quarta-feira, 1 de março de 2017

O post da praxe I - o parto

Verdade seja dita que já estava mais do que fartinha de estar grávida. Já aqui o disse que não é de todo o meu estado preferido, acho-lhe mesmo pouca graça, apesar das coisas boas que também sei reconhecer.
Andava tão pesada e cansada que nem conseguia ir caminhar no paredão, coisa que adoro e que sei que faz mesmo bem.
Nessa semana consegui, e apesar do frio glaciar fui tanto na 4ª como na 5ª feira.
Portanto o dia começou com um passeio no paredão, seguido de uma ida ao supermercado. Vim para casa, almocei, e tomei a decisão (de que tanto me arrependi) de não dormir sesta - para não perder o sono à noite. Decisão parva. Mesmo.
Por volta das 16h e pouco fui à cozinha começar a fazer o jantar e senti uma pequena perda de água. Mesmo pequena, pelo que achei sinceramente que estava ligeiramente incontinente - coisa aliás mais do que normal como sabeis.
Liguei ao Tê e disse-lhe para vir, porque achei melhor ir ao hospital, só por descargo de consciência. Das outras vezes fui seguida no particular, e fui ter com a minha médica à MAC várias vezes a partir das 36 semanas para fazer ctg e avaliações. Ora, como desta vez fui seguida no centro de saúde, não tinha ainda feito nenhum tipo de avaliação, e achei melhor ir, só para ficar a saber se a coisa estava a evoluir ou não.
Chegados ao Hospital de Cascais, com toda a calma e tranquilidade porque afinal não tinha perdido mais nada desde então, ainda tive um filme na triagem. Pois que a senhora à minha frente se recusou a responder às perguntas do enfermeiro, e o comportamento foi de tal maneira que ele teve de chamar a polícia. Pois que a senhora insistiu que não ia embora com o polícia, e fiquei eu de pé e ela sentada no meu lugar a fazer basicamente uma birra. Acabou por sair levada pela polícia, quase algemada à séria! O enfermeiro que me fez a triagem só tremia com a situação, menos mal que naquela altura eu achava mesmo que não estava em trabalho de parto, se não não sei como iria reagir...
Fui para cima com pulseira amarela- pouco urgente - e no ctg nada se passava. Tudo tranquilo e sem contracções.
Fui então ser avaliada pela obstetra de serviço - muito querida, por sinal - e só então ela confirmou que tinha tido uma ruptura da bolsa - uma ruptura alta, daí ter sido tão pouca água.
Fui depois preencher burocracias, com toda a calma porque o parto teria de ser induzido.
Desci depois para o bloco de partos, que parece quase uma sala de baile, enorme, com todas as condições, e mandaram-me tomar um duche (cada sala tem um WC) - achei o maior luxo, e a verdade é que é muito relaxante o que acaba por ajudar o parto  evoluir.
As horas seguintes foram de "espera", com algumas contrações e a dilatação a avançar devagarinho.
Lá levei a epidural e fiquei tão KO que fui dormitando ao longo de uma hora, meio cá meio lá.
De repente e sem nada o prever a situação evoluiu rapidamente e chegou a hora de começar a fazer força. Tive muita sorte com a enfermeira-parteira que me calhou, a pessoa mais calma à face da terra, que fez do momento do parto uma experiência super tranquila e zen.
Por um lado acabou por demorar mais do que eu pensava - porque dos outros só fiz força umas vezes e eles sairam rapidamente. Esta saiu com toda a calma e serenidade, bem devagarinho (tanto que às tantas já estava a desesperar e a achar que não ia conseguir fazer mais força), mas sempre guiada pela voz calma da enfermeira, lá consegui mandar a miúda cá para fora - e fui eu que a fui buscar, eram 00h47. Não houve stress, não houve gritos, não houve confusão, não houve ninguém a carregar em cima da minha barriga. Estava a minha tia pediatra, o Tê, e duas enfermeiras, e tudo decorreu na maior paz.
Uma vez cá fora (pela primeira vez chorei mal a tive nos braços) ficou ainda bastante tempo com o cordão por cortar. Uma vez cortado foram três horas de pele com pele, só quando eu quis (e porque já eram 3h da manhã) é que nos levaram para cima. Ninguém a tirou de ao pé de mim, ninguém a vestiu, ninguém lhe fez qualquer tipo de exame. Ficamos as duas coladinhas, a aprender a mamar, a desfrutar da companhia uma da outra sem pressa, porque não havia nada no mundo mais importante do que isso. Foi mesmo muito especial.
Foi um momento completamente diferente das anteriores experiências, e tive muita sorte não só com a equipa que me calhou mas também por ser de noite, que fez com que não houvesse pressa para nada.
Fiquei a maior fã do Hospital de Cascais, não só pelas pessoas (que é o mais importante) mas também pelas condições fantásticas de ser um hospital novo, com todas as comodidades. Cinco estrelas.
Dizem que todos os partos são diferentes, e parece que é verdade, e sendo todos especiais e fantásticos (porque correram bem), este talvez tenha sido aquele em que consegui desfrutar mais.
Nem sempre o parto mais rápido é o melhor, às vezes fazer as coisas com calma também compensa.
Acho que fechei com chave de ouro este capítulo da minha vida.

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