Acho que nao sou uma pessoa muito consumista. Ou pelo menos tento nao ser.
Detesto desperdicios, e fico triste quando compro uma coisa que depois nao uso ou gasto.
Pode parecer forretice, e se calhar ate' e' um pouco, mas a verdade e' que ter as coisas paradas em casa faz-me confusao.
Se vir uma roupa que acho que vou usar pouco, nao a compro, ponto. Mesmo que seja gira e baratinha.
Isto aplica-se a mim, a minha casa, e claro, aos meus filhos.
Em casa dos meus pais nunca faltou nada. Mas tambem nao havia em abundancia.
E sendo eu a 3a filha, a 3a menina, como devem calcular, brinquei e usei muitas coisas ja usadas. Quando queriamos uma coisa muitas vezes esperavamos meses ate a ter, nos anos ou Natal, ou como recompensa de alguma coisa.
Acho esta mentalidade muito anos 70 (entretanto abandonada pelos meus pais, que enchem os netos de presentinhos, mas pronto), e muito actual e aplicavel aos nossos dias tambem.
E quero educar os meus filhos da mesma maneira.
Detesto (DE-TES-TO - e sim, isto e' cuspir para o ar, vamos ver onde cai) criancinhas que nao dao valor a nada, que recebem 1300 coisas e depois nao ligam nenhuma, achando que as coisas caem do ceu.
Nao posso controlar o Natal, que e' um exagero, mas a familia e' grande, e so' acontece 1 vez por ano.
De resto, nao gosto de lhes comprar coisas so porque sim (falo que coisas grandes, claro, sem exageros para nenhum lado)
O meu mais velho esta' a entrar na idade de querer va'rias coisas.
Primeiro foi a bicicleta. Uma amiga disse que tinha uma para emprestar (nao herdam so' roupa!) mas ainda assim esperamos que houvesse um momento oportuno para lhe dar - e foi a recompensa por ter tirado as fraldas. Adorou.
Outra coisa que ele adora sao skates - fica vidrado nos miudos no parque, e sempre que tem oportunidade pede para andar (sentado ou de pe'). Esta' combinado receber um skate quando fizer 3 anos, ou quando deixar a chucha, o que vier primeiro.
Ontem fomos a uma loja chinesa, local onde entro muito raramente, quase nunca mesmo, a procura de umas "crocs" para ele.
Na perigosa zona dos brinquedos, havia varios skates, e ele ficou logo deslumbrado e a pedir para experimentar (curiosamente, nao pediu para comprar, se calhar achou que eram todos do senhor, nao sei). Havia de varios tamanhos, e para minha enorme surpresa, super baratinhos.
O mais pequeno, adequado a ele, era menos de 5 euros, o maior, que ele adorou, ficava por 8 e pouco.
Ora bem, este objeto de profundo desejo do meu filho, que o faria 1000 vezes feliz, estava ali ao preco de meia duzia de iogurtes.
Como conseguir educar neste contexto?
Como conseguir manter a minha posicao quando de facto, bolas, nao ha' razao nenhuma para nao lhe dar o que ele quer?
Bolas, educar e' dificil, mesmo!
Mas ninguem disse que era facil.
E nao, nao lhe comprei o skate.
Sei que o faria muito feliz, mas sei tambem que seria uma felicidade passageira, que amanha ja ele estaria a desejar outra coisa qualquer.
Sei que se calhar muitas vezes vou passar por ma', mas espero continuar seguir as minhas conviccoes.
E espero que eles um dia mais tarde percebam porque o fiz.
9 comentários:
Educar não é fácil, mesmo.
Mas ontem foste uma corajosa ou antes fiel aos teus princípios. :)
Eu teria comprado (5€ e ele super-hiper-feliz) ou antes não teria comprado, e se ele se parte todo em cima do skate?
Bj
Muito bem. Acho que faria o mesmo (e eu conhecido como sou por ser forreta, o que é um GRANDE mito) mas realmente nunca se sabe e por menos de 5€ então... Mas espero que a educação vingue sempre!
Acho q fizeste muito bem! Eles tem que saber valorizar o que tem, dar tudo de mão beijada acaba por se virar contra nós, e os próprios acabam por nunca estar satisfeitos com nada.
Acho que não te vão agradecer....
Vão é, sim, chamar-te FORRETA, e bater com a porta do quarto!
fizeste muito bem!! e eles vão dar-te razão e fazer como tu...trust me!
Sim, vão-te dar razão mas tens que esperar 30 anos até eles terem os seus próprios filhos! Até lá, vai haver choro, ranger de dentes e portas a bater, mas vais ficar orgulhosa quando os vires a guardar cada moeda da semanada para perfazer o valor do skate/ jogo/ brinquedo que eles querem comprar e que vão comprar sim, mas com o dinheiro deles. E pelo meio dá direito a discussões. Quero uma televisão no meu quarto! Eu respondo, no melhor estilo Mário Lino, Jamé! Então e se eu comprar com o meu dinheiro?! Jamé na mesma, meu amigo! Porta a bater e amuo que dura 30 anos.
Não é verdade, oh mãe injusta!! Aos 10, 12 e 15 já são eles a dizer-me «Não vale a pena» quando proponho comprar algo que não é mesmo necessário, por cair de vez em quando nessa molenguice parva de «coitadinhos, merecem mais». E os mimos que os avós vão dando ajudam bastante a não se sentirem as últimas criaturas da Terra... Tudo se completa e harmoniza!
Fizeste lindamente! Ia ficar felicíssimo mas seria tão efémero... Por outro lado, não tendo ele feito fita nenhuma, quase apetecia dar-lhe um prémio!
adorei ler o teu post e os comentários! nao tenho nada a acrescentar!
bjs
Enviar um comentário