segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Ano novo, vida mais ou menos na mesma - 2017 em revista

Já houve anos em que senti muita vontade de virar a página, de que o ano terminasse para começar um novo.
O último trimestre de 2017 foi uma aventura, mas não sei porquê desta vez não senti aquela vontade que acabasse... talvez por saber que foi o ano do meu bebé, da minha pequenina, que no fundo está quase a fazer um ano, e o fim do ano traria essa realidade para mais perto.

2017 foi intenso, e foi um ano de contrastes, em que chorei de alegria e de tristeza quase na mesma proporção. Quase. Mas não totalmente, chorei mais de alegria, e o saldo é positivo.

Começou logo da melhor maneira com o nascimento do meu afilhado. Não estava nada à espera de ser convidada para madrinha deste bebé, e foi uma honra ter sido escolhida. É filho de uma prima muito especial, e é o primo mais próximo da minha nº 3.
18 dias depois era a minha vez de entrar no Hospital de Cascais no dia mais frio do ano - se bem que ela só nasceu no dia seguinte, pouco depois da meia-noite.
Já aqui descrevi o seu nascimento, foi o parto mais zen e tranquilo da História, correu tudo com tanta serenidade que foi um dos momentos altos da minha vida.
Os primeiros meses foram marcados por ela, o bebé mais doce de todo o sempre. Com o tempo temos tendência a dourar a pílula, mas a bem dizer os primeiros tempos foram bem difíceis, até acertar os ponteiros da amamentação.
Quer queiramos quer não, ao terceiro temos aquela ilusão de que nada é novidade, e que nada nos poderá surpreender, mas não é verdade. Percebi que há uma data de coisas que não prevemos, toda uma panóplia de coisas que podem correr mal de modo diferente dos outros dois.
Também me surpreendem as coisas boas, os primeiros sorrisos, a maneira como se cala no meu colo, as primeiras descobertas, toda ela é encanto e curiosidade, toda ela é querida e amorosa, princesa aos olhos dos pais e dos manos.
Fez-me repensar a relação que tive com a minha mãe, aquilo que fui para ela e que ela tantas vezes me disse: aquele encanto do último bebé, que foi gozado até crescer, com direito a colo até mais não.
Foram doces estes meses dedicados quase só a ela, com sestas conjuntas no sofá, muitos mimos sem pressa, muitas horas só nós duas.
Tirando o internamento do meu afilhado, que com 3 meses ficou internado 3 semanas com uma bronquiolite e com um vírus apanhado no hospital, o primeiro semestre de 2017 correu mais ou menos sem sobressaltos.
Tudo se começou a precipitar depois das férias, a partir de Setembro.
Sejamos sinceros, foi assim ao primeiro e ao segundo, ao terceiro não ia ser diferente: a vida começa a sério quando regressamos ao trabalho e à rotina. Quer se trabalhe em casa ou fora (e eu já fiz ambos), quando nos dedicamos a 100% ao bebé a coisa fica sempre mais fácil.Quando o foco começa a ter de ser outro (e para mim, ainda bem) é que a coisa complica.
E foi uma adaptação ter três filhos e não dois. Toda a minha vida ouvi a minha mãe dizer que a grande diferença é quando se passa de um para dois, mas de dois para três também tem que se lhe diga - mesmo quando o número três é o bebé mais fácil à face da terra. Por si só já foi suficiente para sentir que podia não conseguir dar conta do recado, de ter demasiadas bolas no ar ao mesmo tempo.
A isto juntou-se um novo projecto profissional que exigiu muito tempo e dedicação, e que me deu um gozo enorme. Tantos meses praticamente parada e de repente foi um desenferrujar completo, numa das melhores exposições em Portugal dos últimos anos. E também se podia fazer aqui toda uma reflexão sobre estes regressos ao trabalho, em que parece que nunca estivemos fora - e todos os outros agem como se nós não tivéssemos tido um bebé e exigem de nós o tempo, a cabeça, a capacidade de dedicação de antes. No meu caso, sendo freelancer e adorando o que faço, não foi um sacrifício, mas senti que estava basicamente a ser arrastada e sempre a tentar acompanhar o ritmo dos outros. A minha parceira de trabalho (e grande amiga) ia fazendo perguntas e tentando tirar dúvidas ao serão e eu só me conseguia sentar a trabalhar lá para as 23h, antes disso era mesmo mesmo impossível.
Infelizmente este projecto acabou por não ir totalmente para a frente, ou a não ter continuidade, o que acabou por gerar quase uma situação de pânico, tanto tempo reservado para isto, tanto trabalho recusado noutros sítios para depois não haver retorno - foi complicado de gerir, mas passou rápido, como aliás tudo passou rápido neste trimestre.
Rapidamente surgiu outro projecto que me roubou os serões (e ainda rouba), porque nesta insegurança de não ter trabalho fixo temos é de acreditar e pensar positivo. Tudo se resolve.
Em paralelo, tivemos de lidar com a fragilidade na saúde do meu pai e tios da sua geração, nem sempre com os melhores desfechos.
O meu pai, diabético há 30 anos, veio das férias com uma ferida de pé diabético que exigiu fazer pensos dia sim dia não, resultou num internamento de uma semana por falha nos rins (nunca na vida esteve doente, primeira vez que se viu numa cama de hospital em 74 anos). E depois de muita esperança, desilusão, segunda opinião, terceira opinião, acabou por ter mesmo de amputar o dedo doente, e está ainda a recuperar. Além da logística que implica as idas constantes ao hospital (onde só vou quando posso, distribuímos entre irmã e cunhado), é ver o nosso rochedo, aquele super pai que tratou de todos e que há três anos tratou da minha mãe exemplarmente, a ter de precisar de ajuda, o que (sorte nossa) é uma novidade - para nós filhas, e para ele, ver a sua tão estimada autonomia e independência restringidas ao máximo. Isso e ser obrigado a comer sopa e salada, é complicado.
Morreram dois tios muito queridos e próximos, e sinto muito a sua falta - uma tia irmã do pai, um tio irmão da mãe. Em ambos os casos os irmãos mais próximos de idade, companheiros de brincadeiras e de histórias da infância. Ainda estou a digerir a morte de ambos, pois por não viverem perto, parece que estão a um telefonema de distância.
E a lista poderia continuar, pois infelizmente não foi só à minha volta que 2017 se complicou. Sempre que encontrava alguém que não via há algum tempo parece que tinha acontecido alguma coisa má, e foram tantas e tão mas tão tristes que eu só posso agradecer pela saúde dos meus filhos, e também a minha e do Tê, pois com essa temos podido contar - e que bom que é, acreditem.

Acreditar é mesmo a palavra de ordem!
Feliz 2018, queridos leitores!

1 comentário:

Tella disse...

Até me emocionei.

Bom ano minha querida Mary. Saúde acima de tudo. Beijos