segunda-feira, 14 de março de 2011

Dormir fora

Antes de ter filhos achava que os ia deixar a dormir nos avós muitas vezes, sem o menor problema.
Acho super importante as crianças habituarem-se a dormir fora de casa, para não estranharem se for preciso, e porque faz bem a todos: aos avós, aos pais e aos filhos também.
Sempre fui uma tia com quem os sobrinhos passavam fins-de-semana, e eu adorava. Partilhar aqueles momentos de calma depois do jantar, e o pequeno-almoço todos de pijama, era uma alegria para todos, e contribuiu grandemente para termos a relação próxima que temos hoje.
Lembro-me de estar já com uma grande barriga do baby mais velho e de verbalizar a importancia que tinha ir dormir a casa dos avós ou tios, e quanto mais cedo melhor, para se habituarem cedo e ser uma coisa normal e tudo e tudo.
Pois, mas depois da criança cá fora, o quadro muda de figura.
Não acho graça nenhuma quando o baby não dorme cá.
Se fico preocupada? Não.
Se acho que ele está mal e cheio de saudades minhas, a gritar pela mãezinha a altas horas da noite? Também não.
Sei que ele está óptimo, que se diverte, e continuo a achar tudo super importante, tal como descrevi acima.
Mas chega-se à hora... e custa-me!
Cinemas e jantaradas fora (que não são muitas, sejamos francos) e eu prefiro sempre ir busca-lo, seja a que hora for. Ou melhor ainda, pedir a alguém (aos avós, claro) que fiquem cá em casa com ele até ao nosso regresso.
Esta noite, para comodidade nossa, ficou a dormir nos avós. A ideia até foi minha, pois uma vez que o Te ia sair muito cedo, evitava que eu o tivesse de vestir e levar à escola sozinha e regressar a casa antes das 8h. Assim foi melhor para todos, ele ficou a dormir até à hora que quis, eu pude dormir mais 45 minutos que o costume, coisa que nesta altura vale ouro. Ontem também correu tudo bem, fui eu que lhe dei de jantar e o deitei na cama, ou seja, não havia razão para ter saudades.
Mas depois chegamos a casa e falta aqui qualquer coisa.
Antes de ir dormir fui fechar os estores do quarto dele, e olhar para a cama de grades vazia dá-me cá um aperto, um vazio...
Uma estupidez, eu sei e tenho consciencia disso, mas parece que me falta uma peça, que não fico completa.
Parece que falta um macaco no meu galho, e apesar de isso não me tirar o sono, acaba sempre por causar um certo aperto na hora de ir dormir.
Será que vai passar com o tempo?
Será que vou ser aquela mãe histérica que inventa desculpas para o filho não ir dormir a casa dos amigos?
Eu que queria ser a mãe mais cool e fixolas, acabo a ser a mais careta de todas!
E neste aspecto eu sou o exacto oposto daquilo que pensava que iria ser.
De facto, só depois de termos filhos é que sabemos que tipo de mães somos.
A mim, pelos vistos, só me falta cacarejar...

7 comentários:

Anónimo disse...

Sinto o mesmo que tu!O P. tem 16meses e se queres que diga às vezes até sou um pouco "rude" na forma como digo que não a certos pedidos. Tenho tão pouco tempo útil com ele que me faz ser assim... Queria dar mais, mas não consigo! Também tenho sobrinhos e os mesmos vinham passar fins de semana comigo, mas agora com o P. as coisas são diferentes e simplesmente não consigo cortar o cordão umbilical e dormidas fora de casa... Talvez com o tempo... Talvez... Beijinhos e uma hora curtinha.

♥pezinhos de lã♥ disse...

Eu estava a ler o que escreveste e a rir (de mim mesma). Sou igual! Disseram-me que passava conforme fossem crescendo (mentira que o mais velho já tem 11 anos e ainda não me passou). depois disseram-me que passava com a segunda filha.mentira, acho até que piorou...
eu tb pensava que ia ser uma mãe despreocupada, mas ao contrário disso passei a ser uma pessoa cheia de medos :s
bj

Madame Pirulitos disse...

:)

Eu sou mais desprendida.
Sinto o vazio, claro, sinto-lhes a falta, claro mas acho essencialmente que eles adoram e ficam tão felizes que ponho as minhas isneguranças para trás das coistas.

Os meus já dormiram na casa de avós paternos e maternos. E onde é que já dormiram e amaram? Em Lisboa na casa do namorado da minha mana, com eles os dois.
Ela é madrinha e ela há-de ser o padrinho do vicente.
e sei, por mais que mes custe, que quase estão melhores com eles do que comigo. Como não estão tantas vezes como desejariam, aqueles dias são apenas de mimos, sem obrigações, sem ralhetes. Só alegria.

tenho pensado muito nisso. E sei que não sou uma mãe-galinha. Acho que sou uma mãe -leoa, daquelas que defendem as crias com unhas e dentes. mas galinha não. se isso é bom ou mau? Acho que não tem de ser necessariamente uma coisa ou outra.

mas sou terapeuta familiar e de casal e sempre ensinei aos pais o quão importante era deixar os filhos terem estas liberdades, estas aventuras, estas memórias. Seria muito mau da minha parte se pregasse uma coisa e fizesse outra.

Beijinhos

Madame Pirulitos disse...

Ai que está cheio de erros. precisava de fazer uma errata. Eu a escrever depressa dá nisto. odeio!
Mas pronto, a mensagem está lá:)

Mãe de 3 disse...

Estou 100% de acordo com a Madame Pirulitos (e o facto de ser terapeuta familiar e de casal deixou-me muito orgulhosa!). Os meus filhos dormem em casa dos avós ou dos tios desde muito pequenos e adoram! Eu acho importantíssimo para eles criarem laços fortes com os familiares que são tão importantes para mim como para eles. E, honestamente, aproveito cada minuto que eles estão fora para namorar com o meu marido, que sem querer deixo para segundo plano quando os 3 pintos estão em casa. Também não acho que seja mãe-galinha (tenho a certeza que não sou) sou mais mãe leoa, concordo. Defendo mas empurro para a frente (e fico atrás a morder-me toda, a ver se eles se safam). E safam-se tão bem! Também já me disseram que o facto de eles sairem com facilidade de casa para dormirem com os avós ou em casa de amigos é sinal que têm a sua relação com os pais garantida e que não têm falta de mãe ou de pai. Para além de que, se por acaso nós precisamos mesmo de nos ausentar, por termos que ir para o hospital ou outra chatice qualquer, já custa o suficiente saber que eles estão sem nós, quanto mais saber que sofrem com a nossa ausência. Assim, pelo menos, estão habituados. Mas claro, para quê ir olhar para a caminha vazia quando o bebé dorme fora?! Fecha a porta do quarto e vai rebolar com o teu marido para o sofá da sala ou para a mesa da cozinha! Vá, enfim, com essa barriga até que não dá jeito...

Raquel disse...

Concordo plenamente com a mãe de 3.
Nada mais a acrescentar.

Bjs aos pintos

Cartuxa disse...

Concordo com todas mas percebo muito bem a Mary... a mãe de 3 sempre foi uma desprendida, sempre adorou social, era ela a querer ir às festas de anos das minhas amigas e eu a chorar que não queria ir! Não sei como a minha mãe não deu em doida...Eu nunca fui assim era daquelas filhas que ficava muito bem em casa dos avós, com tios e tias a apaparicar mas lembro-me que nos fins-de-tarde me davam umas saudades horríveis e só queria chorar e adormecer e esperar que passasse mais um dia para a semana chegar ao fim! Por isso nunca fui muito de empurrar os meus para dormir fora, apesar de reconhecer que lhes faz bem...