2 anos passaram desde que escrevi este post (que desde então figura sempre no top ten dos posts mais lidos deste blog) e eis que chegou a altura de novamente acabar com este tema por aqui.
Em Fevereiro de 2010 deixei de amamentar o meu filho, em Fevereiro de 2012 foi a vez de deixar de amamentar a minha filha.
E pronto, as coincidências acabam aqui, pois a experiência não poderia ter sido mais diferente.
Tinha a minha filha apenas alguns minutos de vida quando lhe dei de mamar pela 1ª vez.
Juro que aquilo que senti foi a minha maminha a pensar "oh não, outra vez...".
Lá no fundo parecia que ainda não se tinha recomposto da experiência traumática por que tinha passado - 4 meses de sofrimento, que culminaram num episódio infeliz que ultrapassou tudo aquilo que a amamentação deve ser.
No entanto,desta vez tudo seria diferente.
Não posso dizer que não tenha tido dificuldades, pois tive.
Ainda na maternidade comecei a sofrer com gretas e dores, não tanto por o bebé não saber pegar, mas acho que pela necessidade de habituação do meu corpo a essa nova realidade.
Custou-me muito, nos primeiros dias na maternidade, e isso ainda me valeu um momento muito traumatizante com uma enfermeira que veio fazer o teste auditivo ao bebé.
Eu compreendo que para as enfermeiras, médicos, etc, é apenas mais um dia de trabalho, que todos temos direito a ter dias maus, e a estarmos mal dispostos, mas bolas, nós enquanto parturientes além de estarmos ultra-sensíveis, estamos a viver um momento mais que marcante nas nossas vidas, que vamos recordar para sempre.
E para sempre ficarão gravadas na minha memória as palavras dessa enfermeira, que ao ver que eu estava cheia de dores quase me insultou, que eu não estava a fazer nada bem, que a miúda estava de cueiro que não dá jeito nenhum para amamentar ("vocês vestem-lhes estas coisas que não dão jeito nenhum!"), que a posição era incorreta (mas até me deu uma dica importante - de colocar a cabeça do bebé no nosso braço exatamente na dobra interna do cotovelo), que eu tinha mais é que usar bicos de silicone, que iria desistir no primeiro dia em casa, que a continuar assim estava condenada a falhar seguramente.
E mais valia ter desatado aos pontapés e aos murros à minha pessoa, que não me teria magoado tanto.
Estava redondamente enganada, a senhora enfermeira.
Em casa, com calma, longe do stress da maternidade, as feridas foram sarando, e a coisa, naturalmente, deu-se.
Se eu não tivesse tido dificuldades quando foi do meu filho talvez achasse que estes 2 ou 3 dias com dores tinham sido o fim do mundo, mas comparativamente, não foram. De todo.
Talvez eu estivesse de mente mais aberta e mais preparada para tentar outras opções, e se calhar, essa descontração também fez com que as coisas corressem melhor.
Mas a maior diferença, mais do que uma mãe mais descontraída e com mais experiência, foi ter um bebé que sabe o que tem de fazer. Que chega à hora de mamar e, sem filmes, choros, rejeições, gritos, interrupções ou que quer que seja, mama.
Nada a ver.
E esta é a razão de estar a escrever este post.
Para que as mães que por alguma razão não tiveram boas experiências, não deixem de tentar à 2ª vez, porque pode não ter nada a ver.
Sempre me chocou quando me perguntavam se iria tentar amamentar o 2º filho, depois de ter passado um mau bocado com o 1º.
Ora logo eu, que sendo 3ª filha estou sempre a reivindicar os mesmos direitos que as minhas irmãs, seria incapaz de privar o meu 2º filho de ter contacto com o que é melhor para ele só porque do 1º a coisa não correu bem.
Que culpa teria ela de o irmão não saber mamar?
Além do mais, sempre soube que a estatística estava do meu lado. Depois de uma má experiência, a seguinte só pode ser melhor.
E assim foi.
Após aqueles primeiros dias de adaptação, não podia ter corrido melhor.
Foram 6 meses de amamentação em exclusivo, e 10 meses a amamentar no total.
Terminamos há coisa de 2 semanas, por mútuo acordo, e nenhuma das duas lamenta a decisão.
Foram 10 meses fantásticos.
Vou recordar para sempre com o maior carinho aqueles momentos só nossos, quer sozinhas que no meio da multidão.
Pura magia, a natureza a seguir o seu curso.
Dizem-me muitas vezes "oh Mary, mas tu merecias que fosse assim..."
E eu acrescento, ela também.
3 comentários:
Eu também não fui bem sucedida com a amamentação do meu primeiro filho e, no entanto, tenho agora uma filha de quase 2 anos que ainda mama! :)
Adorei o post, que me comoveu bastante, claro! Eles são todos diferentes e nascem com instinto natural para coisas distintas... Foi muito bom e merecido teres tido esta segunda experiência única e maravilhosa com a nossa E. e concordo que é um ato natural não teres posto a hipótese de amamentação de lado mas, depois do que passaste, é de louvar ainda mais essa tua decisão.
E correu tudo com tanta naturalidade, que parecia que o fazias há anos...
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