terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Livro 24/2023

 

Tudo é rio, de Carla Madeira
Daqueles best-sellers que de repente anda toda a gente a ler à nossa volta, fui ler influenciada por duas opiniões muito positivas (e assim se gera a expectativa).
Não podia estar mais bem escrito. Mesmo. As palavras parecem mel, de tão bem que fluem algumas vezes. Outras vezes são tão duras de magoam verdadeiramente.
A história é, em certos pontos, muito realista, pois de facto as coisas acontecem e a vida continua - a vida, como o rio, não pára de correr.
No entanto, há acontecimentos que não me parecem bem explicados, e a história vai por caminhos com os quais discordo profundamente. O final foi uma desilusão (com tanto de realista e de ilusionista que teve).
Acho até que com tanta violência contra as mulheres nos dias que correm, é quase perigoso um livro destes ser um sucesso tão grande.
Dei 4 estrelas porque a escrita é mesmo top, depois emendei para 3, mas recomendo.

E com isto, caros leitores, consegui chegar ao fim do meu desafio de leitura do Goodreads com 24 livros lidos.
Não acontecia desde 2019 (que foi o meu ano record de leitura), e deixou-me muito contente e orgulhosa - apesar de os números não serem os melhores, é tudo uma questão de satisfação em cumprir um objetivo!
Em breve faço o meu balanço literário do ano.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Livro 23/2023

 

Persépolis, de Marjane Satrapi
Comprado na feira do livro, pois sendo banda desenhada não se lê bem no Kobo (e já tinha saudades de um livro em papel, confesso) - porque não leio mais banda desenhada? Não sei, mas gosto tanto...
Livro maravilhoso e obrigatório, quando 30 anos depois do fim da história ainda temos mulheres assassinadas por não usarem o véu como deve ser no Irão.
Dei 5 estrelas e recomendo muito.

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Ter 14 anos

É um desafio.

É uma descoberta de quem somos, afinal tão diferentes do que pensávamos ser.
É uma chatice.
É hilariante.
É aprisionante.
É libertador.

Dos meus 14 recordo a paixão pelas bandas do momento, as discussões com os pais, a sensação de sufoco constante e de incompreensão, a montanha russa de emoções.

Tenho um filho com 14 feitos há pouco mais de 1 mês, e nesse mês já houve um pouco de tudo - sem gravidade, é certo - faltas de TPC, negativas em testes, e-mails sobre comportamento (vários!) dentro e fora das aulas, portas batidas, gritos.

Eu sei que ele nunca teve 14 anos, mas eu também nunca tive um filho de 14!
(e sim, já conversámos sobre isso!)

Vou tentando ter o frigorífico cheio, a roupa lavada, e a paciência em dia, para ver se sobrevivemos incólumes.
Aguardemos.


sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Livros 17 a 22/2023

 

Guia para uma barriga feliz, de Wendy Green

Não diz nenhuma novidade, mas foi bom ler coisas para relembrar (se bem que agora já não me lembro de nada!). Dei 4 estrelas e li-o em papel, vindo da biblioteca, em Setembro.



A Outra Metade, de Britt Bennet
Gostei. Duas gémeas negras, que se separam a dada altura da vida.
Dei 4 estrelas e terminei-o dia 2 de Outubro.

Afirma Pereira, de Antonio Tabuchi
Completamente influenciada pela Tella, e confirmo a opinião - é maravilhoso.
Dei 4 estrelas, e acabei-o dia 8 de Outubro.


A História de Roma, de Joana Bertholo
A ideia é boa e está bem escrito, mas as expectativas eram altas e ficou muito aquém. Irritou-me ser demasiado "autobiográfico" pois não sendo, percebe-se que a autora passou por aquelas cidades e andou naqueles circuitos e fiquei com a ideia de que não sabe escrever de forma mais criativa.
Fiquei sem perceber o "hipe".
Dei 4 estrelas mas hesitei dar 3, e acabei dia 18 outubro.

Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior
Passei por momentos e por outros livros, abandonei este e depois retomei - parece que o enjoo do livro anterior - em que parece que a autora não sabe escrever sobre nada que não seja a sua realidade, se sentia aqui também. Cada um a falar só da sua realidade, que aborrecido.
Insisti à falta de melhor, e ainda bem porque entrei na história e gostei bastante.
Tem 3 narradores e talvez a primeira seja a menos interessante.
Dei 4 estrelas e acabei de lê-lo dia 1 de novembro.





Segundas noções da nova rotina

  •  não tinha noção do espaço mental que me ocupava o não saber quanto vou receber, o ter cada dia como um potencial dia de trabalho
  • sabe-me bem pensar "É sexta-feira!" - isto só quem não tem horários laborais entende.
  • não trabalhar, nem poder sequer trabalhar, ao sábado e domingo é um luxo ! (sendo que já trabalhei 2 tardes de sábado e amanhã irei o dia todo)
  • ainda sobre o trabalho de fim de semana: normalmente não custa nada! Fico zero cansada no final, nada a ver com fazer visitas
  • já não é estranho ir todos os dias para o mesmo sítio
  • no entanto ainda não me habituei a deixar coisas nas gavetas da secretária. Hoje deixei lá um pacote de amêndoas e uma echarpe para por nos ombros porque fico com frio parada
  • passam dias e dias sem eu por os pés nas galerias do museu - coisa a alterar definitivamente
  • diversificar os locais e companhias de almoço também é essencial 
  • esta experiência já me está a fazer refletir no que quero fazer com a minha vida a partir de Setembro. A ver vamos.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Tenho a vida organizada

 Só me falta organizar-me para vir aqui ao blog.

Aguardai, que estará para breve.

domingo, 15 de outubro de 2023

Primeiras considerações sobre a nova rotina

  •  não deixa de ser estranho ir todos os dias para o mesmo sítio
  • partilho a sala com colegas nascidas nos anos 90, mas que ao contrário de mim têm um contrato de trabalho permanente - e isto é algo que tenho de aprender a digerir
  • já tenho saudades de fazer visitas
  • em duas semanas tive direito a dois fins de semana e um feriado - não sei quando é que isso aconteceu pela última vez, mas estou capaz de me habituar!

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

First world problems

 A mais nova cresceu e os calções que usou no verão deixaram de servir.
Com este tempo de 30 graus vem o dilema: o que é que a miúda vai vestir nestes dias?
Vale a pena ir comprar calções maiores?
Ou mais vale passar já para as calças?


quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Cenas fixes

 É ver a filha do meio a aplicar as técnicas de parentalidade positiva com a irmã e até comigo mesma.

Arranque 2023/24

 Com uma semana mais tranquila em termos de trabalho, que permite acompanhar os miúdos, comprar material e por as coisas mais ou menos em dia.

É a calma antes da tempestade, pois outubro vem, ao que parece, com um novo desafio profissional que me vai ocupar a tempo inteiro, 2ª a 6ª das 9h às 17h (e sempre no mesmo sítio!) - e o que irei eu fazer perguntam vocês - pois ainda não sei muito bem em que consiste a tarefa, mas tenciono aprender à medida que avanço.
Até lá há uma sensação de regresso com calma, que não aconteceu nos últimos anos, e só me apetece desfrutar.

Hoje foi dia de despedidas num museu que me acolheu em 2021, que apesar de muitos defeitos tinha uma enorme qualidade que era uma equipa de mediação 5 estrelas.

Os mais velhos andam a curtir o 3º ciclo, ele a ir de bicicleta para a escola e e ela a poder sair e estar com amigos depois das aulas.
A mais nova entusiasmada no 1º ano.

Vamos lá ver que tal nos adaptamos todos à mudança, mais uma vez.

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Livro 17/2023

 

Terra, de Eloy Moreno

Fiquei curiosa porque este livro teve classificações díspares de pessoas próximas no Goodreads, e mesmo as críticas em geral eram muito pouco unânimes.
No entanto percebi que era daqueles que não se consegue largar, que é coisa que aprecio, e resolvi que seria um bom companheiro de férias.
O livro prende, são quase como se fossem duas histórias que nos são relatadas em simultâneo, uma capítulo uma e o seguinte a outra, e só quase no fim percebemos a ligação entre elas (que sabemos que existe desde o início). 
A história é muito original, e até está bem construída e o livro tem bastante ritmo.
O que lhe falta? É mesmo estar bem escrito.
O autor, lamentavelmente, não sabe escrever, ou não escreve bem, pronto.
Linguagem básica, muito básica (ahahah esta é para quem leu o livro), repetições, zero figuras de estilo, zero vocabulário, com parágrafos inteiros que parecem escritos por um adolescente.
É pena, porque tinha ingredientes para ser muito melhor.
Dei 3 estrelas, mas recomendo.

terça-feira, 12 de setembro de 2023

Livro 16/2023

Pequenos fogos em todo o lado, de Celeste Ng

Na minha lista de livros para ler há pelo menos 3 anos, quando li outro da mesma autora, de que tinha gostado.
Deste também gostei.
Não é uma obra prima da literatura, porque nem tudo o que lemos precisa de o ser, mas foi um livro que fez uma óptima companhia durante as férias, deixando-me sempre com vontade de lhe pegar.
Bem escrito, personagens interessantes, e uma coisa que também dei destaque no outro livro dela, que é vermos a perspetiva dos diferentes membros da família.
Dei 5 estrelas, porque me deixou sempre com vontade de ler mais e mais, e recomendo.

Livro 15/2023

 



Kim Jiyoung born1982, de Cho Nam-joo
Recomendado pela irmã, e lido em inglês por não ter arranjado tradução em português de Portugal.
Apesar de pequeno, é um livro grande em temas e conteúdos importantes.
A história de uma mulher nascida na Coreia em 1982, com tudo o que isso implica para o papel que desempenha na família (desde a infância), na adolescência e durante os tempos de faculdade, e depois na idade adulta, a vida profissional e familiar, e a maternidade.
Em muito o que se passa e passava na Coreia é, por um lado, uma realidade distante - a forma como as meninas são tratadas em relação aos rapazes, as injustiças com base na diferença de género que fazem com que os irmãos rapazes tenham sempre prioridade na família, por exemplo - mas por outro, há tanto com o qual ainda hoje e tão longe da Coreia nos continuamos a deparar: as fardas de meninas do colégio que são de saia e não permitem a mesma liberdade de movimentos, as decisões com a qual nos deparamos sobre a vida profissional depois de sermos mães (se ficamos a trabalhar somos más mães, se desistimos de trabalhar somos más profissionais), e um tema que ainda hoje é tabu e que nos acompanha desde sempre, imagino eu, que é a depressão pós parto.
Um livro tão simples mas com tanto conteúdo.
Dei 4 estrelas - e não 5 porque não é daqueles que não conseguia largar - mas recomendo muito.


domingo, 10 de setembro de 2023

Livro 14/2023

 

Três Mulheres no Beiral, de Susana Piedade

Escolhido depois de ler a opinião da Tella e fui com alta expectativa, pois não conhecia a autora.
Está muito bem escrito, nisso a Tella tem razão, mas caramba que não se aguenta tanta tristeza - é de facto demais a quantidade de mortos na família, alguns deles completamente desnecessários na minha opinião.
Resultado: tive de me obrigar a ler, mas muitas vezes sem ter vontade de ir ter com estas personagens.
Os livros têm o seu tempo para vir ter connosco, e este tempo de verão e férias e tudo, não combinou com esta história.
Mas é um bom livro, atenção.
Dei 3 estrelas, mas recomendo.

Ressaca pós férias

 Que com o tempo outonal que se faz sentir aqui na zona, ainda fica pior.

Como em equipa que ganha não se mexe, repetimos os 15 dias de férias do costume (desde a pandemia), e que bons que foram (tão bons).

Foi um ano desafiante e esgotante, com muito pouco descanso - muito pouco mesmo - por isso as férias foram uma espécie de bálsamo.
Tentei absorver todos os momentos, as idas à praia, as caminhadas na areia, jantares e pequenos almoços em família, conversas sem fim pela noite dentro, ouvir o silêncio ou olhar as paisagens.
Sinto que estive este ano em piloto automático total, em modo sobrevivência, mas ao que parece o próximo ano letivo traz novidades profissionais, e com elas algum alívio na carga horária do fim de semana. A ver se consigo repetir todos estes momentos aos bocadinhos ao longo do ano, que muita falta fazem.

E esta semana recomeça a rotina, recomeçam as aulas, e nós cá estamos a arregaçar as mangas!
Bom ano letivo a todos!


quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Livro 13/2023

 

O Pintor debaixo do lava-loiças, de Afonso Cruz

Segundo livro lido deste autor, depois do Jesus Cristo Bebia Cerveja que li em 2019 de que gostei muito pouco (apesar de ter achado a ideia da história muito original).
Na altura fiz este post, e a Tella sugeriu este como sendo algo do outro mundo.
A ideia ficou, e foi agora a altura de lhe dar uma oportunidade.
Não me arrependi.
É um livro muito engraçado, com metáforas lindíssimas, e personagens fantásticas.
Dei 4 estrelas e recomendo.

A magia de ter um blog é que li o meu próprio comentário e fui ver o livro que eu mesma referi e de que nem me lembrava da existência - Para onde vão os guarda-chuvas.
Daqui a uns tempos volto a este autor.

Livro 12/2023

 

Mãe, doce mar - de João Pinto Coelho

É talvez o meu autor português preferido da atualidade, e talvez o mais subestimado - são raras as pessoas que já ouviram falar dele ou que o leram.
Adorei o Perguntem a Sarah Gross e o Loucos da Rua Mazur, e de forma diferente adorei este também.
A história de um rapaz que passa os primeiros 12 anos da vida num orfanato, ou em diferentes famílias adotivas, e do seu encontro com a mãe e com a verdadeira história da sua família.
Não sabia, li depois, que o livro tem 70% de auto-biografia e mais curiosa fiquei.
Como sempre, muito bem escrito e com um final que surpreende.
Foi uma boa companhia nas férias.
Dei 4 estrelas e recomendo.

sábado, 19 de agosto de 2023

Livro 11/2023

 

Uma Educação, de Tara Westover
A história verídica da autora, ou pelo menos a versão de que ela se lembra, ou das pessoas que contribuíram para que contasse esta história.
Uma família com pais extremistas religiosos vive no interior dos EUA, sem recorrer ao serviço de saúde, sem escola, sem sequer registar os miúdos.
Muito interessante sob várias perspetivas: a importância da escola e da educação, o perigo do fanatismo, o papel das mulheres, a importância dos irmãos, e a questão da memória e de como esta nos pode atraiçoar por vezes.
Gostei muito, mas há por vezes uma violência que o torna difícil de ler. Às vezes não me apetecia estar com as personagens.
Dei 4 estrelas e recomendo.

Amanhã é domingo outra vez

 E a semana que passou foi passada na ilha-maravilha, aquele sítio que nos faz feliz e onde regressamos sempre.

Mais uma vez, não nos desiludiu.
Mergulhos imbatíveis, água quente e transparente, conquilhas, caminhadas na areia, churrascos, peixe fresco, e a família junta, que é tão importante.
(passou a voar, mas foi tão bom!)

Segue-se uma semana a meio gás, e depois estamos de férias novamente.
E de domingo em domingo vai passando o verão.

Boas férias a todos!

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Outro domingo e outra semana

 E o mês de Agosto começou e o trabalho não abrandou (só abrandou foi mesmo a minha capacidade de lidar com ele devido ao calor).

Conhecem alguém que em Agosto tenha trabalhado 8 dias sem folgas?
Agora sim.
Conhecem alguém que tenha trabalhado no fim de semana das JMJ com 45 graus e a família e amigos reunidos na praia?
Agora sim.

Conhecem alguém que tenha tomado decisões de mudança na sua vida profissional derivados ao que aconteceu anteriormente?
Agora também sim.

Há limites para tudo, e eu alcancei o meu.
Aquele regresso a casa de comboio no último dia das JMJ sem ar condicionado foi mesmo a gota de água caramba.
Em breve haverá novidades profissionais deste lado, dê por onde der.

Até lá, boas férias!

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Livro 10/2023

 

Luanda Lisboa Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida

Primeiro desta autora, que já estava na lista há bastante tempo.
A história de uma família em Luanda, e da vinda do pai e filho para Lisboa, à procura de cuidados de saúde, onde acabam a trabalhar nas obras.
Uma história que foi a história de tantas e tantas pessoas, com as quais nos cruzámos nas ruas de Lisboa - esquecidos, abandonados, quase invisíveis.
Gostei muito, está mesmo muito bem escrito, mas houve momentos em que não me apeteceu estar com as personagens.
Dei 4 estrelas, que são 3,5, mas recomendo.

domingo, 30 de julho de 2023

E ainda outro domingo

 E assim acabou uma quinzena de trabalho intenso (mas gratificante), cansativo (mas divertido), daqueles em que ficamos com um grupo de miúdos o dia todo.

Segue-se mais uma semana de trabalho intenso, com oficinas novas num museu onde nunca as fiz, e uma visita a duas exposições novas também, a começar na 2ª e a acabar Domingo* (sim, mais 7 dias de seguida)

Quem por aí é que está a abraçar novos projetos na primeira semana de Agosto? Alguém mais a trabalhar que nem loucos em Lisboa em semana de Jornadas Mundiais da Juventude (sem ter nada a ver com elas)?

Até eu, que controlo a minha agenda, estou parva com isto.

Depois disso, haverá um abrandamento do ritmo, ou assim o espero.


Nota escrita a 1/08/2023

*disse Domingo mas é 2ª feira.... são 8 dias de seguida, e não 7. Começar Agosto como se fosse Novembro, hã!
Ai vida


segunda-feira, 24 de julho de 2023

Outro domingo

 Mais uma semana passou, e tive direito ao primeiro fim de semana do mês, com direito ao regresso dos adolescentes cá de casa que andavam nas suas vidas (ficámos com uma filha única e adotamos uma sobrinha).
Houve praia, almoço a 5 na hamburgueria do bairro, festa de anos em casa de amigos queridos (com uma filha que fez 16 e cujo nascimento este blog acompanhou com certeza).
No domingo, o primeiro dia de praia completo - de manhã com os primos, à tarde com os amigos de sempre.

Serve este post para recordar, para memória futura, que é isto mesmo que se leva desta vida.

domingo, 16 de julho de 2023

Domingo

 Ao fim de mais uma empreitada de 15 dias a trabalhar de seguida (e no verão, que custa ainda mais!) eis que ao aproveitar o Domingo encontro no paredão uma prima querida, que vive em Lyon, a estudar teatro.

Contou que acabou o curso e que vai ficar em Lyon (onde paga por uma casa no centro da cidade o mesmo que eu pagava pela minha em 2004!), e confessou que não sabe muito bem o que vai fazer à vida.

Tenho mais 20 anos do que ela, e eu mesma não sei muito bem o que fazer à vida, tantas vezes.
Gosto tanto do que faço, mas estes dias de trabalho em loop não me fazem bem, e fico a pensar que também eu precisava de dar uma volta à minha vida.
O que levar e o que manter? Ficar ou sair?

Os anos passam e as dúvidas mantêm-se.
Quem pensa que aos 45 tem a vida orientada, desengane-se!

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Livro 9/2023

 

Um Cão no Meio do Caminho, de Isabela Figueiredo

A partir de agora, até aviso em contrário, os livros que estou a ler são em formato digital (no Kobo) - uma maravilha dos tempos modernos, só vos digo, estou completamente rendida! Mesmo não sendo o suporte perfeito, mesmo sem cheiro e peso de livro, um bom livro é um bom livro e o importante é ler.
Primeiro livro que leio desta autora, que desde há um tempo anda aí na berra, mas de que sinceramente  nunca tinha ouvido falar.
Um livro muito bonito, com dois narradores, duas histórias paralelas que se passam em tempos diferentes. Duas pessoas sós, daquelas que todos já vimos, que vivem na nossa rua, no nosso bairro e nunca chegamos a conhecer. Pelo meio há o amor (e a repugnância) por cães.
Confesso que estive sempre à espera de uma reviravolta - nomeadamente algo dramático a acontecer aos cães (porque um deles tinha vivido muitos anos antes por isso teria de ter morrido de alguma forma, de qualquer modo). Mas a história desenrola-se de modo suave (por isso, quem gosta de cães ou animais pode ler sem medo).

Dei 4 estrelas e recomendo.

sábado, 8 de julho de 2023

Livro 8/2023

 

Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichi
Já nem vos sei dizer há quanto tempo queria ler este livro, daqueles inexistentes na biblioteca e sem ninguém para emprestar.
É o 5º livro que li da autora - mas só 3 eram romances - dos quais adorei o Meio Sol Amarelo - gostei mesmo imenso, por todas as razões e mais algumas. A Cor do Hibisco já não adorei tanto.
Gostei muito mais deste do que do A Cor do Hibisco - gosto mesmo muito da forma dela escrever, com saltos temporais que neste caso vão alternando com posts de um blog! Sim, a protagonista tem um blog de sucesso! (o que permite logo datar o livro!).
Ela aborda temas super importantes, ligados ao passado, ao colonialismo, ao feminismo, aos africanos no Ocidente em comparação com os afro-descendentes. Arranja diferentes maneiras, muito inteligentes, de ir salpicando a trama principal com estes temas, quer seja uma ida ao cabeleireiro, ou ao restaurante, ou a compra de uma revista de moda. É também muito crítica a alguns aspetos do seu país natal, que é a Nigéria.
No entanto, tal como no A Cor do Hibisco, tive dificuldade em me identificar com algumas atitudes da protagonista, ela própria um pouco contraditória (e isso até se compreende porquê), mas acho que há ali páginas que não acrescentam nada, e outras coisas que ficam um pouco por explicar. De certa forma parece que por vezes os tais temas importantes se sobrepuseram à história principal, cujo desfecho acaba um pouco atrapalhadamente e apressadamente - o livro tem 500 páginas, não havia necessidade. Há ali atitudes que eu não compreendo, e não consegui alcançar.
Mas dei 5 estrelas na mesma, que são 4,5, porque acho mesmo um livro importante de ler, e que apetece sempre ler mais e mais.

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Nova onda

 Conheço muitos sintomas de envelhecimento (ou crescimento), mas ficar com o cabelo (ainda mais) encaracolado não conhecia.

A verdade é que o meu cabelo foi mudando ao longo do tempo.
Nasci com caracóis apertados, que se mantiveram até aos 4 anos.
Dos 4 até à adolescência tive cabelo liso - com direito a corte de franja à Beatriz Costa e tudo.
Da adolescência até agora, ou seja durante mais de 30 anos, tive o cabelo ondulado. Começou timidamente pelos 14 ou 15 e assim se manteve, numas fases mais e noutras menos, consoante o corte, e consoante o grau de humidade - mas sempre ondulado, sempre rebelde, sempre a fazer o que lhe apetece.

Pois que desde há um ano mais coisa menos coisa ele deu de apertar o caracol novamente, e foi apertando e apertando até ficar mesmo mesmo com caracóis, sem nenhuma parte ondulada.

Deixem-me que vos diga, a vocês que têm cabelo liso, que ter caracóis dá um trabalhão!
Não posso meter-lhes um pente, tenho uma quantidade infinita de produtos para os definir, já não o posso apanhar sempre que me apetece, e depois de o lavar há todo um ritual que requer tempo e paciência - que como se sabe são dois bens de primeira necessidade mas bastante escassos por aqui.

Desde adolescente que assumi os meus cabelos como são - nunca os pintei, nunca fiz nenhum alisamento - sempre tratei o meu cabelo com respeito, deixando-o ser como ele quiser.
É o que acontece quando damos liberdade aos nossos filhos, por vezes as coisas saem do controlo e temos de aceitar e lidar.

Pode ser que na velhice volte o cabelo liso, e eu possa voltar a ter uma franja à la Mia Wallace em branco.
Aguardemos.

E chegou o verão!

 Os mais velhos de férias (um com boas notas e outra com notas excelentes - orgulhos da sua mãe!) a mais nova ainda com escola, mas já depois da sua festa de "finalista" - do Jardim de Infância, imagine-se...
Já atafulhei o frigorífico com comida, e tenho feito refeições para um batalhão, pois agora há mais almoços em casa.

O mais velho já se passou para o outro lado (da adolescência) e já passa os dias em programas com amigos (e as noites por vontade dele também!).

A do meio vai alternando saídas com o ATL e dias a descansar em casa.

Eu ao contrário do costume não vejo o ritmo de trabalho a abrandar (sim, eu sei, muito trabalho é bom!) por isso estou basicamente sem mãos a medir - novas exposições, novos públicos, novos desafios.
Os fins de semana revelam-se cheios de programas e com pouca praia, ou a trabalhar (claro...). Os feriados foram passados a estudar (e a chover, menos mal, que se é para estar ao computador pelo menos que chova).

Pelo caminho há greve de comboios; obras nas linhas de metro; chuva de manhã e calor abrasador à tarde; sardinhas assadas e bailarico.

Hoje é o dia mais longo do ano, e eu desejo a todos o melhor verão possível.



terça-feira, 13 de junho de 2023

Livro 7/2023

 

Não é só sangue, de Patrícia Lemos

Descobri a autora quando a minha cunhada ofereceu um livro que ela escreveu à minha do meio, explicando o período às meninas.
Passei a segui-la na sua página de Instagram Círculo Perfeito, onde tenho aprendido imenso, e desde então (há mais de 2 anos) ando em busca deste livro - esteve esgotado em todo o lado muito tempo, no ano passado esteve da feira do livro mas não consegui comprar, este ano aconteceu o mesmo, até que adquiri a sua versão digital.
E tal como previa, quando estamos a ler o que queremos mesmo e o que temos interesse, lemos num instante.
Acho que é um livro obrigatório para percebermos de facto como funciona o nosso corpo, e para podermos tomar as nossas decisões de forma informada.
Passei anos a tomar a pílula sem saber de facto o que acontece quando a tomamos, e não deveria ser assim.
Além do mais é um livro escrito com enorme respeito por todas as pessoas que menstruam (ou não) - porque este não um assunto só de mulheres.
Dei 5 estrelas e acho obrigatório.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Livro 6/2023


 O Acontecimento, de Annie Ernaux
Enviado pela Tella como presente de anos, o meu primeiro livro lido no Kobo (e-reader).
Anda toda a gente à minha volta a descobrir esta autora prémio Nobel, e sim, foi uma excelente estreia.
É um valente murro do estômago, escrito de uma forma simples mas sincera, recordando um acontecimento da sua vida que a marcou profundamente, e que poderia ser escrito por tantas outras mulheres.
Dei 5 estrelas e recomendo.

E-leitor

 Os 44 trouxeram-me dificuldades de visão, estou cada vez mais e ver menos ao perto (coisa que ainda me faz alguma confusão, confesso).
Entre isso e as dificuldades em ir à biblioteca, mais impulsionada pelas leitoras mais próximas, pois que aos 45 recebi (a meu pedido) um e-reader - que é como quem diz, um leitor eletrónico.

Não sendo bem a mesma coisa que ler um livro, traz tantas vantagens que é difícil resistir: podemos escolher o tipo e (mais importante) o tamanho de letra que queremos ler, é leve como um telemóvel, podemos levar para todo o lado, cabe em qualquer lado, e permite guardar uma biblioteca inteira.
Tudo junto acaba por se sobrepor à vontade de ter um livro físico, páginas para virar e o cheirinho do papel.

A quantidade de livros que já tenho dá-me para ter leitura até ao fim do ano, e só com esses já teria pago o valor do e-reader (sendo que não paguei porque sim, há todo um mercado negro de e-livros, como de tudo o resto!).

A grande diferença: estar a ler os livros que me apetecem mesmo, que ando à procura há imenso tempo sem encontrar, e não aquele livro que está ali na estante e que leio por não ter mais nada disponível no momento. 

Por isso recomendo, e aviso que os próximos livros serão lidos neste formato.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Milão

 1ª viagem oficial com filhos mais crescidos, de avião - e a certeza de que estão com a idade certa para viajar, para conhecer novos lugares.
Aguentam-se bem, são divertidos (e parvos), desanuviam o ambiente de stress (estão na fase em que só gozam connosco!), e tirando a fome constante e as mil idas ao wc diria que são os companheiros de férias perfeitos!

Milão também esteve à altura do acontecimento - cidade prática, pequena, com poucas coisas para ver., comida boa e barata, e gelados deliciosos.

Já estamos a pensar na próxima - há lá coisa melhor que viajar?

45 voltas ao sol

 Uma idade redonda, da qual me orgulho profundamente.

Digo-o muitas vezes, não voltava atrás no tempo para fase nenhuma da minha vida, tem sido sempre a melhorar, de uma forma ou de outra.

Foi um dia bom, e simples.
Podem vir mais 45, um ano de cada vez.

terça-feira, 30 de maio de 2023

Livro 5/2023

 

Rumo a casa, de Yaa Gyasi
Emprestado pela irmã, num dia em que lá fui jantar a casa (que é melhor do que uma biblioteca, o difícil é mesmo escolher).
A história de dois ramos da mesma família no Gana do século XVIII até aos nossos dias - a escravatura, o colonialismo, a emigração, o racismo, a vida destas pessoas geração após geração parece que nada muda.
Está muito bem escrito, e tive sempre muita vontade de o ler, por isso dei 5 estrelas.
Não é uma livro muito profundo, mas está escrito de forma acessível - conseguimos sempre perceber quem é filho de quem no capítulo seguinte - o que nos dias que correm é de louvar, por vezes as coisas mais simples são as que funcionam melhor. 
Um assunto importante, uma investigação histórica profunda, numa escrita que não sendo leve é bastante fácil de digerir. 
Recomendo.

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Em catadupa

 Assim passam os dias, uns atrás dos outros, atrás dos outros.
Tempo para pensar no assunto, para refletir sobre o que andamos a fazer - à primeira vista, não há.

Lembro-me sempre da minha mãe dizer que o tempo em que nós éramos pequeninas passou demasiado depressa - e dou-lhe razão. Vejo as colegas de 30 e poucos a ter bebés e só lhes digo que é sempre a melhorar (porque continuo a achar que é), mas não deixo de pensar o quanto enganados andamos quando achamos que "vamos ter um bebé" - nós não temos bebés, malta, nós temos pessoas que numa fração de segundos deixam de ser bebés. Depois temos outras aventuras.
Li uma frase algures, que somos tão felizes quanto o nosso filho menos feliz - e às tantas parece isso mesmo. Quando não temos com que nos preocupar (e eu não tenho tido, de facto), há sempre um pequeno drama ao virar da esquina, uma negativa escondida, um vídeo de tiktok que não era suposto verem, um horário de chegar a casa não respeitado, amigas que fazem grupinho à parte e fazem com que a chegada à escola seja de dores de barriga. Oh well...

Nos intervalos de tudo isto, entre as 10h e as 18h tento fazer tudo o resto. Mil projetos, coisas para entregar, ideias que tenho de ter e por no papel, páginas e páginas por ler sobre tudo e mais alguma coisa (e a sensação de que fica tanto por ler também). Sinto que ando sempre a correr, e sempre a ficar para trás.

E de corrida em corrida (todas metafóricas, bem entendido) a vida vai acontecendo, e que bom que é, mesmo com a casa caótica, o frigorífico sempre com faltas (ou com queixas sobre isso), unhas por pintar, caminhadas por dar, livros por ler e roupa por arrumar.

Os meus 45 aproximam-se a passos largos.
Os anos, como os dias, também se sucedem em catadupa.

domingo, 7 de maio de 2023

Livro 4/2023

 

A História de Murasaki, de Liza Dalby

O ritmo frenético dos meus dias impede-me de vir aqui mais vezes*, e tenho tanta pena... são anos e anos a escrever aqui e sempre fui conseguindo manter algum ritmo, mas ultimamente tem sido mesmo impossível (nada de novo, só MUITO trabalho!).
No meio da correria alucinante, trouxe este livro da biblioteca, completamente apaixonada pela capa.
Depois de uma mega exposição sobre faraós chegou agora a hora de estudar o Japão e as suas estampas, e também os leques - senti que era uma boa altura para ir entrando no assunto.
Aprendi imenso, e fiquei completamente apaixonada por esta cultura (ainda mais...).
A ação passa-se no Japão do século X, e a narradora é uma escritora e poeta da época, que ficou conhecida como Murasaki e escreveu histórias sobre o herói Genji. Com base nos seus poemas, e nas histórias, e depois de uma profunda investigação, a autora (que foi a única ocidental a ser gueixa) escreve o que poderia ter sido o seu diário.
Fascinante, e para mim foi muito útil.
Dei 5 estrelas, se bem que são 4,5, pois não é daqueles que não conseguimos parar.
Recomendo.

*e também me impede de ler mais, mas adiante...

terça-feira, 11 de abril de 2023

Livro 3/2023


O Infinito num Junco, de Irene Valejo

Daqueles livros que vêm ter connosco nas alturas certas.
A primeira pessoa que o recomendou foi uma senhora de um grupo que recebi na grande exposição temporária deste ano letivo no Museu onde mais colaboro - Faraós Superstars. Foi a primeira visita que fiz a adultos, um grupo cultural de seniores, e no final uma senhora pergunta-me se já o li - disse que não, nem nunca tinha ouvido falar. Apontei o nome do livro e da autora por pura educação, pois achei o título muito pouco sugestivo - mandei pelo whatsapp para o marido, que é como faço quando quero tomar notas (entretanto percebi que posso mandar mensagens whatsapp para mim mesma, adiante). Pensei que se tratasse daqueles romances históricos sem grande base científica, uma xaropada de cordel de que a senhora tinha gostado muito...
Meses depois uma colega que está a fazer um mestrado na área do livro e da leitura, voltou a referi-lo, e o quanto tinha gostado - fiquei logo com vontade de o ler. Pouco depois foi a minha irmã a referir o assunto, e percebi que tinha mesmo de o ler.
Passado uns tempos tive de fazer tempo numa ida ao banco, e entrei numa livraria - já se sabe que é um erro. Lá estava ele, mesmo à minha espera.

Vale de facto muito, muito a pena.
É uma adaptação para divulgação, de uma tese de doutoramento - que é como quem diz, é um livro com uma base científica sólida, mas escrito de forma cativante.
O tempo que o demorei a ler não tem nada a ver com o quanto eu gostei - que gostei mesmo muito! E ainda bem que o comprei (é uma raridade nos dias que correm), porque será com certeza consultado no futuro.
É um livro sobre a História do livro e da leitura, principalmente na Antiguidade (Mesopotâmia, Egito, Grécia e Roma, principalmente).
Uma maravilha que reúne duas das minhas paixões - História e livros - mas bem escrito mesmo para quem não seja apaixonado por ambos com a mesma intensidade. A autora escreve a História fazendo sempre pontes com o presente - que é a minha forma de trabalhar, todos os dias!

Dei 5 estrelas e recomendo.

Das asas

 ... que os mais velhos vão ganhando, aos poucos (e aos muitos também!).

De andarmos a refilar com o mais velho que largue a playstation e o telemóvel, passamos agora a vida a perguntar onde anda, e com quem - já que em casa, não pára muito. Na primeira oportunidade enfia-se na camioneta e vai passar dias ao Alentejo onde tem um primo da sua idade, e um grupo de amigos que já perguntam por ele.

A do meio está agora nas Guias - uma oportunidade de fazer amigas fora da escola, e de fazer atividades divertidas ao fim de semana - e hoje partiu para o seu primeiro acampamento.

Que bom que é vê-los a ser pessoas independentes, ver como se relacionam com os outros, como são uma parte nossa mas são seres inteiros, que vivem (muito) para além de nós.

(até agora, zero nostalgia de quando eram pequeninos)

sexta-feira, 7 de abril de 2023

12 anos ontem

 ... da minha primeira menina, da minha do meio, recheio da minha sanduiche mais que perfeita.

O melhor imprevisto da minha vida.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Quando chegas a Abril...

 ... e te apercebes que desde início do ano tiveste apenas 1 fim de semana de folga, sábado e domingo de seguida (logo em Janeiro, bem entendido).

Ando a trabalhar demais, claramente.

quinta-feira, 23 de março de 2023

Da parentalidade

Um filho no 8º ano é, e sempre será, um desafio. 


segunda-feira, 20 de março de 2023

Do trabalho

Os dias passam a correr. O tempo é pouco para tudo o que há a preparar.

Os projetos sucedem-se, e que bom (e assustador!) que é.

As semanas passam e reparo que este ano praticamente não tive fins de semana (ou dois dias inteiros sem trabalhar).

Às vezes acho que não, mas a maioria do tempo parece que me alimento desta apneia de estar sempre a fazer coisas novas, novos desafios, em sítios diferentes (e às vezes com muito pouco em comum).

Onde fica a fronteira entre trabalho e lazer quando somos mesmo apaixonados pelo que fazemos?

terça-feira, 7 de março de 2023

Outro filme


Marriage Story

Num dia em que o pai foi ao futebol com o mais velho e as miúdas foram dormir a casa dos avós.
Sobre o divórcio de um casal com um filho de 8 anos, ele encenador e ela atriz em NY.

Cheio de clichés e coisas que tais, mas com um ator giro que se farta - o Adam Driver.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

O que se vê aqui

 

O poder do cão

Esta que vos escreve, ao fim de sei lá eu quanto tempo, percebeu finalmente como funcionam os comandos cá de casa para ver outra coisa que não youtube - que vejo religiosamente todas as manhãs para fazer ginástica.
E pronto, até aprendi a fazer uma lista de cenas que quero ver no futuro, e então vai que coloquei este filme pois tinha ouvido falar há um ano aquando dos Óscares. Até fui ao grupo de Whatsapp de colegas de um museu em específico que são todos grandes apreciadores de filmes e séries e de tudo o que está a dar e com gostos muito diferentes (é uma maravilha!) e pesquisei pela palavra "cão" (que por acaso no sistema de procura pode ser confundido com "caos" que é palavra que usamos com muita frequência no grupo, mas adiante) - o único comentário ao filme era do mais cinéfilo de todos os colegas, amante de cinema clássico, que dizia "Jane Campion é para ver em sala".

E sim, imagino que este filme em sala, e não na minha sala, será com certeza muito mais interessante, pois mais do que um filme de personagens e de atores (que são belíssimos), é um filme de imagens, de paisagens, uma autêntica poesia visual.
Adormeci ali um bocadito a meio, ao que parece na parte mais interessante, mas vi o resto com interesse qb - não se passa muita coisa, e o que se passa não é evidente.
Mas é um filme, e eu vi-o, o que por si só já é digno de nota e de post.


Os Reis de Dogtown

Noutro registo bem diferente, vi outro filme com o mais velho cá de casa que gosta de skate- aconselhada por uma das colegas do grupo supra citado.
Sempre bom poder partilhar estas coisas com eles, que é cada vez mais difícil (em separado, e todos juntos então fica impossível).

A existência de "cão" e "dog" em ambos os títulos foi pura coincidência.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

O que se tem visto aqui

 Ainda o ano mal começou e já fui mais vezes ao cinema do que em 2022 - não era difícil, bastava ir mais do que uma vez mas a verdade é que já aconteceu este ano - e nenhum filme era de crianças, o que é de estranhar!




Comecei com este documentário sobre a vida da Patti Smith: Patti Smith Poeta do Rock.
Fui desafiada por uma amiga e colega de trabalho, com quem conversei na altura em que estava a ler este livro. O filme passou num ciclo de cinema, fomos ver ao auditório de uma biblioteca em Lisboa - e antes fomos jantar as duas na Mouraria, um programa completo!
O filme confirmou algumas coisas que já sabia, mas ressaltou mais uma vez a capacidade artística desta geração, este viver e morrer pela arte que se calhar não se voltou a repetir. E salienta o paradigma dela como ícon da androgenia, de quem nunca quis parecer aquilo que não é, para quem as mulheres podem vestir o que quiserem, ser o que quiserem, sem precisar de corresponder a ideais de mais ninguém que não de si próprias. Uma poeta a quem a música chegou quase por acaso, uma artista no mais completo significado do termo, uma mãe que se afastou dos palcos para criar os filhos pequenos.
Uma grande boss.



Na sexta feira passada fui com o Tê ver este filme.
Sou muito fã de Amadeo, tenho a sorte de colaborar com o Museu onde se encontra a maioria das suas obras, e já tive a oportunidade de mediar muitas delas, muitas vezes. É um pintor que me fascina profundamente, com uma vida tão à frente do seu tempo.
O filme ficou muito aquém da expectativa. Não é que o que aparece seja mau - não é, os cenários são brilhantes, o guarda-roupa, está tudo muito bem feito. Mas a parte da vida dele que aparece não é a que interessa! Não há nada sobre como e quando começou a pintar, nem as exposições espetaculares em que participou, dos anos de Paris vemos uma só cena, enfim. Aparece mais tempo a irmã a morrer do que ele a pintar. Valeu pelo programa (que já nem sei quando tínhamos ido ao cinema os dois!).




Nas últimas semanas, persuadidos por várias pessoas à nossa volta vimos esta série - a primeira e segunda temporadas de White Lotus. Inédito, já que não sou de ver séries (nem filmes, já agora).
Mais do que nada foi um exercício de teimosia, para tentar perceber o hype à volta da série que toda a gente falava! Não achamos nada de especial. A primeira temporada tem uma banda sonora espetacular, que dá o tom à série e tem bastante piada. Inclui também uma personagem bastante engraçada. A segunda gostámos menos, sinceramente.
Valem ambas pelas paisagens que são maravilhosas, e pelas personagens, que estão muito bem construídas.
Perde por serem locais de férias onde nada se faz (já não os podia ver a tomar o pequeno-almoço sem ter nada planeado para o dia, depois andavam ali a arrastar-se todo o tempo, que nervos!).
Isto de ter expectativas altas nunca dá bom resultado...


Livro-objeto

À minha volta multiplicam-se os adeptos do livro desmaterializado.
Pergunto-me quanto tempo até eu aderir também... (estou muito tentada, traz muitas vantagens)

Terá o livro objeto os dias contados?
Pode um livro deixar de ser um objeto?
Pode uma casa sem livros ser uma casa de ávidos leitores?

E depois, o que aparece como fundo nas reuniões por zoom? Estantes vazias??

Livro 2/2023

 

A Balada de Adam Henry, de Ian McEwan
Herdado do meu pai (mais um), com bom tamanho para levar nos transportes (estou a ler outro à noite que é um grande calhamaço e não dá muito jeito levar).
Já tinha lido outros deste autor, nomeadamente O Jardim de Cimento (que os amigos me ofereceram quando fui fazer Erasmus, e que é profundamente perturbador), e Amsterdão (que devo ter lido por volta da mesma altura, e que gostei bastante). Tanto um como outro têm coisas que recordo perfeitamente, apesar de terem passado mais de 20 anos.
Não tenho a certeza se daqui a 20 anos ainda me recordarei deste. Provavelmente não.
Não desgostei, no entanto é um livro de certa forma datado - o estereótipo da juíza-mulher de meia idade, da crise do casamento, o preconceito do autor em relação à religião.
Percebi que entretanto fizeram um filme em 2017 com a Emma Thomson no papel principal e não deixo de ficar curiosa - fiquei com vontade de ver.
Dei 3 estrelas.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

A estranheza do maior mês do ano

 Quantos Julhos ou Agostos cabem no mês de Janeiro?
Caramba, que mês comprido este, parece mesmo interminável.
Este Janeiro 2023 revelou-se ocupado e desafiante no trabalho, chuvoso primeiro e frio no final, mas deixa-nos com a sensação de dever cumprido.

Quis o acaso do destino que tanto o meu pai como a minha mãe partissem em Janeiro, e quis também o destino que a minha mais nova nascesse no dia 20 deste mês, pelo que é um mês que alterna entre a alegria e a tristeza, entre a energia e a preguiça, entre os planos e as concretizações, entre o recolhimento e as saídas.

É um mês que se estende no tempo, estica-se como um gato ao sol, mas também se contrai rapidamente e  vai-se num piscar de olhos:
A passagem do ano foi há uma vida, e foi anteontem ao mesmo tempo. 

domingo, 22 de janeiro de 2023

6 anos da nossa cereja

E que 6 anos estes, senhores?
6 anos tão difíceis e que ela torna mais fáceis - toda ela sol, alegria, amor, um pouco de mau feitio e uma dose gigante de pirosice (esta passageira, o resto acho que não!) 

Aos 6 anos a Teresa está desdentada (baliza aberta), adora desenhar e pintar, adora a natação e está super curiosa com letras e números e contas. Tem facilidade em fazer amigos, mas é muito tímida, principalmente com adultos. Detesta ser o centro das atenções, seja com crianças seja com adultos.

Todos os dias saímos as duas de casa e descemos as escadas de mão dada, e eu vou degrau a degrau a agradecer esta menina, com a mão ainda tão pequenina dentro da minha.
Olho para ela, mais nova de três e tantas vezes me vejo a mim também, aquela filha bónus que é um presente para todos.

Melhor ideia de sempre. Mesmo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Livro 1/2023 Zen - a arte de viver simplesmente

 

Zen - a arte de viver simplesmente, de Shunmyo Masuno
Inauguro de forma tranquila a lista dos livros de 2023 com este Zen - a arte de viver simplesmente. Comprado na feira do livro do Museu do Oriente, talvez inspirada por toda a oferta de livros sobre o tema da filosofia zen.
O livro é encantador, com flores nas páginas e 100 ensinamentos, uns mais interessantes que outros.
O autor é monge budista no Japão, responsável pelos jardins zen do mosteiro onde vive. Há ensinamentos que se adequam melhor que outros à nossa vida do dia a dia, tão longe de um mosteiro budista no Japão, mas de uma forma ou de outra penso que qualquer um de nós pode aprender qualquer coisa com este livro.
Dei 3 estrelas, que são 3,5, recomendo e empresto.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Os meus livros de 2022

 Com a ajuda do meu fiel Goodreads, aqui vai o meu resumo:

21 livros

6402 páginas lidas

Livro mais popular: Sapiens (lido por uns impressionantes mais de dois milhões de pessoas)
Livro menos popular: A Taberna da India (lido por apenas 7)

Tentei nos primeiros tempos diversificar ao máximo ao nível dos autores, mas a partir de certa altura deixei de ter isso em atenção.~

Assim li:
Escritor homem - 12
Escritora mulher - 9
Os quais vêm dos seguintes países:

Portugal- 5
Itália - 1
Espanha - 4
Estados Unidos - 2
Chile - 1
Irão - 1
India - 1
Japão - 1
França - 1
Israel - 1
Inglaterra - 2
Alemanha - 1
Acho que será importante manter ainda mais a diversidade.

Houve livros de que gostei muito - Mais pesado do que o céu; Dave Grohl, A Gaiola de Ouro, Tu não és como as outras mães, Sapiens.
Outros que não me deixaram memória - Rapariga, Mulher, Outra e Destinos e Fúrias.
Houve um que não gostei mesmo, mas fui teimosa e não abandonei - O Gigante Enterrado.
Outros que me foram úteis de diferentes formas - A Dama e o Unicórnio, A Revolução da Glicose, Tratado das Contradições e Diferenças...

Mais uma vez não chego ao número de livros a que me propus, mas sei que este ano li muito (e muito mais do que estes 21). 
Para 2023 mantenho o objetivo dos 24 livros, 2 por mês e vou continuar a registar aqui as minhas considerações.
Assim sendo, boas leituras!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

2022 em revista

 Mais um ano que passou, e se até a minha do meio me diz que passou rápido (com 11 anos), calculo que passou a voar mesmo para toda a gente.

Se o tivesse de resumir numa palavra, já o fiz, seria Trabalho. Olho para trás e é só isso que vejo (e que bom que é, acreditem).

Foi um ano que começou tranquilamente (confinados e com covid!) a que se seguiu uma sensação muito grande de liberdade - a liberdade de (supostamente) não apanhar covid de novo!
Percebi que mesmo sem dar por ela estive sempre com aquela tensão latente ao longo de 2020 e 2021 - será que apanhei? Será que vou apanhar? É arriscado ou não é? 
Comecei o ano com covid e a verdade é que foi de facto muito libertador - além de ter sido um covid muito fracalhote, que nem sintomas me deu. Uma sorte.

Depois de praticamente dois anos com muito pouco trabalho, senti que tentei agarrar tudo com quantas forças tinha. Não disse que não a quase nada, e fiz de tudo para me manter em todo o lado quase ao mesmo tempo. Fui assim uma espécie de polvo laboral.
Resultado: em 53 fins de semana só não trabalhei em 21 deles - menos de metade! - e isto inclui os fins de semana que calharam nas férias. Cheguei a trabalhar 10, 12, 14 dias de seguida muitas vezes, chegando ao cúmulo em Outubro de passar 27 dias a trabalhar sem ter um único dia de folga.
Foi uma loucura, em todos os sentidos, e o mínimo que seria de esperar era ter ficado milionária, mas tal como imaginam, não aconteceu...
Foi má gestão da minha parte, sim, mas foi também medo de ficar sem trabalhar outra vez.
E sim, foi um cansaço muito grande, mas também sim, deu-me muitas vezes um gozo enorme porque efetivamente trabalhar para mim não é um fardo, gosto mesmo muito de fazer o que faço, e os anos passam mas eu não esqueço o infeliz que fui sentada à secretária, e continuo a agradecer (sempre!) esta oportunidade.

Tudo o resto parece que passou para 2º plano, e isso é bom, pois é sinal que não houve problemas de maior.
Temos oficialmente dois adolescentes e uma criança em casa.
Sinto sinceramente que este ano mal os vi, e que pouco ou nada acompanhei o que se passa na escola. Já aceitei que não sou uma mãe muito participativa nos estudos - a verdade é que nunca precisei de ser! - mas tenho muita dificuldade em acompanhar tudo que têm para fazer. Por isso confio, e deixo andar - não me lembro da minha mãe saber as datas dos meus testes nem trabalhos, aliás, eu sei que ela não sabia, e nisso pareço-me com ela.

Devido a tudo o que foi escrito em cima, foi um ano em que senti claramente que quase tudo me passou ao lado. Houve almoços, jantares, lanches, saídas à noite, encontros de família, cafés... Parece-me que faltei a tudo, ou estive a trabalhar, ou o programa estava acima das minhas possibilidades (o que infelizmente foi verdade, muitas vezes).
Passei o 2022 a trabalhar muito e a receber pouco, pois por vezes o dinheiro tardou a chegar. Mas chegou. E 2022 terminou um pouco melhor do que 2020 e 2021, neste aspeto.

Mantive -me fiel à minha PT do Youtube Heather Robertson, e já comecei 2023 muito motivada. A verdade é que o corpo não muda (muito), mas a cabeça sim, e a forma como olho para ele vai sendo com cada vez mais admiração! O objetivo é continuar em 2023.

Foi o ano em que comecei a usar óculos, e fui percebendo ao longo dos meses que preciso mesmo. Em muito pouco tempo as letras encolheram bastante, os contornos deixaram de estar nítidos e quando pego em qualquer coisa para ler faço aquele gesto típico - à idoso! - de afastar e aproximar o papel a ver se vejo melhor. Não os uso sempre, porque por enquanto ainda depende do tipo e tamanho da letra, mas já aconteceu não conseguir ajudar uma turistas com um mapa de Lisboa por não conseguir mesmo ler a legenda...

Em 2023 não viajei e fui ao cinema uma vez. Vi muito poucos filmes, e acho que nenhuma série. Fui ao teatro uma vez e a um concerto. Li 21 livros, ficando aquém dos 24 a que me tinha proposto.
Tudo coisas a retificar em 2023.

Em 2022 morreram 3 mulheres da minha idade, com diferentes tipos de cancro - e isso é assustador. E muito triste.
No entanto, em 2022 não passei tempo nenhum em hospitais, nem por mim nem pelos que me são mais próximos, e isso por si só já faz de 2022 um ano fabuloso.

Objetivos para 2023 tenho muitos, mas se nada mudar já não me posso queixar.
Venha de lá este 2023!



terça-feira, 3 de janeiro de 2023

2022 numa palavra

 Trabalho!


Livro 21/2022

 

Tratado das Contradições e Diferenças de Costumes entre a Europa e o Japão, Luís Fróis
Comprado há um ano, na feira do livro do Museu do Oriente, quando comecei a fazer visitas por lá.
O autor é um jesuíta do séc. XVI, que esteve no Japão e fez assim uma lista das diferenças que foi encontrando.
É uma época que me fascina e por isso foi muito útil.
Dei 4 estrelas e recomendo a quem se interessar pelo tema.

Livro 20/2022

 

A Revolução da Glicose, de Jessie Inchauspé

Sigo a autora no Insta há uns tempos, por conselho da minha irmã.
Comprei o livro por impulso, quando fui comprar um presente de anos a uma livraria (esse clássico! por pouco não trazia mais livros para mim do que para a aniversariante... oh vida!)
Sou filha de diabético, e venho de uma família com muitos diabéticos. Estes assuntos são uma constante nos encontros de família, tendo eu há por diversas vezes administrado insulina ao meu pai, e verificar os níveis de glicose no aparelho no braço. Ainda assim, não posso dizer que percebesse alguma coisa do assunto.
Este livro explica tudo, de forma científica, mas acessível. A autora também dá dicas de como evitar os picos de glicose, e principalmente explica os malefícios de andar sempre com subidas e descidas - alguns deles eu não fazia mesmo ideia...
Dei 5 estrelas e recomendo.

Feliz ano Novo!

 A todos os que me continuam a ler!

Vamos lá arrancar com este 2023!