viver com o pai, a relação super conflituosa com a mãe, o ambiente de profunda pobreza - económica, cultural, espiritual - em que cresceu. Adorei saber o contexto em que foram escritas as canções que marcaram a minha juventude, que quando chegaram até mim já a vida dele tinha dado uma volta tão grande (entre a escrita das canções e o lançamento do álbum a vida dele muda radicalmente) - saber de onde vem o título "Smells like teen spirit", quem era a rapariga de "About a girl", reconhecer o episódio que vai levar a "Heart shaped box" - tudo músicas que fui revisitar e que conheço de cor, algumas apesar da dificuldade em as interpretar.
Era um músico excepcional, um verdadeiro poeta, com uma voz maravilhosa, mas uma pessoa tão perturbada, tão cheia de conflitos e contradições, com tantos defeitos... a partir de certo momento já eu conseguia adivinhar como é que ele iria reagir a determinada situação. E fica o aviso: muito do que ele disse em entrevistas ao longo da vida é mentira, ou pelo menos exagero.
Um verdadeiro case-study psicológico.
E infelizmente aquilo que se dizia em 94, e agora depois de ler o livro tenho a certeza, os Nirvana estavam acabados, e a carreira de Cobain não iria durar muito mais com certeza.
Fica a sua música que marcou toda uma geração e influenciou tantas e tantas bandas. Foi um marco.
O próprio sucesso deles apanhou toda a gente de surpresa - a previsão de vendas de Nevermind rondava
os 50 000 cópias, chegou ao milhão em muito pouco tempo. E aconteceu sem manobras de marketing por trás, eles eram eles próprios sempre, e nem conseguiriam ser de outra forma. As canções de um miúdo esquisitóide de uma terrinha no meio do nada a chegarem aos tops mundiais, e a fazerem História até 30 anos depois.
Ofereci este livro ao marido cá de casa, para quem os Nirvana são "a banda".
Dou 5 estrelas e recomendo muito a quem foi fã da banda.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Pensar positivo

Disse pensar?
Queria dizer testar, que foi o que me aconteceu ontem.
10 dias depois do contacto com a pessoa infetada, menos de 24h depois de ter feito um autoteste negativo e já a achar que me tinha livrado, cá estou.
Sem sintomas e com o resto da população cá de casa negativa (claramente nestes 10 dias já tiveram e deixaram de ter, achamos nós!), o que resta é mesmo ter paciência e pensar positivo.

Li no outro dia no instagram "se não tens amigos com COVID é porque não tens amigos!" - quem é amiga, quem é?

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

2021 em revista

 Esse grande clássico ano após ano, este grande momento que reflexão que é o início de um novo ano.

2021 foi, como todos sabem, profundamente estranho, e por aqui não foi diferente.
Começou com o novo confinamento, logo após o advento das vacinas, e eu sinceramente jamais o esperei - achei mesmo que as escolas não iam voltar a fechar, e foi para mim um confinamento muito difícil de gerir por isso mesmo.
Em muita coisa foi "melhor" que o primeiro - nunca confinamos completamente, mantivemos o contacto com avós e tios e primos mais próximos - mas a mim parece que custou o dobro, talvez pela gestão de expectativas, não sei...
Esta nova chapada com a realidade, com a minha situação laboral descartável (a escola fechou e eu que estava a dar aulas fiquei outra vez sem nada), mais os miúdos em escola online outra vez... foi chato, foi deprimente e foi complicado.
A meio comecei a dar explicações online, e foi de certa forma a minha tábua de salvação. O centro de explicações tem uma filosofia muito gira, e de certa forma apostaram em mim às cegas - foi sem dúvida uma lufada de ar fresco na minha vida, apesar de toda a complicação e nervos que acarretou.
Com isto, os primeiros meses do ano levaram-me a pensar e repensar a minha vida profissional - cada vez mais longe dos museus e mais ligada à escola. Questionei se deveria dedicar-me à educação, voltar a estudar, tirar uma especialização em ensino, ir dar aulas.
Depois chegou o Dia dos Museus, e fui passar o sábado a fazer atividades com miúdos no Museu de Arqueologia. E cheguei ao fim do dia, respirei fundo, e decidi que não quero mesmo afastar-me dos museus, é onde de facto me sinto feliz.
A partir de Junho a vida profissional animou, houve exposições novas e outros desafios, e uma confirmação do que senti nesse Dia dos Museus - sacrifícios e investimento da minha parte serão nesta área, tudo o resto será para a complementar (sem fechar portas a nada, claro, que a situação de recibo verde mantém-se e não há perspetiva de se alterar...).

Fora destas questões profissionais, foi um ano em que fiz exercício a maioria dos dias, e acho que sempre com a minha "amiga" Heather Robertson - foi uma descoberta do fim de 2020, e sem dúvida vejo resultados e mantenho a motivação. Comecei ontem um novo programa de 12 semanas. Tendo tido algum cuidado com a alimentação, acabo sempre por cair nos mesmos erros, e vou alternando entre fases mais regradas e outras de festas (seja de anos, de Páscoa, férias, Natal) e por isso apesar de me ter sentido muito bem durante o verão (operação bikini 2021 em pleno!), sinto que tenho de me esforçar mais para dar um passo além na boa forma. Não saio da cepa torta.

Foi um ano em que senti claramente que a minha situação financeira se ressentiu da pandemia, e decidimos cortar em algumas coisas (restaurantes, por exemplo) para poder aproveitar outras (viagem a Roma).

A viagem a Roma foi o ponto alto. Foi o aceitar que de facto não dá para viajar todos, mas podemos ir só nós, que só nos faz bem. Aproveitámos ao máximo, apesar de não ter preparado a viagem (tive stresses de trabalho até à véspera!), sinto que foi um bálsamo para nós e uma óptima maneira de começar um novo ano letivo.

Os miúdos cá de casa cresceram bastante, como seria de esperar. Houve mudanças de escola (2), de atividades (algumas), de rotinas, de dinâmicas entre eles também. Parece que vamos alternando entre momentos 24h juntos (como agora!) e outros em que mal nos vemos.

Foi um ano em que mais uma vez perdemos um bocado a noção do tempo, porque os marcadores habituais perderam-se. Lembro-me de algumas situações e não consigo identificar quando aconteceram exactamente. Ter sido um verão sem grande sol e calor também não ajudou.

Em 2021 li 23 livros, fui ao cinema 1 vez (filme infantil), ao teatro 1 vez. Não fui a nenhum concerto nem bailado. Vi 2 séries de 6 episódios (Queen's Gambit e La Casa de Papel - uma em Janeiro e uma em Dezembro) e não me lembro se vi algum filme mais do que os dois que referi aqui no blog - ambos em Janeiro (Variações e Pieces of a Woman). Vi notícias quase todos os dias, e li o jornal no telemóvel também quase diariamente (os títulos, vá). 

Para 2022 não há expectativas nem grandes resoluções.
Há uma lista de coisas que gostava de fazer, mas se não for agora, olhem... fica para o ano!

Feliz ano novo, caros leitores!!!