Assim vamos, passando o dia a dia sem nada a declarar - o que nos dias que correm é, como sabem, um excelente sinal.
Andamos assim em piloto automático, e vamos alternando os estados de alerta com altos e baixos.
Nuns momentos é:
Ai que ainda vamos ter saudades disto!
Tão bom poder acompanhar todos!
Almoçar juntos aos dias de semana, que privilégio!
Que bom que é viver perto do mar!
Passado pouco tempo é:
Raios parta os putos que não os aguento!
Que raio de ideia vir viver para esta casa tão pequena!
Raio de ideia ter tirado a porta da sala!
Estou farta disto!
Não aguento mais cozinhar, cozinhar, cozinhar!
Nem varrer e aspirar e estender e apanhar!
E assim vamos.
Depois de meses a esperar um regresso ao normal, começo a aceitar que o normal de antes não vai voltar - e não vai mais que não seja porque todos já passamos por isto, e vamos para sempre ter medo que se repita.
Começo a aceitar também que há colegas com os quais provavelmente não me volto a cruzar - as pessoas tiveram de seguir os seus caminhos, encontrar outros trabalhos, e nem eu sei se volto aos mesmos sítios de antes, sei que alguns com certeza não voltarão.
O pai cá de casa anda a ressacar com a falta de um café "de rua" - o café da esquina andou a vender cafés no postigo uns dias, mas recebeu uma denúncia.
Aguardo com expectativa o regresso às aulas, mas confesso que este ano letivo em que apenas 1 dos 3 é fica efetivamente todo o dia na escola, também não me agrada de sobremaneira, mas enfim...
Acho que estamos todos já um bocado a mandar cabeçadas nas paredes, e às vezes só me recordo daquela célebre frase "Ai aguenta, aguenta!" - quando achamos que estamos a atingir o limite, e afinal ainda aguentamos mais um dia igual, e mais um, e mais um.
E o que é pior... já nem achamos estranho.
Nem achamos estranho coisas que ouvimos e dizemos:
"Meninos, se virem um carro da polícia a chegar, escondam-se debaixo dos escorregas!"
"Meninos, vamos já sair do carro aqui que não há polícias!"
"Mãe, corre, vem ali um carro da polícia!" (mais nova, 4 anos)
"Tu vais para a escola, dentro da escola??" (idem)
Depois disto tentei explicar que os polícias são bons, mas não sei bem se fui a tempo.
Ai liberdade, liberdade....
Vamos lá caros leitores.
Já não há-de faltar tudo, caramba...
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