domingo, 25 de novembro de 2007

Fados

Ontem fomos ver este filme.

Pensávamos obviamente que das duas uma, o seríamos os únicos na sala de cinema, ou seríamos nós e mais meia dúzia de tugas vindos ali dos Lusitanos (que não ficam longe). Bem enganados que estávamos - a sala estava bem composta e tugas éramos mesmo só nós.

Não faço ideia o que pensaram os holandeses sobre o filme. É uma espécie de documentário apenas expositivo de vários tipos de fado e música portuguesa com raiz no fado mas também com outras influencias - o fado de cabo verde, o fado no hip hop, o fado nas mornas da Lura, o fado no flamenco.

Talvez um dia eu consiga descrever a sensação de estar longe de Portugal, num cinema em plena Amsterdam, a ouvir o Carlos do Carmo com imagens de Lisboa (cacilheiros no Tejo, pátios de Alfama, escadarias, roupa estendida nas janelas), ver imagens do 25 de Abril (Liberdade! Liberdade!) ao som do Zeca Afonso, ouvir o Caetano Veloso cantar no nosso português o Estranha forma de Vida, e acabar com a Mariza:

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi


Arrepiante.

Não é um filme perfeito, mas é nosso.
Tal como Portugal.

3 comentários:

sofia disse...

não consigo perceber a sensação, como é obvio porque não estou na tua situação, mas fizeste-me chorar, por pena não de ti, mas de mim que sinto que não dou apreço ao dia à dia da Gente da minha terra, e nem sequer sabia da existencia deste filme.

Isabel disse...

E quem está longe do nosso Portugal é que dá o verdadeiro valor...

Anónimo disse...

I've been there. Sei exactamente o que sentiste, porque também eu há muitos anos entrei num cinema em Florença para ver um filme do Wim Wenders com banda sonora dos Madredeus e da Dulce Pontes, passado ali para os lados da Mouraria, numa Lisboa que embora fosse a minha cidade, eu desconhecia e me fez apaixonar. Por isso ainda sonho com uma casa na Costa do Castelo com vista para os cacilheiros no rio, ao fim da tarde no Outono. A sensação à saída é um orgulho em ser português que nenhum Cristiano Ronaldo consegue igualar. Viva o cinema como forma de arte. Abaixo o Mourinho.