quarta-feira, 31 de julho de 2013

Do tempo (não da passagem do tempo, mas do ter tempo)*

A noção de tempo, como a de dinheiro, é das coisas mais subjetivas que pode haver.
Cada um tem a sua, e eu até acho que tem a sua graça ver como cada um gere o seu à sua maneira, de acordo com as suas prioridades, que não seriam necessariamente as minhas como é óbvio (exemplos: muito dificilmente me verão a queixar de falta de tempo mas a andar de unhas arranjadas; ou a queixar de falta de dinheiro e a almoçar/jantar fora todos os dias, simplesmente porque são as coisas mais supérfluas para mim e as primeiras a ir de carrinho quando o tempo/dinheiro apertam - adiante).

Com tudo isto, estou muito contente comigo mesma por estar a conseguir organizar-me para fazer coisas que gosto, para mim.
Sim, trabalho em part-time, e sim não perco tempo em viagens e transportes, mas verdade seja dita que aproveito esses momentos de não-trabalho para dedicar aos meus filhos que assim tem uma mãe um pouco mais presente - o mais velho mesmo indo para a escola vai mais tarde e vem mais cedo que o costume, a mais nova acompanha-me nesses dois dias por semana, salvo algumas excepçoes em que não a posso levar.

Aqui há umas semanas atrás fui fazer um workshop dentro do programa de voluntariado em que me inscrevi. Organizei a semana e trabalhei de manhã em casa, e à hora do almoço rumava até à Baixa onde decorria o cursinho.
Estava a achar que ia cair para o lado de cansaço, a ter de ir para Lisboa todos os dias como a maioria das mulheres, mas não.
O workshop foi super interessante (MESMO), adorei a formadora, o grupo, as questões levantadas, as discussões. Senti-me mesmo bem como Mary apenas Mary.
Gostei tanto, tanto, de estar a fazer uma coisa para mim.

Paralelamente com isso desde os meus anos, há 2 meses atrás, tenho feito um esforço por fazer uma coisa por dia que seja minha - seja leitura, ou costura, ou palavras-cruzadas, o que for.
Nos últimos anos andava a ler 1 livro por ano (uma vergonha), nestes 2 meses já vou no 3o. Nem que seja 1 página, mas todos os dias leio alguma coisa. E deixei de ter intenção de ler aqueles livros fantásticos que tenho na prateleira mas que são grandes, ou complexos ou exigentes demais - deixei-me de coisas e adapto os livros que leio a esta fase da vida - pequenos, ou de crónicas ou de capítulos curtos, histórias engraçadas, nada de muito filosófico.
Já completei 2 calçoes para os meus filhos, e resolvi uns quantos desafios de palavras-cruzadas e fui ao cinema com uma amiga.
E atrás disto fui arranjando tempo também para outras pequenas coisas (pequeninas mesmo, mas minhas) que há 1 ano atrás eu sei que seria impensável conseguir fazer.
Sim, eu sei que estamos no verão e parece que os dias rendem mais, e não temos de vir para casa com pressa, e a roupa seca e não acumula, e os horários são flexíveis e tal e tal, mas isto é mesmo, mesmo importante para mim.

E ontem quando vi o tal vídeo ainda foi mais flagrante. Ora bolas, acima de tudo penso que os filhos aprendem com o exemplo, e eles tem de ter uma mãe feliz, que tem interesses para além deles - interesses esses que me irão preencher a vida quando eles tiverem a sua vida e não me ligarem nenhuma.

E onde, perguntam voces, onde é que esta miúda foi arranjar tempo para ler e costurar?
Não foi a roubar tempo ao sono, que acho que já durmo o mínimo possível - 6 horas, por vezes menos.
Foi exactamente a isto que voces estão a ver: à internet.
O portátil cá de casa deu o berro oficialmente e isso acabou por ser quase uma libertação.
Se eu passava muito tempo na net? Não passava, mas a verdade é que sem dar por ela passamos 1 hora entre blogs e FB - essa hora que agora é passada noutra coisa que me dá mais prazer.
Vejo os mesmos blogs, mas não diariamente - e faço-o nas pausas do trabalho quando posso, se não posso, não vejo e paciencia.
Vou ao FB no telemóvel e por isso acabo por nunca ir ver os artigos, os links, as notícias - uso o FB para comunicar com os amigos nos grupos secretos, e pouco mais.

O dia tem as mesmas 24 horas de sempre.
Cabe-nos a nós decidir o que podemos fazer para tirar melhor partido delas.

*Ironicamente tive este post aberto e com 1 parágrafo escrito durante todo o dia, porque não consegui mesmo vir aqui escrever.
Este blog, sem dúvida, está-se a ressentir com a minha ausência, mas se eu aprender a fazer posts no telemóvel colmatarei a minha falha.
Se me virem ausente por muito tempo já sabem que não é falta de tempo, é mesmo uma questão de (falta de) organização :)


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