sábado, 22 de fevereiro de 2020

Livro 5/53

Resultado de imagem para tudo o que ficou por dizer


Tudo o que ficou por dizer, de Celeste Ng

Trazido da biblioteca - os livros da biblioteca têm aquele prazo de validade que é a data da entrega, por isso são mais motivantes para mim, e acabam por passar à frente dos outros (que são os emprestados) - depois de confirmar as classificações no Goodreads.
É um bom livro, toca em muitos pontos importantes, por exemplo as relações dentro de uma família - a influência que o pai ou a mãe têm sobre os filhos, até que ponto as acções dos pais afectam a vida dos filhos, e como uma mesma acção pode ser vista de forma diferente pelos membros da família.
O papel da mulher, dos emigrantes, dos homossexuais, as lutas pelas igualdades de género e raça surgem no meio de um mistério que envolve a morte de uma rapariga - a filha do meio de uma família.
É tudo muito interessante, mas o fim (a causa da morte, vá) acaba por desiludir. Estava à espera de mais.

Dei 4 estrelas e recomendo.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Livro 4/53

 Resultado de imagem para a viagem do elefante


A Viagem do Elefante, de José Saramago

Tive de ir pesquisar nos arquivos do blog as outras referências a este livro.
Pois que o comprei  e comecei a ler em 2008, depois perdi-o (em casa), reencontrei-o em 2010, retomei a leitura e voltei a perdê-lo (também em casa, mas já na actual). O raio do elefante não parava quieto!
No ano passado, 11 anos e 3 filhos depois de o comprar, japonesei a casa (=destralhei segundo o método konmarie) e encontrei-o definitivamente, nunca mais o voltando a perder.
Ficou na estante até agora, que finalmente o li de uma ponta à outra.

Não sendo daqueles livros em que estamos em pulgas para ler - há passagens que não acrescentam muito - está tão bem escrito, caramba! É Saramago ao seu alto nível, talvez não com a energia narrativa de outras obras, mas com aquelas passagens que só apetece sublinhar. Tão bem escrito, senhores.

Dei 4 estrelas e recomendo.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Mais de 1 mês (quase 2)

Já fez mais de 1 mês que partiu o meu pai.
Um só mês, quase dois, que pareceu infinito.
De repente todos aqueles dias e noites passados no hospital parece que foram noutra vida.
E foram.

Mas no meio de toda a tristeza foi bom ter tido tanta gente ao nosso lado, e perceber a importância que ele teve para tanta gente, muita eu nem sequer conhecia.
Foi um homem que foi bom a tudo: foi bom filho, irmão, marido, pai, amigo, colega, chefe.

Foi ao longo de toda a minha infância a medida para todos os homens. Tudo aquilo que o meu pai era e fazia, para mim era o que todos os homens eram e faziam. Os homens nunca tinham frio porque o meu pai não tinha frio. Os homens nunca dormem até tarde, porque o meu pai sempre madrugou. Os homens nunca ficam doentes, os homens são fortes, não têm papas na língua, dizem tudo o que pensam.
De mão dada com o meu pai eu era capaz de tudo, não havia onda maior do que a força dele!
Depois cheguei à adolescência e percebi que não era bem assim. E comecei a ver que o meu pai era tudo aquilo que um homem não devia ser: era conservador, não gostava de festas, não me deixava fazer nem um terço do que eu queria. Um pai infernal, portanto.
Não me deixou ir ao concerto dos Guns and Roses em 1992, nem aos Nirvana no Dramático de Cascais em 1994 e eu na altura não lhe perdoei!
Chocámos que nem gente grande, até porque éramos completamente iguais.
Eu sei que fui ao longo da vida desafiando tantas das suas ideias fixas, e uma a uma foram caindo por terra. Nunca se opôs a que eu fosse viver sozinha. Nunca se opôs à nossa ida para a Holanda. Nunca me disse nada em relação ao facto de não termos casado.
Viveu sempre de acordo com aquilo em que acreditou, e sempre o assumiu com toda a frontalidade. Era, para minha vergonha, espanto e admiração, para lá de politicamente incorrecto!
Dizia e fazia o que lhe dava na gana, e se houve alturas em que me quis enfiar num buraco com vergonha, hoje admiro-o tanto por isso.
Foi um cuidador incansável quando a minha mãe adoeceu. Esteve lá para ela sempre, e também nisso foi a medida de todos os cuidadores. Admirei tanto a reação que teve à sua morte, a forma como levou a sua vida por diante com a sua independência que tanto o caracteriza.
Com rotina e desgaste e tantos anos de convivência, os meus pais tiveram uma história de amor que quase supera as de ficção.

E é isso que nos fica - o Amor deles um pelo outro, e ainda mais o seu amor por nós.
Já fez um mês, quase dois, e parece que foi noutra vida, mas também parece que nunca aconteceu.
Sinto muito a falta daquela mão que era capaz de me proteger de tudo, mas sei que como ele, também nós vamos ficar bem.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Livro 3/53

Resultado de imagem para a primeira aldeia global"



A Primeira Aldeia Global, de Martin Page
Começado em Novembro, mas só agora o acabei.
Interrompi durante uns meses - numa de mais uma vez ver se sou pessoa de ler dois livros ao mesmo tempo. Confirmo: não sou.
É como uma História concisa de Portugal, ressaltando aquilo em que os portugueses contribuíram para a História do Mundo - e não sendo nada pouco, há coisas que nem fazemos ideia.
Detectei algumas imprecisões, mas de um modo geral é um estrangeiro a contar a nossa História, de forma tão elogiosa que até estranhamos, às vezes.
Faz bem ao ego colectivo, todos deveríamos ler este livro!
Dei 4 estrelas e recomendo.