Apenas miúdos, Patti Smith
Quem me falou neste livro já há alguns anos foi uma prima, e eu fiquei desde então com vontade de o ler. Percebi que não havia na biblioteca da zona, e que ninguém tinha para me emprestar (ou tinha, mas não naquele momento). Numa ida à Fnac o mês passado dei de caras com ele e já não o larguei mais.
É um retrato de NY do final dos anos 60/início dos 70, em que a autora - a cantora Patti Smith - nos conta a história de amor que viveu com o artista Robert Mapplethorp. Tem partes de uma absoluta beleza poética, outras que são duras de ler, mas ao mesmo tempo é um livro maravilhoso para quem, como eu, é fascinada pelo ambiente e época referida - da música às artes plásticas foi uma época que tanto teve de glamouroso como de decadente.
E os protagosnistas têm uma relação tão gira, tão cumplice, que parte de uma relação amorosa para algo completamente diferente, uma amizade quase de irmãos gémeos.
Achei também muito interessante saber mais sobre os inícios das carreiras de ambos, ela que nunca se imaginou a dedicar-se à música, ele que estava tão longe da fotografia que o celebrizou. E em ambos aquela entrega total à arte, aquele viver e morrer pela arte, o fazer as coisas e tentar vingar dentro de um meio tão difícil, às vezes com fome e a dormir ao relento mas sem nunca desistir - uma dedicação à arte pela arte que acabou de facto com um enorme reconhecimento.
Ela diz às tantas, referindo-se a um grupo de artistas que de todos eles é a única sobrevivente - uns sucumbiram às drogas, outros suicidaram-se, outros tantos (como o Robert) morreram de SIDA.
É uma geração que está ali entre o auge do rock e o início do pop, que nos deu grandes artistas, e ambos acabam por ser bons exemplos (goste-se ou não da sua arte).
Única nota negativa seria para a tradução, que em alguns momentos acho que não esteve à altura.
Dei 5 estrelas e recomendo.