Como em tudo, na quarentena também vamos passando por diferentes fases - ainda para mais que já andamos nisto há quase um mês.
Eu adoro os meus ricos filhos, e toda a gente sabe disso, mas caramba às tantas já não os posso ouvir.
Preciso de silêncio, preciso que eles se calem e me deslarguem da mão, caraças.
Se podia ser pior, claro que podia, foge, se podia, mas todos temos aqui um ponto de ruptura e cá para mim a hora do silêncio já se podia estender para o dia do silêncio. Ou dias, vá.
Percebi outra coisa (parva) que faz (muito) parte do meu dia a dia e de que sinto a falta: andar de carro a ouvir música, a cantar e a organizar as ideias.
Resolvi muitas coisas da minha cabeça ao volante. Ir a conduzir estrada fora com as lágrimas a correr, é uma terapia.
Dizem que depois de perdermos alguém não há nada como um regresso às rotinas, à normalidade dos dias, para o luto se ir fazendo. Preencher o nosso vazio com as coisas que nos fazem felizes. Assim fica difícil...
Tenho milhares e milhares de razões para ser feliz dentro de casa - e sou, sou muito! - mas ele há dias em que uma pessoa só lhe apetece pegar no carro e sair daqui para fora.
Dei uma volta de carro aqui na zona ontem e o cenário é de filme de terror: filas e filas à porta dos supermercados, as pessoas na rua com medo, nervosas.
É tudo muito deprimente. Nem aqueles 5 minutos sozinha ao volante me souberam bem.
Fala-se agora da questão do "vai ficar tudo bem", se não podemos indignar-nos contra este optimismo, se não temos direito a achar que vai ficar tudo mal.
Podemos.
Mas não vai ficar tudo mal, malta.
Também não sei se vai ficar tudo bem.
Vai ficar (e acreditem em mim) como tiver de ficar, e depois nós (cada um de nós) vai sentir que está tudo bem ou não, conforme a nossa força interior.
E é com esta pérola da psicologia barata (mas verdadeira), que vos deixo hoje.
Amanhã será melhor.
1 comentário:
Tem graça. Eu comentava isso um dia destes. Que não me parece que vá ficar tudo bem ,principalmente para
quem perdeu alguém, mas que remédio.
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