quinta-feira, 30 de julho de 2009

O tema "parto"

Hoje comecei as aulas de preparação para o parto ( que merece um post à parte) pelo que é um bom dia para lançar o tema.

Sinceramente, o parto não me assusta nem mete medo.
Tenho respeito, mas não medo (como tenho respeito pelo mar, e não medo).

Lembro-me de quando estava de 11 semanas falar com uma grávida na altura de 22 semanas na aula de Pilates, e a dada altura na conversa ela referiu-se ao parto como "aquilo que nem queremos ouvir falar". Discordei por completo. Acho que se deve falar e desmistificar o parto na medida do possível.

Os partos, como a roupa e a decoração, passam por diversas modas.
Há uns anos atrás quando tomei contacto com os primeiros partos "marcados" (mesmo sem ser cesariana), achei que fazia todo o sentido. Tudo calmo e tranquilo, sem dor, sem gritos nem corridas para o hospital desnecessárias. No entanto, desde que engravidei que esta teoria deixou completamente de fazer sentido para mim.
Então se um parto é uma coisa natural, para que faze-lo artificialmente?
Os bebés e as mães é que devem definir a data do parto, e não o médico (a não ser que haja razoes para isso).
Hoje em dia a moda é o parto natural. Se até há pouco tempo nunca ninguém tinha ouvido falar em "doulas" ou partos na água, aos poucos todos fomos conhecendo este ou aquele caso de mulheres que se vão aventurando nesses campos.
Qualquer grávida de 2009 que se meta a ler os últimos artigos e blogs da área vai ser inundada de informaçoes a defender o parto natural. Em casa, dentro de água, na sala de estar ou no quarto, sem sequer haver uma pessoa da área da medicina presente.
Tudo muito bonito, mas... para os outros. Esta teoria a mim também não me serve.
Tia de vários sobrinhos acho que já "vi" partos suficientes para perceber que em casa, não obrigado. Antigamente também se arrancavam dentes em casa mas nem por isso me parece que o voltemos a fazer...

Cheguei à conclusão que a verdade é que, entre uma teoria e a outra, a maioria das mulheres vai para a sala de parto totalmente às escuras. Só depois de passar por ele é que se sabe ao que se vai.
Por isso mesmo achei que o melhor é munir-me de toda a informação disponível sobre o assunto. Sei que a maioria das vezes tudo o que se aprende cá fora é em vão, mas faz-me confusão não preparar este momento.
Nem que seja para entrar confiante de que sei ao que vou e que tenho o controlo da situação, nem que seja para chegar ao fim e dizer que de nada serviu.

A minha ideia era fazer um curso que me permitisse saber exactamente o que esperar e o que fazer na hora H, mas por razoes de orçamento vou-me ficar pelo curso gratuito do Centro de Saúde. Além disso ando a ler tudo o que me aparece à frente sobre o assunto.
Perguntei ontem à minha médica o que fazer para melhor preparar o parto, e a resposta foi, basicamente, fazer Pilates, fazer o cursinho do Centro de Saúde, passear, disfrutar o momento e tirar fotos à barriga. Isto é como quem diz, deixar correr e não pensar muito nisso.
Mas apetecia-me mesmo ter o controlo total da situação. Chegar à maternidade e ser como no cabeleireiro: alguém pergunta "ora então como é que vai ser?" e eu dizia "super natural e sem dor, obrigada" e pronto, era despachar o assunto e vir embora.

Gostava mesmo de conseguir entrar em trabalho de parto sozinha mesmo que a minha médica não esteja de banco e não possa estar presente, gostava mesmo de conseguir controlar a dor e relaxar e não precisar de epidural e gostava mesmo de não ser preciso partir para uma cesariana.
Já várias mães me disseram "isso é o que tu dizes agora" e "deixa virem as dores e depois quero ver essa do sem epidural" e coisas que tais. (São tão queridas, as mães que (acham que) sabem tudo!)

Enfim... vou ter de entregar a situação à Natureza, preparar-me dentro do possível e esperar que corra tudo pelo melhor.
Escrevo este post exactamente porque se calhar daqui a um tempo serei eu a mãe que tudo sabe, que vai mandar bitates a torto e a direito, e que vai achar todas estas ideias ridículas e romanticas e típicas de quem não pesca nada do assunto.
Serve este post para daqui a uns tempos vir aqui engolir estas palavras como sapos.
Ou não...

11 comentários:

Mana disse...

Eu cá tenho mais medo do mar do q do parto, afinal: já me pos de cama eternidades, já me deu dores horríveis, bem como me faz transportar (mas não durante 9 meses) algo chato que me pesa e q não é um adorável baby!! :)
Quando começas o curso? Fico à espera do post a contar a experiência! Mts beijinhos para o baby H

mãe chata disse...

As ideias feitas têm muito poder, essa é que é essa... Por isso, do alto dos meus 3 partos, cada um pior que o outro, digo eu: a criança é para sair. Se for preciso provocar o parto, provoca-se (felizmente estamos no séc. XXI e há drogas testadas que podem ajudar a sair um bebé que pode estar em sofrimento); felizmente temos CTG, podemos saber quando o bebé entra em sofrimento e é preciso partir para uma cesariana de urgência; felizmente, estamos no hospital, onde tudo é feito rapidamente e com profissionalismo, pensando na segurança e saúde da mãe e do bebé, e não apenas no conforto da mãe. Felizmente ainda, alguém inventou uma droga que serve para estarmos acordadas e a usufruir ao máximo do momento do nascimento do nosso bebé, sem termos que estar tb nós num sofrimento horrível e a desejar a morte de todo o ser vivo que por acaso connosco se cruza naquele infeliz momento. Posso ser uma daquelas mães irritantes, sim, eu sei, mas been there, done that... Por isso, acho que os meus 3 partos foram partos muito naturais, não perfeitos, mas os possíveis. Se eu quisesse ainda chegar lá a impor as minhas ideias e exigir isto e aquilo, acho que só ia dificultar ainda mais esses momentos. Quanto ao curso, recomendo vivamente. Eu fui para o meu 1º parto a saber respirar,relaxar, a saber exactamente como tudo se ia passar (na teoria) e por isso muito calma.

mãe de 3 disse...

Tb posso dizer que os meus 3 partos foram todos diferentes...por isso nunca, mesmo nunca, se sabe mt bem para o que se vai. Calcula-se... Convém saber a teoria mas na pratica o melhor é manter a calma e entregarmo-nos nas mãos de quem faz isso milhares de vezes. E como dizia a tua avó lembra-te que tds nascemos da mesma maneira...

Isabel disse...

Bem... o post da mãe chata descreve o meu parto e concordo perfeitamente com o que diz.

joaninha disse...

Eu sempre fui a favor dos nascimentos sem hora marcada, porque acho que a criança deve poder escolher quando quer nascer (sim, eu acredito na astrologia e como sou muito mistica dá-me para estas coisas!)
Por isso sofri muito perante a possibilidade de ter de partir para um parto induzido.
Felizmente não foi preciso porque na noite em que dei entrada no hospital para a indução, a Maria decidiu nascer e o processo foi completamente natural. Mas foi preciso esperar até às 41 semanas e tive uma bebé com 4.160kg.
Na altura imensa gente me disse que eu devia ter feito cesariana mas para mim isso nunca fez sentido.
Li muito quando estava grávida, considero que estava muito bem informada, e o que é certo é que o parto correu maravilhosamente bem e eu fiz todo o trabalho de dilatação perfeitamente calma e descontraída.
Só tive de alterar o meu pedido inicial - eu também não queria epidural - mas depois mudei de ideias.
E ainda bem que mudei porque acho que com uma bebé tão grande, talvez não tivesse agora tão boas recordações desse momento.
Enfim... temas de crianças e é ver as mães a escrever...

Tella disse...

Mais uma mãe(que pensa que sabe tudo)...
O 1 parto foi 5 estrelas e muito devo às aulas de preparação para o parto que explicou tudinho, o que devia fazer, não fazer, como era, etc, etc, etc. Graças a ela, não tive medo nenhum e consegui fazer mta coisa do que me foi dita. Ajudou tanto que estou a pensar ir para lá outra vez!

bjs

Isabel disse...

Mary, no domingo à noite vai dar na SIC uma reportagem de partos em casa.

outra vez a mãe chata disse...

Cá estou eu outra vez, mas só para dizer que não sou contra nenhum tipo de parto e acho que se não pensar nos meus partos tal como eles realmente foram, eu também gostava muito de ter um bebé em casa, com a ajuda da mãe natureza e como muitíssimas mulheres fizeram durante milénios. Se as africanas até em cima das árvores dão à luz, para quê tanta esterilização e medicação à volta do parto? Não é? Mas a minha própria realidade faz-me pensar por outro lado que foi devido a essa "hospitalização" no momento do parto que a taxa de mortalidade infantil baixou tanto nas últimas décadas, muita criança deixou de morrer ou de ficar incapacitada para toda a vida porque as mães deixaram de ter os filhos em casa. É um risco que as mulheres podem estar ou não dispostas a correr. E com isto me calo.

Mary disse...

Serve este post exactamente para por as mães leitoras a falar, para as leitoras não mães aprenderem, por isso não se calem.

Joaninha: não sabia que a Maria
tinha mais de 4 kg quando nasceu (medo!). Ainda tens os nomes dessas leituras que fizestee que ajudaram?

E sim, já ouvi várias mães dizerem que não queriam epidural mas que mudaram de ideias a meio, pelo que estou consciente que isso pode acontecer. Mas acho que vale sempre a pena tentar, que a intenção é importante, e a preparação nesse sentido também. Ir para o parto a contar com a epidural e depois não poder levar por qualquer razão deve ser muito mau!

Pari outros três! disse...

É mau mas aguenta-se! Sabes bem dos teus sobrinhos... Eu então, sou muito diferente de todas as que têm ideias feitas sobre o que querem e não querem. Eu li que me fartei, fartei-me de comprar revistas da especialidade, e quando me perguntavam o que pensava, acabava por ter a mesma sensação que tenho no cabeleireiro quando me perguntam: Então como vai ser? E eu sei que quero cortar mas não tenho certeza nenhuma quanto ao como cortar. Mas apesar de à 1ª vista correr o risco de parecer uma «xóninhas», é bom ser assim. Parti para o 1º parto como quem anda de avião pela 1ª vez. Quero dizer, um pouco Melhor, percebia muito menos de aviões do que de partos. Mas de facto, enquanto lá estive, nem me lembrei bem do que tinha aprendido... Da 2ª vez, pensei: não pode ser tão mau como da 1ª! E foi completamente diferente, mais rápido mas uma vez mais e por razões diferentes não pude contar com a epidural(ainda bem que não fui para o parto a contar com ela...); à 3ª foi de vez, maravilha das maravilhas, a dita epidural foi dada a tempo e horas e eu vinguei-me de todas aquelas cabr..contrações!!! Nem pude acreditar, quando dei por mim já ele cá estava fora! Fiquei com a agradável sensação de que afinal aquilo pode fazer-se bem! Mas foram todos tão diferentes que não me parece que tenha aprendido propriamente alguma coisa de uns para os outros!Temos é de pensar, a malta aguenta e vai correr bem!

joaninha disse...

Mary, li tantas coisas que não sei indicar um livro, uma revista.
Quando estava grávida da Maria tinha bastante tempo livre e passava horas na fnac a ler livros atrás de livros. Uns comprei (depois emprestei e nunca mais os vi), outros não.
Devorei revistas Pais & Filhos e fiz pesquisas na internet (principalmente sites estrangeiros). Depois também tive uma óptima professora nas aulas de preparação para o parto. De tal maneira que ficámos amigas até hoje!
Fui filtrando a informação e preparei-me completamente; estava pronta para aceitar o que quer que acontecesse durante o parto.
Ainda hoje estou mais apta a responder por assuntos relacionados com a maternidade e o parto do que com a licenciatura que tirei e que me fez estudar durante 4 anos!