terça-feira, 5 de maio de 2020

Acabou a emergência, venha a calamidade

E nós por cá agimos em conformidade.
O desconfinamento - e não regresso ao normal, porque normal é tudo o que isto não é - traduziu-se em encontros no parque com avós, tios e primos, respeitando a distância de segurança.
Até quando andaremos a dar toques de cotovelo e a fazer sorrisos atrás de máscaras?

Se aos adultos sabe bem falar frente a frente, às crianças então nem se fala... andam de bicicleta, brincam, jogam à bola, felizes de estar com alguém sem ser os irmãos ou através de um ecrã.

Domingo esteve calor e eu espero com toda a sinceridade que este estado não se mantenha até ao Verão. Vou ser uma pessoa muito amarga se me metem em casa em pleno verão.
Ou calor ou calamidade, as duas não pode ser!
Fomos dar uma volta pelo bairro e até se ouviam os sons das piscinas dos vizinhos - e eu sou sincera, senti uma pontada de inveja (não por mim que passo bem sem piscina, mas por eles, que nada os faria mais feliz naquele dia do que dar uma mergulhaça numa piscina qualquer).
Ontem já desceu a temperatura e a inveja desceu também.

Tenho continuado à procura da melhor forma de lidar com isto tudo.
Com a escola na televisão, nos computadores, com a mais nova sempre agarrada nas pernas, com os almoços e jantares que se sucedem a olhos vistos, com a roupa suja, estendida e por arrumar, com o facto de ter perdido o meu pai há 4 meses e estar há dois sem poder abraçar as minhas irmãs e sobrinhos como deve ser.
Tenho tanta coisa para ler e estudar e não faço nada. Nada do que é meu é prioritário agora, e isso chateia-me de grande. Isso e o facto de que cada vez que eu me sento a ler ou numa video chamada, cair o Carmo e a Trindade cá em casa, ele é lutas e bulhas, gritos, a sala virada do avesso e eu juro que não consigo já lidar com isso.
A juntar a isto, todo um filme de burocracias por resolver - finanças, segurança social e o caneco.
E já disse que o nosso frigorífico - cheio que nem um ovo, com o congelador bem atestado como convém em tempos de confinamento - avariou e não tem arranjo?
Pois é.
Estou farta disto tudo, mas acho que já o tinha dito noutro post qualquer.
Mantenho. 
Far-ta.
Emergência ou calamidade, podemos passar já à fase seguinte?

1 comentário:

Cartuxa disse...

Era o que faltava não conseguires lidar com isso. Manda uns palavrões ou uns gritos e segue! Deem -te ao menos o direito de gritar! Em acabando as aulas, manda os miúdos para cá, sei bem o que sentes mas não sei o que mais possa fazer por ti!