terça-feira, 16 de julho de 2019

O dia em que todos envelhecemos

Ontem pelo meio da tarde começam a surgir fotografias no whastapp da família, com a minha irmã e sobrinhos com uns valentes anos em cima. Rapidamente a outra irmã faz o mesmo, e ficamos parvos com a qualidade das imagens, o realismo, e as parecenças com diferentes pessoas da família, a nossa mãe, a avó paterna, uma tia avó.
Noutro grupo uma amiga manda foto do seu marido nas mesmas figuras, e pronto, percebi que devia ser viral nas redes sociais.
Quanto o Tê chegou a casa claro que experimentou ele, a do meio, até a mais nova foi envelhecida numa foto amorosa a comer um gelado.
Não achei graça nenhuma a nada daquilo.
A ver as minhas irmãs com mais idade do que alguma vez a minha mãe teve, os sobrinhos sem cara de miúdos, detestei ver as minhas filhas com a cara que provavelmente nunca verei.
Disse logo que não queria fazer a mim mesma. E não queria mesmo.
Claro que não passou muito até tanto uma irmã como uma amiga pegarem em fotos minhas e adicionarem os anos, rugas, cabelos brancos e tudo o que o raio da app faz (brilhantemente, por sinal).
Vi, ri e apaguei as imagens.

Sempre achei que estava a lidar bem com o envelhecimento, com as marcas do tempo no meu corpo e no meu rosto. Digo  e afirmo que não queria que o tempo voltasse atrás, que olho para as fotografias antigas e acho que estou muito melhor agora.
Freud haverá de explicar, mas tudo aquilo me fez confusão: as rugas vincadas, as peles caídas, o olhar tristonho, até os dentes escurecidos. Éramos velhos sem alma naquelas fotografias.
No fundo, o síndrome de Peter Pan, que deu nome a este blog, ainda não desapareceu.

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