A minha mãe morreu faz hoje dois anos. E se parece que foi ontem, também parece que foi noutra vida.
E foi.
A minha mãe morreu no dia 28, mas para mim a verdadeira despedida ocorreu alguns dias antes, nem sei dizer quando exactamente.
Fui ter a casa dos meus pais ao fim do dia, como sempre fazia (em dias alternados com a minha irmã -numa agenda organizada com dias de antecedência, deixando os fins-de-semana para a outra irmã que vive no Alentejo).
Nesse dia o jantar estava feito, e não havia mais nada que fosse preciso fazer.
Deitei-me ao seu lado e conversámos um bocadinho sobre como tinha corrido o meu dia. Dei-lhe a mão e com custo puxou-a para si para dar um beijinho. Ali ficámos e acabamos por dormitar. De vez em quando ela abria os olhos e dizia "hummm, que bom! Que bom estares aqui!".
E foi tão bom mesmo, um último momento de colo e mimo de mãe.
Não sei dizer exactamente em que dia foi, sei que no último dia não me despedi porque estava a dormir, e no dia seguinte esteve sempre inconsciente até que finalmente partiu.
"O que se come e o que se bebe, é o que levamos desta vida" costumava ela dizer. Só que não. O que se leva, e o que fica para quem cá fica, são momentos como estes.
2 anos.
Um vazio sem fundo.
Uma falta de colo que por muito que se tente, não se substitui.
2 anos de saudades que não passam. Não passam mesmo.
3 comentários:
Não passam mesmo. Nós é que temos de aprender a viver com esse vazio imenso e, como ela também dizia, continuar, pois «para a frente é que é caminho»... O meu colo nunca substituirá o dela mas está sempre cá para ti...
As saudades não passam, mas tens de te agarrar mesmo a esses momentos tão bons que viveste com a tua mãe. Continuará sempre viva no teu coração e está sem dúvida a zelar por ti.
Um beijo grande
Um abraço sentido, apertado e profundo. Gosto muito de ti.
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