terça-feira, 7 de setembro de 2021

Livro 18/35 2021

 

Cebola crua com sal e broa, de Miguel Sousa Tavares

Sabem aquelas pessoas por quem temos uma certa embirração, mesmo sem saber porquê? Aquela pessoa que quando aparece na TV apetece mudar de canal? Ora, eu tenho várias, e o autor deste livro é uma delas - nem sei bem dizer porquê, se é a atitude, se são as ideias, se é o conjunto.
Corria o ano de 2003 ou 2004 quando a caminho de Lisboa no comboio, ia toda a carruagem a ler o best-seller deste senhor: Equador. Na altura várias amigas leram, e andava tudo doido com o livro, e não se falava de outra coisa (bons tempos, em que as conversas eram sobre livros e as pessoas iam a ler nos transportes, mas adiante) - ora eu irritava-me com aquilo, e muito porque o tal Equador tinha uma fotografia do autor na contracapa, que é coisa que também me irrita um bocado! Nunca o li.
Este livro veio da coleção do meu pai, que o leu e recomendou mesmo a quem, como eu, não simpatiza com o autor - porque é autobiográfico, porque conta histórias interessantes, porque permite ver um lado do autor que desconhecemos. Ainda assim, nunca me aventurei - sejamos sinceros, há tantos livros mais interessantes para ler, porquê perder tempo com este?
Quando fui a casa dos meus tios buscar a chave da casa de família, a minha tia pediu para devolver este livro à minha irmã (que o herdou da biblioteca do meu pai), e mais uma vez o recomendou, usando os mesmos argumentos - o facto de ficarmos a conhecer o porquê de algumas atitudes do senhor, através da sua infância.
Fui para férias levando o livro do Philip Roth e outro sobre a História dos Bragança para ler, e este para entregar à minha irmã. Acabando o do Philip Roth, e estando de férias não me apeteceu meter a ler um livro de História, que no fundo é o que faço por obrigação durante o ano - pura e simplesmente apetecia-me ler outra coisa! E foi assim que acabei por ceder e dar uma hipótese a este Cebola crua com sal e broa (nem o título me atrai, caramba!).
Dou o braço a torcer. O senhor escreve bem, é um bom contador de histórias, e tem de facto muita razão em muita coisa que diz e defende. Tem uma vida rica em aventuras que merecem ser contadas, e é filho da Sophia Mello Breyner o que por si só faz com que mereça o benefício da dúvida.
Dei 4 estrelas e recomendo.

2 comentários:

Tella disse...

Gosto tanto de saber à história que nos leva a um livro e está é gira!

Depois de ler a tua review, acho que o vou ler. Fiquei super curiosa.

Cartuxa disse...

Eu bem te disse! Eu tinha a mesmíssima embirração mas o facto de o pai - que também embirrava... - ter gostado, fez-me lê-lo mais cedo do que seria de esperar. Vale mesmo a pena. Já não embirro com ele. Somos mesmo uma família de embirrentos, hein? O que vale é que também vamos dando a mão à palmatória...nem tudo está perdido!