Muitas vezes falei nele este ano, no quão desafiante foi e nos não sei quantos projetos em que me meti, e acho que foi um ano tão marcante profissionalmente (sendo que acaba como começa, que isto na minha área não é uma escada, é só um labirinto!), mas foi tão marcante que merece que seja esmiuçado ponto por ponto:
Fevereiro: apoio pedagógico online
Que é como quem diz, explicações por zoom. Vi o anúncio na net e mandei o CV, coisa que aliás fiz um sem número de vezes ao longo destes anos. Uma resposta e uma entrevista via zoom, e a informação de que a minha falta de experiência seria compensada pela criatividade - pelo fazer as coisas fora da caixa, como tenho feito enquanto educadora artística. Foi daqueles desafios em que tive de pensar antes de aceitar, porque se por um lado foi uma tábua de salvação em pleno confinamento, sabia que me estava a meter em terreno completamente desconhecido. E lá fui. Tive um total de 8 ou 9 alunos, todos de 1º ciclo. O conceito do centro seria ajudar os miúdos com a escola online, tirando aos pais essa responsabilidade (esse papel duplo de pais e professores, que já se sabe não acaba bem). Adorei os miúdos, sinto que conesegui fazer a diferença na vida deles, mas caramba, que trabalho tão exigente! Cada aula era um desafio diferente, eles todos a aprender coisas diferentes, com situações familiares únicas (e sim, eu estive em casa de todos eles, vi as mães, pais, os manos e animais de estimação e tudo e tudo), para 1 hora de aula eram uma data de horas de preparação. E o mais dificil de tudo: a matemática! Nunca investi tanto a tentar perceber matemática como este ano, e confirmei que já temia: fui mesmo para fora de pé!
Foi uma experiência para lá de enriquecedora, que me salvou do tédio em pleno confinamento, que me deu que fazer e pensar, que me obrigou mesmo a fazer o impensável - se não tivesse havido mais nada de insólito este ano, eu a dar explicações de matemática já era suficiente!
Junho: exposição Tudo o que eu quero
Comecei a colaborar com o Museu de Arqueologia corria o mês de Março de 2020. Tinha feito só uma visita quando estalou a pandemia, e achei sinceramente que uma relação tão fresca não iria durar. No entanto a responsável do Serviço Educativo não me deixou para trás, e também me incluíu na preparação desta exposição - fui à conferência de imprensa ainda no fim de 2020, e à pré-inauguração logo no dia a seguir à primeira dose da vacina, nem sei bem onde tinha a cabeça. Foi um projeto megalómano, uma exposição muito bem conseguida, e um tema que não tem nada a ver com o que costumo trabalhar, pelo que foi um enorme desafio - que infelizmente não se traduziu num número espetacular de visitas, mas pronto, penso que isso também marca este ano: muito trabalho e pouco rendimento. Acredito que nada se perde, e o que estudei para esta exposição servirá para outras no futuro.
Setembro: D. Maria II de Princesa brasileira a Rainha de Portugal
Novembro: Formação de Professores - Artistas Portuguesas
No seguimento da exposição Tudo o que eu quero, fomos contactadas para realizar uma formação para professores na área da cidadania e igualdade de género. Outro desafio, outra novidade, pois nunca tinha feito nada parecido. Correu muito bem, e é de facto muito compensador ver os projetos implementados, pensar que há alunos em todo o país que vão ter contato com artistas tão importantes na nossa História com base no que foi falado nesta formação. Super enriquecedor, e muito stressante também, que nestas coisas há sempre mil burocracias a ter em conta...
Em linhas gerais foram estas as novidades que 2021 me trouxe, a juntar aos sítios onde já colaborava (menos os palácios de Sintra, que não contactaram ninguém depois da pandemia, coisa que me entristece profundamente, que ninguém merece ser assim tratado mas são ossos do ofício...).
2022 já começa com um novo desafio, mas sobre isso falarei no próximo ano.
2021 foi marcante, desafiante, foi um balde de água fria e um teste à minha resiliência.
Acho que passei a prova.
1 comentário:
Uau, uma teia super bem composta. Parabéns!
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