É tempo de assumir, optimismos à parte, que o mundo mudou, e que quer queiramos quer não ainda é capaz de demorar até voltar à normalidade.
Provavelmente não se lembram, mas ainda a pandemia não tinha começado verdadeiramente cá em Portugal já eu estava a sentir os efeitos colaterais, sendo o meu sector de trabalho o primeiro a ressentir-se.
Desde então, há quase um ano, o meu trabalho tem sido residual - oficinas de férias, visitas virtuais ou nas escolas - tudo isto em número muito reduzido. Visitas guiadas em museus e monumentos tanto a escolas como turistas foram zero desde Março 2020.
Em Setembro lá me surgiu uma nova oportunidade, um regresso à escola que tanto me anima, e a partir desta semana vou abraçar um novo desafio (a trabalhar a partir de casa, coisa que jurei não voltar a fazer, mas em tempo de guerra não se limpam armas!) que veio também animar (e bem!) este novo confinamento.
É uma coisa nova que nunca fiz, mas ligada às crianças, à educação não formal (e formal) e que vai por à prova a minha capacidade de organização e criatividade. Tenho muito que preparar e aprender.
Mais uma vez foi uma oportunidade que surgiu no site de empregos, por alguém que pensa fora da caixa e que entendeu que o meu CV, que mais parece uma manta de retalhos, era adequado e exactamente o que se pretendia.
E eu, que já fiz entrevistas de trabalho nas mais variadas situações (grávida de 8 meses; no meio de férias vinda diretamente do Algarve; três dias depois da morte da minha mãe; e a lista continua) tive a minha primeira entrevista via zoom, directamente do quarto do meu filho (e sim, estava de pantufas!). Menos mal que nesse dia até estava vestida de forma decente, e tinha lavado o cabelo nessa manhã (foi marcada duas horas antes). Foi só o tempo de sair do passeio higiénico com os miúdos, deixa-los na sala a ver tv, passar uma maquilhagem básica e lá fui eu.
Sei perfeitamente que vai ser duro com os miúdos em escola em casa, e eu a ter de trabalhar, mas garanto-vos que o faço a bem da minha sanidade mental - não sou nada uma boa "stay at home mum"!
E pode parecer um contra-senso mas sinto que sou uma mãe melhor quando não sou só mãe em exclusividade (e a alegria dos meus filhos quando souberam diz-me que eles sentem o mesmo).
Sinto que estive e estou muito contrariada com tudo isto, às vezes nem acredito que estamos mesmo a passar por uma pandemia, mas começa a ser altura de nos adaptarmos e aceitarmos que o mundo mudou, mesmo.
Mudemos com ele.
Resiliência é a palavra de ordem.
2 comentários:
Que bom, Mary. Tudo a correr bem.
Bola prá frente, isso mesmo! Chega de mimimis que estou farta de estar em pijama! Vidtam-se , arrajem-se e adaptem-se!
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