Mais adulta

Ontem foi dia de começar a desmanchar o meu quarto "de solteira" em casa dos meus pais.
Entre outras coisas encontrei algumas recordações de Santiago (bolas, que já faz este ano 10 anos!), inclusive um diário que mantive durante um tempo e a minha agenda desse ano.
Que delícia! Já não me lembrava que os tinha escrito.
Adorei ler no diário algumas das questões que me assaltavam na época, como aquilo que sentia quando regressava a Lisboa, ou quando ao fim de meses algum amigo perguntava "então, novidades?" - era tanta coisa nova que não dava para explicar - e vem-me à memória a célebre frase do Big Brother (que estava na berra na altura) "só quem cá está é que entende estes sentimentos". Era bem verdade.
A cumplicidade que mantive com os meus companheiros de casa, de quem não era amiga antes disso, é das coisas melhores que levo desta vida. São pessoas com quem não mantenho muito contacto mas que ficam para sempre no meu coração.
Chorei a rir com a agenda onde, tal como ainda hoje faço, fui registando o que fazia em cada dia. Oh vida boa! Que saudades! Os dias começavam sempre com "não fui à aula de espanhol", e acabavam invariavelmente a altas horas da madrugada. Quando não saíamos ficávamos em tertúlia em casa, a fumar cigarros e a discutir todo o tipo de questões horas a fio. Foi uma época intensa em cafés, cinemas, teatros, concertos... Na Holanda já estavamos a trabalhar, pelo que a responsabilidade era bem maior, mas ali podíamos fazer o que quisessemos, não havia regime de faltas, tinhamos o dinheiro da bolsa e a mesada dos pais, era a liberdade total!
Foi de facto uma experiência fantástica.

E dei por mim a pensar que espero que o meu baby venha a ter uma oportunidade como esta. Eu, a mais galinha das mães-galinha, que nunca me separei do meu filho por mais de meia hora (coisa que aconteceu apenas 2 vezes nestes 3 meses e meio!) espero mesmo ter possibilidade de lhe proporcionar uma experiência destas.
Senti-me mesmo crescida a pensar assim!