quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Não se pode fugir ao que se é

Ai caraças, que isto é tão verdade...
Por um lado, andamos a vida toda a tentar descobrir quem somos e sem chegar a lado nenhum.
Coisas que detestávamos passamos a gostar, outras que nem imaginávamos passam a fazer parte do dia a dia.
Depois... há aquela coisa que nunca muda.
No meu primeiro dia da 1ª classe a professora mandou pintar um palhacinho em casa, eu esqueci-me e tive de o pintar à pressa já na hora de ir para a cama.
E assim se resume toda a minha vida escolar, até sair da faculdade - fazer tudo à pressa, na véspera de entregar. Nada, repito, nada planeado, feito com antecedência.
No mestrado, já mulher feita e a trabalhar - mais do mesmo.
10 anos depois, mãe de filhos, casa inteira para organizar, meto-me a fazer trabalho de investigação.
E quando é que faço as coisas? Isso mesmo madrugada fora, na véspera da entrega.
Ele há coisas que nunca mudam mesmo!

3 comentários:

Monja Beneditina disse...

E mesmo assim, depois desse Mea Culpa todo, somos obrigados a concluir o seguinte ( embora te conheça mal, mais por interposta pessoa e pelo que " te leio"): és uma pessoa inteligente, interessante, crítica ( e auto crítica) e consegues concluir as coisas em que te metes. Tens uns filhos porreiros, uma vida organizada. Já pensaste que talvez seja por seres assim que consegues? A malta das listas ( aqueles muito organizados que planeiam tudo ocupam muito do seu tempo útil a listar, planear, organizar. E a chatear (-se) quando a coisa não corre conforme o planeado!Força.
Não sei se te dás conta que este discurso todo não fala só de ti. Sim eu também não faço listas, também deixo para amanhã o que não me apetece fazer hoje e tal como tu, por vezes apetecia-me ser mais organizada. Mas não sou.Paciência. Realmente há um determinismo que não nos deixa fugir daquilo que somos.

mãe de 3 disse...

Mas quando é que tu querias fazer esse trabalho? Com crianças de férias não se pode trabalhar a horas normais. Eu fiz um relatório de estágio já com 3 filhos (uma muito pequena) sempre entre a meia noite e as duas/ três da manhã. E até hoje sinto a satisfação interior e o gozo que me deram essas horas de trabalho intelectual no silêncio da casa. Desde então fiquei uma fã incondicional do Ben Harper que me acompanhava pela noite dentro. Aliás, falaste nisso e eu lembrei-me e fui logo ouvi-lo no youtube! Se tentasse fazer o mesmo de dia ia dar choro, ranger de dentes e um trabalho inferior, de caras (tive 19!).

Mary QA disse...

A questão aqui não é fazer de madrugada ou de manhã... é mesmo fazer na véspera!
Se bem que a hora de trabalho tb é a mesma desde que comecei a estudar mais a sério, lá para o 9º ano - de noite, sempre.

Outra questão interessante: quando fiz o mestrado, e em conversas com outras pessoas, cheguei à conclusão que os pais e mães eram sempre os primeiros a acabar, a ter tudo em dia e em ordem. São mais organizados, sabem que têm o tempo contado e que não podem deixar para depois - e isso eu confirmo, sei que não vou pegar nas coisas com eles acordados, e organizo-me nesse sentido. A verdade é que quando fiz o mestrado não tinha filhos, tinha muito mais tempo, mas tinha uma vida social para lá de agitada. E fazia tudo à última da hora, pois claro. Só que era entre uma noitada e um cinema, e não entre uma birra e outra birra.