No baloiço do parque com a mais nova e o mais velho, vejo duas adolescentes com um rapaz de 8 ou 9 numa grande algazarra no baloiço do lado.
Nisto uma das raparigas não acha nada melhor do que cuspir a sua pastilha elástica para o chão.
Com toda a delicadeza, e até dando um ar bastante cool (que eu trabalho com adolescentes, sei como lidar com as feras), pedi se ela não se importava de apanhar, já que o caixote estava mesmo ali (literalmente a um passo). Usei mesmo um tom de voz suave, dando o exemplo dos bebés que podem pisar ou engolir, não fui minimamente autoritária.
O que se seguiu foi de tal forma javardo que nem sei explicar. As miúdas só faltou insultarem-me à séria, umas mal criadonas que nem tenho palavras.
Resolvi ignorar e falar para o meu o mais velho, explicando que há pessoas assim, que pura e simplesmente não sabem viver em sociedade, que não pensam nos outros.
Eles lá continuaram a refilar, que se estou mal eu que pegue nas pastilhas e ponha no lixo, que há homens pagos para limpar o parque, que o mal é do ambiente e não deles. E claro que os outros dois atiraram também com as suas pastilhas para o chão na maior manifestação.
Foi uma enorme lição de como lidar com uma adversidade, como ter auto controlo, como às vezes o melhor é mesmo ficar calado, por muito que custe, quando a vontade era correr tudo à chapada.
Mas fiquei triste por ver aquelas criaturas completamente ao abandono.
Nessa tarde falei com o mais velho sobre isto, e fiquei a pensar o que vai ser daqueles miúdos um dia mais tarde. Tenho a certeza que tudo isto, que no fundo é fruto da educação que receberam, se vai virar contra eles, num ciclo que não vai ter fim.
Uma tristeza, mesmo.
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