Com esta guerra, a primeira na idade adulta que presencio.
Tudo ganha outra dimensão.
As famílias refugiadas no metro (o que se leva nestas ocasiões?), as casas destruídas (quem é que vai pagar?), as filas e filas a tentar sair do país (como se deixa uma vida para trás?).
O que dizer aos pré-adolescentes para lhes explicar como se chega até aqui?
Há explicação?
Em 2022 como é que se chegou até aqui mesmo?
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
Sobre não saber lidar
terça-feira, 22 de fevereiro de 2022
Livro 6/2022
Haverá muitas maneiras de escrever uma biografia de uma pessoa que se destaca, mas nenhuma igual a esta seguramente, ainda para mais estando o biografado vivo - que bom que deve ser ler assim a nossa vida escrita desta maneira.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2022
Livro 5/2022
O tema que me chamou a atenção - e que é no fundo a parte mais interessante da história - é a memória. A forma como a falta de memória nos afeta, nos traz dissabores mas nos poupa também de outros tantos. Não ter memórias nem felizes nem infelizes é, a meu ver, viver no vazio. E sendo eu de História, para quem memória é tudo, achei curiosa esta visão de uma aldeia remota mergulhada numa névoa de amnésia.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
A espuma dos dias
O ratinho na roda e a roda do ratinho, e cá estamos a tentar dar conta de tudo, mil pratos no ar a ver se não caem todos, porque um ou dois vão caindo, isso é garantido.
Esta pós-pandemia, ou pós confinamento geral de 2020 em que tudo parou, trouxe-me mais trabalho por muito menos dinheiro. Sinto que trabalho o dobro do tempo e recebo metade. Estamos naquela fase de tentar aceitar tudo porque há pouco, e o pouco que há não é garantido, e andamos a sacrificar os dias, a família, o tempo de descanso, por meia dúzia de trocos. Até quando?
Os isolamentos também trouxeram amargos de boca, os miúdos meio perdidos quanto às matérias, os trabalhos por entregar, o final do semestre. Entre eles próprios isolados e os professores que também vêm e vão, está o caos instalado.
Os filhos crescidos trazem desafios crescidos também, e entre dramas de como ocupar tempos livres, dramas de como limitar a exposição aos ecrãs, mais as amizades que nem sempre são as mais saudáveis e os trabalhos da escola que ficam por fazer vamos tentando amparar os golpes. Ainda assim prefiro esta fase aos biberons e fraldas - até agora tem mesmo sido sempre a melhorar.
Estou fisicamente a precisar de chuva. Este tempo seco fora da época enerva-me tanto como a chuva em pleno verão. O sol de inverno tem graça por ser raro - semanas a fio de sol em pleno inverno é contra-natura.
Ontem foi domingo e eu trabalhei todo o dia, tal como no sábado aliás. Saí às 18h e apanhei uma grande chuvada a caminho da estação. Os comboios ao domingo ao fim do dia são uma terra de ninguém, e fazem-me sempre pensar que o que me pagam não vale o sacrifício.
Pelo caminho, casos e casos de Covid nas turmas, grupos de pais no Whatsapp ao rubro, sms de códigos que não irei usar nos próximos tempos.
Que tempos estes, hã?
terça-feira, 8 de fevereiro de 2022
Livro 4/2022
Nunca tinha lido nada deste autor, e também nunca tinha lido um relato do Holocausto contado na primeira pessoa. E de repente percebemos de onde vêm as ideias que vamos vendo em livros e filmes, mas da perspetiva de quem lá esteve mesmo, e sobreviveu para contar.
À parte todas as atrocidades que de uma maneira ou de outra não são novidade, impressionou-me profundamente o próprio conceito do livro - um retrato sobre a natureza humana, sobre o que faz de nós de facto humanos, o que resta de nós quando tudo o que conhecemos nos é retirado - a casa, as coisas, a família, o cabelo, a capacidade de decidir seja o que for.
Fiquei a pensar na forma como cada um reage a essa situação, e no modo como aquilo que somos em sociedade desde a pré- História se repete uma e outra vez.
O autor descreve alguns companheiros que o marcaram de uma forma ou de outra, e há um que todos os dias fazia questão de se "lavar" (com água suja e fria, sem sabão, com o perigo de ter as suas "coisas" roubadas ou de ficar doente) por dizer que era a única réstia de humanidade que lhe sobrava - toda a vida este senhor tinha lavado o rosto todas as manhãs como forma de começar o dia, e ali fazia questão de fazer o mesmo, de não se abandonar.
Eu identifiquei-me com este senhor no sentido da tentativa de organizar o caos, de tentar que alguma coisa faça sentido. Mal comparado assim o fiz nos confinamentos, todos os dias houve uma rotina definida, houve higiene feita de manhã e à noite, houve roupa vestida e cabelos penteados mesmo que fosse para ir do quarto para a sala e vice-versa - foi a minha forma de não me deixar levar pela insanidade, e não é melhor nem pior do que todas as outras! E também ali no campo de concentração não houve certos nem errados, houve formas de lidar com a situação diferentes - umas terão contribuído para a sobrevivência, outras não.
O outro exemplo tem a ver como mesmo sem possuir nada de nada, a relação comercial entre as pessoas prevalece. Um pedaço de guita, uma colher, uma taça, botões, tudo eram verdadeiras preciosidades que valiam mais do que o ouro, e que tal como na vida, alguns estão dispostos a tudo para adquirir. A troca e a negociação são intrínsecas à nossa condição humana. O preço era atribuído em porções da ração de pão, tinha variações consoante a situação em que se encontravam - na enfermaria, por exemplo, os "preços" estavam inflacionados.
Até quando os alemães abandonam o campo e antes da chegada dos russos 10 dias depois, a forma como os que ficaram para trás se organizam para subsistir nos mostra tanto do que é a natureza humana, do que é um homem afinal.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022
4 down, 1 more to go
E estamos oficialmente livres de isolamentos nos próximos tempos!
A do meio, quando já quase acreditávamos que não ia acontecer, lá recebeu positiva no teste - e o estado de exaustão e loucura é de tal ordem que ela até festejou, acreditem...
Mais uma sem sintomas, praticamente, e claro, estava já farta de estar em casa sem saber quando é teria de voltar a ficar fechada, na cabeça dela era mais fácil apanhar de uma vez e ficar livre do assunto.
E sim, está muita gente a pensar desta forma, eu compreendo, ainda para mais quando vemos pessoas como nós a passar por isto com uma perna às costas, mas não nos esqueçamos da quantidade de gente que já morreu por conta deste vírus, e da incógnita que é para todos os efeitos da infeção a longo prazo...
É tentar não pensar muito no assunto, e acreditar que "vai ficar tudo bem", como se dizia em 2020.
(e ficar atentos a sintomas de fadiga, falta de ar, apatia, febre, nas próximas semanas, que ainda podem aparecer)
7 dias para um e 7 dias para outro e hoje já estão de regresso à escola, prontos para enfrentar os desafios do 2º semestre.
Ficamos só com uma ponta solta cá em casa, que é o pai. A pessoa menos sujeita a ter contacto com o vírus (a trabalhar em casa desde 2020, sem transportes, sem escritório, sem nenhuma atividade que não seja ao ar livre), foi também aquele que conviveu com o dito dentro de casa por 4 vezes, e passou sempre entre os pingos da chuva.
Sorte? Super-imunidade? Negação? Teimosia?
Um dia alguém explicará...
terça-feira, 1 de fevereiro de 2022
3 down, 2 more to go
Mais um na lista de infetados cá em casa, desta vez o mais velho e mais uma vez sem sintomas.
Cá em casa, ao que parece, vamos a conta gotas, um de cada vez.
E com isto a do meio já vai na 3ª semana confinada por conta de outrem, e ao que tudo indica ainda não é desta (aguardamos o resultado do PCR).
E agora, querem que vos diga que tal as aulas online?
Eu cá já ignoro, porque sinceramente já me cansei de mandar mails e refilar.
Não faço ideia se no fim da linha (lá à frente daqui a 5 ou 6 anos) isto se vai notar, mas caramba as diferenças entre o privado - em que os miúdos estão em casa a assistir às aulas todas no horário normal, com tarefas e trabalhos e tudo e tudo - e o público (aulas online inexistentes, envio de uma só tarefa por dia ou menos, professores que nem sequer aparecem na classroom e nunca chegam a aparecer).
Depois digam que há igualdade e democratização... Não há!
Menos mal que há férias intercalares de final de semestre, e com isto só perderam 3 dias de aulas, em vez de 6.
Agora vamos ver quando é que a do meio se decide a positivar, para tirarmos os isolamentos da equação de uma vez!