quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Gioconda

A Gioconda é a cadela que nos encontrou. Literalmente. Não fomos nós a adopta-la como animal, mas ela a adoptar-nos a nós como donos.
Um dia estava a chegar a casa e lá estava ela no jardim:
Olha, um cão! - disse eu.
Era uma cadela. Pensei que fosse de alguém que estava de visita, ou que a minha mãe soubesse alguma coisa do assunto. Não sabia.
A cadela tinha aparecido misteriosamente em nossa casa, e por isso mesmo resolvi chama-la assim: Gioconda. O acordo era se ela não se fosse embora, nós também não a púnhamos fora.
E assim foi.
A partir daí foi um sem número de episódios insólitos, com a nossa Gioconda sempre a tentar sair para passear, a insistir em saltar para dentro da mala do carro e vir connosco onde quer que fôssemos. Teve o cio e andámos a enxotar cães dias seguidos. Emprenhou, teve dez cachorros lindos de morrer e todos sobreviveram, e lá fui eu e o T. com eles num cesto de lenha para a feira de Tires. Tivemos de a operar para evitar que acontecesse de novo, e lá a trouxemos meia drogada e com uma espécie de fralda. Uma vez fomos com ela a um veterinário em Lisboa que era uma autentica personagem e falava para a parede em vez de falar connosco.
Sempre se portou bem, sempre foi obediente, nunca se virou contra ninguém e sempre foi de inteira confiança, mesmo logo desde o início.

Morreu hoje.
Foi uma boa cadela, uma boa amiga e uma óptima companhia, e eu vou ter muitas saudades dela.

Se é verdade que esta vida é só uma passagem, espero poder encontrar-la de novo um dia. Espero que ela me perdoe não ter sido a dona perfeita (longe disso).
Espero que ela me escolha como dona outra vez.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ohhhh... se ela não vos tivesse sentido como bons donos, tinha ido embora da mesma maneira como chegou. Ficam as boas recordações. Eu lembro bem dos cachorrinhos no nosso cesto da lenha... Foi muito bonito da vossa parte terem-nos deixado viver.

Anónimo disse...

Sabes lá se quando volteres não te aparece à porta um dos cachorros, tornado adulto e decidido a escolher os seus donos.

Anónimo disse...

Fiquei emocionada a ler o teu post... e pensei logo no Gaudí... já não consigo imaginar a minha vida sem ele, já faz parte da família! A Gioconda teve muita sorte!

Anónimo disse...

E se tu sentes a falta dela... imagina eu que a tinha aqui a meu lado todos os dias mesmo depois de tu teres partido nessa tua aventura holandesa...
Nos últimos dias ela tinha adoptado 3 gatinhos minimos que brincavam à volta e em cima dela, felizes e que comiam ao mesmo tempo que ela... Era mesmo muito docil a Gioconda... Os gatinhos desapareceram no dia em que ela morreu... mas felizmente agora voltaram.